sábado, 10 de janeiro de 2015

A imagem do dia

Para quem viu a corrida desta tarde, em Buenos Aires, fez-me lembrar algumas corridas do passado, especialmente aquelas que aconteceram em Montreal. As corridas no Circuit Gilles Villeneuve são miticas devido à sua imprevisibilidade, sejam elas ao sol ou à chuva. Lembro especialmente a de 1991, quando Nelson Piquet (o Nelsão, pai do Nelsinho) teve uma vitória caída do céu aos trambolhões, quando viu o seu rival e alvo de piadas, Nigel Mansell, deixado caír o motor abaixo. Piquetzão confessou depois ter sentido um orgasmo e andado a rir-se do que aconteceu ao "brutânico". Seria a última vitória da sua carreira.

A vitória de António Félix da Costa foi feliz. Feliz porque beneficiou dos azares dos outros: a quebra de Lucas di Grassi, a batida de Sebastien Buemi e a penalização de Nick Heidfeld. Não fez muitas ultrapassagens em pista, apenas deixou que os outros fizessem os seus estragos e levar o carro até ao fim. A velha máxima de "para acabares em primeiro, primeiro tens de acabar". E a única volta que conta é a última.

Mas ele não é o "rei da sorte". A sorte é preciso ser trabalhada. Não vale a pena ganhar o Euromilhões se primeiro não o registares, e o oitavo lugar na grelha é meio caminho andado para uma boa exibição. Aliás, nestas quatro corridas, nenhum dos "poleman" têm ganho até agora e nenhum dos vencedores têm conseguido repeti-la até agora. Quarto vencedor diferente, na quarta equipa diferente. E em termos de países, é o quarto a inscrever-se na lista de vencedores, depois do Brasil, da Grã-Bretanha e da Suiça. Nisto, estamos primeiro do que a França, Alemanha, Itália ou Estados Unidos!

Para o nosso piloto, espero que isto seja o principio de uma grande temporada para ele. 2014 não foi grande coisa na DTM, não sei se por causa da adaptação ou por causa do mau carro que foi o BMW. Espera-se que em 2015, o carro que terá disponivel seja melhor e que faça uma adaptação mais feliz à competição e dê os bons resultados que merece na sua carreira. E faça repensar um pouco a razão porque a Red Bull o coloca como piloto de reserva que provavelmente não vai ser usado, como é Sebastien Buemi, por exemplo...

Mesmo assim... parabéns Formiga, tu mereceste!

Formula E 2015 - Ronda 4, Buenos Aires (Corrida)

Um mês depois de terem corrido em Punta del Este, máquinas e pilotos atravessaram o Rio da Prata para correr nas ruas de Puerto Madero para a quarta prova da temporada inaugural da Formula E. A grande novidade acontecia na Andretti, onde depois de Franck Montagny ter testado positivo numa análise anti-doping, foi substituído pelo americano Marco Andretti, o filho do proprietário. Na China Racing, Ho-Pin Tung estava de regresso, enquanto que Salvador Duran continuava na Amlin Aguri, em substituição de Katherine Legge.

Nas ruas de Puerto Madero, em Buenos Aires, e uma semana depois da cidade ter recebido a abertura do Rali Dakar, milhares de pessoas acolheram a nova competição, nada de especial para um pais apaixonado por automobilismo como a Argentina. A expectativa era alta, depois de Sebastien Buemi, o vencedro da corrida anterior, em Punta del Este, ter conseguido a pole-position.

Antes da partida, soube-se que Jean-Eric Vergne, Nick Heidfeld e Bruno Senna conseguiram o direito de ter o "fanboost" nos seus carros, o que dada a posição na grelha por parte de Vergne e Senna, até poderia ser um ótimo auxilio para a situação em que se encontravam, com o brasileiro a largar da penúltima fila, depois de bater na qualificação. Já para o alemão, esta poderia ser uma grande chance de lutar pela vitória, já que seria o terceiro classificado, atrás de Buemi e o Virgin de Jaime Alguersuari.

A partida começou com Heidfeld ao ataquem passando Alguersuari e ficar com o segundo posto, enquanto que Bruno Senna começou a fazer nova corrida de recuperação, escalando até ao 14º posto nas primeiras três voltas. A patir dali, o suiço aguentou o pelotão inteiro, com Di Grassi a conseguir subir ao terceiro lugar, depois de passar Alguersuari.

Na volta 14, Di Grassi fez uma boa manobra no hairpin e conseguiu passar Heidfeld, conseguindo o segundo posto, e parecia que o alemão tinha-se distraído, pois logo a seguir foi superado pelos Virgin de Alguersuari e Bird, e o AGuri de Félix da Costa ia pelo mesmo caminho, mas o alemão conseguiu fechar.

Na volta 16, o Mahindra de Karun Chandhok sofreu uma quebra na suspensão e o seu carro ficou parado na pista. O Safety Car demorou a entrar na pista, mas mesmo assim, a coisa foi aproveitada pelos pilotos para fazerem o reabastecimento. E foi aqui que começou algumas confusões, com Sam Bird a sair com as luzes vermelhas na saída das boxes. Durante oito voltas, o Safety Car esteve na pista, numa situação que no minimo era embaraçosa.

Quando voltou, Buemi manteve-se na liderança, agora pressionado por Di Grassi, Heidfeld, Félix da Costa e Bird. Mas logo a seguir, sofre um toque na chicane que danifica a roda frente-direita e é obrigado a retirar-se. Sem Buemi, Di Grassi era o lider, mas atrás, Félix da Costa aguentava os ataques de Bird, conseguindo passar na volta 25. O inglês continuava a atacar Heidfeld, e duas voltas depois, era a vez de Di Grassi desistir no mesmo local quando a suspensão traseira-direita cedeu, dando a liderança a Heidfeld. Mas Bird era penalizado e teve de ir às boxes, entregando o segundo lugar ao piloto português.

Com Heidfeld e Félix da Costa mais ou menos à vontade, a ação passou para o terceiro lugar, com Alguersuari a resistir aos ataques de Vergne e de Prost. Vergne pressionou o espanhol e conseguiu passar na volta 32, depois de um toque no piloto da Virgin. Mas surpreendentemente, na volta 33, a organização penaliza Heidfeld por excesso de velocidade... e oferece a liderança a Félix da Costa! No final, quarto vencedor em quatro corridas, em quatro equipas diferentes.

Na geral, após quatro corridas, Lucas di Grassi, apesar de não ter terminado, manteve a liderança, com 58 pontos, com Sam Bird a a ser o segundo, com 48, e Sebastien Buemi a ser o terceiro, com 43. Félix da Costa têm agora 29 pontos e subiu ao sexto lugar da classificação geral

Depois de Buenos Aires, a próxima corrida acontecerá dentro de dois meses, a 14 de março, nas ruas de Miami, na primeira de duas provas em solo americano.

Formula E: Buemi foi o melhor na qualificação argentina

O suiço Sebastien Buemi, da e.dams, foi o melhor na qualificação que aconteceu esta manhã (inicio da tarde na Europa) nas ruas de Puerto Madero, em Buenos Aires. O piloto da  fez o melhor tempo, batendo o espanhol Jaime Alguersuari, no final da unica sessão de qualificação da quarta prova da temporada da Formula E, a competição elétrica da FIA.

Debaixo de muito calor, a sessão de qualificação decorreu num dos bairros nobres da capital argentina, e o melhor tempo foi marcado logo no primeiro grupo, aproveitando uma melhor temperatura do asfalto naquele momento. Buemi estava nesse grupo, acompanhado de Jaime Alguersuari, que conseguiu o segundo lugar, o português António Félix da Costa, que acabou por marcar o sétimo melhor tempo na grelha, e de Nelson Piquet Jr, que ficou logo a seguir no seu carro da China Racing. 

A qualificação ficou marcada por dois acidentes que causaram bandeiras vermelhas. O primeiro acidente foi com Lucas di Grassi, que acabou por arrancar um elemento da suspensão e provocou a interrupção da sessão. Após alguns minutos para limpar os destroços, a sessão continuou, com Prost a marcar tempo que o aproximou dos primeiros, mas não desalojou o seu companheiro de equipa.

