sábado, 17 de outubro de 2009

Formula 1 - Ronda 16, Interlagos (Qualificação)

Já se sabia de antemão que o Grande Prémio do Brasil iria ser chuvoso. Mas não se pensaria que hoje, as coisas iriam ser tão atrozmente difíceis por causa das pancadas de chuva. Antes da qualificação, o terceiro treino livre teve apenas vinte minutos de duração, dado que boa parte dele acontecia com a pista alagada. E acabou com uma senhora pancada de Romain "Visconde da Sabugosa" Grosjean, destruindo o seu carro.

Com o bater das 14 horas (18 horas em Lisboa e Londres) a chuva continuava inclemente, batendo forte e feio no circuito José Carlos Pace, em Interlagos, meio de São Paulo, e todos espreitavam para saber como é que os carros se iriam comportar na sessão que define a grelha de partida para o GP do Brasil, a corrida que provavelmente definirá que vai ser o campeão do mundo de 2009.

E mal começa a sessão... as bandeiras vermelhas entram em acção. Graças a Giancarlo Fisichella, que deixou morrer o seu Ferrari, pela segunda vez este fim de semana. A razão não foi a azelhice dele, mas sim as difíceis condições da pista de Interlagos, que mais pareciam ser propicias a corridas de "powerboats". Durante 15 minutos esperou-se por uma aberta, e quando esta aconteceu, a sessão recomeçou. Mas com perspectivas de mais bandeiras vermelhas.

Conscientes disso, todos os pilotos aproveitaram esta trégua para ir à pista, onde qualquer boa volta valia tanto quanto a cotação do ouro, ou seja: precioso. Hamilton tirou 12 segundos ao tempo que estava antes, na casa de 1:39, por Sebastien Vettel. Os 1:27 eram um tempo aceitaval, em condições inaceitáveis. Barrichello vinha logo a seguir. Mais pilotos marcavam tempos, mas quem davam nas vistas eram os Williams: Kazuki Nakajima e Nico Rosberg dançavam na frente, à chuva, monopolizando a primeira fila da grelha.

Mas a chuva continuava e o tempo passava. E à medida que o final do Q1 se aproximava, as coisas ficavam mais aflitivas para Vettel, Kovalainen e Hamilton. Apesar do britânico campeão do mundo tentar o seu melhor e acabar na valeta, isso foi-lhe inutil. No final, estes três ficavam de fora, acompanhados por Fisichella e Heidfeld. Quem diria! A chuva baralha tudo... e também enfurecia Vettel, que ao atirar o volante ao chão, tinha a consciência de que tinha dito adeus ao título.

A seguir vinha a Q2, mas estas não eram ciscunstâncias normais. Nova tempestade vinha a caminho e tudo era possivel. Quando ela chegou, o treino foi interrompido por mais alguns minutos. Nova passagem do Safety Car, pista reaberta, e... Vitantonio Liuzzi bate na Subida do Café, e novas bandeiras vermelhas. Por esta altura, já se aproximava das sete da tarde, hora de Lisboa, e tudo indicava que a qualificação iria ser mais larga do que o normal. como isto iria acabar? Poucos ousavam prever...

À medida que os minutos passavam, temia-se que a qualificação só acabasse amanhã de manhã, pois a hora tinha sido ultrapassada em muito, e as coisas aproximavam-se das duas horas de duração. Mas perto das 16 horas locais, 20 horas em Lisboa, apareceu uma "aberta", que deu esperança a aqueles que acreditavam que a Qualificação ainda aconteceria hoje. E às 16:10, os carros voltaram à pista!

Neste recomeço, o sol ajudou a secar a pista e cedo os pilotos calçaram intermédios, como Rosberg. E Mark Webber fica na frente, com Jenson Button a ter dificuldades em fazer um tempo que o colocasse nos dez primeiros. O inglês tentou até ao fim, mas quando o cronómetro da Q2 chegou ao zero, o piloto inglês estava de fora, na 14ª posição. Mas ao mesmo tempo, o Force India de Adrian Sutil, ainda com pneus de chuva, conseguiu colocar o seu carro na segunda posição. Emocionante!

Neste momento, dos três candidatos ao título, somente Barrichello estava na Q3, com a hipótese real de uma pole-position inédita, pois os Williams de Rosberg e Nakajima estavam rápidos, e Barrichello conseguiu apenas o 10º melhor tempo. Era esse o espírito quando a última fase da qualificação começou.

Com a pista a secar ainda mais, a emoção foi maior, pois todos baixavam os tempos a cada passagem pela meta. Todos prendiam a respiração até que o cronómetro atingiu o zero. E quando aconteceu... foi o delírio! Rubens Barrichello, o ultimo a conseguir o bilhete mágico para a Q3, era o pole-position com o tempo de 1.19,576 minutos. "P1 in Brazil, dude!" era o gritava o seu engehneiro de pista. E após 2 horas e 42 minutos de sessão, provavelmente o mais longo da história da Formula 1, um brasileiro largava na pole-position. Merecido. Logo a seguir ficou Mark Webber, no seu Red Bull, e Adrian Sutil, no seu Force India.


Amanhã, serão 71 voltas à pista de Interlagos. Se chover como hoje, haverá o tal limite de duas horas para a corrida, logo, não haverá este tipo de arrastamento. Mas durante esse periodo de tempo, que emoções isto nos trará?

Noticias: Ronda australiana da A1GP foi cancelada

Como se temia ontem, a primeira corrida da A1GP, marcada para o próximo dia 26 de Outubro em Surfers Paradise, na Gold Coast australiana, foi cancelada. Contudo, o responsável da categoria, Tony Teixeira, afirma a pés juntos que a categoria não está morta.


"Quero pedir desculpa pessoalmente às pessoas afectadas por esta lamentável mas irremediável decisão. O Governo de Queensland, a Gold Coast Motor Events Co., a direcção e o presidente do evento têm sido pacientes e têm-nos apoiado nestas últimas semanas", refere Teixeira num comunicado.


"Estávamos orgulhosos por fazer parte daquilo que se tornou um evento motorizado icónico e estamos devastados por ter de tomar esta decisão", acrescentou, pedido desculpa também ao público australiano.


