segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Noticias: Ocon de fora da Alpine em Abu Dhabi


O francês Esteban Ocon está de fora da Alpine no GP de Abu Dhabi, na semana que vem. Ele será substituído por Jack Doohan na corrida final da temporada, antecipando a sua estreia na Formula 1. que só aconteceria em 2025. 

O acidente de Ocon na primeira volta do GP do Qatar poderá ter sido o último ato da sua passagem pela Alpine. E a razão tem a ver com a luta da equipa com a Haas pelo sexto posto, que poderá resultar num acréscimo de 10 milhões de dólares da parte da FOM na próxima temporada. E como ele irá para a Haas em 2025, a Alpine suspeita que ele estará a ajudar a nova equipa, especialmente depois da última evolução do carro ter resultado num aumento das performances, já que Pierre Gasly, seu companheiro de equipa, conseguiu um quinto lugar nesta corrida. 

Fontes dentro da Alpine contaram que isto estava a ser considerado ainda antes do GP qatari, mas oficialmente, a equipa não comenta. 

Assim sendo, com ele de fora, poderá sentar no carro da Haas no teste de final de temporada em Abu Dhabi, que acontecerá nos dias a seguir à ultima corrida do ano.  

domingo, 1 de dezembro de 2024

A imagem do dia


Adrian Newey é um génio na sua área. O seu palmarés é vasto e todos reconhecem que irá para a história como um dos melhores de sempre, a par de gente como Colin Chapman e Gordon Murray, entre outros.

Mas o que pouca gente entende é que depois da passagem de Newey, que começou na Formula 1 em 1980, estagiando na Fittipaldi, ao lado de Ricardo Divila, é que as equipas onde trabalham não recuperam - ou demoram muito tempo - para voltar ao topo. March, Williams, McLaren e Red Bull, todos eles sofreram. Bastante. E no ano em que se transferiu da Red Bull para a Aston Martin, é bom falar sobre o seu palmarés, comparado com o que essas equipas ganharam depois. 

Na March, depois de ser despedido no verão de 1990 e contratado a seguir para a Williams, a estrutura, baseada na Genoa Race, uma equipa feita por Cesar Gariboldi para levar Ivan Capelli para a Formula 1 - a March era o chassis de Formula 3000 que tinha sido modificada no inicio de 1987, quando foram para a categoria máxima do automobilismo -  acabou por desaparecer no final de 1991, com o escândalo da Leyton House, de Akira Akagi, apesar de uma tentativa meritória para se permanecer em 1992, e tentar competir na temporada de 1993, até que as enormes dívidas os terem derrubado.

Na Williams, ele ficou até meados de 1996. Do FW14 até ao FW18, todos estes chassis foram vencedores, conseguindo os títulos de Construtores de 1992 a 1994, e de 1996 a 1997. E claro, quatro títulos de pilotos, um para Nigel Mansell (1992), Alain Prost (1993), Damon Hill (1996 e Jacques Villeneuve. Quando ele rumou para a McLaren, a meio de 1996, ainda desenhou o que foi o FW18, mas depois disso, aliado ao final da parceria com a Renault, em 1997, a Williams ainda ganhou corridas, especialmente no consulado da BMW, mas nunca mais ganhou campeonatos. Aliás, a última vitória é de 2012, e o último pódio é de 2021.

Na McLaren, depois de desenhar o MP4/13, que deu os títulos de pilotos e Construtores de 1998, com Mika Hakkinen, ganhou títulos de pilotos em 1999, bem como carros vencedores até 2003, para pilotos como Kimi Raikkonen. Depois da saída de Newey, em 2005, a McLaren ganhou títulos de pilotos com Lewis Hamilton, mas depois disto, a McLaren passou por um período difícil, e só agora, em 2024, poderá ter uma chance de alcançar um título de Constutores.

E a Red Bull?

As coisas estão contra as cores deles. Nem falo da polémica de Christian Horner na última pré-temporada. Podemos falar da fuga dos principais dirigentes da equipa ao longo da temporada, mas mesmo que consigam algo em 2025, em 2026 não terão nem os motores Honda - ficarão com a Ford - e não há sinais de que terão o mesmo ritmo, a mesma velocidade e a mesma capacidade ganhadora que tem agora. E o contrato com Max Verstappen é até 2028.

Adrian Newey é ao mesmo tempo benção e maldição. Com ele a desenhar chassis, os carros andarão maravilhosamente na pista, quase sob carris. Depois dele, essas equipas atravessam o deserto, dos quais sairão muito tempo depois... isto, quando saem. As vitórias da Red Bull estão a prazo, e a lealdade dele à equipa... também. 

