sábado, 22 de junho de 2013

The End: Allan Simonsen (1978-2013)

Independentemente do resultado das 24 Horas de Le Mans deste ano, esta vai ficar marcada pela morte do dinamarquês Allan Simonsen, piloto oficial da Aston Martin numero 95, que fazia dupla com os seus compatriotas Christopher Nygaard e Kristian Poulsen, bateu fortemente na saída da Tetre Rouge na terceira volta da clássica de Endurance. Meti o video do acidente logo que esteve disponível, e vi o socorro a ser feito, e temi que algo de grave tivesse acontecido, mas não pensei que as consequências fossem tão fatais. E é muito triste para mim, e para todos nós.

Assim sendo, Simonsen é o mais recente elemento de uma lista de fatalidades na clássica de La Sarthe. O último a morrer em plena corrida foi o austriaco Jo Gartner, na edição de 1986, quando se despistou na Tetre Rouge (que ironia!) com o seu Porsche 956, em plena madrugada. O carro se desfez em dois e o piloto, que teve uma participação na Formula 1 em 1984, teve morte imediata. Contudo, entre ambas estas fatalidades, houve mais uma outra, do francês Sebastien Enjolras, quando tentava qualificar o seu carro na edição de 1997. Apesar da morte, a equipa da Aston Martin decidiu que irá continuar com os seus carros na pista. 

Nascido a 5 de julho de 1978 em Odense, Simonsen (não confundir com o antigo jogador de futebol dinamarquês com o mesmo nome) começou a competir em 1999, na Formula Ford dinamarquesa, onde foi campeão. Depois de passagens pela Formula Palmer Audi e na Formula Renault britânica, decidiu apostar na Endurance e nos Turismos, com passagens pela Austrália, quer nos V8, quer nos GT's, onde foi campeão local em 2007. É nesse ano que começa a correr em Le Mans, num Porsche 997 da classe GT2, ao lado de Lars-Erik Nielsen e o alemão Pierre Ehret, acabando no terceiro lugar da sua classe.

Em 2008, corre com um Lola-Mazda de LMP2, pela equipa Kruse Schiller Motorsport, ao lado do francês Jean de Pourtales e do japonês Hideki Noda, não terminando a corrida. A partir daqui, passa para os GT's, pela Team Farnbacher, num Ferrari F430, e depois num Ferrari 458, onde foi segundo da sua classe em 2010. Em 2012, passa para a equipa oficial da Aston Martin, onde na sua primeira participação com Nygaard e Poulsen, terminou a sua corrida após 137 voltas.

É sem dúvida, mais um dia triste para o automobilismo. Especialmente quando deveria ser uma de celebração. Ars lunga, vita revis.

Youtube Le Mans Crash: O acidente do Aston Martin na Tetre Rouge

Nem três voltas (ou dez minutos) passaram sobre o inicio das 24 Horas de Le Mans, e já temos acidente. O Aston Martin numero 95, guiado naquele momento pelo dinamarquês Allan Simonsen bateu forte na zona de Tetre Rouge e pedaços do carro voaram para a pista. resultado final? Safety Car numa corrida onde o tempo está incerto e a pista húmida. Será que vai ser assim para o resto da corrida? 

Enfim, eis o video do acidente.

WRC 2013 - Rali da Sardenha (Dia 1)

No primeiro dia do Rali da Sardenha, as coisas andam numa luta ao segundo na ilha italiana - com capotanços pelo meio - mas no final, é Sebastien Ogier a andar na frente, no seu Volkswagen Polo R, a mais de vinte segundos de vantagem sobre o Citroen DS3 WRC de Mikko Hirvonen. Mas o primeiro dia já ficou marcado pelos capotamentos dos Ford de Evgueny Novikov e Mads Ostberg.

Este aconteceu na segunda classificativa do dia, quando era terceiro classificado, perseguindo o carro de Hirvonen. Apesar do aparato (o carro ficou com as rodas no ar), nem ele, nem a sua navegadora, a veterana Ilka Minor, sofreram ferimentos. A mesma coisa aconteceu a Mads Ostberg, na especial noturna, perdendo o quarto posto que tinha naquele momento.

Outros tiveram problemas, como os VW de Jari-Matti Latvala e Anders Mikkelsen. O finlandês, primeiro lider do rali, furou e atrasou-se, enquanto que o norueguês se queixava da direção assistida do seu carro. Apesar disso, no final do dia era o sexto classificado. Pior ficou o estreante galês Elfyin Evans, que bateu numa pedra e furou, caindo para o décimo posto, a mais de três minutos da liderança, conseguindo depois recuperar um lugar com a desistência de Ostberg.

