sábado, 14 de abril de 2012

Formula 1 2012 - Ronda 3, China (Qualificação)

Foi uma grande qualificação, e o resultado final mostra que as coisas andaram muito de cabeça para baixo. Apesar das grandes expectativas existentes em relação à Mercedes, que se sabia desde o inico ser um carro voador nestas condições, o resultado não deixa de causar surpresa. A Mercedes aproveitou bem a longa reta de Xangai para conseguir a sua primeira pole-position desde o seu regresso, em 2010, com Nico Rosberg a conseguir bater o veterano Michael Schumacher, juntando-se a Damon Hill e Jacques Villeneuve no biónimo pai-filho em termos de pole-positions. E ao contrário de Damon e Jacques, o pai , Keke Rosberg, está bem vivo para assistir aos feitos do filho Nico.

Este resultado é fantástico. Correu tudo bastante bem e é uma sensação especial. Agora estou a pensar já na corrida e ansioso por começar em primeiro amanhã”, começou por dizer o piloto de 26 anos na conferência de imprensa pós-qualificativa. “A temperatura da pista estava a baixar ligeiramente pelo que os pneus traseiros começaram a funcionar melhor. Mudei ligeiramente a afinação do carro antes dessa volta e parece que foi o acertado. Tive uma volta perfeita”, assumiu.

Já o veterano Michael Schumacher estava satisfeito com as performances do seu companheiro e da equipa em geral:  “Foi um tempo fenomenal do Nico. Ele é conhecido por ser bom na qualificação e não há qualquer razão para eu estar insatisfeito, antes pelo contrário”, começou por dizer. “Vai ser a primeira vez que as flechas de prata vão estar na linha da frente, o que vai acontecer na China. Lamento pelo Lewis, mas [a penalização] é boa para nós. Para a corrida de amanhã há uma grande incógnita em relação à questão se conseguimos manter as posições da qualificação, mas vamos dar o nosso melhor”, concluiu.

Atrás de Nico ficou - oficiosamente - Lewis Hamilton, mas como a troca da caixa de velocidades lhe custou cinco lugares na grelha de partida, na realidade, o segundo posto vai para o veterano Michael Schumacher, que consegue a sua melhor posição na grelha desde o seu regresso à Formula 1, em 2010. E tão surpreendente - mas esperado, dado o bom chassis que é o Sauber C31 - é o terceiro posto oficial do japonês Kamui Kobayashi, que consegue a sua melhor posição na grelha de sempre e bateu Sergio Perez, que será oitavo na grelha. Ao seu lado na segunda fila da grelha está o Lotus de Kimi Raikkonen, que parece estar em forma neste seu regresso à Formula 1.

As qualificações valem sempre a pena, especialmente as deste ano, dado o equilibrio entre máquinas e pilotos. Há chassis bem nascidos, como o da Sauber e da McLaren, e mal nascidos, como o da Ferrari. Fernando Alonso salva sempre o dia na Scuderia, colocando o seu carro na Q3 - sairá da nona posição da grelha - mas a diferença é de mais de um segundo para a "pole-position". E o piloto das Asturias afirmou, no final da qualificação, que “foi mais ou menos o que esperávamos, foi uma Q2 difícil e, depois, na Q3 fiz o melhor que podia que foi o nono tempo. No dia da corrida, o nosso carro costuma melhorar, mas vai ser duro. Começamos em nono e numa corrida normal acabar nessa posição garante apenas um ou dois pontos. Se chovesse era positivo, tornava tudo mais equilibrado. Estou pronto para uma corrida louca”.

Mark Webber foi na China o melhor piloto da Red Bull, na sexta posição da grelha. Sim, digo que é o melhor dos energéticos australianos, porque desta vez, Sebastian Vettel ficou de fora da Q3, sendo apenas 11º, uma posição que provavelmente já não tinha desde os tempos da Toro Rosso. Atrás dele está o segundo Ferrari de Felipe Massa.

Atrás dos dois ficaram os Williams de Pastor Maldonado e Bruno Senna. E parece que o duelo entre os dois é bem equilibrado, com o venezuelano a bater o brasileiro por... seis milésimos de segundo. Muito iguais, portanto. E os Force India andam em queda também, conseguindo apenas o 15º e o 16º postos na grelha de partida, com Nico Hulkenberg na frente de Paul di Resta. Mas quando se olham para os tempos, este é o equilibrio que esperava.

Na Q1 ficaram todos os pilotos esperados, das equipas esperadas: Caterham, Marussia e HRT. Mas a unica grande novidade é que os espanhois estão a colocar o seu carro bem dentro dos 107 por cento, o que já fizeram cumprir os seus objetivos da época.

Amanhã prevê-se mau tempo, baixas temperaturas e chuva. Será a repetição malaia ou teremos algo mais? Vai ser interessante acordar cedo... ou ficar acordado durante a noite. 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

As criticas e as respostas, a onze dias do GP do Bahrein

Um dia depois da FIA ter confirmado a realização do GP do Bahrein, indo contra todos os protestos das habitantes locais, e dos relatos de de que as autoridades policiais reprimem os protestos, a Amnistia Internacional criticou fortemente o governo barenita por estes divulgarem uma imagem internacional que está longe da realidade, usando o prestigio e a reputação da Formula 1.

"Nos meses recentes, as autoridades bareinitas ficaram mais preocupadas em reconstruir sua imagem e investir em relações públicas do que em introduzir direitos humanos reais e reformas políticas no país", começou por afirmar a Amnistia Internacional no seu comunicado.

"De fato, para as autoridades, há muito em jogo. Eles querem pintar o Bahrein como um país estável e seguro para protelar as críticas internacionais. Mas enquanto o país se prepara para receber a Formula 1 de 20 a 22 de abril, depois do evento ter sido cancelado no ano passado em resposta à instabilidade, protestos antigoverno diários continuam a ser violentamente suprimidos pelas tropas de choque, que usam gás de forma imprudente e com resultados fatais", assinala o documento.

E continua: "Sediar o GP do Bahrein em 2012 tem o risco de ser interpretado pelo governo como o simbolismo de que as coisas estão voltando ao normal. A comunidade internacional não pode virar as costas para a crise dos direitos humanos no país. O governo precisa entender que suas medidas vagas não são suficientes. Um progresso substancial em reformas reais nos direitos humanos é essencial", exigiu a organização, aediada em Londres.

As declarações da Amnistia Internacional foram rechaçadas por Bernie Ecclestone, o patrão da Formula 1. Em Xangai, onde está para assistir ao GP da China, pinta um quadro diferente: "Todos estão felizes. Nós não temos nenhum problema. É um problema discutido pela mídia. Eles não têm ideia do que está acontecendo. Esse é o problema", começou por responder, culpando a imprensa internacional pela agitação existente neste momento.

"Essa corrida está no calendário, e tem estado por um bom tempo. E nós estaremos lá. Todas as equipas estão felizes por irem lá. A autoridade desportiva nacional vai nos manter informados do que está acontecendo. Não há nada acontecendo. Eu conheço gente que mora lá e está tudo muito quieto e muito pacífico", finalizou o dirigente.