A organização afirmou que o cancelamento se deveu ao atraso no processo de pagamento de dívidas aos fonecedores, resultantes da falência do braço operacional da categoria no Reino Unido, A1GP Operations Ltd, este Verão. Teixeira referiu ainda que irá pagar uma indemnização aos organizadores do evento e doar 50 mil dólares australianos a uma instituição de caridade escolhida pelos promotores do evento.



Contudo, Teixeira garante a continuidade da competição já no circuito chinês de Zuhai, cenário da próxima ronda do campeonato, dentro de quatro semanas: "Anunciámos recentemente 19 equipas que estavam prontas para competir na Austrália. Sei que continuam empehadas em competir na nossa competição única, que coloca nações frente-a-frente. O A1GP pode estar em baixo, mas não aceito que estejamos acabados. Tivemos quatro temporadas excitantes que provaram que somos uma força no desporto e agora devemos consolidar aquilo que conseguimos até aqui. Os meus esforços centram-se em encontrar um caminho em frente com o apoio de algumas pessoas muito leais", concluiu.



Agora é ver para crer...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A 5ª coluna desta semana

Já está no ar a 5ª Coluna desta semana, onde decidi falar, à falta de competição automobilistica relevante no fim de semana que passou, das novidades num futuro mais ou menos próximo, como a corrida presidencial da FIA, entre Ari Vatanen e Jean Todt, as novas equipas para 2010 e o seu estado de evolução, e o potencial dos motores Cosworth no seu ano em que irão regressar ao pelotão da Formula 1, fornecendo pelo menos cinco equipas.


Sobre esta ultima parte, afirmo o seguinte:



(...) "Contudo, na última semana, soube-se que a Williams irá ficar com esses motores na próxima temporada, o que faria com que cinco das equipas do pelotão de 2010 tivessem esse motor, e que uma sexta equipa, possivelmente a Red Bull, estaria interessada nesses motores, já que se encontra insatisfeita com a Renault e não pode ter a Mercedes, pois esta foi vetada por uma das equipas que as usam.


Porquê este interesse repentino num motor, em teoria mais fraco do que os outros? Uma possível resposta ouvi da boca de Christian Danner, ex-piloto e agora comentador na TV alemã: as instalações da Cosworth em Inglaterra são paredes meias com a firma que desenvolve os motores Mercedes, reconhecidamente a melhor do pelotão, e a ideia de um “fluxo de informações” entre as duas firmas não é descabida. Tanto o mais que Frank Williams e Patrick Head, certamente a dupla mais duradoira da Formula 1, vai ter Rubens Barrichello na sua equipa em 2010, um reconhecido veterano agora em franca revitalização da sua carreira, e ambos já devem saber como funciona este motor
." (...)


Para ler isto e muitos mais, basta seguir o link.

Um grande ponto de interrogação chamado A1GP

Antes que o GP do Brasil nos submerga a todos, achei por bem trazer à baila o A1GP. Digo isto porque ao longo da semana tive mais do que uma conversa com algumas pessoas ligadas ao meio para que estivesse de alerta sobre a "Taça do Mundo das Nações", ou a competição organizada pelo luso-sul-africano Tony Teixeira. Alguns desses meus amigos no meio juravam a pés juntos que isto iria ser cancelado. Não acredito muito nisso, mas a nuvem de suspeição é grande, apesar das garantias.

O site português Supermotores fez um resumo do que se passa: quando faltam seis dias para o arranque, os carros ainda não sairam de Inglaterra, ninguém em Brisbane sabe quando é que o avião com os carros chegará, embora a organização alegue que os carros estão a ser modificados a pedido da FIA, e que por isso o teste, marcado para este fim de semana foi cancelado.

Entretanto, Greg Hooton, Director Geral do Nikon Super GP (o nome oficial do GP de surfers Paradise), deu ontem uma conferência de imprensa em que afirmou laconicamente: "Até aqui o A1GP ainda não desrespeitou o contrato que tem com a Gold Coast Motor Events Company (a entidade promotora do evento australiano)." O que se sabe neste momento é que estão inscritos 19 carros para esta ronda, entre os quais Portugal, mas curiosamente, também, não se sabem os nomes de quaisquer pilotos participantes.

O estado de Queensland é que não está a achar piada nenhuma a este impasse, e já ameaçou cancelar a corrida e processar a A1GP por incumprimento do contrato. Mas também ficou-se a saber que até à passada semana, os carros estavam retidos pela firma de entregas Delivered on Time, devido a atrasos no pagamento.

Outro grande ponto de interrogação chama-se Ferrari Spa. Muito calada no meio disto tudo, pois afinal "empresta" o nome à série (mas não sai de graça), não se pronunciou publicamente sobre o assunto e recusa-se a fazê-lo por agora. Mas como tem algum a receber, e há aida o caso dos direitos, acredito que não gostaria de estar associado a um campeonato em risco de cancelamento...

Um dos meus amigos no meio afirmava que as dívidas são grandes, e que com a assinatura deste contrato de direitos, anunciada há algumas semanas, algum do dinheiro recebido serviu para pagar dívidas, para desbloquear os carros e seguir por diante os planos para uma quinta temporada da A1GP. Que pode nem acontecer, ou ser a última...

GP Memória - Europa 1994

Passaram-se quase três semanas desde a última prova no Autódromo do Estoril, e em Jerez de la Frontera, a Formula 1 recebia de volta Michael Schumacher, que cumprira duas corridas de castigo, por desobedecido às ordens dos comissários de pista no GP da Grã-Bretanha, em Julho. Damon Hill tinha visto esta suspensão como uma oportunidade de reduzir a diferença para apenas um ponto e cumpriu: venceu as duas provas, em Monza e no Estoril.

Hill iria receber ajuda extra nesta campeonato: o seu compatriota Nigel Mansell, agora com 41 anos, mas liberto das suas tarefas na CART, ao serviço da Newman-Haas. Substituindo o novato David Coulthard, Mansell iria tentar intrepor-se entre Hill e Schumacher para ajudar a Williams a conseguir o título de pilotos e também o de construtores. Contudo, para certos fãs, apensar de saudarem o regresso do "Red Five" achavam também que era altura de dar lugar aos mais novos...


No "paddock" havia ainda mais agitação que o normal. Com a Lotus sob protecção dos credores, Tom Walkinshaw e Flávio Briatore, os donos da Benetton, compraram o contrato de Johnny Herbert para o colocar na Ligier. Ao mesmo tempo, tinham comprado a Ligier à familia do fundador, unica e exclusivamente para ficar com o contrato de motores que a equipa francesa tinha. Briatore e Walkinshaw correram com Eric Bernard para colocar Herbert, enquanto que este ia para a Lotus. Troca por troca...