No rali propriamente dito, Hirvonen conseguiu manter o segundo posto, apesar de ter sido ao longo do dia, cada vez mais pressionado pelo Ford de Thierry Neuville, que, no último troço, lhe voltou a ganhar tempo e terminou o dia a somente 3,1 segundos do piloto da Citroen. Quarto classificado era outro Citroen, o de Dani Sordo, mas era agora pressionado por Latvala, que fazia uma corrida de recuperação, sendo agora quinto, depois de passar Mikkelsen.

Martin Prokop acabava o dia no sétimo posto, na frente do Ford do polaco Michal Kosiuszcko e de Elfyn Evans, enquanto que a fechar os pontos estava o melhor dos WRC2, o Citroen do polaco Robert Kubica.

O Rali da Sardenha prossegue este sábado. 

Youtube Video Crash: O acidente de Evgueny Novikov na Sardenha

O russo Evgueny Novikov terminou cedo a sua participação no Rali da Sardenha, quando na segunda classificativa do dia, decidiu fazer uma curva rápido demais e provocar o capotamento do seu Ford Fiesta WRC. Felizmente, ele e a sua navegadora, a veterana Ilka Minor, não sofreram nada de grave. 

WSR: Vandoorne foi o melhor, Félix da Costa é segundo

A primeira corrida das World Series by Renault, no circuito de Moscovo, mostrou que a luta pelo título vai ser a três, entre o belga Stoffel Vandoorne, o português António Félix da Costa e o dinamarquês Kevin Magnussen. Isso porque esta manhã, Vandoorne foi o melhor, conseguindo bater Félix da Costa. E ambos conseguiram ganhar terreno a Magnussen, que ficou fora dos pontos, na 11ª posição, conseguindo recuperar do 17º posto que tinha sido relegado nos treinos devido a penalização.

A corrida coneçou com o português ao ataque, mas o belga conseguiu defender-se. A partir dali, este começou a distanciar-se, com as posições a não se alterarem até ao final. Atrás, o holandês Nigel Melker ficou logo com o terceiro posto, mas teve de se defender, primeiro de William Buller, e depois de Will Stevens, que passou Buller na sétima volta. Atrás, Magnussen conseguiu passar cinco pilotos logo na primeira volta, mas não foi capaz de ir mais longe, pois esteve muitos tempo atrás de Arthur Pic, até este cometer um erro. 

Quando aconteceu, o dinamarquês estava demasiado longe para ir buscar mais pilotos e ficou de fora. E por causa disso, a diferença para Vandoorne reduziu-se para quatro pontos, enquanto que Félix da Costa está agora a uma distancia de 26 pontos. Uma vitória, portanto.

E foi isso que disse mais tarde, na sua página do Facebook: "Um bom resultado! Mostrámos que na qualificação estamos mais competitivos e na corrida tive um pequeno problema com uma rotura no escape logo a partir da 4ª volta, que afectou a potência na aceleração à saída das curvas e me impossibilitou de impor a pressão que desejava sobre o Vandoorne. De qualquer forma recuperámos 18 pontos em relação ao líder do campeonato."

A segunda corrida da WSR em Moscovo acontecerá amanhã. 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Youtube Rally Video: Vatanen, o poeta dos ralis

Estando eu de férias, não acompanho muito do que se passa por aí, e foi só hoje que soube do novo video do Antti Kalhola, sobre Ari Vatanen, considerado um dos melhores pilotos de ralis vindos desse país chamado Finlândia.

Lembro-me dos seus feitos, especialmente nos Peugeot de Grupo B, que tão bem sabia controlar, e provavelmente deve ter sido o meu primeiro ídolo, especialmente na altura em que teve aquele grave acidente na Argentina, em agosto de 1985, onde esteve à beira da morte e passou por uma longa convalescença. Quando voltou, foi para o Dakar e venceu em algumas edições, incluindo uma famosa edição, onde em luta com Jacky Ickx, foi decidida por Jean Todt, então o patrão da Peugeot... de moeda ao ar. O finlandês ganhou e Ickx cumpriu o acordado... a alguns metros da meta.

Vatanen nao deixou de guiar, mesmo depois de envredar numa carreira paralela de politico, sendo deputado europeu por duas vezes, e tentado a presidência da FIA em 2009, contra... Jean Todt.

O video é longo, mas como sempre, vale a pena ver.