Deixem-me perguntar a vocês: em quem é que vocês confiam?

Formula 1 2012: Ronda 3, China (Treinos)

 Confesso que depois de saber que o GP do Bahrein iria realizar-se, contra todos os que desejavam o contrário, a minha vontade de falar deste GP da China perdeu-se completamente. Não tenho espírito para falar no "business as usual" neste final de semana, quando sei que os dirigentes que temos na Formula 1 querem mas é recolher o dinheiro e fazer a sua parte, levando o circo para uma cidade onde a agitação será mais do que evidente e a ideia de que vai ser realizado com um cordão de segurança à volta do circuito é bem real.

Mas vamos lá tentar: houve nesta manhã os treinos livres, no esvaziado circuito de Xangai. E debaixo de chuva miudinha na primeira sessão, Lewis Hamilton foi o melhor, no seu McLaren - Mercedes, mostrando-se apesar da troca de caixa de velocidades que lhe irá custar cinco posições na grelha de partida de amanhã. Na segunda sessão, o Mercedes do veterano Michael Schumacher liderou a tabela de tempos na segunda. 

A Red Bull mostrou-se preparada para o final de semana, fazendo o terceiro e quarto tempo na segunda sessão, com Sebastian Vettel na frente de Mark Webber, o que poderá demonstrar que é o favorito a ficar com o primeiro lugar da grelha, graças aos impedimentos legais de Hamilton. Mas claro, ainda há Jenson Button, os Lotus e o Mercedes do veterano Michael Schumacher. Nico Rosberg foi o quinto.

Em relação aos Ferrari, que vieram para Xangai com várias peças novas para experimentar, Fernando Alonso conseguiu o nono tempo na segunda sessão, mas Felipe Massa apenas ficou-se com o 17º melhor tempo, demonstrando que anda a experimentar as peças novas para ver se são eficazes na qualificação de amanhã.

As sessões não tiveram muita história, à excepção do Marussia de Timo Glock, que viu a sua dianteira ceder na Curva 1, acabando por seguir em frente e bater na barreira de pneus. Glock nada sofreu, mas a sessão foi afetada.

Amanhã há mais, com a qualificação. 


As dúvidas da Prodrive

Sabia-se de antemão que a Prodrive não iria às provas do Mundial WRC fora da Europa, logo, a ausência de Dani Sordo do Rali da Argentina, marcada para daqui a duas semanas, não é novidade nenhuma. Mas noticias vindas de Banbury, a sede da marca, colocaram ainda mais dúvidas sobre o futuro do projeto Mini. Isto porque no momento em que a marca anunciou a participação de Dani Sordo na Volta à Córsega, prova a contar para o Intercontinental Rally Challenge (IRC), surgiram dúvidas sobre a participação do piloto espanhol no Rali da Acrópole, em meados de maio. 

A Córsega é bom para nós e para o Dani, mas para o Rali da Grécia será preciso um milagre para podermos estar presentes”, referiu o diretor do projeto MINI, David Wilcock.

Os rumores estão presentes há muito tempo, especialmente depois da BMW ter terminado a colaboração com a Prodrive e transferido a sua representação oficial para o WRC Mini Team Portugal, após o Rali de Monte Carlo. Com Armindo Araujo e Paulo Nobre a irem a todos os ralis, e a Prodrive a fazer pouco mais do que a fabricar as peças para correrem apenas nos ralis europeus - e ceder o lugar de Chris Meeke para quem pudesse pagar ao melhor preço, como o sueco Patrik Sandell e o chileno Eliseo Salazar - o rumor de que a BMW pondera abandonar a competição em 2013 começa a ser real, especialmente quando a casa-mãe não quer apoiar a Prodrive, e esta se debate para encontrar patrocinadores para sustentar o seu projeto.

Tempos dificeis se avizinham, é um facto. 

O GP do Bahrein, visto pelos Repórteres Sem Fronteiras

Descobri esta graças ao "McLarenista confesso" Becken Lima: a campanha dos Reportéres Sem Fronteiras contra a realização do GP do Bahrein, usando a famosa imagem do homem que enfrentou uma coluna de tanques na Praça de Tienamen, em junho de 1989.  

Por muito que Bernie Ecclestone e a FIA diga que está tudo bem, há demasiada coisa podre no Emirado do Bahrein para ignorar... os barenitas não gostaram da decisão da FIA, e como já sabem que o circo vai chegar à cidade, vão fazer o seu melhor para que a estadia seja inesquécivel.

Latvala lesiona-se e não vai à Argentina

Jari-Matti Latvala fraturou o ombro e vai falhar o Rali da Argentina. O piloto finlandês lesionou-se ontem na Lapónia, quando fazia exercícios de ski. A queda o fez fraturar o ombro esquerdo, e foi logo operado no sentido de acelerar a recuperação, mas não a tempo de participar no rali Argentino, que acontecerá daqui a duas semanas.

O ski faz parte do seu programa habitual de treino e ele é bom e experiente nesse exercício. Infelizmente, ele sofreu uma queda forte e não vai poder competir no Rali da Argentina para ter a melhor possibilidade de estar pronto para o Rali da Acrópole no final de maio”, afirmou um porta-voz da equipa Ford.

É mais um azar neste "annus horribilis" para o piloto de 26 anos. Apenas venceu um rali este ano, na Suécia, enquanto que as restantes participações tem sido saldadas por desistências ou despistes que lhe causaram um enorme atraso na classificação geral, como aconteceu em Portugal. Isso veio colocar em dúvida as suas habilidades de piloto rápido, mas inconstante.

A Ford ainda não anunciou quem o vai substituir, mas há dois candidatos óbvios: o norueguês Mads Ostberg, recente vencedor do Rali de Portugal, num Ford Fiesta da Adapta, e o estónio Ott Tanak, ajudado por Markko Martin, antigo piloto da marca.

Reflexões ante-barenitas, a onze dias do Grande Prémio

Ontem à noite, como todos sabem, a FIA decidiu que, apesar dos avisos, dos receios de pilotos e dirigentes, das ameaças, iria para o Bahrein, no sentido de correr o Grande Prémio local, no próximo dia 22 de abril. O comunicado da entidade máxima do automobilismo retirou todas as dúvidas que ainda pudessem existir sobre a realização desta corrida, depois de em 2011, terem decidido cancelar a prova, após as manifestações que tinham começado a 14 de fevereiro daquele ano.

Apesar de saber que a FIA, na figura de Jean Todt, e o "detentor dos direitos comerciais", na figura de Bernie Ecclestone, iriam fazer de tudo para levar por diante, devido aos vários exemplos do passado, sendo o mais flagrante o exemplo do GP da Africa do Sul de 1985, decorrido em pleno "apartheid", creio que este exemplo é mais um sinal flagrante de que a FIA e a Formula 1 não se importa de colocar-se no lado dos maus da fita, em nome do dinheiro. O desporto não pode e não deve ser politizado, nunca. Sofremos com dois boicotes aos Jogos Olimpicos, em 1976, 1980 e 1984, e vimos que isso não é eficaz. Mas o desporto deveria ter um mínimo de bom senso, e esse mínimo, nesta Formula 1 atual, quase me faz lembrar a prostituição.