Na própria Lotus, Philippe Adams saiu de cena para ser substituido por Alex Zanardi, enquanto que a Larrousse ia ter o seu terceiro piloto em pouco tempo, com a chegada dos ienes provenientes do japonês Hideki Noda, que se iria estrear na alta roda do automobilismo mundial. Na Simtek, havia também outra mudança de pilotos, com a chegada do italiano Domenico "Mimmo" Sciartarella.


Feitas as devidas apresentações, decorreram os treinos, com Schumacher a demonstrar não ter perdido a boa forma, ao fazer a "pole-position" no seu Benetton, batendo Damon Hill, que ficava a seu lado na grelha de partida. Na segunda fila ficava o segundo Williams de Nigel Mansell, tendo a seu lado o Sauber de Heinz-Harald Frentzen. O Jordan de Rubens Barrichello e o Ferrari de Gerhard Berger ocupavam a terceira fila, enquanto que na quarta estavam o Ligier-Renault de Johnny Herbert e o Footwork-Arrows de Gianni Morbidelli. A fechar o "top ten" estavam o McLaren-Peugeot de Mika Hakkinen e o segundo Jordan de Eddie Irvine.


Na partida, Hill passou para a frente de Schumacher, enquanto que Mansell é mais lento e é superado por vários dos seus adversários. Assim sendo, Frentzen ocupava a terceira posição. Nas voltas seguintes, Mansell subiu na classificação geral para chegar à quarta posição, atrás do alemão da Sauber. Mas para chegar lá, teve de se livrar do Ferrari de Berger e do Jordan de Barrichello, algo que não era fácil, dada a estreiteza do circuito espanhol...


Contudo, nos reabastecimentos, Barrichello conseguiu ultrapassar Mansell, algo que o velho "brutânico" tentou corrigir, mas uma travagem mal calculada fez com que patrtisse o seu bico na traseira do Jordan e ir às boxes para reparos. Por essa altura, Schumacher passara para a frente, graças a um melhor reabastecimento do que foi feito na Williams. Para piorar as coisas, Hill ainda tinha de parar mais uma vez, o que daria a vitória de bandeja a Schumacher.


Por esta altura, o Sauber de Andrea de Cesaris já tinha encostado à berma, vítima de uma avaria no acelerador. Aos 35 anos e após 204 Grandes Prémios sem vencer, o velho italiano, tratado carinhosamente por "De Crasheris", fazia a sua última corrida na Formula 1.



Entretanto, Mika Hakkinen faz um bom reabastecimento e consegue ficar com a terceira posição, superando Irvine, Berger, e Frentzen. Nesta altura, Mansell cometia mais um exagero e ficava na gravilha. Não houve mais alterações significativas até ao final da corrida, fazendo com que o piloto alemão vencesse no seu regresso à Formula 1, com Hill logo atrás. Os cinco pontos que agora separavam os dois pilotos significavam que a luta pelo título continuava ao rubro nas duas corridas finais de uma temporada absolutamente atribulada: Japão e Austrália.

Fontes:


Santos, Francisco - Formula 1 1994/95, Ed Talento/Edipódromo, Lisboa/São Paulo, 1994

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Noticias: Felix da Costa viu apelo rejeitado, mas testa com a Ocean

O talento de António Felix da Costa, mais conhecido como "Formiga", é demais reconhecido. Tanto mais que, após conquistar o título de Formula Renault 2.0 NEC, e estar na luta pelo título europeu, recebeu convites para testar carros quer da World Series by Renault, quer agora da GP2. Tiago Monteiro, patrão da Ocean Racing Technology, convidou o piloto português de 18 anos para três dias de testes em Paul Ricard, nos dias 10 a 12 de Novembro, para ver qual é a sua capacidade de se adaptar a um carro mais potente do que os Formula Renault.


"Já há algum tempo que acompanhamos a carreira do António e é sem dúvida um dos pilotos portugueses que gostaríamos de ver integrado na Ocean, visto que que se enquadra no perfil que procuramos. No entanto, o carro de GP2 é bastante diferente daqueles que o António tem pilotado, pelo que este convite serve para lhe proporcionar uma experiência de GP2 e também para a equipa observar a adaptação do piloto ao carro. Depois vamos avaliar outros pilotos e no final chegaremos à conclusão de quais serão as melhores apostas. Já tínhamos dito que teríamos um piloto português entre os candidatos, pelo que os testes de Paul Ricard e as quatro rondas da GP2 Asia Series vão ser decisivos," assumiu Tiago Monteiro.


Antes disso, Felix da Costa vai fazer outros dois dias de testes, a 27 e 28 deste mês, com duas equipas de topo da World Series by Renault, a Tech 1 (onde Alvaro Parente venceu em 2007) e a P1 Motorsport, no novo circuito de Alcainz, em Espanha. Uma boa maneira de ajudar nas escolhas que fará na temporada de 2010, já que em caso de vitória na Formula Renault Eurocup, terá à sua disposição meio milhão de euros, mas que só serão usados caso opte pela WSR.

Isto acontece um dia depois de ver rejeitada pela FIA o apelo da Motorpark Academy, acerca da desclassificação dos carros na jornada dupla de Nurburgring da Formula Renault 2.0 Eurocup. O piloto que viu assim retirados 28 pontos respeitantes a uma vitóai e um segundo lugar, foi assim relegado para o terceiro lugar da classificação geral, e pode ter comprometido a sua candidatura ao título, pois a diferença para o agora lider, Albert Costa, é de 17 pontos, com apenas a ronda de Alcainz, em Espanha, para completar.


"Estou naturalmente triste, mas não vou baixar os braços e em Alcaniz, onde se irá disputar a última prova do campeonato, vou estar ao ataque e procurar vencer ambas as corridas de forma a ter uma palavra a dizer na discussão do título", disse o piloto português.


Para que o piloto português possa vencer o título, terá não só vencer ambas as provas do fim de semana espanhol, como também esperar que Costa fique abaixo do quinto lugar em ambas as provas. Assim, todos os elementos da sua equipa, a Motorpark Academy, terão de o ajudar para que ele possa ter uma hipótese de conquistar o título, que vai ser discutido este fim de semana.