A segunda situação de bandeiras vermelhas aconteceu na parte final, quando o veterano Jarno Trulli saiu de pista e embateu no muro, causando a interrupção da sessão, justamente quando os pilotos desse grupo estavam a marcar tempos um segundo abaixo da média. Retirado o carro, A sessão continuou, mas novo toque no muro por parte de Bruno Senna, no último minuto da sessão, fez com que este terminasse antecipadamente, com o brasileiro a marcar o pior tempo.

A corrida acontecerá às 19 horas, hora de Lisboa.

Youtube Rally Crash: os atribulados testes de Sebastien Löeb

O regresso de Sebastien Löeb a Monte Carlo, após ano e meio de ausência, não está a ser fácil para o quarentão francês. É que os testes não estão a correr sem problemas, bem pelo contrário. Neste video, poderemos ver um despiste no qual o carro parou não muito longe de uma pequena ravina, com o detalhe do rapaz tirar fotos do acidente em vez de o ajudar...

Mas também, o carro do Löeb não tinha estragos, e logo depois, estava de volta à estrada.  

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Dakar 2015 - Dia 6

A sexta etapa do Dakar, entre Antofagasta e Iquique, foi bem interessante para as cores portuguesas, dado que Hélder Rodrigues foi o grande vencedor da etapa, enquanto que Paulo Gonçalves e Ruben Faria ficaram bem classificados no "top ten".

Nessa especial de 319 quilómetros, conhecida por ter trilhos rápidos de pedra e zonas de dunas, Helder Rodrigues foi mais veloz do que Toby Price, numa diferença que se calculou de um minuto e dez segundos, enquanto que Paulo Gonçalves fechou o pódio com uma desvantagem de um minuto e 42 segundos sobre o seu compatriota. Joan Barreda Bort foi o sexto, enquanto que Marc Coma ficou duas posições mais abaixo, mesmo assim na frente de Ruben Faria, o nono classificado, a nove minutos e 34 segundos do vencedor.

Ruben Faria foi o primeiro a comentar sobre a sua performance nesta etapa: “Hoje foi novamente um dia muito positivo. Comecei na 15ª posição mas rapidamente encontrei o meu ritmo para chegar ao final na nona posição. Senti-me muito bem fisicamente e sem cometer excessos fechei esta primeira fase da prova de acordo com as minhas expectativas. Voltámos a ter alguma navegação na fase final mas depois da neutralização estive sempre muito concentrado e aumentei mesmo o meu ritmo. Desta forma fui subindo na classificação e fechei o dia em nono”, finalizou.

Na geral, Barreda Bort está a liderar, mas têm uma vantagem de 12 minutos e 27 segundos sobre Marc Coma, enquanto que Paulo Gonçalves está agora a quatro minutos do catalão, o que significa que está tudo em aberto na liderança da categoria, agora que se aproxima o dia de descanso. Helder Rodrigues é agora sexto, com a sua vitória de hoje, enquanto que Ruben Faria vem logo atrás, a 40 minutos do líder.

Nos automóveis, o grande vencedor do dia foi... o líder, Nasser Al Attiyah. Mas a vantagem que alcançou não foi grande coisa, pois o segundo classificado, o sul-africano Giniel de Villiers, ficou a 37 segundos do piloto qatari. Nani Roma foi o terceiro, a um minuto e 24 segundos, enquanto que Robby Gordon foi o quarto, mas a um minuto e 45 segundos do vencedor. Já Carlos Sousa foi o 13º na etapa, a dezoito minutos e onze segundos de Attiyah.

Na geral, Al Attiyah é o primeiro, com uma vantagem de onze minutos e doze segundos. Yazid al-Rahji é o terceiro, a uma distância de 28 minutos e 14 segundos, enquanto que Carlos Sousa é agora o oitavo da geral, a uma hora e 42 minutos da liderança.

Amanhã, os carros e camiões vai sair de Iquique para irem a destinos separados: os carros para Uyuni, na Bolivia, os camiões para Atacama. As motos ficam a descansar neste sábado, numa etapa que vale 396 quilómetros de ligação e 321 quilómetros cronometrados.

O desenho do dia

O piloto francês Bryan Bouffier irá prestar tributo ao jornal Charlie Hebdo no Rali de Monte Carlo, que vai acontecer dentro de semana e meia. O seu Ford Fiesta WRC terá um visual onde colocará a frase "Je Suis Charlie" no chassis, à vista de toda a gente.

É interessante, mas gostaria que fosse uma das capas, acho que teria mais impacto. Mas por outro lado, creio que não queria ver esse carro queimado por um incêndio criminoso...

A imagem do dia

O estado do Peugeot de Carlos Sainz após o seu capotamento nas areias chilenas. Impressionante, não é?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Dakar 2015 - Dia 5

A sexta etapa do Dakar 2015, já a acontecer em território chileno, entre Copiapó e Antofagasta, onde começaram a ter real contacto com as dunas do deserto do Atacama, e o temido "fash-fesh", ou seja a areia fina a incomodar os carros e as motos presentes.

Após este tempo todo, pela primeira vez, Marc Coma venceu uma etapa e confirmou a sua recuperação na classificação geral. O piloto espanhol venceu a etapa com um avanço de dois minutos e 16 segundos sobre Joan Barreda Bort, e dois minutos e 46 segundos sobre Quintanilla.

Entre os portugueses, o melhor foi Paulo Gonçalves, que foi quinto, a quatro minutos e 37 segundos de Coma, consolidando assim o terceiro lugar na geral. Atrás dele, e a seis minutos e 35 segundos do vencedor encontrava-se Hélder Rodrigues, enquanto que o azarado do dia foi Ruben Faria, que perdeu 17 minutos devido a um atraso na navegação, acabando a etapa no 15º posto e trocando de lugar com Paulo Gonçalves no terceiro lugar da geral.

Foi uma etapa bastante difícil, 458 quilómetros, arranquei em 12º, tive nos primeiros quilómetros bastante pó dos pilotos que partiram à minha frente, perdi imenso tempo até ao quilómetro 100 mas depois consegui andar bem e recuperar. Na parte final perdi algum tempo a localizar um way point, mas o resultado final do dia acho que foi muito bom, terminei em quinto, perdi muito pouco tempo para a frente da corrida, julgo ter uma boa posição de saída para amanhã”, afirmou Paulo Gonçalves.

Em contraste, Ruben Faria lamentava o azar que teve hoje: 

Foi pena o erro logo no início. Foi numa zona muito rápida e estava concentrado na condução. Demorei algum tempo a regressar ao rumo correto e depois foi sempre em ritmo veloz para tentar recuperar o mais possível. Consegui entrar na última secção na 12ª posição mas estava muito desgastado fisicamente e perdi mais alguns minutos. Mas estou ao mesmo tempo satisfeito da minha prestação pois subimos aos 3000 metros por duas vezes e mesmo descendo ao sexto posto da geral não considero que estou fora da corrida ao pódio. Está a ser uma prova muito dura e seletiva e com um ritmo muito forte entre o pelotão da frente. Qualquer erro custa muito tempo e hoje fui eu que errei logo no início. Mas amanhã vou lutar para recuperar.

Na geral, Barreda Bort controla as coisas na frente, com um avanço de dez minutos e 33 segundos sobre Marc Coma, enquanto que agora, Paulo Gonçalves é o terceiro, a 22 minutos e 50 segundos do seu companheiro de equipa. Ruben Faria caiu de terceiro para sexto, enquanto que Hélder Rodrigues fecha o "top ten" a 43 minutos e 24 segundos do primeiro lugar.

Já nos automóveis, o vencedor de hoje foi... russo. Vladimir Vasilyev, no seu Mini, foi o vencedor da etapa, conseguindo um avanço de vinte segundos sobre o saudita Yazid al-Rahji. Robby Gordon foi o terceiro, no seu Hummer, a um minuto e 25 segundos, na frente de Nasser Al-Attiyah, que chegou à meta três minutos e 24 segundos após o vencedor.