Digam o que disserem, que o país é um paraíso e que as manifestações são obra de uma meia dúzia de desordeiros, o Bahrein tem um problema grave para resolver, que é as reivindicações da maioria xiita, que se vê, com alguma razão, descriminada perante a minoria sunita, do qual faz parte a familia real. E os acontecimentos de 2011, do qual as pessoas sairam para a rua no sentido de pedirem reformas no sentido de uma verdadeira democracia, foram reprimidas com força bruta pelas autoridades policiais, não foram totalmente resolvidas, apesar das promessas de reformas, de punição dos policias que bateram e torturaram manifestantes. É numa situação destas que a Formula 1 irá desembarcar a partir da semana que vêm.

E honestamente, a FIA tomou partido: ao decidir ir, está a apoiar o governo e não os legitimos direitos dos manifestantes. A neutralidade politica, que a Formula 1 deveria trazer, foi desrespeitada.

Francamente, ontem à noite, depois de saber o comunicado da FIA, perdi a vontade de falar sobre Formula 1, sobre o GP da China. Não que esperasse o contrario, mas julguei que teria em conta os receios das equipas e talvez recuassem. Afinal, essa ilusão foi-se. E com isso, pensei sériamente se valeria a pena continuar com tudo isto, e ver as pessoas falarem entusiasticamente sobre a Formula 1, alheando-se do mundo lá fora - que existe e não é bontito - e falarem sobre um GP do Bahrein como se nada acontecesse. Sobre um circuito aborrecido, num pedaço de deserto, e que vão lá por 40 ou 60 milhões de razões, todas verdes e contadas em maços com a cara de Benjamin Franklin.

Pela primeira vez, contemplei sériamente em terminar o blog. Acabar de vez, finito. Mas após uma noite de sono, considerei os prós e contras e cheguei à conclusão de que estou aqui para escrever sobre automobilismo, e não sobre a Formula 1 em si, porque sempre achei redutor escrever apenas sobre isso. Há um mundo lá fora, de tantas categorias, tão interessantes, tão competitivas. Tento sempre mostrar às pessoas que há vida para além da Formula 1. Porque há muito cheguei à conclusão que a Formula 1, tal como a conhecemos desde há muito, é pouco mais do que um nome. 

Esta competição é na realidade propriedade de um baixinho octogenário, que desde há muito tomou em mãos uma competição e dela fez biliões, metade dos quais para o seu próprio bolso. A FIA é que establece as regras, mas no caso da Formula 1, o seu poder é pouco mais do que fachada. Faz aquilo que Bernie Ecclestone deixa fazer. E que, por causa dos negócios que fez ao longo dos anos para o transformar de um desporto para ricos na industria que é hoje, em busca de cada vez mais dinheiro, trocou sitios clássicos, sonhados por muitos, por pistas sem alma. A Formula 1, se alguma vez foi no passado, é hoje em dia cada vez mais estéril, mais artificial. Tão artificial que quando vejo pistas no meio de nenhures, nos paises novos ricos, como a India, pergunto-me se ela não vive numa bolha criada por si mesma. 

E ainda por cima, a quantidade de regras começa a ser de tal forma que o melhor será fazer um chassis unico, com motores diferentes, que para assim ser igual à IndyCar Racing. E se calhar, artificializar as corridas, para ouvir comédias vindas da boca de Bernie Ecclestone, como regar artificialmente as pistas, se tornarem realidade.

A cada dia que passa, a Formula 1 se transforma num circo. Mas em vez dos trapeziastas e dos equilibristas, estamos a ver os palhaços. Os palhaços que estão dentro dos carros, que guiam em círculos, em pistas desenhadas por uma pessoa, como se fosse um monopólio, e por fim, nós, os palhaços que vimos isto e aplaudimos como se fosse a melhor coisa do mundo. Já foi. Agora...

O blog continuá a existir, forte como sempre. Mas deixo de escrever sobre Formula 1 no domingo, após o GP da China. Não é permanente, voltarei a escrevinhar no fim de semana de Barcelona. Continuo a dizer que boicoto a corrida barenita, e nem sequer me darei ao trabalho de ligar a TV para ver isso. E digo isto: agora tenho quase a certeza de que quando Bernie Ecclestone morrer, a Formula 1 sofrerá, mais cedo ou mais tarde, um grande cisma. Ou uma racha, ou então as construtoras farão uma competição diferente, como aconteceu entre a CART e a IRL, nos Estados Unidos, a meio da década. A "Formula Ecclestone" é tão forte que nada será alterado enquanto ele for vivo.

Agora, mais do que tudo, espero pelo dia em que Bernie Ecclestone morra. Pois sei que partir daí, as coisas aquecerão realmente. Há muita raiva acumulada, muito ressentimento. Como um vulcão, a energia acumulada irá explodir, uma vez removido "este" obstáculo. 

Última Hora: FIA confirma o GP do Bahrein

A FIA confirmou esta noite de que, apesar de todos os apelos em contrário, o GP do Bahrein irá realizar-se como previsto, no dia 22 de abril. No seu comunicado oficial, afirma-se que o governo local garante todas as condições de segurança para que pilotos, mecânicos e jornalistas possam ir à pequena ilha do Golfo Pérsico sem problemas.

Ao longo desse comunicado, a FIA afirma que tem seguido constantemente a situação na pequena ilha do Golfo Pérsico e comunicado com várias entidades, desde da primeira vez em que lá foram em novembro de 2011, em missão de reconhecimento.

"A FIA deve tomar decisões racionais com base na informação proporcionada pelas autoridades do Bahrein e pelo titular dos direitos comerciais [Bernie Ecclestone]. Ademais, temos esforçado em seguir e avaliar a atual situação do Bahrein.", começa por dizer o comunicado oficial.

"O presidente, Jean Todt, encabeçou uma missão de reconocimiento no Reino em novembro de 2011, reunindo-se con um grande número de "opinion makers" e responsáveis na tomada de decisões, desde os membros xiitas do parlamento, o presidente da Comissão Independente de Investigação do Bahrein, os embaixadores dos países da União Europeia, o principe herdeiro, o Ministro do Interior e demais membros da comunidade empresarial."

"Todos eles expresaram o seu desejo de que o Grande Premio seguisse adiante em 2012, e desde então, a FIA manteve-se em contato direto com todas as partes interessadas. Longe dos olhares públicos, a FIA recebeu constantemente as informações sobre a segurança [do reino] por parte dos funcionários diplomáticos, bem como outros peritos independentes."

