
No dia de hoje, falo de um carro que marcou os anos 70 e foi mais uma das criações geniais de
Gordon Murray, que deu à equipa cinco vitórias, uma delas memorável, no Brasil, pois foi aí que se sucedeu a unica vitória de
José Carlos Pace, o "Môco" e que por causa disso, o circuito de Interlagos tem agora o seu nome. Hoje falo do
Brabham BT 44.
Depois da retirada de Jack Brabham, em 1970, a equipa passaou para as mãos do seu engenheiro-chefe, Ron Tauranac. Mas no final de 1971, e apesar de terem nas suas fileiras o inglês Graham Hill, a equipa não conseguia vitórias. Sendo assim, no final do ano, Tauranac vendeu a equipa a um empresário inglês de 41 anos, ex-manager de Jochen Rindt. O seu nome era Bernie Ecclestone.

Em
1972 e
1973, a Brabham ficava regularmente no meio do pelotão, mas nunca alcançava as vitórias. Aliás, no inicio de 1974, a Brabham não ganhava oficialmente desde o
GP da Africa do Sul de 1970, quando o "Black Jack" dominou a corrida, tinha ele na altura 44 anos...
Entretanto, a Brabham tinha contratado em 1971 um jovem engenheiro sul-africano que depois da Universidade, tinha procurado emprego na Lotus Cars, mas não aceitaram. Chamava-se Gordon Murray. Sendo assim, foi para a Brabham, após a entrada de Bernie Ecclestone, onde pensva ficar dois anos, mas afinal ficou durante 17!

Em
1972, desenha o
Brabham BT42, que teve bons resultados, mas não ganhou corridas. O BT44 foi uma evolução desse modelo, mas para melhor. A frente, em forma de cunha, fazia lembrar o
BT34 de 1971, conhecido por "
pata de lagosta" devido à sua frente. Contudo, Murray fez com que fosse eficaz e estéticamente, tornou-se um dos carros mais belos do seu tempo. Em termos de motorização, para além do habitual motor Cosworth, o carro tinha também caixa de velocidades Hewland. Em suma: quanto mais simples mecanicamente, melhor.
O carro estreou-se no GP da Argentina de 1974, com Carlos Reutmann e o australiano Richard Robarts ao volante. Reutmann quase vence essa corrida, mas o carro fica sem combustível na última volta, e isso atirou-o para o sétimo lugar. Contudo, duas corridas depois, na Africa do Sul, Reutmann vence categoricamente essa corrida, demonstrando o potêncial vencedor do carro. Entretanto, Ecclestone substitui Robarts por Rikky Von Opel, do Lichtenstein, mas os resultados são piores. A meio da época, vai buscar um piloto que tinha saído em litígio pouco tempo antes com a Surtees: José Carlos Pace.
O brasileiro dá-se bem com a equipa e com Bernie Ecclestone, e na corrida final, em Watkins Glen, ele acompanha Reutmann na primeira dobradinha de sempre da marca, numa corrida onde o seu compatriota Emerson Fittipaldi se tornou bi-campeão do mundo. Era a terceira vitória do ano para Reutmann, depois de ter ganho em Zeltweg.
Para 1975, Gordon Murray faz uma "versão B" do BT44, tentando melhorar as suas capacidades, e isso acontece no inicio do ano, quando têm excelentes performances nas três primeiras corridas do ano: em Buenos Aires, Reutmann acaba em terceiro, e em Interlagos, Pace leva os seus compatriotas em delírio, quando ganha a corrida caseira, com Fittipaldi em segundo, na primeira "dobradinha" brasileira de sempre. Na Africa do Sul, Pace faz a "pole-position" e a volta mais rápida, acabando no quarto lugar, enquanto que Reutmann é segundo, atrás do vencedor, Jody Scheckter.
Contudo, essa grande entrada inicial não tem grandes consequências quando a Formula 1 chega à Europa, pois eles são batidos pelos Ferrari de Niki Lauda e Clay Regazzoni. Para além disso, Gordon Murray não consegue mais dar tanta atenção ao carro, porque o seu patrão tinha acabado de alcançar um acordo de fornecimento de motores com a Alfa Romeo, e Murray começou logo a desenhar o Brabham BT45, para os albergar. Mal ele sabia que isso era o começo de três anos de pesadelo para ele e para a equipa...
Contudo, essa falta de desenvolvimento desejavel não impediu que Pace e Reutmann conseguissem boas posições, e mesmo a vitória, Foi o que aconteceu ao piloto argentino, quando alcançou o primeiro lugar no "Inferno Verde", o circuito de Nurburgring, na Alemanha. No final do ano, a equipa alcança o segundo lugar no campeonato de Construtores, a sua melhor classificação desde 1967.
Apesar de ter sido substituido no inicio de 1976 pelo BT45 com motor Alfa Romeo, o carro ganhou mais algum tempo de vida graças a John McDonald e a sua equipa RAM. Durante todo o ano de 1976, uma variedade de pilotos tripulou o BT44B, mas sempre sem resultados.
Carro: Brabham BT44
Projectista: Gordon Murray
Motor: Costorth V8 de 3 Litros
Pilotos: Carlos Reutmann, Richard Robarts, Rikky Von Opel, José Carlos Pace, John Watson, Emilio de Villiota, Lella Lombardi, Jac Nellman, Bob Evans, Patrick Neve, Damien McGee.
Corridas: 45
Vitórias: 5 (Reutmann 4, Pace 1)
Pole-Positions: 2 (Reutmann 1, Pace 1)
Voltas Mais Rápidas: 4 (Pace 3, Reutmann 1)
Pontos: 106 (Reutmann 69, Pace 32, Watson 5)