A etapa não correu muito bem para Carlos Sousa, que perdeu cerca de meia hora, e isso fez cair de sétimo para o 11º posto, embora não muito longe do "top ten".

Era um percurso muito duro e exigente que, infelizmente, se transformou num autêntico martírio logo a partir do km 60”, começou por desabafar Carlos Sousa à chegada a Antofagasta. “Ontem já tínhamos tido um primeiro aviso na parte final da etapa, quando ficámos sem suspensão dianteira na zona das dunas. Hoje, porém, tudo foi bem pior, já que após ficarmos sem suspensão traseira ao km 60, ficámos também sem eficácia na suspensão dianteira uns quilómetros mais à frente. O carro simplesmente deixou de absorver qualquer irregularidade no terreno, pelo que foi um verdadeiro sofrimento conseguir trazê-lo até ao final. Pelo meio, cerca do km 100, ainda tivemos um furo, só que esse foi mesmo o menor dos nossos problemas hoje… Foi realmente um dia de verdadeiro sofrimento”, sublinhou o piloto português.

Outro dos que o dia no Dakar não correu bem foi Carlos Sainz, que bateu numa pedra e deu cinco cambalhotas no solo, acabando ali o seu rali.

Na geral, Nasser Al-Attiyah continua na frente, com um avanço de dez minutos e 35 segundos sobre Giniel de Villiers. Yazid Al-Rahji é o terceiro.

Amanhã, o Rali Dakar rola de Antofagasta a Iquique, em terras chilenas, com uma especial cronometrada de 319 quilómetros em zonas de duna e em percursos de terra, semelhantes ao enduro. E vai ser a especial anterior ao dia de descanso.

Despidos pela causa do Dakar

Ir ao Dakar é um sonho, e se muitos sonham, poucos alcançam pelos meios tradicionais. Outros, porém, pensam em todos os métodos, por mais invulgares que sejam. E foi o que fizeram os irmãos Andres e Mikael Berglund, onde fizeram uma espécie de "crowdfunding" onde pediram aos internautas para... os vestirem.

Vestidos tal como nasceram ao mundo, pediam dinheiro para arranjarem roupas adequadas aos motards, com o seguinte apelo: Faz uma contribuição, diz o que nos queres vestir, e verás na nossa página a tua doação. Ficamos bem melhor com a nossa roupa de motards!”, lia-se.

No total, os irmãos queriam oito mil dólares para conseguirem, e aparentemente, alcançaram o objetivo, pois eles estão nas areias chilenas a disputar o rali, com Anders no 104º posto e Mikael um pouco mais atrás, no 110º lugar. Vestidos, claro... 

Esta vi na Autosport portuguesa.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Dakar 2015 - Dia 4

O quarto dia do Dakar de 2015, que decorreu entre Chilecito, na Argentina, e Copiapó, no Chile, teve uma especial de 909 quilómetros, 514 dos quais feitos em troço cronometrado e onde os pilotos começaram por enfrentar deserto, nomeadamente as dunas de Copiapó.

Nas motos, o melhor do dia foi Joan Barreda Bort, que assim reforçou a liderança na categoria, beneficiando do atraso que sofreu Paulo Gonçalves durante a etapa, quando se perdeu pelo caminho. No final, foram 14 minutos e 56 segundos que ele teve de atraso, tendo chegado no 12º posto e perdido o segundo lugar que tinha à partida. Outro que perdeu também tempo foi o austriaco Matthias Walkner, que caiu do terceiro para o quinto posto, enquanto que Ruben Faria não perdeu assim tanto tempo (foi quinto na etapa, a quase onze minutos do vencedor) e subiu para o quarto lugar da geral, a pouco mais de dois minutos de Paulo Gonçalves.

Hoje foi um dia difícil para mim, perdi-me no início ao quilómetro 11, depois tentei recuperar mas acabei por fazer mais um erro de navegação ao quilómetro 124, perdi imenso tempo, não consegui encontrar a pista para ir para o topo da montanha, cheguei ao reabastecimento e percebi que estava a perder mesmo muito tempo, mais de vinte minutos. Felizmente na parte final consegui recuperar algum tempo, mesmo assim perdi quinze minutos para o líder do dia, mas tenho de estar contente porque acabei por recuperar tempo para os lugares do pódio na parte final”, afirmou o piloto português da Honda no final desta etapa.

Quem beneficiou disto tudo foi Marc Coma, que subiu de quinto para segundo, depois de terminar a etapa também na segunda posição, dois minutos atrás de Barreda Bort. Quem andou bem, conseguindo o oitavo lugar na etapa foi a espanhola Laia Sanz, no seu Honda, que ficou a 13 minutos do vencedor. Sanz é agora a 12ª da geral.

Já nos automóveis, Robbie Gordon, Orlando Terranova e Carlos Sainz sofreram com problemas mecânicos nos seus jipes, enquanto que Nasser Al Attiyah foi o grande vencedor, conseguindo uma vantagem de dois minutos e 40 segundos sobre Nani Roma e três minutos sobre Giniel de Villiers, no seu Toyota. A etapa de hoje foi essencialmente um duelo entre Minis e Toyotas, entre pickups e veículos todo-o-terreno. Yazid Al Rahji foi o terceiro da etapa, enquanto que Carlos Sousa andou bem, acabando no 11º lugar, a 17 minutos do vencedor, subindo ao sétimo posto da geral.

"Giniel de Villiers é o homem da bater!", começou por dizer Al Attiyah sobre as performances do seu adversário sul-africano. “Ele é sempre muito consistente no Dakar, está sempre muito perto do topo, portanto alargar a margem para ele em mais três minutos é muito bom. Vou continuar a fazer as coisas como até aqui, pilotar com cuidado e atacando de vez em quando. Desta forma fico com um pouco mais de margem para reagir amanhã."

Na geral, Al Attiyah lidera, mas De Villers é o segundo, a oito minutos e 40 segundos, enquanto que Al Rahji é o terceiro, a 23 minutos do qatari.

O Dakar prossegue amanhã, com a etapa entre Chilecito e Antofagasta, no total de 707 quilómetros, 458 dos quais em troço cronometrado.

Youtube Electricity Classic: Formula Lightning, 1994


Se pensam que a Formula E, competição adoptada pela FIA é uma coisa totalmente nova em termos de carros elétricos, não é. Sempre houve tentativas de competição de carros elétricos, e há vinte anos, nos Estados Unidos, houve uma competição entre Universidades de seu nome "Formula Lightning". A competição andou pela América ao longo de dez anos, e em algumas ocasiões, serviu de corrida de suporte a corridas da CART, nomeadamente, em Cleveland.

E o mais interessante em relação às baterias era que quando era a altura de as trocar, eles as colocavam nos carros, em vez dos pilotos saltarem de carro para carro, como fazem agora com a Formula E. Mas vale a pena ver!

Isto foi-me mandado pelo Julio Cézar Kronbauer.

Quando Wolinkski desenhou em Le Mans

Um dos cartonistas mortos no atentado de hoje contra o semanário satírico Charlie Hebdo foi Georges Wolinski, de 80 anos, e um dos veteranos da sátira. Os seus cartoons eram mais de natureza sexual, de maneira provocatória. O seu trabalho espalhou-se ao longo de quatro décadas, mas um dos seus trabalhos, há 16 anos, deu nas vistas num sitio fora do normal: o automobilismo.

Em 1998, Wolinski foi convidado para fazer um "art-car" por parte de Hervé Poulain, que tinha um Porsche 911 GT2 inscrito pela Elf Haberthur Racing. Wolinski aceitou e o caro rodou ao longo do fim de semana de La Sarthe, atraindo atenções pela sua decoração ousada. Poulain, que também era corredor, andou ao lado de mais dois pilotos franceses, Eric Graham e Jean-Luc Maury-Haubriére.