"Com base na informação atual que a FIA detêm neste momento, está convencida de que todas as medidas de segurança que devem ser tomadas para levar a cabo un evento do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 no Bahrein estão a ser executadas. Assim sendo, a FIA confirma que o Grande Prémio Gulf Air do Bahrein de F1 2012 acontecerá na data prevista.", conclui o comunicado.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A nenhuma moral da Formula 1 e como todos somos coniventes no assunto

A doze dias do GP do Bahrein, confesso que ao ler as declarações de toda a gente que está no paddock chinês, que se sente um enorme embaraço, no mínimo, sobre esta situação. Quer seja num silêncio comprometedor nas conferências de imprensa, para não ficarem comprometidos oficialmente - mas com o microfone desligado, é outra coisa - quer quando pilotos como Jenson Button confiam no melhor julgamento da FIA para saber se vai ou não haver corrida, como que "a passar a batata quente" para ver como é que se vai lidar com o assunto. E a FIA e Bernie Ecclestone, como disse anteriormente, já decidiram que a Formula 1 irá ao Bahrein, custe o que custar, porque são amigos do emir e este pagou uma nota preta para ter toda aquela gente.

Mark Webber é uma excepção nos silêncios comprometedores ou nos embaraços dos apelos para que a corrida seja realizada, indo contra toda a opinião pública, como Sebastian Vettel. Não afirmou estar contra, mas manifestou as suas preocupações, como captou o Luis Fernando Ramos, o Ico, no paddock de Xangai:

"Somos humanos, temos nossa moral e nossa visão das coisas, independente de sermos desportistas. Somos exatamente como vocês. Gostaríamos que todas as pessoas vivessem de forma justa e correta e por isso escolhemos viver em determinados países. Mas, como pilotos de corridas, somos contratados por uma equipa que, por sua vez, tem um contrato com a FIA para disputar o Mundial da Fórmula 1. Nós vamos aos lugares onde há corridas para disputá-las.

"É uma decisão mais difícil agora, que só falta uma semana. Mas ainda dá para se tomar esta decisão. No final das contas, é só uma corrida de carros. Muita gente no mundo nem sabe que tem prova programada para a semana que vem no Bahrein, então não é a coisa mais importante que existe e se pode cancelar num estalar de dedos."

E depois, Webber disse a razão pelo qual a Formula 1 investe muito no Golfo Pérsico: "Há muito dinheiro na Formula 1 que vem de Bahrein, Abu Dhabi e do Oriente Médio. Eles gostam da categoria e querem tentar mais uma vez. Vamos ver se funciona."

Que os pilotos estão presos contratualmente e terão de cumprir aquilo que a FIA e Ecclestone mandar, já se sabia. Que toda a gente seria obrigada a pagar um prejuízo financeiro em caso das equipas, a FIA ou Bernie Ecclestone cancelar o Grande Prémio, também toda a gente fica com essa ideia. Mas também fico com esta ideia também: se por algum motivo esta gente tivesse de correr no Inferno, a única coisa que os pilotos fariam para se proteger era levar um fato refrigerado para aguentar o calor. E é mais um exemplo de como os pilotos fazem tudo para estar ali, e o que estão dispostos a fazer para ficar. Perderam vontade própria, até abdicaram do seu juízo crítico, porque acima de tudo - justificando-se com o seu profissionalismo - querem correr. Seja no Bahrein, no Zimbabué, na Coreia do Norte... porque são pagos para isso.

Confesso que não sei o que vai acontecer a partir de segunda-feira, quando todos arrumarem as suas coisas e forem para o Bahrein. Todos no circo da Formula 1 irão para essa ilha no meio do Golfo Pérsico com o coração nas mãos. Mesmo que não boicotasse este Grande Prémio, começo crescentemente a ficar sem  cabeça para falar não só deste Grande Prémio, como da Formula 1 em geral. Ao tomar um lado, em troca de um camião cheio de dólares - digam o que disserem, tomaram um lado - tudo que eu sei sobre o que se passa, sobre a agitação social, sobre a repressão policial e sobre os mortos - ou os mártires, como eles chamam - faz-me temer o pior. Para mim, o ideal teria sido que o Bahrein tivesse arrumado primeiro a casa, com reformas democráticas, punição dos responsáveis e eleições livres, e só depois é que trataria do assunto automobilístico.

Claro, o Bahrein não é a Síria, que vive neste momento uma guerra civil (uma pergunta: se tivéssemos no calendário um GP da Síria, a Formula 1 iria para lá, mesmo com tanques na rua e o exército a matar o povo?) mas com tudo que isto já causou desde o ano passado, quando a Primavera Árabe começou a varrer a região, acho que a Formula 1 é um chamariz indesejável. Vejo demasiado a CNN, a Al-Jazeera, a France 24 ou a BBC para não acreditar uma única palavra da ladainha do "tudo está calmo na Frente Ocidental" que o governo do Bahrein anda a dizer a toda a gente.

Não acredito nisso, e confesso que nunca acreditarei. Conheço bastante bem a História do século XX, e nos últimos dias veio à cabeça a história do rapto de Juan Manuel Fangio, em Cuba, para que os revolucionários de então chamassem à atenção do que se passava na ilha não era a "verdade oficial". Claro que o mundo de 1958 é muito diferente do mundo de 2012, mas mesmo assim, não acredito que ninguém, neste momento, tenha pensado nessa ideia e não esteja a planear, no mínimo, uma ação espectacular para perturbar o "paddock" da Formula 1.

E se algo de mal acontecer, já sabem: os culpados serão Jean Todt e a Bernie Ecclestone.  

A nova temporada da Formula 2, e a sua situação atual


Existente desde o inicio dos anos 60, formado como campeonato europeu em 1967 e durando até 1984, altura em que mudou de nome para Formula 3000, a Formula 2 regressou ao ativo em 2009 por obra e graça de Max Mosley, no sentido de reduzir custos, uniformizando tudo: chassis, pneus e até organizadores, fazendo com que fosse a Motorsport Vision, firma dirigida pelo ex-piloto Jonathan Palmer, a tomar conta do negócio.

E a ideia era, também, que a Formula 2 fosse uma maneira mais barata dos jovens puderem prosseguir na formação até à Formula 1. O vencedor estava garantido um teste com a Williams de Formula 1, e quem sabe, chegasse à categoria máxima do automobilismo. O primeiro ano foi um sucesso, apesar da sombra que foi o acidente mortal de Henry Surtees, na ronda de Brands Hatch, a 18 de julho desse ano. O espanhol Andy Soucek foi o grande vencedor, e em 2010, continuou a mesma coisa, com o britânico Dean Stoneman o campeão, antes deste interromper a sua carreira para tratar de um cancro testicular.

Este final de semana, no meio da Formula 1, IndyCar ou WTCC, a Formula 2 vai ter o seu começo no circuito de Silverstone. E pela lista de inscritos, está-se a ver que a ideia de correr a baixo custo já não é por si só, uma fator atraente. Apenas dezasseis carros irão alinhar na corrida britânica, e é muita coisa, menos normal: há quatro suiços, quatro britânicos, e outros pilotos vêm de sítios... estranhos. Há um iraniano, Kourosh Khani, um romeno, Mihai Marinescu, e Axcil Jeffires, um piloto britânico de 17 anos que corre sob licença... do Zimbabwe.