Youtube F1 Classic: GP Brasil 1983



Como é fim de semana anterior a um Grande Prémio do Brasil, decidi colocar na secção Youtube F1 Classic uma corrida passada. E esta não foi uma qualquer, pois recuei no tempo em que o Brasil abria a temporada e não fechava, como acontece actualmente. E corria num circuito que irá desaparecer: Jacarépaguá.


Narrado pelo "inenarrável" Galvão Bueno, este é a prova de abertura da temporada de 1983, a primeira em que o efeito-solo desapareceu, e é também a primeira onde a Fittipaldi não comparece na grelha de partida, depois de oito temporadas de presença. E para os brasileiros, teve um final feliz: Nelson Piquet venceu a prova no seu Brabham com motor BMW Turbo, dando o seu primeiro passo rumo ao seu bi-campeonato.


Curiosamente, não foram atribuidos os seus pontos do segundo classificado, pois Keke Rosberg, que tinha chegado nessa posição, fora desclassificado por ter saído do seu Williams-Cosworth num reabastecimento que correra mal...

As prespectivas para 2010

Desde que li isto no Blog do Ico, na terça-feira, que queria falar sobre o assunto, mas não consegui o tempo necessário, como tem reparado. E acho que vale a pena ser comentado.


Como sabem, Rubens Barrichello vai assinar (ou já assinou) pela Williams, que terá em 2010 motores Cosworth, que regressam a um pelotão alargado depois de cinco temporadas de ausência. Se é certo que as quatro novas equipas foram obrigadas a albergar os motores do preparador (agora) norte-americano, muitos temem que este propulsor seja inferior aos existentes no resto do pelotão. Quando ouviram que Barrichello iria para uma equipa com esses motores, julgam que ele vai "de cavalo para burro".


Ora, quem disser isto acerca de Barrichello e Frank Williams, dois dos homens mais experientes da Formula 1 na actualidade, é simplesmente ignorar a experiência destes dois senhores. Especialmente depois de ler o que o Ico disse acerca deste caso no seu blog:


"Posso adiantar aqui que a Williams vai sim correr de Cosworth no ano que vem. E a decisão do time veio depois de ver os números positivos dos testes da unidade no dinamômetro. Numa das coletivas de hoje, o ex-piloto e comentarista Christian Danner comentou que a fábrica da Cosworth fica em frente do galpão onde a Mercedes fabrica suas unidades e citou que há uma 'flutuação de informações' atravessando aquela rua. Os engenheiros da marca que retorna à Fórmula 1 ainda tiveram a vantagem de desenvolver seu motor do zero, sem as amarras do congelamento dos modelos das atuais fornecedoras da F-1.


No resumo da ópera, me parece que a Williams tem em 2010 até mais chances do que teve neste ano em conseguir um grande salto que a permita brigar por vitórias. E Rubens Barrichello é parte importante nos planos da equipe para conseguir isto."


Não é preciso ser um "insider" para perceber o que se vai passar em 2010. Basta saber ler nas entrelinhas. Com as alterações que vai acontecer na próxima temporada, a começar pela abolição do reabastecimento, logo, maiores depósitos e pneus mais duráveis, a aerodinâmica e a potência dos motores vai ter de ser diferente do que em 2009. E como temos quatro equipas que já começaram há muito tempo a planear 2010, estes podem ser os coelhos saídos da cartola... E se ainda acham que tudo isto é patranha, basta lembrar-vos de Ross Brawn e o seu BGP 001.

Formula 1 em Cartoons - Brasil (GP Series)

A três dias de começar o GP do Brasil em Interlagos, temos como sabem, três bons candidatos ao título. E um deles, Sebastien Vettel, é o que tem as hipóteses mais académicas (ou seja, não tem hipótese quase nenhuma!). Mas como pode sonhar com o título, recebeu agora, segundo o Marcos Antônio, da GP Series, um belo apoio. E que apoio(s)!

Vá Seb, força aí. Se conseguires, a recompensa é optima!

As primeiras voltas de Abu Dhabi



Descobri esta no F1 Fanatic, o blog de Keith Collantine: Bruno Senna a dar as suas primeiras voltas num Formula 1 bilugar no novo circuito de Yas Marina, a duas semanas e meia da sua estreia na categoria máxima do automobilismo.


Nestas voltas que o piloto brasileiro dá, a primeira novidade é a saída do pitlante: começa por baixo e tem de se andar muito até os carros regressarem à pista. do sitio onde o carro saiu até à parte onde voltam à acção, duram 40 segundos. Fazendo as contas, entrar, mudar os pneus e voltar à pista, vai para cima de um minuto. Esqueçam as três paragens para reabastecimento...


Depois, pode-se ver que a pista é larga, com muitas variantes. As escapatórias não parecem ser suficientemente largas, e também se vê que isto mais parece um largo estádio, pois tribunas não faltam ao longo da pista. Deve haver o suficiente para 200 mil pessoas, por aí.


Do que vi, não posso dizer muito, mas não ficaria admirado se fosse outro circuito aborrecido, compturizado. Os circuitos ditos "tilkeanos" não tem sido louvados pela comunidade automobilistica, por se verem que são pouco emocionantes. E plantar outro circuito árabe no calendário, mesmo como encerramento de temporada, quando em 2010 vamos ter um a abrir e outro a fechar, dá-me a ideia que estamos a entregar isto aos sheiks...


Enfim, vejam o video e tirem as vossas conclusões.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Os novos capitulos da luta Vatanen/Todt pela FIA

Esta semana falei da corrida presidencial da FIA, entre o Ari Vatanen e o Jean Todt, e sabia de antemão que estava a ser tudo, menos um passeio no parque para o "pequeno Napoleão", especialmente depois de saber que muitos dos apoios que inicialmente julgava ter, poderem ter desertado para o campo do ex-piloto finlandês e eurodeputado europeu.


Hoje, a dez dias da eleição presidencial, os candidatos atacaram mutuamente, com Vatanen a dizer que Todt é "a continuidade de Mosley na FIA", o que provavelmente é verdade, enquanto que o candidato francês acusou o finlandês de usar truques sujos.