A passagem foi relativamente bem sucedida. Com o numero 68 (por pouco...) o carro chegou ao fim na vigésima posição, sexto na sua categoria, a mais de 90 voltas (!) do vencedor. o Porsche de Laurent Aiello, Alan McNish e Stephane Ortelli.   

A aventura da Parnelli na Formula 1

(...) Em 1974, Mário Andretti já era um nome consagrado no automobilismo. Já tinha vencido em Indianápolis, Sebring e Daytona, e já tinha corrido pela Ferrari, a sua equipa do coração, na Formula 1, onde tinha vencido uma corrida para eles na África do Sul, em 1971. Por essa altura, Parnelli Jones, que tinha sido um lendário piloto de "speedways" na década anterior, vencido as 500 Milhas de Indianápolis em 1963, e em 1967, tentou a sua sorte num carro a turbina, onde quase ganhou a corrida. Em 1968, aos 35 anos, pendura o capacete e tenta a sua sorte como proprietário. Com a ajuda de "Vel" Miletich, estabelece a equipa na cidade californiana de Torrence e a partir de 1969, começa a obter os seus primeiros resultados, através de Al Unser e Joe Leonard. Em 1970, com chassis Lola, vencem as 500 Milhas de Indianápolis, e no ano seguinte, o campeonato USAC, com Leonard ao volante.

Em 1972, Parnelli e Miletich decidem construir os seus próprios chassis, e para isso contratam o projetista Maurice Philippe, que tinha ajudado a desenhar os Lotus 49 e 72. Para piloto, contratam Mário Andretti, que por essa altura, espalha os seus serviços entre eles e a Ferrari, na Endurance e na Formula 1, onde corre sempre que o calendário permite. E Andretti tem a obsessão de vencer na Formula 1, onde viu correr o seu ídolo, Alberto Ascari. Apesar de não correr por lá em 1973, persuade Parnelli Jones e Vel Miletich a dispor de algum dinheiro vindo da Firestone para um projeto na Formula 1, a acontecer em 1974. Assim sendo, projetam e constroem o VPJ4, um Formula 1 baseado - como muitos outros nessa altura - no Lotus 72. 

Os primeiros testes foram desastrosos, quando se viu que o carro era mais lento que alguns dos bólides existentes na Formula 5000! Mas com o tempo, e com as modificações que foram feitas no chassis, como novas barras de suspensão, e a ajuda externa de um jovem engenheiro britânico de seu nome John Barnard, o carro fica pronto para estrear na penultima corrida do ano, no circuito canadiano de Mosport. O carro porta-se bem nos treinos, colocando-se a meio da tabela, e Andretti chegou ao fim no sétimo lugar, à porta dos pontos. (...)

Há 40 anos, Parnelli Jones, uma lenda do automobilismo americano, deu a Mário Andretti, seu piloto, uma chance de correr na Formula 1. O projeto tinha bases sólidas, mas a notória falta de vontade dos americanos em correr na Europa faz com que o projeto fosse inconstante, em claro contraste com outro projeto americano como a Penske.

No final, o projeto durou uma temporada completa, com alguns resultados interessantes. E deu a Andretti a chance que procurava quando em Long Beach, falou com Colin Chapman, que queria um piloto capaz após o abandono de Ronnie Peterson, e lá ficou, alcançando em 1978 o seu titulo mundial, que tanto ambicionava alcançar desde os seus tempos de adolescência. E é sobre essa aventura que falo este mês no Nobres do Grid.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Noticias: Dakar faz a sua primeira vitima mortal

O piloto polaco Michal Hernik morreu hoje no Dakar, depois de um helicóptero da organização o ter localizado no deserto, após ter perdido contacto com ele na etapa de hoje, que ligava San Juan a Chilecito. O piloto foi encontrado no quilómetros 206 da etapa, na zona de Cuesta del Miranda, e quando os elementos da organização chegaram para prestar os primeiros socorros, ele já não tinha quaisquer sinais vitais. Hernik tinha 39 anos de idade.

Ainda será preciso determinar as circunstâncias de sua morte”, afirmou a ASO no comunicado oficial. “O piloto não apresentava, de forma aparente, qualquer sinal exterior de acidente”, continuou.

Hernik participava neste Dakar ao volante de um KTM, e era a sua primeira participação. Dias antes, ainda em Buenos Aires, tinha referido o que significava esta aventura: "A preparação para o Dakar levou-me dois anos, explicou antes do início em Buenos Aires. Mas nós não sabemos o que esperar durante a corrida. É difícil de avaliar, porque nossas referências vêm de anos de experiência o Rally de Marrocos e Abu Dhabi." Para ele, tinha concebido isto como uma aventura para compartilhar, e ao seu lado tinha o seu amigo Pawel Stasiaczek.

Desde a edição inaugural do Dakar, em 1979, vinte e quatro pessoas já morreram neste rali, entre anónimos e famosos. O maior de todos foi o seu organizador, Thierry Sabine que perdeu a vida em 1986 quando caiu no helicóptero em que se seguia, no Mali.

Dakar 2015 - Dia 3

O terceiro dia do Dakar de 2015 foi algo complicado, na ligação entre San Juan e Chilecito, onde os pilotos e os motards começaram a subir Andes acima - apesar de estarem em terras argentinas - e as dificuldades com o pó e a terra começam a fazer-se sentir.

Com esse cenário, continua a haver variedade entre os vencedores da etapa. Nos automóveis, com Orlando Terranova restabelecido do capotamento que teve no dia de ontem, correu veloz para a vitória na etapa de hoje, a última totalmente percorrida em território argentino. A vantagem do piloto do Mini para o segundo classificado, o sul-africano Giniel de Villiers, foi de um minuto e 54 segundos. O árabe Yazeed Al-Rahji, também em Toyota, foi o terceiro, a dois minutos e 52 segundos, seguido pelo Peugeot de Carlos Sainz, que nesta etapa ficou a quatro minutos e 16 segundos do vencedor.

Já em relação aos portugueses, Ricardo Leal dos Santos foi o melhor, na 17ª posição, a 23 minutos e 25 segundos, um lugar à frente de Carlos Sousa, no seu Mitsubishi, a 24 minutos e seis segundos.

"Era uma especial muito rápida e cometemos um ligeiro erro no percurso. Quando procurávamos um caminho alternativo, acabámos por ficar com o carro atolado. Só depois de várias tentativas e com a ajuda das pranchas conseguimos retirar o carro e retomar a prova, perdendo bastante tempo. Foi pena, mas são situações que acontecem num Dakar”, lamentou Carlos Sousa.

Ainda há muita corrida pela frente e a passagem para o Chile vai seguramente proporcionar muitas alterações na classificação. Temos ainda alguma margem para evoluir, mas precisamos de fazer algumas melhorias na suspensão do carro. Amanhã teremos a primeira etapa com areia e dunas. É uma especial que faz parte de todos os Dakar na América do Sul e é sempre uma caixinha de surpresa", antevê o navegador Paulo Fiuza.

Na geral, o lider é Nasser Al Attiyah (que hoje foi quinto, a quatro minutos e 18 segundos), seguido por Giniel de Villiers, a cinco minuto e 18 segundos, enquanto que Orlando Terranova é o terceiro, a 18 minutos e cinco segundos. Já Carlos Sousa é o nono classificado, agora a 41 minutos e 52 segundos.  

Já nas motos, terceiro dia, terceiro vencedor diferente. Hoje foi a vez do austriaco Matthias Walkner a conseguir, a bordo do seu KTM, que conseguiu uma vantagem de 40 segundos sobre Marc Coma, enquanto que o terceiro foi Joan Barreda Bort, a um minuto e 53 segundos. Já em relação aos portugueses, hoje o melhor foi Paulo Gonçalves, que foi quinto a dois minutos e 49 segundos, na frente de Ruben Faria, o sétimo a 3 minutos e 26 segundos, enquanto que Hélder Rodrigues acabou a etapa na 15ª posição, a sete minutos e um segundo.