Mas mais interessante é ver dois repententes: o bulgaro Plamen Kralev e o indiano Parthiva Sureshwaren. Digo isto porque pela idade que têm, já deveriam estar longe disto: Kralev tem 39 anos, Sureshwaren tem 31. O primeiro é mais um "gentleman driver" com dinheiro e que tem espírito para correr. O segundo tem experiência de A1GP, sem grandes resultados. E os dois não são grandes pilotos nesta categoria: ambos vão para a sua terceira temporada, e o melhor que conseguiram foi três décimos postos, dois para o bulgaro, um para o indiano.

Claro, esta lista de inscritos não está fechada. Nada impede que outros carros apareçam nas jornadas seguintes, mas isto demonstra duas coisas: primeiro, a crise que se vive na Europa e um pouco pelo resto do mundo, que se verifica em grelhas de partida cada vez mais mirradas, quer na Formula 2, quer também na Formula 3, na GP2, na GP3 e na Formula Renault. A Formula 3 britânica teve 14 carros a correr na sua jornada inaugural, na semana passada, a GP2 tem um pelotão de fraca qualidade, e a GP3, apesar de ainda faltar um mês para o inicio da temporada, ainda não encheu o pelotão e já viu uma das suas equipas, a Tech 1, ir embora e a ser substituída pela Ocean Racing.

E chegamos a este ponto: não haverá categorias a mais nesta rampa de acesso à Formula 1? E os custos não começam a ser astronómicos? E mais: que garantia é que se dá para que o vencedor chegue ao seu sonho, que é a Formula 1? No caso da Formula 2, muito pouco: não está agarrada à Formula 1, como estão a GP2 e a GP3, e nenhum dos vencedores chegou lá. Soucek bem tentou, mas não conseguiu. E Stoneman ainda está em processo de tratamento. O italiano Mirko Bortollotti foi o campeão de 2011. Ainda é cedo para se dizer se vai para a Formula 1, mas é um protegido da Ferrari. Pode ser que sim, mas as garantias são efémeras.

Em suma: ao chegar à sua quarta temporada, a nova Formula 2 parece não conseguir ser bem sucedida na sua missão de recrutar as maiores esperanças automobilísticas. A falta de uma quota real na Formula 1 parece ser o principal motivo, mas também, com tantas categorias existentes e a combater umas contra as outras, que hipóteses terá?

5ª Coluna: As certezas a doze dias do Bahrein

Quem vê esta fotografia, que encontrei ontem no site Grande Prêmio, parece que está tudo em paz e sossego, vivendo no melhor dos mundos. Mas na realidade, há manifestações e os habitantes são hostis com a presença da Formula 1, pois acham que está ao serviço de um governo repressor, do qual pretendem derrubar para encetar reformas democráticas. E pior do que isso, a cada dia que passa, mais parece que a organização da Formula 1 deseja estar no lado hostil da situação, julgando que está a fazer um favor. Na realidade, poderá estar a destruir a sua credibilidade.

Nas últimas horas - e dias - assistiu-se a uma espécie de "blame game" onde cada uma das partes diz que não tem qualquer poder para adiar ou cancelar o Grande Prémio. Como disse ontem, Bernie Ecclestone afirma que não pode obrigar as equipas a irem a lugar onde não querem ir, mas imediatamente a seguir, diz que caso o façam, será visto como uma quebra do contrato. Poucas horas depois, a FOTA, a associação das construtoras da Formula 1, diz que não cabe a elas cancelarem o Grande Prémio, pois é uma prova organizada pela FIA.

Mas sei que isso já tinha sido referido no inicio de março, quando um grupo de deputados britânicos tinham pedido à entidade liderada por Jean Todt para que não fossem ao Bahrein. E eles responderam que quem organiza o calendário é... Bernie Ecclestone. Em que ficamos? Na culpa que morre solteira. Ou que nenhuma das partes quer ser a que dá o "passo decisivo", pois assim não terá de devolver os mais de 40 milhões de dólares que a familia real do Bahrein pagou para ter a Formula 1 por lá.

Mas ontem à noite, o jornal "The Guardian" afirmava que Jean Todt, o presidente da FIA, e Bernie Ecclestone tinham chegado a um acordo para convencer as equipas para irem ao Bahrein e que iriam convencê-los esta sexta-feira, em Xangai, de que tudo está seguro, apesar dos protestos populares. Há uma boa razão para que ambas as partes tenham esta convergência de opiniões, e isso se chama de "influência". O Bahrein tornou-se, graças aos seus multios milhões, numa potência junto da FIA, e por causa disso, esta temporada teceberá quase tudo que tenha rodas e um volante, à excepção do WRC. Haverá duas rondas da GP2, o Mundial de Resistência estará por lá em setembro, e uma das finais do Mundial de karting será nesse emirado. E tudo graçasa aos gostos automobilisticos do filho do emir...

Com as equipas a terem de decidir até este final de semana, as pessões, como podem entender, são grandes. E os receios crescem na mesma proporção. Um bom exemplo desse receio é o que o Luis Fernando Ramos, o Ico, escreveu esta quarta-feira na sua coluna no site Total Race. O título que ele usa diz tudo: "Insensatez", e este parágrafo é revelador da mentalidade dominante na categoria: 

"O pior é que precisamos lamentar mais a inabilidade da Fórmula 1 de sair dessa situação do que a instabilidade no Bahrein. Ao menos, manifestações populares contra regimes totalitários sinalizam mudanças. Mas o regime totalitário da F-1 coloca seus interesses financeiros acima de tudo. Até mesmo acima da imagem da categoria, que merecerá todos os adjetivos de estúpida, arrogante e mercenária se fizer seu show para as arquibancadas sempre vazias do circuito do Sakhir enquanto, a poucos quilômetros dali, a polícia sentar o pau no povo do país." 

"E todo esse desgaste absolutamente desnecessário em meio a um campeonato que começou muito bacana na esfera esportiva. Chegou a hora da F-1 viver sua revolução política."

Sei que os barenitas não raptam pessoas, mas acho que se planeassem uma "Operação Ecclestone" para perturbar o Grande Prémio, não ficaria admirado. 

Noticias: Tamara Ecclestone quer posar nua na Playboy

Bernie Ecclestone, provavelmente o baixinho mais rico do mundo, casou-se com uma modelo corata 25 anos mais nova do que ele, que lhe deu duas filhas: Tamara Ecclestone, atualmente com 27 anos, e Petra, de 24. E elas, especialmente a mais velha, querem agora gozar os muitos milhões que os papás conseguiram juntar durante o tempo que estiveram juntos - e dividir, após o divórcio deles, em 2008. Se Petra mudou-se para Hollywood, tentando mostrar-se que existe, apesar das Kardashians e das Hiltons, Tamara decidiu mostrar-se da mesma maneira que a sua mãe: ser modelo.