E agora, na sua nova etapa na Aston Martin, com a Honda a chegar em 2026, se ele não perder faculdades, será a próxima equipa a ser abençoado com o dedo dele.       

Vende-se: Coleção de Formula 1 de Bernie Ecclestone


Aos 94 anos, Bernie Ecclestone sabe que é melhor fazer isto enquanto for vivo. É que a sua coleção de 69 carros de Formula 1 e de Grande Prémio irá estar à venda no ano que vêm. O custo estimado desta venda? Acima de cem milhões de libras. 

E não é uma coleção qualquer: desde um Bugatti Type 54S de 1931 ao Ferrari de 2002 ganho por Michael Schumacher. E entre eles estão carros como todos os seus Brabham de Grande Prémio, um Auto Union de 1937, um Vanwall de 1957, guiado por Stirling Moss, um Maserati 250F do mesmo ano, guiado por Juan Manuel Fangio

Adoro todos os meus carros”, começou por falar Ecclestone, “mas chegou a altura de começar a pensar no que lhes vai acontecer no caso de já não estar cá, e foi por isso que decidi vendê-los. Depois de os colecionar e de os possuir durante tanto tempo, gostaria de saber para onde foram e não deixá-los para a minha mulher cuidar, caso eu não esteja mais por perto.", continuou.

Um [carro de] Grande Prémio e, em particular, um carro de Fórmula 1 é muito mais importante do que qualquer carro de estrada ou outra forma de carro de corrida, pois é o auge do desporto, e todos os carros que comprei ao longo dos anos têm características de corrida fantásticas. Depois de colecionar os melhores carros de Formula 1 desde o início deste desporto, decidi agora transferi-los para novas casas que os tratarão como eu os tratei e cuidarão deles como preciosas obras de arte.”, concluiu.

Todos estes carros serão vendidos individualmente por Tom Hartley Jr, sócio comercial próximo de Ecclestone, um dos concessionários mais bem sucedidos do mundo em automóveis desportivos e de competição. Não será um grande leilão, mas será uma abordagem mais individual, que acontecerá ao longo de 2025.

Formula 1 2024 - Ronda 23, Losail (Corrida)


A colocação do GP do Qatar perto do final do calendário não é inocente. E não falo por causa da possibilidade de ser ali ser o lugar da decisão do campeonato, mas também por causa do lugar onde fica. Situado no Golfo Pérsico, apesar de ser um lugar no deserto, é húmido, sobretudo à noite. E com os eventos de 2023 ainda na mente das pessoas, será interessante saber como será este ano. 

Neste final de semana, o tempo está muito mais fresco e é o vento que está a constituir um desafio. No entanto, os tempos por volta são muito mais rápidos nestas condições, o que está a contribuir para mais um fim de semana também muito físico. Gente como Lando Norris, que afirma acreditar na frescura do piloto, como condição para sobreviver a uma corrida destas. 

O meu pescoço não está muito feliz, por isso, sim, vai ser uma corrida difícil. Estas condições frias, com o vento, levam a uma corrida muito mais rápida do que no ano passado. E é ainda mais física, o que não pensei que fosse possível. Por isso, é complicado, mas é um desafio que temos de enfrentar.”, afirmou o piloto da McLaren antes da corrida. 

Aliás, está a ser um fim de semana interessante. Lembram-se da qualificação? Pois é, por causa de uma manobra lenta na pista quando George Russell fazia uma volta rápida, os comissários da FIA - os que sobraram, diga-se... - decidiram que era matéria de penalização, e tiraram a pole ao Max Verstappen. Mas ele largará de... segundo! Apenas mudaram de lugar na primeira fila da grelha. Enfim... o que acontece é que, se calhar, Russell ficará com o primeiro lugar no final da primeira curva. Mas Max poderá ser o piloto agressivo que é, conseguir uma boa partida e forçar Russell para ficar com o primeiro lugar, se ambos estarem lado a lado.  

Com os pilotos a escolherem pneus médios - excepto Nico Hulkenberg, com duros, tentando uma estratégia diferente - a estratégia era importante, porque esta é uma pista complicada de passar, e a temperatura do asfalto também importa para ter os pneus no ponto o mais cedo possível.