Na geral, Barreda Bort continua a liderar, agora com uma vantagem de cinco minutos e 33 segundos sobre Paulo Gonçalves, enquanto que Walkner subiu ao terceiro posto, a dez minutos e 33 segundos. Marc Coma não anda longo, sendo o quarto, a dez minutos e 50 segundos, enquanto que Ruben Faria é o qunto da geral, a 12 minutos e dez segundos. Hélder Rodrigues é o nono da geral.

O Dakar prossegue amanhã, entre Chilecito de Copiapó, no Chile, numa extensão de 594 quilómetros, 315 dos quais em etapa cronometrada.

As novas polémcias da nova Super-Licença

Para quem não sabe, a FIA divulgou hoje os critérios para a atribuição das Super-Licenças que entrará em vigor a partir de 2016. E já deu polémica. A razão? Têm a ver com o sistema de pontuação, que privilegia uma competição... que ainda não existe.

De acordo com a Autosport britânica, as novas regras servem para impedir que cheguem à Formula 1 pilotos demasiado novos e pouco experientes em monolugares, como Max Verstappen, que se estreará este ano na Formula 1 com 17 anos, sendo o mais novo de sempre a fazê-lo. Para além de estabelecer um limite minimo de 18 anos para que os pilotos possam mostrar-se na categoria máxima do automobilismo, a FIA colocou um sistema de pontos do qual privilegia a Formula 2, que está inativa... desde 2012.

Os detalhes ainda não são conhecidos, mas aparentemente, um piloto teria de tirar um minimo de 40 pontos nas últimas três temporadas para poder ter direito à Super-Licença. A Formula 2 irá ter a primazia em relação à GP2 (o vencedor terá 60 pontos, contra os 50 da GP2), à Formula 3 europeia e à World Series by Renault. E essa última categoria, do qual a Red Bull está a meter todos os seus pilotos da formação (em detrimento da GP2) está apenas no sétimo lugar, sendo preterida pela IndyCar e pelo Mundial de Endurance. Contudo, mesmo nessa categoria, apenas contará a LMP1, onde têm os carros de fábrica, acabando por matar à nascença a categoria LMP3, que estaria a ser feita para ajudar competições em desenvolvimento, bem como os jovens pilotos na Endurance.

É claro que caso estes critérios vão para adiante, as coisas se modificarão bastante. A WSR terá provavelmente os dias contados, pois o esvaziamento será inevitável, da mesma forma que aconteceu aos campeonatos nacionais de Formula 3, que desapareceram quando a Formula 3 europeia voltou em força, a partir de 2012. E se a britânica não se vai realizar mais, pela primeira vez em 50 anos, ainda resistem campeonatos nacionais como o alemão e campeonatos regionais, como a Formula 3 Open, de base espanhola.

Em constraste, a Formula 2, quando voltar - se voltar - estará cheia de pilotos ambiciosos e com dinheiro nos bolsos, ansiosos para alcançar a categoria máxima do automobilismo. E talvez a GP2 tenha ganho uma oportunidade para se redimir, depois de nos últimos anos ter virado uma categoria de vacas leiteiras, com pilotos cheios de dinheiro nos bolsos, mas sem talento algum, pouco (ou nada) aproveitados pela Formula 1. 

Dito isto, se os critérios fossem cumpridos já este ano, Max Verstappen não teria direito a guiar um Formula 1, pois ele foi apenas o segundo classificado no campeonato de Formula 3, logo, teria de ficar mais uma temporada noutra categoria de acesso. 

Para piorar as coisas, ainda não se sabe quando é que a Formula 2 irá regressar ou se a FIA terá algum plano para isso, já que a última temporada aconteceu em 2012, com promessas de que poderia regressar em 2014. Só que estamos em 2015, e ainda não há planos. Aliás, bem pensado, só agora é que voltei a ouvir falar da Formula 2...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O ano automobilistico em revista (parte 4, Turismos e Formula E)

O WTCC em 2014 ficou marcado pela entrada em cena da Citroen. E dali, eles partiram para o dominio, vencendo a grande maioria das corridas e dando o título antecipado a José Maria Lopez, mais conhecido por "Pechito", que aos 31 anos, tornou-se no primeiro argentino vencedor num Mundial sancionado pela FIA desde 1957, com Juan Manuel Fangio ao volante.

O dominio da marcado "double chevron" foi esmagador. Tinham passado toda a temporada de 2014 a testar o seu modelo C3 Elysée, e falava-se que a quilometragem  acumulada pelos pilotos era o equivalente a... oito temporadas! Nem a Honda, do qual se esperava que dominasse o campeonato, tinha acumulado assim tanto. Aliás, falava-se que a proporção era de dez para um, os quilómetros percorridos por ambas as marcas.

Assim sendo, Lopez conseguiu suplantar os dois franceses da marca, Yvan Muller e Sebastien Löeb. Apesar do dominio, e apesar de ser um ano de transição dos ralis para os Turismos, Löeb deu-se bem, vencendo duas corridas e conseguindo o terceiro lugar no campeonato, apenas atrás de Muller e Lopez. Um quarto piloto fez aparições periódicas no Mundial, o chinês Ma Qinghua, mas mesmo assim fez o suficiente para ser o primeiro a vencer uma corrida a contar para o Mundial FIA, no circuito de Spa-Francochamps.

Para a Honda, foi um ano doloroso. Apesar de Gabriele Tarquini e Tiago Monteiro tentarem fazer o melhor para andarem ao ritmo dos Citroen, tiveram poucas oportunidades de vitória. Só Tarquini conseguiu, uma vez, no Japão. Mas teve menos vitórias do que Robert Huff, que nesta temporada trocou a Chevrolet... pela Lada. Mas quer Tarquini, quer Monteiro, graças a ua temporada regular, foram "os melhores do resto". Mas o melhor dos Honda não foi nem um, nem o outro: isso ficou nas mãos do húngaro Norbert Michelicsz. Tirando a segunda corrida na ronda marroquina, o piloto hungaro acabou todas as corridas da temporada, sempre em lugares pontuáveis. Tiago Monteiro, por exemplo, conseguiu cinco pódios, mas ficou de fora em quatro corridas, e isso é importante.

Para 2015 veremos como é que as coisas se desenharão, com a expansão dos carros da Citroen - Sebastien Löeb vai colocar a sua equipa no WTCC - e veremos como é que as outras marcas reagirão, num calendário que terá imensas modificações, desde a chegada a paragens como o Qatar à presença no circuito urbano de Vila Real, em meados de julho.

Em setembro, em paragens chinesas, a FIA começava a colocar a primeira competição de veículos elétricos, a Formula E. Vinte carros, de dez equipas, faziam parte desta competição que conseguiu atrair ex-pilotos de Formula 1 e da Indycar, desde nomes como Bruno Senna, Lucas di Grassi e Sebastien Buemi, até pilotos da Indycar ou da Endurance como Mike Conway, Oriol Serviá e Matthey Brabham. Equipas como Virgin, e.dams, Andretti ou Trulli (onde o seu proprietário, Jarno Trulli, também será piloto). 

Apesar das criticas e do cepticismo geral (muitos afirmaram que a competição nem passaria da primeira corrida...), na realidade, o conceito de uma competição elétrica, a correr no meio das ruas de uma cidade, está a ser suficientemente atraente para o público. E apesar de ter acontecido apenas três corridas, numa temporada de nove provas, um pouco por todo o mundo, começa a haver mais interesse de construtoras para desenvolver os carros, onde apesar de terem o mesmo chassis, os seus sistemas de propulsão poderão ser desenvolvidas pelas construtoras. Algumas delas estão associadas à equipas presentes, como a Abt (Audi) ou a e.dams (Renault). 

E provavelmente outras marcas poderão estar a caminho... 

Youtube Formula 1 Classic: Mónaco, 1972

Este filme descobri no blog do Flávio Gomes. É Mónaco, 1972, o palco da unica vitória de Jean-Pierre Beltoise na Formula 1, ao serviço da BRM. É preciso ver as circunstâncias dessa corrida na história. O circuito monegasco estava a passar por uma mutação que viria a resultar no circuito que todos nós conhecemos. Para terem uma ideia, foi a última vez em que a partida foi dada na zona do Porto, como acontecia nos anos 50. E foi a ultima vez em que o circuito fazia a volta na Curva do Gasómetro, antes de aparecer a secção que conhecemos, que inclui La Rascasse e a curva Anthony Nogués.