Mas desta vez quer ir mais longe: ser capa da Playboy. Segundo a própria, afirma que foi convidada e está em "conversações avançadas", afirmando que era algo que gostava de fazer muito, mas que esperava pela oportunidade certa: “Eu fiz umas fotos sensuais em maio do ano passado e queria fazer algo assim de novo. Eu acho que posar nua na Playboy é uma daquelas coisas que provavelmente não é algo que muitas pessoas são convidadas a fazer. Eu fui uma vez. Agora penso, por que não? Estou pensando nisso e provavelmente vou fazer”, afirmou ao tabloide britânico "The Sun".

Quando li isto, pensei primeiro que o papázinho tinha-a deserdado. Mas depois lembrei-me que estamos a falar da filha de Bernie Ecclestone e ela deve, decerto, ter aprendido algumas lições com ele. Se ele posou para uma marca de relógios com escoriações na cara depois de um assalto à sua pessoa em 2010, porque não  ver a sua filha como veio ao mundo na revista fundada por Hugh Heffner? Ela aprendeu com os melhores...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Como o Grupo Lotus consegue perder a cabeça

As caricaturas exprimem uma maneira comica - ou cínica - o humor das pessoas sobre uma determinada sotuação, e normalmente os visados reagem com um sorriso - amarelo, branco ou rosinha às cores pretas - e seguem em frente. São raras as vezes que o outro lado reage zangado, e quando acontece, a grande maioria das pessoas toma partido do comediante, ridicularizando as atitudes da pessoa "alvejada". 

Hoje foi uma dessas raras vezes, pois parece que alguém decidiu reagir de forma desproporcional a uma caricatura. E foi o Grupo Lotus, que soltou um comunicado demolidor depois do site Sniff Petrol decidir colocar Dany Bahar no papel de "Ali Cómico", o famoso ministro da Informação de Saddam Hussein, dizendo que tudo estava bem em Bagdad, mesmo com os tanques americanos ao virar da esquina...

Claro que não foi por isso que decidiram responder, mas foi a gota que fez transbordar o copo. Na realidade, isto foi mais por causa dos variados rumores sobre o Grupo Lotus, principalmente após a venda da Proton e do fato das dívidas acumuladas pela marca durante a presidência de Dany Bahar serem gritantemente altas. E tudo, claro, devido à sua megalomania do seu presidente, que achou que se tivesse o nome por toda a parte, as pessoas fariam filas em Hethel para comprarem os carros de estrada da Lotus. Não é assim, infelizmente.

Só que a resposta, - pelo menos foi a que li na página oficial da marca no Facebook - faz imaginar se a pessoa que o respondeu foi o próprio Bahar, certamente num momento mais... infeliz. Disparando para todos os lados, desde a Caterham e Tony Fernandes, passando até pelo jornalista britânico Joe Saward, que escreve frequentemente sobre a situação do Grupo Lotus, mais parece que quem fez isto foi o próprio Bahar, certamente acossado por todos os lados, agora que parece que os seus projetos megalomaníacos estão chegando ao seu previsível beco sem saída.

Eis algumas "pérolas" desse "magnifico" comunicado:

"Não levem tudo o que ele [Tony Fernandes] coloca no Tweeter demasiado a sério – talvez ainda esteja frustrado por ter a Caterham ao invés da Lotus e com o facto de lutar com a HRT e a Marussia em vez da Mercedes e da Ferrari na F1."

"E já que estamos no assunto da comédia, sabem a última piada na F1? Mike Gascoyne encontra-se em parte incerta. Porquê? Anda à procura dos 30 a 40 pontos que predizia na temporada passada. Engraçado, não é?"

Contudo, nem tudo é de doidos neste comunicado politicamente incorreto. A Lotus Cars, para desmentir rumores de que tinha deixado de ser o patrocinador da Lotus, afirma que o acordo entre a Lotus F1 Team e o Grupo Lotus não terminou, mas sim houve uma reformulação do acordo comercial entre ambas as partes, que prevê a continuidade da ligação até 2017. Esse acordo resultou num empréstimo de 30 milhões de dólares por parte da Proton à Genii, e que deu como garantia as instalações de Enstone. E a Proton terá o direito de opção de comprar 10 por cento da equipa de Formula 1. Isso é algo que já se tinha anunciado há cerca de um mês pela Speed Channel, e que o jornalista Adam Cooper recordou mais uma vez.

Em suma, este comunicado, mais do que esclarecer os rumores, deu mais a ideia que que aquela companhia está a ser gerida por um tipo fora do normal. E isso não tranquiliza ninguém, bem pelo contrário.

Noticias: fim de semana chinês "abençoado" com chuva

Há uma coisa que este assunto do GP do Bahrain conseguiu fazer é ninguém fala do GP da China, que vai acontecer neste final de semana. E parece que pouca gente liga a isso, especialmente quando se prevê que possa chover no dia da corrida. Quem o diz é o Luis Fernando Ramos, o Ico.

Até agora, pode ser que isto seja uma mera previsão, nada mais. Só no dia da corrida é que saberemos até que ponto o tempo terá um fator decisivo na corrida. Caso assim seja, poderá ser que Fernando Alonso faça mais uma vez "das tripas coração" e arranque mais um milagre naquele seu chassis da Ferrari. Mas também foi num Xangai chuvoso que a Red Bull conseguiu a sua primeira vitória de sempre, em 2009... e claro, os McLaren não estarão sempre num mau dia e Jenson Button acerte na escolha de pneus. Para não falar no Sergio Perez e o seu Sauber bem nascido.

Em suma: tudo é possivel neste domingo, e para mim, vai valer a pena acordar às oito da manhã para o ver.

Youtube F1 Movies: O salvamento de Niki Lauda, versão Hollywood



Vi este video agora mesmo no F1 Fanatic.co.uk. Ron Howard está esta semana em Nurburgring com a sua equipa de filmagens para fazer as cenas do acidente de Niki Lauda, no GP da Alemanha, que aconteceu a 1 de agosto de 1976. E esta tarde apareceu este video, de alguém que conseguiu filmar à distância - sem que ninguém conseguisse ver - as cenas do acidente do piloto austriaco, onde quase perdeu a vida.

Sei que é a segunda vez que foram ao Nurburgring, depois de terem feito "stock footage" em meados do ano passado, aproveitando uma corrida de F1 Históricos na mesma pista. E pelo que vejo neste filme, parece que Emerson Fittipaldi é um dos que tira Lauda do carro. Que eu saiba, Fittipaldi esteve no local, mas não foi um dos que tirou. Arturo Merzário, Brett Lunger, Harld Ertl e Guy Edwards ajudaram a tirá-lo.

Afinal...

... afinal, Robert Kubica não fez nenhum teste nos últimos dias com um Renault Clio S1600, como foi afirmado pelo site italiano rally.it. A Autosport portuguesa afirmou hoje ter falado com o piloto polaco, que disse não ter feito qualquer teste nos últimos dias na região de T , mas revelou alguns dados interessantes, senão impressionantes:

Primeiro que tudo: a sua recuperação tem altos e baixos, culpa dos nervos, que tem o seu próprio ritmo. E quando crescem, segundo o piloto, significa um aumento de potência, resultado de uma intensa fisioterapia, que dura, em média, sete a oito horas... diárias.