Algo interessante surgiu hoje, com a entrada em acção de Michael Schumacher. Apoiante de Todt, o ex-piloto alemão escreveu uma carta aberta aos clubes eleitores, criticando a sua postura nesta corrida eleitoral:

"Devo dizer que estou surpreso e desapontado com a forma com que os Grandes Clubes têm agido durante esse período de eleição: parece que eles já têm suas cabeças feitas mesmo antes de ler as propostas políticas de Jean ou encontrá-lo... Esta não é a minha idéia de transparência e profissionalismo.”, declarou.


Estas declarações foram entendidas por pessoas como James Allen, como uma espécie de "jogada desesperada" vinda do campo do francês, pois parece que muitos dos votos que julgavam certas, desertaram para o lado finlandês. E o próprio Ari nem se coibe de esconder: também hoje, escreveu uma carta onde reclama o apoio de 70 por cento dos clubes!


Eu e a minha equipa acreditamos que ttemos mais de metade dos votos. Estamos a dar esperança às pessoas e elas estão a acreditá-la", afirma. "A maioria dos clubes sente a necessidade de uma FIA mais democrática, que tome conta dos problemas de todos. Todt é apoiado por pessoas que estão no poder por muitos anos, como Mosley e Ecclestone, e ambos não representam o futuro. Eu sou o unico que representa a mudança que se quer ter. O presidente da FIA deve servir a todos e não as pessoas que representam certos interesses. É isso que as pessoas querem e é o que terão caso me elegam", concluiu.


Para finalizar: o Ron Groo falou-me da outra vez que teme Vatanen pelo facto de ter dito que, caso seja eleito, que "a Formula 1 terá medo de mim". E achava que o nórdico seria um Mosley II, mais novo e menos tarado. Tudo isto porque o finlandês disse numa entrevista ao jornal "The Straits Times", de Singapura, frases como esta:

- "Temos de reconstruir a Formula 1 em conjunto com o senso comum, a democracia, a honestidade e a transparência. Quero colocar a categoria em pé de igualdade com o resto. A FIA não se trata apenas da Formula 1”.

- “A Formula 1 é o desporto mais rico do mundo em investimentos de capital, mas nem todo o dinheiro é voltado para outras categorias. Isso é errado."

Foram declarações polémicas, sem dúvida. Mas o que ele quer dizer é que não quer desinvestir na Formula 1 a favor de outras categorias como o WRC, os Sport-Protótipos e outros. Na minha óptica, ele quer dar maior igualdade, sem ter de desvirar recursos. Nâo creio que Vatanen vá fazer o que foi feito em 1991, quando Mosley, recém-eleito presidente da FIA, e Ecclestone decidiram "matar" uma competição florescente, e que rivalizava com a Formula 1 chamado Mundial de Sport-Protótipos (o Grupo C).

Nessa altura estavam marcas como a Porsche, Mercedes, Jaguar, Mazda, Nissan e Peugeot. E eles queriam essas marcas na Formula 1. O regulamento que entrou em vigor nesse ano obrigava a que as máquinas tivessem apenas motores de 3500 cc (os mesmos que tinham então a Formula 1) e com máquinas a pesar 750 kg. Este regulamento fez com que os custos subissem expoencialmente e as marcas acabaram por desistir, vendo que seria mais barato estar na Formula 1. Coincidência das coincidências, foi nesta altura que entraram as equipas de fábrica...

Nâo acredito que Vatanen queira ser o coveiro da Formula 1. Na minha opinião, apenas quer mostrar que há mais automobilismo para além da Formula 1. Se alguém que pode ser apontado como "coveiro" de alguma coisa, é o "tio" Bernie, com a ajuda do "tio" Max...

O centenário de uma lenda

Se estivesse vivo, faria hoje cem anos. Bernd Rosemeyer foi um dos grandes pilotos alemães da era do Grand Prix nos anos 30, contemporâneo de pilotos como Rudolf Caracciola, Manfred Von Brautisitch, Hermann Lang, Tazio Nuvolari e Achille Varzi, entre outros.


Numa era em que, graças aos milhões dados pelo governo Nazi à Mercedes e Auto Union, criando aquilo que se veio a chamar de "Flechas de Prata", o facto de Rosemeyer ter sido dos poucos a controlar os carros com motor traseiro da Auto Union, desenhados por um dos maiores génios da engenharia do século XX chamado Ferdinand Porsche, e retirar delas o seu grande potencial, graças ao facto da sua carreira ter começado nas motos, deu-lhe muita a fama que adquiriu, e o título europeu em 1936.

Rosemeyer era uma celebridade no seu tempo. Casou com a aviadora Elly Beinhorn (falecida em 2007, aos cem anos), naquilo que se tornou no "casamento do ano" na Alemanha, e teve um filho, que se tornou médico. Adorava o numero... 13. Diz-se que foi porque conheceu Elly num dia 13, casou num dia 13 e ganhou o GP da Alemanha de 1936... treze dias depois do seu casamento, numa prova onde o nevoeiro foi o rei. Aliás, um dos seus nomes era esse: "Nebelmeister" (Rei do Nevoeiro)

A 28 de Janeiro de 1938, Mercedes e Auto Union juntaram-se no troço da "Autobahn" entre Frankfurt e Darmstadt, no unico objectivo de alcançar o recorde mundial de velocidade. No lado da Mercedes estava Rudolf Caracciola (cujo cinquantenário da sua morte aconteceu no passado dia 26 de Setembro), e estes duelos eram tão publicitados como as corridas em si. Rosemeyer detestava este tipo de provas, devido aos perigos que acarretava, mas aceitava os desafios. Quando Caracciola marcou 428 km/hora no seu Mercedes, Rosemeyer sorriu e disse: "Agora é a minha vez!" Ele foi para o seu carro, correu, sofreu um golpe de vento, desfez-se e foi projectado para fora do carro. Teve morte quase imediata, aos 28 anos.

A sua morte foi um acontecimento, e o seu funeral foi assistido pelos mais altos dignatários nazis. Nem Rosemeyer, nem Beinhorn tinham muitas simpatias pelo regime de então (Rosemeyer era membro das SS, mas estava lá contrariado...), e ela até recusou as honrarias, abandonando o funeral a meio, deixando ambaraçados os dirigentes nazis.


"Bernd não conhecia o medo", disse depois Rudolf Caracciola, "e isso às vezes não é bom. Nós temiamos pela sua vida cada vez que corria. Tinha a sensação de que ele não viveria por muito tempo, e que tal acidente aconteceria mais cedo ou mais tarde..." Mas a lenda resistiu até aos nossos dias.