Neste filme aparecem os pilotos da época, para além de Beltoise, o vencedor: Andrea de Adamich, Francois Cevért, Mike Hailwood, Peter Gethin, Peter Revson, Brian Redman, até o atual chefão da Red Bull, Helmut Marko. Todos eles a falarem sobre como seria Mónaco debaixo de chuva. E claro, o duelo entre Jackie Stewart e Emerson Fittipaldi.

Vale a pena ver, pois é de um tempo que não volta mais.

A foto do dia

Andei a hesitar um pouco na foto para colocar nesta dia para homenagear Jean-Pierre Beltoise, morto hoje aos 77 anos, vitima de AVC quando passava férias no Senegal. Pensei nas fotos do Mónaco, em 1972, palco da sua unica vitória oficial, do qual tenho um álbum inteiro. Pensei nos seus tempos na Matra, onde entre 1966 e 1971, conseguiu seis dos seus oito pódios e três das suas quatro voltas mais rápidas. E posso dizer que, em termos pessoais, o Matra MS120 é dos carros que mais gosto.

Mas no final, fiquei com esta. E existem boas razões por trás dela. Os dois pilotos mais famosos de França tinham uma enorme afinidade entre eles por causa de uma mulher. Jacqueline era irmã de Francois e mulher de Jean-Pierre, depois de enviuvar da primeira mulher, morta num acidente de carro em 1965. Quando ambos começaram a ficar juntos, o irmão começava a correr nas categorias de acesso, após a sua vitória no Volant Shell, em 1966, batendo Patrick Depailler.

Em 1970, ambos estavam na Formula 1, e era neles que os olhos de França estavam postos. A Marselhesa não era tocada para honrar um piloto gaulês desde que Maurice Trintignant o fizera em 1958, no Mónaco. Guy Ligier e Jo Schlesser fizeram muito pouco para merecer destaque, mas desde meados da década passada que se fazia um esforço para "gaulizar" o pelotão, com as competições de pilotos, para além da aventura da Matra, um esforço de Jean Lagardére para elevar o nome gaulês no automobilismo internacional.

Toda a gente esperava que Beltoise conseguiria isso, especialmente quando teve o mesmo carro vencedor de Jackie Stewart, mas não conseguiu mais do que alguns pódios. Parecia não ter o instinto vencedor de alguns dos pilotos do pelotão desse tempo, como Jochen Rindt ou Jacky Ickx. Ou até Clay Regazzoni, que precisou de apenas algumas corridas em 1970 para ser vencedor.

Para piorar as coisas, as luta entre os dois acabou em 1971, quando Cevért venceu em Watkins Glen, numa corrida onde o seu cunhado correria pela última vez na Matra. Apesar de tudo, a amizade e o carinho permaneceu, e o respeito entre os dois era sólido. E pouco depois, Beltoise teve a vitória que merecia, no Mónaco, após uma corrida perfeita à chuva.

O trágico fim de Cevért, a 6 de outubro de 1973, teve carga dramática para Beltoise. Muitos não saberiam como iria lidar com uma tragédia tão repentina como violenta. Pensavam que iria colapsar com a emoção, e para piorar as coisas, Jacqueline estava grávida de Julien, o segundo filho de ambos (Anthony, o mais velho, tinha nascido em 1971) e perguntaram se iria guiar no dia seguinte. Se Stewart e a Tyrrell não guiaram em sinal de luto, já Jean-Pierre correu nessa corrida malfadada, para terminar na nona posição. Só ficou na Formula 1 por mais um ano, acabando por sair enquanto podia sair vivo.

Há uns tempos, contaram-me a história de que no cemitério de Vaudelnay, no Loire, há duas tumbas vazias ao lado da campa de Cevért. O guarda do cemitério diz que seriam para Beltoise e para Jacqueline. Não sei se a história é verdadeira, mas a acontecer, entendo. Afinal, trata-se de uma forte ligação que eles tinham e do qual só foi interrompida por uma morte precoce, mo auge das suas carreiras. Agora, presumo eu, deverão estar juntos.

Dakar 2015 - Dia 2

O segundo dia do Dakar em paragens argentinas, na etapa que vai da Vila Carlos Paz à cidade de San Juan, ficou marcado por mais uma vitória de Nasser Al Attiyah, que não baixou os braços após uma penalização, e pela vitória de Joan Barreda Bort, aproveitado também pelos motards portugueses para continuarem a fazer boas performances nas suas motos, com Paulo Gonçalves e Ruben Faria a completarem o pódio.

Comecemos pelas motos, onde a etapa ficou marcada pela vitória de Joan Barreda Bort, que a bordo do seu Honda, conseguiu uma vantagem de seis minutos e 13 segundos sobre Paulo Gonçalves, também em Honda, e pelo KTM de Ruben Faria, que não ficou muito atrás do seu compatriota, a nove minutos e 16 segundos do vencedor. Na etapa em si, Sam Sunderland acabou por se perder e caiu na classificação geral. Helder Rodrigues foi o sétimo, a onze minutos, um lugar na frente de Marc Coma.

A fase final para mim foi a mais penosa. 40 quilómetros de areia muito duros sempre em constantes saltos que me obrigaram a baixar um pouco o ritmo. Mas senti-me bem durante todo o dia e depois do ataque na fase inicial mantive o meu ritmo e no fecho da especial tive que me preocupar não apenas com o físico mas também com o pneu traseiro que estava em muito mau estado. Foi um dia longo que vai certamente deixar marcas em todos os pilotos e estou muito contente pela minha prestação e estado físico. Para mim foi mais importante que ter subido a terceiro da geral pois estamos ainda no arranque da prova.”, comentou Ruben Faria.
  
Em termos de geral, Barreda Bort assumiu a liderança, aqui com uma vantagem de quatro minutos e 37 segundos sobre Paulo Gonçalves, enquanto que Ruben Faria é o terceiro, com dez minutos e 37 segundos de atraso. A 13 minutos e 26 segundos está Helder Rodrigues, no oitavo posto da geral.

Já nos automóveis, Nasser Al-Attiyah repetiu a graça ao vencer a etapa, com uma vantagem de oito minutos e 30 segundos sobre Giniel de Villiers, no seu Toyota. Attiyah aproveitou o facto do anterior lider, o argentino Orlando Terranova, ter capotado a dez quilómetros da meta, tendo perdido cerca de 24 minutos. Com isto, a liderança é do piloto qatari, que têm um avanço de 7 minutos e 42 segundos sobre o piloto sul-africano. Já outro dos que andavam na frente, o americano Robbie Gordon, perdeu tempo devidos a problemas nos travões, que o fizeram perder mais tempo.

Já Carlos Sousa terminou a etapa no nono lugar, com o seu Mitsubishi Lancer, conseguindo manter essa posição na geral, mas têm um atraso de apenas dois minutos para fazer parte do "top six", o que significa que está a andar ao ritmo dos primeiros.

Foi uma especial particularmente dura e exigente do ponto de vista físico, num dia em que as temperaturas foram também particularmente elevadas. Puxámos o carro até ao limite e honestamente mais não conseguíamos fazer… Continuámos a perder algum tempo nas partes mais rápidas, por falta de velocidade de ponta, mas também porque houve alturas em que tivemos que levantar o pé para baixar a temperatura do motor. De qualquer forma, o maior susto aconteceu já perto do final, quando dispararam os alarmes dos gases do escape. Aí, tivemos que ser cautelosos e aliviar drasticamente o ritmo, perdendo algum tempo nos 50 km finais, coincidentes com a passagem por um troço de areia. Em todo o caso, e face ao resultado deste dia, o balanço é bastante positivo. Queríamos subir alguns lugares na classificação e chegar já hoje ao top-10, o que foi cumprido. Vamos ver como será daqui para a frente, na certeza de que o ritmo na frente da corrida está já muito forte”, resumiu Carlos Sousa na Autosport portuguesa.