Segundo, está neste momento a fazer alguns testes em simulador, e parece que anda a bater alguns recordes. E vai fazer pelo menos mais um teste num carro de ralis antes de fazer, algures a meio do ano, um teste num Formula, possivelmente um AutoGP, que corre com os antigos chassis da A1GP. O teste não tem data marcada, mas parece que o piloto polaco de 27 anos está determinado a regressar ao automobilismo e determinado a mostrar ao mundo que não está "morto" automobilisticamente.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Fatos, declarações e contra-ataques, a treze dias da corrida

A cada dia que passa, os receios das pessoas sobre os problemas no pequeno emirado do Bahrein já não passam despercebidas nos jornais de todo o mundo. A noticia de que uma bomba artesanal feriu ontem à noite sete policias, três deles gravemente, demonstra que as coisas naquelas bandas estão crescentemente explosivas, e que o maior temor de todos, que as pessoas usarão o GP do Bahrain para meios politicos, é bem real. E ainda mais, quando esta manhã circularam rumores de que Abdulhadi al-Khawaja, um proeminente ativista dos Direitos Humanos e em greve de fome há 60 dias, poderia estar morto, agitou as pessoas, temendo o pior.

Contudo, o seu advogado, Abdul Rahman al-Sayed, disse a dois médicos estrangeiros que al-Khawaja está bem de saúde, apesar de estar debilitado devido ao degradar do seu estado fisico. "Apesar dos relatórios médicos que indicam ter uma baixa contagem de glóbulos brancos, e uma baixa nos níveis de açucar e potássio, que o colocam em risco de vida, a sua condição atual é satisfatória. Está cooperativo, consciente, e está a receber toda a ajuda médica possivel. E está a receber fluidos quer por via oral, quer por via intravenosa", afirmou um comunicado do Hospital da Forças Armadas do Bahrein, citado pela BBC.

Entretanto, Bernie Ecclestone disse à mesma cadeia de televisão britânica que nenhuma das equipas lhe chegou ao pé dele, afirmando preocupação ou receio pelos eventos no Bahrein e a realização do Grande Prémio. "Muito pelo contrário". E quanto à organização, disse que dão todas as garantias de segurança: "Não cabe a mim decidir se a corrida deve seguir adiante ou não. Cabe ao povo do Bahrein decidir, e como eles até agora não decidiram cancelar o evento, presumo que todos estejam felizes.

Quanto às equipas, deixou uma declaração aparentemente contraditória: "Não podemos forçar as equipas a fazerem parte [desde Grande Prémio]. Mas estariam a quebrar o contrato conosco se decidissem não ir, mas isso é um assunto que pode ser resolvido em separado", declarou. 

Outra declaração que deixou é que o contrato com a entidade organizadora poderá ser revisto ou até cancelado no futuro. "Provavelmente não o renovaremos. Vamos esperar para ver". Contudo, o enigmático Ecclestone provavelmente deseja esticar a corda para ver no que vai dar, enquanto lucra com o fato do nome da Formula 1 está nas manchetes, mesmo que seja pelas piores razões. 

Contudo, a sua declaração de que as equipas estão a favor do Grande Prémio vai exatamente ao contrário das declarações feitas por um responsável, sob anonimato, que afirma que todas as equipas estão receosas por irem ao pequeno emirado do Golfo Pérsico, temendo pela segurança dos pilotos, mecâniucos e demais pessoal, e toda a gente tem um "plano B", com dois bilhetes na mão, um direito para o Bahrein, caso as coisas não se altera, e outro direito a Europa, em caso de cancelamento. Mas sabe-se que a FOTA se reunirá este final de semana em Xangai para discutir esta situação.

E a organização do GP do Bahrain quer fazer a corrida a qualquer custo, e esta tarde decidiu partir para o contra-ataque. O seu presidente, Zayed Al-Zayani, disse à Autosport britânica que tudo isto não passa de uma manobra concertada por parte de grupos extremistas: “O que vem acontecendo é que os observadores de sofá, que não estão suficientemente interessados ou empenhados em investigar a situação em si, têm vindo a impulsionar este debate em detrimento das partes neutras que tomaram o cuidado de investigar a situação em primeira mão”, explicou o dirigente barenita.

Isso, combinado com as táticas alarmistas de certos pequenos grupos extremistas nas redes sociais, criou enormes equívocos sobre a situação atual”, acrescentou.

Al-Zayani afirmou também que recebeu no passado dia 5 de abril a visita de membros de uma equipa, a Lotus, afirmando que não tinham nada a apontar em relação às condições de segurança: “Recebemos ao longo das últimas semanas um número de pessoas no Bahrein, que têm sido capazes de descobrir por si próprios que o reino está pronto para sediar a Formula 1 no próximo mês. Por conseguinte, exorto todas as partes interessadas que ouçam aqueles com visão informada e educada da situação e que forme suas opiniões sobre os fatos da situação, tal como foi apresentada pelos observadores neutros em primeira mão”, clamou. A Lotus confimou depois, em comunicado, que de facto estiveram no pais no inicio deste mês.

E para finalizar, o site brasileiro Grande Prémio decidiu a partir de hoje colocar uma página especial que acompanha ao minuto os eventos naquela ilha do Golfo Pérsico. O link está aqui:  

Noticias: Robert Kubica fez novo teste num carro de ralis

Robert Kubica voltou a guiar um carro de ralis este final de semana. O piloto polaco de 27 anos voltou a guiar, um mês após o seu último teste, desta vez num Renault Clio S1600 nas estradas de Testico, em Itália, e aparentemente, conseguiu impressionar as pessoas presentes pela sua velocidade. Segundo o site rally.it, Robert Kubica fez varias passagens ao longo do dia, sem grandes queixas, sinal de que a sua recuperação está a ser gradual.

Apesar deste teste e do fato de Kubica não ter tido queixas das zonas afetadas, não se sabe ainda se estará suficientemente em forma para subir para um carro de Formula 1, em principio no mês de junho, no circuito de Mugello. Mas que se recupera para estar em forma, está. E parece que impressiona cada vez mais as pessoas que o acompanham.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Os receios a 14 dias da corrida barenita

Faltam 14 dias para o GP do Bahrein, e a cada dia que passa, as coisas parecem extremadas. Se as autoridades barenitas, apoiadas por Bernie Ecclestone, querem passar a imagem de "business as usual", um incidente neste final de semana de Páscoa veio lembrar a mim e ao resto do mundo que as manifestações desportivas não passam imunes aos desejos de qualquer "maluco" de dar nas vistas. Não aconteceu no Bahrein, mas sim... em Londres.