Na altura em que se comemorou o 70º aniversário da sua morte, fiz-lhe uma biografia sobre a sua vida e a sua carreira. Se quiserem ler, basta seguirem o link.

Noticias: Desvendado o novo chassis da Lotus

Este é mesmo um projecto com pernas para andar. Depois de na semana passada, a USF1 mostrar fotos das suas instalações, a Lotus mostrou esta tarde o chassis que anda a construir para 2010. É um modelo 1:1 em túnel de vento, e mostra que o projecto liderado por Mike Gascoyne tem mesmo pernas para andar.



Nessa mesma noticia, Gascoyne diz estar contente com o modelo, mas que isto é apenas mais uma etapa no longo caminho em direcção à realidade: "Os desafios que temos pela frente são grandes, no objecto de ter o carro pronto a tempo, mas estou confiante de que estaremos à altura. O nosso objectivo é ter o carro pronto para os testes em pista a meio de Fevereiro, e alinhar na grelha de partida para a primeira corrida do ano, no Bahrein", explicou.


Agora, tenho uma dúvida: irá esta nova Lotus continuar com a numeração do tempo da sua primeira incarnação, como os 49, 72 ou o 86?

Um verdadeiro achado

Ontem à noite "tropeço" no blog do Flávio Gomes (viajo muito, falo pouco) e descubro o post sobre um site sobre cartazes de corridas. A ilustração era linda, e quando fui ao site em si... fiquei maraviilhado!

Desde já um aviso: estes cartazes são todos "fakes". Não são mais do que o site de um designer gráfico, louco pelo simulador Grand Prix Legends, que decidiu fazer cartazes dessas corridas simuladas em computador. Mas se estes cartazes são de corridas virtuais, (como é obvio, não houve um GP do Japão de 1978, em Suzuka!) o seu grafismo é absolutamente excepcional!

Numa altura em que os posters actuais são todos enfadonhos, para não baixar o nível, ver estes desenhos são um colírio para a vista. Para ver, copiar e colocar como poster no vosso canto favorito da casa. Vale a pena!

Extra-Campeonato: O video polémico de Maité Proença



Sobre o assunto que deu brado hoje, e o video subsequente, só vou dizer o seguinte:

- O video tem dois anos.

- Foi descoberto por um pasquimzinho cá da terra, o 24 Horas, que qual virgem ofendida num bacoco nacionalismo, disse cobras e lagartos da senhora.

- Qualquer um que não fosse um técnico informático reagiria da mesma forma, "olhando o mouse como se fosse uma capivara"

- Nem todos os brasileiros tem de saber quem foi o Salazar, e quanto tempo ele esteve no poder. Mas tem de saber que Lisboa é banhada pelo "Rio Tejo" e não "Mar Tejo".

- O cuspir no fontanário do Mosteiro do Jerónimos é ofensivo porquê? Ofensivo seria se ela baixasse as calças e urinasse... Bebem a água desse fontanário? Que eu saiba, essa água é imprópria para consumo.

- Para finalizar... acredito que ela deve ter fumado qualquer coisinha. Ou então bebeu uma garrafa de vinho branco ao almoço. Mas também pode ser a menopausa nos seus piores dias.


Em suma, não gostei muito do video dela, pois as suas figuras são ridículas. Mas igualmente ridículas são reacções que muita gente teve aqui em Portugal. Para além de ser um exagero bacoco, roçam o nacionalismo idiota, muito em desuso nesta era. Uma petição para quê? A senhora é loura burra, e depois? No final da semana já esquecerem disto, portanto... deixem-na paz e sigam as vossas vidinhas, tá bom?

Os blogueiros da Formula 1



Aqui em Portugal, o automobilismo tem um impacto residual na Blogosfera, mas no Brasil, o tratamento é diferente. Digo isto porque hoje, semana do GP do Brasil, em Interlagos, saiu no Globo Esporte uma matéria sobre a Formula 1 na blogosfera, focando especialmente em três personagens: Diego Maluana, do blog No Mundo da Velocidade, Barbara (Babi) Fanzin, do Velocidade.org e o Bruno Mantonavi, o cartoonista por detrás dos Pilotoons, que publica no seu blog homónimo.


Matéria pequena, mas interessante, que explica as perferências dos blogueiros. E uma futura charge do Mantovani também... não sei não Bruno. Fez uma semalhante em 2008 e não deu certo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Por dentro das novas equipas (Autosport Portugal)

O Autosport português publica, na edição desta semana uma extensa reportagem sobre a situação das novas equipas de Formula 1 para 2010. O Luis Vasconcelos, provavelmente o mais credivel jornalista automobilistico de Portugal, fala sobre a Lotus, Virgin/Manor, USF1 e Campos. E fala de, entre outras coisas, da credibilidade do projecto anglo-malaio, das ligações da Manor ao futuro ex-presidente da FIA, Max Mosley, e da possibilidade (mais real do que se julga...) de uma inédita dupla luso-brasileira (Alvaro Parente e Bruno Senna), do projecto da USF1 e das indefinições da Campos.

Sendo assim, decidi colocar aqui a matéria, que é para os meus visitantes brasileiros possam ver o que se pensa sobre as novas equipas aqui no Velho Continente.


SANGUE NOVO NA F1


O Lotus F1 Team, juntamente com a USF1, a Virgin Racing e a Campos Meta preparam-se para entrar no Mundial de Formula 1 em 2010, elevando para 26 o numero de carros nas grelhas de partida. Quem são, como se estruturam e de que meios dispõem... por Luis Vasconcelos


Montar uma equipa de F1 do zero é obra, e durante mais de uma década a FIA desencorajou quaisquer tentativas de independentes, ao exigir uma caução de 48 milhões de dólares aos interessados. Mas quando Max Mosley se quis livrar dos construtores, abriu as portas de par em par e em 2010 poderemos ter quatro novas equipas em pista, mesmo subsistindo dúvidas da viabilidade da Campos.


O projecto mais interessante de entre os estreantes é, paradoxalmente, aquele que avançou mais tarde: o da Lotus F1 Team. Empresário de suvesso, o malaio Tony Fernandes [de origem goesa] assumiu o controlo do projecto que a Litespeed vira recusado pela FIA em Junho, conseguiu os apoios do governo do seu país e da Proton, garantiu a utilização do nome da Lotus - propriedade do construtor numero um da Malásia - e elaborou um "business plan" muito bem estruturado, com duas vertentes bem distintas, mas complementares.