A terceira etapa do Dakar vai acontecer entre San Juan e Chilecito, ainda em território argentino, que vale 284 quilómetros em terreno cronometrado. 

Le Fin: Jean-Pierre Beltoise (1937-2015)

O antigo piloto francês Jean-Pierre Beltoise, que pilotou na Formula 1 entre 1966 e 1974 ao serviço da Matra e da BRM, morreu esta segunda-feira aos 77 anos em Dakar, no Senegal, onde passava férias. De acordo com Jean-Claude Moncet, Beltoise passava o Ano Novo na companhia da sua mulher naquele país africano quando sofreu dois AVC's.

Nascido a 26 de abril de 1937, em Paris, Beltoise começou a correr em motos, participando em pelo menos oito corridas do Mundial, em várias categorias (50cc, 125cc e 250cc) onde conseguiu um pódio em 1964, com um máquina Kreidler. Por essa altura, já guiava nos automóveis, com um carro da René Bonnet, e foio nesse ano que sofreu um acidente grave, nas 12 Horas de Reims, quando quebrou o braço esquerdo e algumas queimaduras no corpo. Contudo, no ano seguinte apostou no automobilismo, primeiro na Formula 3, e depois na Formula 2, ao serviço da Matra.

Em 1966, Beltoise teve o seu primeiro contacto com a Formula 1, na Alemanha, com um Matra de Formula 2, onde acabou no oitavo lugar. No ano seguinte, a equipa francesa começava a fazer aparições periódicas na categoria máxima do automobilismo, até que em 1968 aparece em força, ao lado de Jackie Stewart, numa equipa dirigida por Ken Tyrrell. Foi aí que conseguiu o seu primeiro pódio, na Holanda, e duas voltas mais rápidas, que lhe deram onze pontos e o nono lugar no campeonato. Nesse ano, totrna-se também campeão europeu de Formula 2.

Em 1969, se Jackie Stewart caminhava rumo ao seu primeiro título mundial, Beltoise conseguia a sua melhor classificação de sempre, com três pódios, o quinto lugar da geral e 21 pontos. mas ele o conseguiu com motor Cosworth, algo que a Matra não queria, pois tinha desenvolvido o seu próprio motor V12. Quando Tyrrell e Stewart decidiram seguir o seu rumo para construir a sua própria equipa, em 1970, Beltoise ficou, para guiar o modelo MS120, que lhe deu mais dois pódios e o nono lugar, com 16 pontos.

Por essa altura, também servia a Matra na Endurance, e foi ao serviço dela que passou por um dos momentos mais dificeis. Nos 1000 km de Buenos Aires, no inicio de 1971, Beltoise teve uma avaria no seu Matra quando decidiu empurrar o seu carro no meio da pista, rumo às boxes. Entretanto, surgiu o Ferrari de Ignazio Giunti, que bateu forte no seu carro e teve morte imediata. Culpado por negligência, sofreu nessa temporada, conseguindo apenas um ponto. No final dessa temporada, aceita o convite da BRM e vai correr para eles, a partir da temporada de 1972.

E foi nesse ano que conseguiu a sua vitória mais importante, a unica da sua carreira. Nas ruas do Mónaco, num fim de semana onde choveu imenso, deixando a pista totalmente ensopada, Beltoise teve uma corrida épica, batendo Jacky Ickx e Emerson Fittipaldi, naquela que viria a ser a últtima vitória da BRM na sua história na Formula 1. Poderia ter sido o primeiro francês a consegui-la desde Maurice Trintignant, em 1958, mas alguns meses antes... o seu cunhado antecipou-se. Francois Cevért, piloto da Tyrrell, (do qual Jean-Pierre era casado com uma das suas irmãs, Jacqueline)

Depois de um ano de 1973 sem nada de especial, a temporada de 1974 lhe deu o novo modelo P201 e o um segundo lugar em Kyalami, e iria ser o último da equipa. Com dez pontos e o 13º lugar, e aos 37 anos de idade, decidiu concentrar-se na Endurance (1974 foi o grande ano dele, com quatro vitórias) e no projeto da Ligier, que queria colocar um carro de Formula 1 em 1976. Andou a testar ao longo de 1975 com a máquina, que teria motor Matra, mas no momento decisivo, Guy Ligier deu uma chance a Jacques Laffite.

Pelo meio, Beltoise teve várias participações nas 24 horas de Le Mans, mas também teve vitórias noutras provas de Endurance, como nos 1000 km de Paris, em 1969, ao lado de Jack Brabham ou nos 1000 km de Buenos Aires de 1970 e de 1972, o primeiro ao lado de Henri Pescarolo e o segundo ao lado de Gérard Larrousse, e venceu a Volta Automobilistica a França, ao lado de Patrick Depailler e... Jean Todt.

Apesar de nunca ter ganho as 24 Horas de Le Mans, nunca andou longe dos lugares da frente, vencendo em algumas categorias, como o GTP, em 1976, e o sport de 2 litros três anos depois, com o Rondeau. Por essa altura, na segunda metade dos anos 70, quando a Matra decidiu abandonar a competição, andou nos Superturismos franceses, sendo campeão em 1976 e 1977, com um BMW, e continuou a carreira nos anos 80, com a Peugeot. Pelo meio, teve dois filhos, Anthony e Julien, e ambos seguiram as pisadas do seu pai e tio no automobililsmo, especialmente nos Turismos.

No final, as homenagens já começavam a aparecer em vida. Em 2011, uma rua nos arredores de Paris tinha recebido o nome de Beltoise, num tributo ao qual compareceu o próprio, acompanhado pela familia. E agora, faz parte da história. Ars lunga, vita brevis.

domingo, 4 de janeiro de 2015

As últimas do Dakar

Horas após o final da primeira etapa, há boas e más noticias acerca de algumas das noticias do dia no Dakar 2015. comecemos pelas más, onde Nasser Al-Attiyah sofreu uma penalização de dois minutos vinda dos comissários, e com isso caiu para o sétimo lugar, o mesmo da geral. Isso faz com que agora a liderança passe para as mãos do Mini do local Orlando Terranova, com Robby Gordon a ser o segundo, no seu Hummer.

Entretanto, os relatórios sobre o estado de saúde do motard holandês Humpfrey Senn van Basel eram manifestamente exagerados. A Motorsport afirmou que ele não sofreu qualquer acidente e já falou para os familiares na Holanda, afirmando que está bem de saúde. Desconhece-se então se a informação da ASO era de uma troca de identidades, ou então se houve realmente qualquer acidente na etapa de hoje no Dakar, que poderá dizer que ela é falsa.

Independentemente dos acontecimentos, náquinas e pilotos preparam-se para a etapa de amanhã, que irá acontecer entre a Villa Carlos Paz e San Juan, em terras argentinas, num percurso total de 625 quilómetros, 518 dos quais em troço cronometrado.

O ano automobilistico em revista (parte 3, Endurance)

A terceira parte desta revista motorizada do ano fala sobre a Endurance, uma categoria que vive um período de prosperidade por esta altura.  ano de 2014 viveu a terceira temporada a World Endurance Championship, com a notável entrada da Porsche no Mundial, acompanhando a Audi e a Toyota na classe LMP1, onde as principais construtoras estão presentes. Mas para além das equipas, a grande novidade veio dos pilotos, especialmente quando Mark Webber decidiu trocar a Formula 1 por um lugar na equipa oficial da Porsche, guiando os 919 Hybrid.

A mudança de alguém como Mark Webber da categoria máxima do automobilismo, onde era piloto da Red Bull, ao lado de Sebastian Vettel, foi o melhor sinal de que a Endurance começava a tornar-se - pelo menos para o resto do mundo, ou para quem visse apenas o automobilismo pela Formula 1 - numa categoria suficientemente atrativa ou numa alternativa bem viável. Mas Webber era o nome mais famoso de uma constelação de pilotos que iriam fazer parte do projeto alemão, que tinha outros nomes como o neozelandês Brendon Hartley, o suiço Neel Jani, o francês Romain Dumas, e os alemães Marc Lieb e Timo Bernhard, numa equipa com apenas dois carros, para as 24 horas de Le Mans.