Quem viu a famosa regata entre Oxford e Cambridge viu o episódio da pessoa que se atirou ao rio Tamisa e conseguiu interrompe-la, colocando-se a meio dos dois barcos, arriscando a sua vida, pois o perigo de levar com uma pazada de um dos remos era bem real. Retirado da água, foi detido por momentos, e a regata foi reatada com algum atraso. Claro, o incidente foi importante, pois estamos a falar de uma cidade que dentro de alguns meses, no final de julho, irá receber os Jogos Olímpicos.

E isso fez-me lembrar outro incidente, bem mais antigo, mas com os mesmos objetivos: o rapto de Juan Manuel Fangio, em Cuba, em 1958, pelos revolucionários do Movimento 26 de julho, comandados por Fidel Castro. O rapto pode ter durado pouco menos de 48 horas, mas foi mais do que suficiente para que Fangio não pudesse largar para a corrida. Corrida essa que cedo foi interrompida devido a um acidente que matou oito espectadores.

Com os incidentes e as ameaças por parte dos grupos locais, a cada dia que passa, os receios são maiores e mais fundados. A chegada da Formula 1 ao pequeno emirado do Golfo Pérsico fará mais mal do que bem, isso todos nós sabemos. Atrairá um povo em raiva - na sua maioria, xiita - contra a família real - que é sunita - e causará má reputação à categoria máxima do automobilismo, que passará a ideia de que está atrelada aos mandos e desmandos de um baixote de 81 anos, que estará ali porque a família real dá 40 milhões de dólares só para passar ao resto do mundo uma aparência normal.

Todos sabemos que não é assim, e o que mais receamos é que aconteçam estes dois incidentes que referi acima: ou alguém a correr na pista, para perturbar os treinos ou a corrida, ou um grupo que tente raptar - ou pior, matar - alguém ligado às equipas, manchando irremediavelmente o final de semana automobilistico. E é esse o maior receio, a menos de duas semanas do Grande Prémio. 

Noticias: Toyota prepara o seu regresso aos ralis

No dia em que se revela a passagem do Volkswagen Polo R WRC por Portugal para mais uma bateria de testes, no intuito de se preparar para a sua estreia no Mundial de 2013 - alguns afirmam que até se podem estrear mais cedo - surgiram rumores vindos da Alemanha de que a Toyota pode estar também a preparar o seu regresso aos ralis.

A imprensa local revelou há umas semanas de que a Toyota está a preparar um motor 1.6 Turbo nas suas instalações em Colonia, ao lado das oficinas que andam a preparar o modelo TS030 para o Mundial de Endurance e as 24 Horas de Le Mans. Com a quantidade de noticias nesse sentido, um porta-voz da companhia confirmou na sexta-feira que estão a preparar um motor com o fim de o colocar num carro de ralis, sem contudo afirmar que é para regressar ao Mundial a curto prazo.

Estamos a pensar num carro que possa ficar disponível para clientes, sendo este um projeto em desenvolvimento, mas que está apenas no começo.O motor foi 'ligado' há algumas semanas e o carro só deverá estar disponível no próximo ano.” começou por dizer um porta-voz da marca. “Sendo um motor 'global' pode ser colocado em qualquer carro, mas o Yaris parece-nos fazer muito sentido. De médio a longo prazo parece haver lógica em apostar no WRC. Já lá estivemos, e este é o primeiro passo rumo ao regresso.”, concluiu.

Por agora, não há prazos sobre a altura em que a Toyota regressará aos ralis, mas com a Volkswagen em ação em 2013 e possibilidade da Lancia regressar em 2014, é muito provável que, o mais tardar em 2014, a marca japonesa faça a sua aparição, num Mundial de ralis que lentamente se está a tornar-se num local atraente para muitas equipas. 

domingo, 8 de abril de 2012

Sobre o Bahrein, a quinze dias da corrida

A duas semanas do GP do Bahrein, nunca se falou tanto do pequeno emirado como foi neste final de semana. Vi noticias nos canais internacionais como na CNN e na BBC. A Al-Jazeera, que já falava desde há algum tempo, voltou à carga. E tudo não só por causa da chegada da Formula 1 à região, mas também por um novo fato, e se chama Abdulhadi Alkhawaja

Quem é ele? É um proeminente ativista dos Direitos Humanos, com uma dupla nacionalidade barenita e dinamarquesa, preso devido ao seu envolvimento nos protestos e agitação social no ano passado. Preso e condenado a prisão perpétua no ano passado, Alkhawaja decidiu há 59 dias entrar em greve de fome, até que as suas exigências de uma amnistia geral sejam atendidas. E pelas últimas noticias, pode estar à beira da morte, pois está muito fraco. E caso ele morra antes do - ou no final de semana de - dia 22 de abril, dia do Grande Prémio, as coisas poderão piorar bastante mais, com centenas de milhares de pessoas na rua e potencial para destruição de pessoas e bens. 

Kevin Connolly, o correspondente da BBC naquela região, afirmou sobre esta situação: "As autoridades estão desesperadas por terem a Formula 1, pois é um símbolo da sua normalização politica e aproximação ao Ocidente. E os protestantes sabem que a chegada da Formula 1 ao seu país é uma oportunidade de aparecerem de novo nas primeiras páginas de uma forma que nem sempre acontece".

As pressões são muitas, quer para um lado, quer para o outro. Há neste momento, como muitos sabem, uma batalha nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook, para que se boicote o GP barenita. E também muitas pessoas nessas redes sociais pensam que se os pilotos agissem individualmente, ou em grupo, afirmando que não querem correr ali por temerem a sua segurança, ou porque são solidários com o povo local e o seu sofrimento, ou então porque não são marionetas politicas de ninguém, as coisas seriam diferentes. Sim, mas eles estão "presos" a compromissos das equipas, dos patrocinadores, dos financiadores. Calam-se hipócritamente, dizendo o que vão na alma apenas "off the record". E não são só eles: os mecânicos, os engenheiros... todos eles temem pelo Bahrein. E temem também que a Formula 1 veja a sua reputação manchada por isto.

Mas nada dizem, porque quem manda no circo é Bernie Ecclestone. Ninguém gosta de meter a boca no trombone e incomodar o velho anão, que quer ajudar a familia real barenita, e especialmente o principe herdeiro, que é um verdadeiro "petrolhead". Afinal de contas, para Ecclestone, certamente ele não deve ter ninguém que queira dar 60 milhões de dólares somente para ser a corrida de abertura do campeonato, como fizeram em 2010, e como iam fazer em 2011. 

Ironicamente, graças ao testemunho do Luis Fernando Ramos, vulgo o Ico, descobri hoje que ir ao Bahrein é bastante mais fácil do que pedir um visto à China. Não sei se tem a ver com a dimensão dos países ou se tem a ver com o tipo de visitante, mas toda a gente no meio diz que muito provavelmente, não fará a viagem nem à China, nem ao Bahrein. E não tem a ver com a situação dos Direitos Humanos em ambos os países, mas mais com motivos práticos e de burocracia.

E com isto tudo, cada vez mais me convenço que a "Formula Ecclestone" vai para esses lugares apenas por causa do dinheiro...