Faz hoje 25 anos que começou a Guerra das Falklands (ou Malvinas, como chamam os argentinos). A invasão das pacatas ilhas, ricas em lã, peixe (e aparentemente de hidrocarbonetos), feita pela Junta Militar argentina, numa clara fuga para a frente, causou quase mil mortos, em ambos os lados, numa guerra que durou 74 dias.
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No dia 1 de Abril de 1982, as ilhas - duas,
Falkland Ocidental e Falkland Oriental, mais um pó de ilhéus -, em cuja cota de armas figura um carneiro, não passavam de uma longínqua pastagem esquecida exportadora de lãs para a mãe pátria. Os habitantes, cuja alcunha são
"kelpers", mais os seus animais viviam em plena harmonia, sem carências mas também sem mais nada. O vento austral soprava como sempre, gelado, o Cruzeiro do Sul continuava todas as noites no mesmo sítio. O mundo eestava lá longe.
No dia a seguir, chegaram os soldados argentinos, empurrados pelo último ditador de Buenos Aires, general Leopoldo Galtieri, que procurava sobreviver à contestação do regime militar. A força invasora encontrou pouca resistência, içou a bandeira argentina e rebptizou a capital de Puerto Argentino.
Em Londres, Margaret Thatcher também estava em apuros, em termos de popularidade. A invasão argentina foi uma bênção, pois eles podiam dizer que aquele território fazia parte da Grã-Bretanha. O orgulho nacional estava em jogo, logo, foi constituida uma "task force" para "libertar as ilhas" do jugo argentino. A frota parete cinco dias depois, rumo ao Sul e ao Inverno Austral.
Entretanto, a ONU exige a Buenos Aires que retire, e a então CEE decreta sanções aos invasores. Os Estados Unidos, liderados por Ronald Reagan, tinham proposto uma mediação, mas acabam dando apoio logístico à "task force" britânica. Algumas capitais latino-americanas agitam-se. "Colonialismo!", ouviu-se.
Os britânicos instalam-se a meio-caminho, na Ilha de Ascenção, e daí lançam os seus bombardeiros Avro Vulcan. Entretanto, eles tinham imposto uma zona de exclusão de 300 milhas para evitar a aproximação de navios argentinos. Contuudo, quando a 2 de Maio, um submarino afunda o cruzador "General Belgrano", este estava fora dessa zona de exclusão. O ataque causou 323 mortos e levou à retaliação argentina: dois dias mais tarde, misseis Exocet afundam o "HMS Sheffield".
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Os combates continuam no ar durante boa parte do mês de Maio, até ao dia 21, altura em que a "task force" chegou a
Port San Carlos. Nesse momento, três navios de guerra foram afundados, mais alguns navios de logítica e transporte de tropas foram ou afundados ou severamente danificados. Contudo, o desembarque de tropas foi bem sucedido.
A 27 de Maio, as tropas britânicas lançaram um ataque a Goose Green, uma estreita lingua de terra que liga o norte ao sul de East Falkland. Os combates demoraram um dia e meio, mas no final, os britânicos capturaram-na, com 17 motros britânicos. Do lado argentino, foram 55 os que morreram, mas capturaram mais de mil.
No inicio de Junho, os britânicos ocuparam os montes à volta de Port Stanley, cercando os argentinos. No dia 14 de Junho, depois de nove dias de combates à volta da capital, os argentinos rendem-se, e acaba a guerra. Três dias depois, Leopoldo Galtieri demite-se, e o seu sucessor decide que é altura da Argentina passar para a democracia, convocando eleições para o ano seguinte. No lado britânico, os soldados são recebidos como heróis, e a popularidade de Margareth Thatcher reforçou-se, e no ano seguinte, as eleições legislativas deram-lhe a maioria absoluta, e manteve os conservadores no poder por mais 14 anos.
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Hoje, um quarto de século depois, os argentinos ainda reclamam as ilhas como sendo suas. Quanto aos seus habitantes, estes passaram de 2 mil para cerca de 3 mil, e vivem melhor do que um londrino normal. A guerra que mudou a Argentina, mudou também as suas vidas.
O PIB nas ilhas aumentou 15 vezes desde 1982, não há desemprego nem criminalidade nas ilhas. Quem diria...