A Porsche corria contra as marcas estabelecidas: Audi e Toyota. A primeira tinha todos os grandes pilotos, sem alterações de monta. O veterano dinamarquês Tom Kristensen tinha como companheiros equipa pilotos como o brasileiro Lucas di Grassi ou o francês Loic Duval, enquanto que no segundo carro, André Lotterer tinha a companhia de Bernard Treulyer e do suiço Marcel Fassler. Um terceiro carro, apenas para a clássica de La Sarthe, tinha o britânico Oliver Jarvis, o italiano Marco Bonanomi e um novo recruta, o português Filipe Albuquerque, vindo do DTM.

Quanto à marca japonesa, decidiu colocar dois carros em permanência, com Alexander Wurz, Kazuki Nakajima e Stephane Sarrazin (com o britânico Mike Conway em algumas corridas) quanto que Anthony Davidson e Sebastien Buemi estavam no segundo carro, ao lado de Nicolas Lapierre nas primeiras quatro corridas.

As três marcas começaram a competir logo na primeira corrida do ano, em Silverstone, onde se esperava que os Audi continuariam a estar no topo, apesar da maior ameaça da Toyota e da Porsche. Mas não se esperava que a Toyota começava a ganhar logo na primeira corrida, e na segunda, em Spa-Francochamps, ambos com Sebastien Buemi e Anthony Davidson.

Contudo, foram as 24 Horas de Le Mans que se tornou no assunto do ano. E na Audi, as coisas tiveram uma carga dramática. Na quinta-feira, o carro numero 1, então guiado por Loic Duval teve um forte acidente na curva Porsche, tendo sido substituido pelo espanhol Marc Gené. A substituição foi veloz e ao lado de Kristensen e Di Grassi, chegaram ao segundo lugar da corrida, a três voltas do vencedor, a tripla André Lotterer, Bernard Treuleyer e Marcel Fassler.

Mas na corrida de La Sarthe, por muito pouco, as coisas não iam para a marca de Inglostadt, pois cedo perdeu o seu terceiro carro devido uma inesperada carga de água, que eliminou o carro numero 3, de Marco Baonanomi e Filipe Albuquerque, a Toyota andou na frente, mas os vários problemas fizeram com que cedesse a liderança para a Porsche, que andou perto de vencer com carro numero 14. Mas a hora e meia de cortar a meta, teve problemas com o anti-roll bar, e encostou às boxes para as reparações. Eventualmente, saiu para a pista para receber a bandeira de xadrez, mas no 11º lugar, a 21 voltas do vencedor.

No final, a Audi fez a dobradinha, com a Toyota a ficar com o lugar mais baixo do pódio, mas de uma certa forma, foi o "último hurrah" da marca de Inglostadt, pois as vitórias em Fuji e Xangai deram a eles a vitória no Mundial, com Davidson e Buemi a celebrarem juntos o campeonato de pilotos, enquanto que a Porsche comemorou a sua evolução com uma vitória na última corrida do ano, em Interlagos, graças a Marc Lieb e Neel Jani, já que Mark Webber teve um acvidente aparatoso na parte final da corrida, destruindo o segundo carro da Porsche.

Contudo, em Interlagos, foi o local onde o automobilismo se despediu de uma das suas lendas: Tom Kristensen. Aos 47 anos, e depois de nove vitórias em Le Mans e do campeonato ganho no ano anterior, decidiu que esta era a melhor altura de se despedir da competição, dando lugar aos mais novos. Mesmo sem ter vencido qualquer corrida em 2014, fez uma boa temporada, e em Interlagos, terminou a corrida no lugar mais baixo do pódio.

Mas no meio de todas estes factos, a grande noticia da Endurance é a sua crescente atratibilidade. A Nissan já anunciou que irá competir na classe LMP1, ao lado das três marcas, e aguarda-se com expectativa sobre seu novo carro, enquanto que na LMP2, com quase todos os carros a convertem-se em cockpits fechados, a entrada de construtores como a Ligier veio agitar imenso as águas, e os melhores pilotos, mesmo nas classes de formação, começam a ver a Endurance como uma melhor alternativa aos monolugares. E nos anos próximos, a possibilidade de existirem mais projetos a caminho, e o seu respectivo financiamento, fazem com que isto seja o lugar a estar.

Dakar 2015 - Dia 1

Depois da apresentação das equipas em Buenos Aires, perante dezenas de milhares de pessoas na capital argentina, e alguns milhões no mundo inteiro, máquinas e motos percorreram o percurso da primeira etapa entre Buenos Aires de Villa Carlos Paz, ainda em terras argentinas. Apesar de Nasser Al Attiyah ter sido o melhor no primeiro dia deste rali, a bordo do seu Mini, a grande novidade pela negativa foi o espanhol Nani Roma, vencedor do ano passado, que teve problemas com a bomba de óleo ao fim de dez quilometros de percurso cronometrado, que à partida, poderá estar de fora da prova.

Assim sendo, o piloto qatari foi o melhor, conseguindo uma distância de 22 segundos para o local Orlando Terranova, e um pouco mais para o Hummer de Robby Gordon. Carlos Sousa acabou a etapa na 12ª posição, a cerca de três minutos dos lideres. Em relação aos Peugeots, Carlos Sainz foi o oitavo, enquanto que Stephane Peterhansel terminou a etapa na décima posição.

No final do dia, o piloto da Mitsubishi Brasil referiu a forte concorrência do qual têm de encarar neste Dakar: "A concorrência será fortíssima, bastando lembrar que estarão presentes os últimos cinco vencedores do Dakar, num pelotão onde se incluem nada menos do que 10 Minis, outros tantos Toyota, vários buggys de duas rodas motrizes e ainda os três Peugeot oficiais… Ou seja, há seguramente dezena e meia de candidatos com legítimas aspirações aos lugares cimeiros da classificação e acredito que a luta vai ser tremenda logo desde o primeiro dia. Vamos fazer o nosso melhor, procurando ser regulares ao longo de toda a prova, embora sabendo que o nosso carro não está ainda ao nível do que ambicionamos, sobretudo ao nível das suspensões, enquanto a nova caixa de velocidades é talvez a grande incógnita, por ser a primeira vez que uma equipa a utiliza num Dakar”.

Nas motos, a primeira etapa deste Dakar ficou marcada pelo grave acidente sofrido pelo motard Senn von Basel, onde sofreu ferimentos graves na cabeça. O piloto holandês foi evacuado para o bivouac, onde será avaliado para verificar a extensão dessas lesões.

Na etapa, o melhor foi Sam Sunderland, da KTM, que conseguiu uma diferença de cinco segundos sobre o português Paulo Gonçalves. Este, em declarações à Autosport portuguesa, não escondeu a surpresa:

"Se eu soubesse que estava em segundo, a apenas alguns segundos do Sam Sunderland, se calhar tinha dado um pouco mais para tentar vencer a etapa. Mas não é muito importante e estou feliz. Amanhã temos uma longa etapa para percorrer e estaremos na frente. Para mim, é importante manter-me na moto e evitar os problemas que me atacaram no ano passado. Espero não ter problemas e poder terminar a especial numa posição decente. Eu quero realmente ajudar a Honda a vencer o Dakar. Eles trabalharam muito para preparar esta moto espetacular e espero poder dar-lhes algo em troca ao fazer a minha parte numa vitória no Dakar".

Ruben Faria foi o segundo melhor português na etapas, terminando no décimo lugar, enquanto que Helder Rodrigues também andou numa toada calma, acando por perder cerca de três minutos e meio, estando atrás de Faria. A etapa de amanhã do Dakar ligará Villa Carlos Paz a San Juan, na Argentina, num percurso total de 625 quilómetros, 518 dos quais em troço cronometrado.