Do ponto de vista dos malaios, esta é uma equipa nacional - o nome da empresa até é 1Malaysia F1 Team, inspirado na campanha governamental que tenta eliminar as diferenças entre as três etnias que dominam o país - e Fernandes aposta forte na tecnologia local para, progressivamente, fazer com que cada vez mais partes dos seus chassis sejam feitos na nova base da equipa, em Sepang.


Em 2010 arrancará mesmo uma escola para treinar mecânicos e engenheiros malaios enquanto que Alex Yoong se juntou a este projecto para tentar encontrar jovens pilotos de talento no seu país.


Do ponto de vista da Formula 1, este é o regresso do Team Lotus, pois Fernandes conseguiu o apoio da familia de Chapman e quer usar a herança dese nome mítico, É por isso que a Proton está a investir na equipa, pois com a notoriedade ganha nos Grandes Prémios, poderá aumentar substancialmente a venda dos Lotus de estrada.


A contratação de Mike Gascoyne como director técnico deu enorme credibilidade a esta equipa e muitos elementos da Renault, Toyota, jordan e até técnicos da FIA estão a tentar fazer parte do grupo de 225 elementos que vão constituir o Lotus F1 Team. Para já é uma empresa de ex-funcionários da Toyota que está a projectar o chassis de 2010, sob a supervisão de Gascoyne, enquanto que Jean-Claude Migeot se encarrega da aerodinâmica.


A partir de Janeiro a equipa assumirá o controlo do projecto, mas sabendo que só o poderá fazer antes do inicio da temporada, Gascoyne só quer pilotos experientes na sua equipa: "Para o primeiro carro o Trulli é a minha primeira escolha, mas um Heidfeld seria muito bem vindo. Para o segundo carro, queremos um jovem com experiência e, por isso, estamos a falar com muita gente: Kovalainen, Glock, Nakajima, Davidson, Sato e Sutil estão na nossa lista, mas temos dinheiro suficiente para contratarmos com base apenas no talento e não nos apoios que nos podem trazer"


OS PROTEGIDOS DE MOSLEY


A escolha da Manor foi uma enorme surpresa quando a FIA divulgou as equipas que aceitara como estreantes para 2010. Mas quem pensava que isto era um projecto de John Booth [fundador e dono da Manor] desenganou-se rapidamente. O patrão da Mabor está envolvido, mas o controlo técnico da equipa é de Nick Wirth, um protegido de Max Mosley, de quem até já foi sócio, e a Virgin já assumiu o controlo da vertente comercial, ocupando-se mesmo das negociações com os potenciais pilotos, entre os quais está o nosso Alvaro Parente.


O apoio da Virgin deu credibilidade a um projecto que muitos duvidavam, pois as anteriores experiências de Wirth na F1 foram um fracasso, mas como esta foi uma equipa feita a pensar no tecto orçamental antes deste ser abandonado, Booth já admitiu que, "não vai ser fácil competir com o as equipas que já estão na F1, pois vão gastar o dobro ou mais do que nós temos orçamentado".


Mesmo assim, Booth planeia ter "50 pessoas na minha fábrica, mas a Wirth Research vai ter um numero superior, pois são eles que vão tratar do projecto e desenvolvimento dos chassis, enquanto nós teremos a equipa de corridas a nosso cargo"


Devendo assumir o nome de Virgin Racing mal a marca de Branson termine o seu contrato com a Brawn GP, esta equipa tem na Renault o seu campo perferiencial para contratar engenheiros e outros técnicos de qualidade, com Christian Silk a assumir o lugar de Chefe de Engenheiros, depois de ter deixado a escuderia de Enstone.


Quanto a pilotos, e para além de Parente, que parece ser o perferido de Wirth, a Virgin Racing nagoceia com Bruno Senna, Adam Carroll, Tom Chilton e outrs jovens, para os moldar à imagem do grupo liderado por Branson, do qual serão verdadeiros embaixadores, pois à falta de testes durante a temporada, vão estar muito ocupados com acções promocionais.


Mas antes de se estrear na F1 esta equipa já está rodeada em controvérsia, pois o braço direito de Mosley, Alan Donnelly, é seu consultor e procura patrocinadores para Booth e Wirth, o que muitos consideram imcompatível com o facto de ter estado entre os que seleccionaram a Manor para correr em 2010, em detrimento de equipas com meios técnicos e humanos muito mais credíveis.


O SONHO AMERICANO


Desde 2006 que Ken Anderson e Peter Windsor estão a trabalhar no projecto do Team USF1. ainda antes de mosley apresentar a peregrina ideia de uma limitação de orçamentos, o projecto americano já estava em andamento, depois de terem sido angariados 22 milhões de dólares que Anderson considerava necessários para arrancar. Isto depois de terem falhado as tentativas para correr em 2007 com o apoio da BMW americana e em 2008 com o apoio da Honda local.


Com vitórias em todas as categorias de topo nos Estados Unidos, Anderson quer provar que é possivel ser competitivo na F1 com um orçamento substancialmente inferior ao que as equipas tradicionais utilizam e, também, com muito menos funcionários. Uma forte aposta na contratação de serviços externos leva a que Anderson pretanda que "a equipa não exceda os 120 elementos na base com outros 30 na Europa, em Aragon, pois este é o numero minimo para podermos fazer um trabalho com qualidade".


A contratação de Bernard Ferguson como consultor deu boa publicidade à equipa, mas só uma terceira inspecção da FIA a Charlotte é que convenceu a Federação que esta equipa é mesmo uma realidade, mesmo se ainda não tem patrocinadores conhecidos, apesar de alguns dos seus investidores terem meios maos do que suficientes para garantir o futuro da equipa.


Resta saber se o desejam ou se os 60 milhões de dólares que Anderson considera necessários terão de vir de patrocinadores. Em relação ao motor, apesar do contrato com a Cosworth, condição imposta pela FIA para aceitar equipas novas para 2010, o Team USF1 ainda tem uma ténue esperança de poder utilizar os Toyota V8, o que traria como contrapartida um apoio importante do importador americano e imporia a contratação de Kazuki Nakajima como piloto.


