O GP da Bélgica de 1985 aconteceu a 15 de setembro desse ano, em Spa-Francochamps. A corrida foi ganha por Ayrton Senna, no seu Lotus, na frente de Nigel Mansell e Alain Prost, que assim ficou bem perto do título mundial, porque Michele Alboreto não chegou ao fim.
Mas esta não foi a data inicial no calendário. Na realidade, deveria ter acontecido três meses antes, a 2 de junho, mas a 31 de maio, três dias antes, foi adiado. Tudo porque... o asfalto começou a desfazer-se.
A história começa um pouco antes, no inverno. Spa-Francochamps tinha regressado ao calendário da Formula 1 em 1983, depois de 13 anos de ausência e uma profunda reconstrução da pista, passando de 20 para sete quilómetros. Inicialmente, era para trocar com a pista de Zolder, o que aconteceu em 1984, mas depois desse ano, a corrida ficou definitivamente em Spa.
Nesse inverno, a organização da pista decidiu reasfaltar a pista, no sentido de a tornar mais aderente em situações de chuva. A operação foi custosa, cerca de três milhões de libras, e informaram do sucedido à FISA, que deu a lux verde se a pista estaria pronta 60 dias antes da corrida, ou seja, final de março de 1985.
Contudo... não aconteceu. Um inverno demasiado rigoroso e uma burocracia demasiado lenta fez com que a operação ficasse concluída... 14 dias antes. E pior: não avisaram a FISA do que tinha acontecido.
As coisas correram como planeado na sexta-feira. Os pilotos notaram que a pista estava rápida, e os tempos caíam. Mas mais para o final do dia, começaram a notar algumas coisas no asfalto, especialmente em algumas curvas. Reparos foram feitos durante a noite, e também foram ver outras partes, como medida de precaução. No sábado, a qualificação continuou, mas a meio, tudo parou: os buracos eram ainda maiores. Pilotos, equipas, FISA, FOCA e organização começaram a ter reuniões uns atrás dos outros para saber o que se passava, como se resolveria e se o fim de semana poderia ser salvo. E no meio disto tudo, os fiscais de pista varriam os pedaços soltos do asfalto para o lado e faziam as reparações possíveis.
Havia algumas sugestões na mesa: o cancelamento do "warm up" e irem direitos para a corrida, para poupar o asfalto de mais agressões, ou adiar a corrida para outro dia, sugestão dada por Niki Lauda. Entretanto, prosseguiu o programa com a corrida de Formula 3000, que... foi um desastre. Mais buracos na pista e a corrida foi interrompida após mais de metade da prova. No final do dia, depois de muitas discussões, decidiu-se pelo adiamento.
Claro, ninguém estava feliz. Jean-Marie Balestre, o presidente da FISA, estava furioso, a certa altura viu-se Bernie Ecclestone, presidente da FOCA e dono da Brabham, a gritar com os organizadores por causa da asneira que tinham feito. Uma multa de dez mil dólares foi dada à Federação belga, e foram obrigados a pagar uma caução de cem mil dólares para que o reasfaltamento fosse feito da maneira correta. Quando isso aconteceu, essa caução foi devolvida. E no calendário, com a nova data, o GP da Europa, que iria ser em Brands Hatch, foi atrasada em uma semana, para o dia 6 de outubro.
Quando a corrida aconteceu na nova data, houve algumas alterações. Duas semanas antes da corrida, aconteceu os 1000 km de Spa, em Endurance, e um incidente entre os Porsches do belga Jacky Ickx e do alemão Stefan Bellof resultou na morte deste último. O seu funeral aconteceu no dia a seguir ao GP de Itália, cinco dias antes da corrida belga. E isso tinha acontecido três semanas depois de outro alemão, Manfred Winkelhock, então piloto da RAM, ter sofrido um acidente mortal noutra prova de Endurance, em Mosport, no Canadá.
Outra coisa interessante aconteceu pelo meio. Uma nova equipa chegou ao pelotão da Formula 1, a Haas-Lola (nada a ver com a atual Haas) e escolheram como piloto o campeão do mundo de 1980, Alan Jones. Então com 39 anos, o australiano tinha-se estreado na corrida anterior, em Monza, mas como parte da qualificação tinha acontecido, não poderiam colocar a nova equipa "de paraquedas" na grelha de partida. Assim sendo, eles regressaram em Brands Hatch.