Na partida, Max conseguiu ser bem mais veloz que George Russell e ficando lado a lado na primeira curva, passou-o. Mas logo atrás, era desafiado pelo McLaren de Lando Norris, que ficou lado a lado, mas o neerlandês conseguiu manter a liderança. Atrás, confusão: Esteban Ocon e Franco Colapinto bateram e acabaram na gravilha, com Nico Hulkenberg a sofrer um furo e ir às boxes para trocar o pneu. Mas no meio disto tudo, a organização colocou o Safety Car,  ficando atrás do Mercedes nas próximas voltas, enquanto tiravam os carros acidentados do lugar perigoso. Nesta altura, Max estava na frente, com Norris a seguir e Russell em terceiro, seguido por Charles Leclerc.

A corrida recomeçou na quinta volta, com Oscar Piastri a passar Leclerc, passando depois a apanhar Russell para um lugar no pódio. Atrás, Liam Lawson tentou passar Valtteri Bottas, e acabou por fazer um pião. Regressou à pista, mas no último posto. No computo da luta pelo título de Construtores, a McLaren era bem melhor que a Ferrari. 

Na oitava volta, Stroll, que era o último, era penalizado em 10 segundos, numa altura em que os comissários estão a vigiar Lewis Hamilton por ter causado falsa partida. Duas voltas depois, Stroll encostava às boxes de forma permanente, tornando-se na terceira retirada da corrida. Entretanto, na frente, Max fazia voltas mais rápidas atrás de voltas mais rápidas, tentando afastar-se de Lando Norris. Pouco depois, Hamilton sofreu uma penalização de cinco segundos por causa dessa falsa partida.

A partir da volta 17, a corrida se tornou cinzenta e as únicas ultrapassagens de relevo foram aqueles que todos faziam sobre o Yuki Tsunoda, enquanto na frente, Norris e Max marcavam voltas mais rápidas um ao outro, num combate à distância. 

As primeiras trocas de pneus aconteceram na volta 24, com Russell a ser o primeiro, com duros. Contudo a troca foi má, por causa do pneus traseiro direito, e perdeu alguns lugares, ficando ora dos pontos. Magnussen foi quatro voltas depois, e na volta 30, enquanto um espelho tinha voado para a reta da meta, Max tinha agora Norris na sua traseira, a pouco mais de um segundo. Na volta 35, Sainz Jr e Hamilton tinham problemas porque sofreram pneus. Ao mesmo tempo, Oscar Piastri foi às boxes, colocando médios. 

Mas logo a seguir apareceu o Safety Car, altura ideal em que boa parte dos pilotos foram à boxes para colocar duros. Russell foi uma segunda vez, colocar novamente duros. Algo do qual Russell estava puto da vida. Com os comissários a limpar o mais que podiam dos destroços, o Safety Car passava nas boxes para que pudessem limpar o melhor que podiam.


A corrida recomeçou na volta 40... instantes depois de Sérgio Pérez ter saído de pista. A razão tinha sido os pneus que não conseguiram ficar aquecidos o suficiente. Para piorar as coisas, um problema com o seu motor antecipou o final da corrida. Um azar nunca vem só... 

Na relargada, Norris largou melhor que Max, ficou lado a lado, mas o neerlandês conseguiu manter a posição. Atrás, Leclerc conseguiu passar Piastri para ser terceiro, mas no meio do pelotão, Sainz Jr despistara-se e Hulkenberg acabou fora, na gravilha. O Safety Car foi novamente chamado, e agora, cinco pilotos estavam de fora da corrida.

E a partir daqui, a chuva de penalizações. Primeiro, Norris teve um "stop & go" por causa de ele não ter levantado o pé numa situação de bandeiras amarelas, depois foi Hamilton, que se esqueceu de ligar os limitadores de velocidade nas boxes. Ambos acabaram no fundo do pelotão, e o britânico da Mercedes queria encostar o carro para retirar, mas a equipa não o deixou.

No final, enquanto Max caminhava para uma nova vitória, na frente de Leclerc e Piastri, Norris ficava ainda nos pontos - décimo, mais a volta mais rápida - algumas coisas interessantes aconteciam atrás. Pierre Gasly tinha aguentado os ataques de Carlos Sainz Jr e era quinto, a segunda melhor posição da temporada na Alpine, e no nono posto estava Zhou Guanyou, que dava os primeiros pontos da temporada para a Sauber, na semana em que o governo local anunciava que tinha uma participação parcial no projeto da Audi, a partir da próxima temporada. Valtteri Bortas poderia ter conseguido pontuar, mas o ritmo do carro de Norris era demais para ele e ficou à beira da pontuação.


Em termos de campeonato de Construtores, a Ferrari ganhou alguns pontos, e conseguiu levar a luta para Abu Dhabi, mas a McLaren ainda estava na mó de cima. 

E foi assim a noite qatari. Um pouco de aborrecimento, com ação... artificial. É um pouco como são as coisas na Formula 1, atualmente.