Anderson e Windsor já renunciaram a ideia de só ter pilotos americanos - até porque nenhum dispõe de Super-Licença - e é cada vez mais provavel que corram em 2010 com dois estrangeiros, com Jonathan Summerton e Alexander Rossi a terem a possibilidade de serem pilotos de testes.


OMELETAS SEM OVOS...


Adrian Campos foi dos primeiros a avançar quando a FIA anunciou uma F1 limitada a 33 milhões de euros por ano, por equipa, ficando em situação complicada quando a Federação teve de fazer marcha-atrás nos seus planos irrealistas.


Aceitando a imposição de utilizar motor cosworth e a caixa de velocidades X-Trac, o espanhol foi surpreendentemente perferido face a Villadelprat [dono da Epsilon Euskadi], pois não tinha fábrica, pessoal, departamento de projecto nem patrocinadores. Para ter carro, Campos contratou a Dallara - que deslocou 80 engenheiros para este projecto e Gabriele Tredozi - mas necessitou de um parceiro para pagar as contas, pois a Meta 1 não encontrou qualquer patrocinador para o apoiar. O mesmo acontece com Daniele Audetto, imposto por Ecclestone como condição para tentar ajudar a equipa de Valencia.


Por isso Campos procura desesperadamente pilotos com grandes apoios, estando a pressionar Vitaly Petrov e Pastor Maldonado para assinarem com a equipa, unico modo de não ter de renunciar ao projecto. E Antonio Cuquerella, contratado à Sauber como Chefe de Engenheiros, não tem tido tarefa fácil em encontrar interessados a juntar-se a uma equipa com mais interrogações do que certezas e de cuja viabilidade muitos duvidam.


Por isso, segundo fontes espanholas, Campos já ligou a Nelson Piquet Sr. para saber se o brasileiro estaria interessado em comprar a sua equipa - unico meio de voltar a ter o filho a correr em Grandes Prémios - e lançou sinais à Qadbak de que está interessado em vender o seu lugar no Mundial de 2010. Foi por isso que vetou que a equipa de Hinwill se tornasse na 14ª participante no próximo ano, só para forçar os árabes a comprarem a sua inscrição, sob pena de ficarem com um projecto nado-morto nas mãos"

A corrida presidencial pode não ser o passeio que Todt esperava

Hoje, a Autosport inglesa noticia que a federação saudita de automobilismo irá apoiar Ari Vatanen na corrida à presidência da FIA. Esta noticia isolada pode ter o seu valor, mas combinadas com mais algumas que ouvi nas últimas semanas, demonstra que esta corrida presidencial não é um passeio para um dos candidatos, e até 27 de Outubro... tudo é possivel.

"Chegamos à conclusão que as politicas defendidas pelo candidato Ari Vatanen se coadunam com as ambições da Saudi Arabian Motor Federation e de sua Majestade, o Principe Feisal. Estamos ansioso por trabalhar com ele, caso seja eleito presidente, numa FIA unificada", declarou Misshal Al-Sudairy, o presidente da Federação.

Quando as candidaturas foram anunciadas, a meio do ano, todos julgavam inicialmente que Jean Todt poderia ter a eleição na mão. O apoio incondicional de Max Mosley, bem como os votos que este tem e o apelo que o inglês fez para que as federações apoiassem-o, num projecto de continuidade, bem como o facto de este processo de eleição ser um pouco "nublado" (apesar de ser um sistema de voto secreto), pareciam garantir que Todt iria ser eleito, numa espécie de troca anglo-britânica (dos três últimos presidentes da FIA, dois eram britânicos, intercalados pelo francês Jean-Marie Balestre).

A candidatura de Ari Vatanen, um ex-piloto de reconhecida craveira, que teve uma segunda carreira como deputado ao Parlamento Europeu, onde esteve dez anos na bancada conservadora, fizeram-no aos olhos de muitos como um homem respeitado. Tendo vindo dos ralies, seria uma cara nova numa federação centralizada na Formula 1, e teria o apoio de boa parte das federações europeias e americanas. Mas muitos diziam que Vatanen não iria bater Todt, seu director desportivo nos tempos da Peugeot Sport, nos anos 80, pois este tinha o apoio das federações asiáticas, africanas e outras de menor expressão.

Ora, nos últimos tempos, esse quadro foi modificado. Primeiro, com o apoio de Mohamed bin Suleyman, um dos vice-presidentes da FIA, a Vatanen. Não porque ele decidiu mudar de campo, mas... porque foi obrigado a isso. Algumas casas reais do Golfo Pérsico não gostaram da postura de Mosley nos últimos tempos e decidiram que era altura de mandar um sinal para a FIA que certas atitudes deveriam ser penalizadas, logo, era a altura de mudar de politica. como as Federações do Golfo tem peso (calcula-se que possam ter máximo 25 por cento dos votos) a vitória pode não ser esmagadora para o baixinho francês.

Mas tem mais: há algumas semanas atrás, Todt afirmou numa entrevista que a Africa do Sul não estaria interessada em receber de novo a Formula 1 no seu pais, nomeadamente em Kyalami. Tais declarações não cairam nada bem quer na federação sul-africana, que no próprio país, que como sabem, prepara o Mundial de Futebol, que se realizará no ano que vem. Belaulah Schoeman, o presidente da federação local, alegou que tais declarações foram ultrajantes, e que a Africa do Sul, tal como muitos outros países, está interessada em ter a Formula 1 de volta.

"As declarações são um insulto não só à Africa do Sul, mas a todos os países africanos. Tivemos várias corridas bem-sucedidas aqui. E todos os GPs são transmitidos temporada após temporada em nosso país", declarou Schoeman.


E sendo esta a mais poderosa do continente africano, nada a impede de fazer campanha por Vatanen e influenciar outras federações da zona...

Com tudo isto em jogo, isto pode significar que a corrida para a presidência pode estar mais renhida do que se julga. Em teoria, o candidato vencedor pode ter uma vantagem de 60-40, ou seja: se Todt vencer, será uma vitória suada. Caso Vatanen acabe na cadeira da FIA, seria uma combinação de resultados que vai desde o "trabalho de sapa" dos seus promotores (as federações americana e alemã), em conjunto com os descontentes e as "ordens vidas de cima"...

Em suma: nestas eleições, tudo é possivel.