Le Mans: Nissan volta à carga com um DeltaWing eletrico em 2014

No dia em que a Audi conquistou facilmente a pole-position das 24 Horas de Le Mans, a Nissan anunciou que irá voltar à carga com o DeltaWing, de uma forma oficial, pra a Garagem 56 na edição de 2014. O carro, que vai ter uma cobertura, ao contrário que aconteceu e 2012, vai ser totalmente elétrico, o ZEOD RC.

De acordo com a marca japonesa, o ZEOD RC vai utilizar um propulsor baseado na arquitetura do seu carro de estrada, o Leaf. Com Ben Bowlby de novo envolvido no projeto, a marca acredita que este novo DeltaWing atinja os 300 km/h.

Andy Palmer, um dos vice-presidentes da Nissan, afirma que o objetivo desta participação é avaliar a viabilidade de uma "futura utilização deste tipo de tecnologia num futuro carro de LMP1, tendo em vista um regresso da Nissan à categoria principal das 24 Horas de Le Mans. Existem várias hipóteses de utilização, incluindo um carro que possa mudar entre motor de combustão e motor de zero emissões, que também pode representar a futura direção dos nossos carros".

Para quem afirmava que o carro "era feio" ou que "era uma idiotice", entre outras coisas, pois parece que voltam a insistir no conceito...

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Youtube Motorsport Experience: Felix Baumgartner a bordo de um Formula 1

Depois de no ano passado Félix Baumgartner ter batido os recordes de salto de para quedas em altitude e a barreira do som  durante essa queda, a Red Bull, que o apoiou, decidiu dar-lhe a hipótese de andar num carro de Formula 1 numa série de experiências no circuito de Paul Ricard, guiado por Sebastian Vettel e por David Coulthard, este num Formula 1 de três lugares.

E pelos vistos, toda a gente divertiu-se...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Youtube Rally Documentary: Mais Fácil Dizê-lo Do Que Fazê-lo

Acabo de ver através da página oficial do "Doidos por Rally": fizeram um documentário sobre ralis. Mas não é um documentário qualquer, são um grupo de americanos que decidiram fazer um documentário sobre esta modalidade que embora não tenha a visibilidade de outras disciplinas do automobilismo, há cada vez mais gente a fazê-lo nos Estados Unidos.

O filme chama-se "Easier Said Than Done" (Mais Fácil Dizê-lo Do Que Fazê-lo, na tradução mais apróximada) e foi filmado ao longo de 18 meses em oito países e conta com testemunhos de pilotos como Petter Solberg e Ken Block, mas também de amadores que dedicam a sua vida (e gastam as suas economias) para fazer o que gostam. O documentário vai estrear a 28 de setembro, mas eis aqui o trailer de apresentação. 

Deve valer a pena vê-lo.

Algumas palavras sobre Murray Walker

De férias e com uma má Net, inevitavelmente postarei pouco neste espaço por estes dias. Mas ontem soube que o "gigantesco" Murray Walker, que fará 90 anos em outubro, foi-lhe diagnosticado um cancro linfático nas suas fases iniciais. O mítico comentador da BBC por mais de três décadas - reformou-se em 2002 - foi-lhe diagnosticado com a doença quando fazia exames após a sua queda num barco na Alemanha, fraturando a bacia.

Walker disse que o seu cancro foi apanhado nas fases iniciais e espera que terá uma rapida recuperação. Ele confia até nos genes, já que a sua mãe viveu até aos... 101 anos! Era engraçado ver o Tio Murray centenário, a comentar alguma corrida de 2024, provavelmente com algum dos pilotos do atual pelotão...

Walker é o equivalente inglês ao Galvão Bueno. Mas ao contrário do comentador brasileiro, ele abraçava os seus enganos que mandava no ar, em direto. Existem "t-shirts" de Walker com as suas frases miticas, do género: "Se não estou enganado... e estou MESMO enganado!" e a dupla que fazia com James Hunt, entre 1981 e 1993, ecoou nas mentes de toda uma geração.

Hoje em dia, posso dizer que não há um substituto de Murray Walker. Na Sky Sports, temos alguém nessa função como o David Croft, mas francamente não ligo muito nele quando temos alguém muito bom a comentar como o Martin Brundle. E com outros comentadores como Johnny Herbert, Damon Hill e Eddie Jordan, na Sky e o David Coulthard, na BBC, a função do profissional já não é tão importante como era no tempo de Murray Walker. Basta um bom piloto com bons conhecimentos de jornalismo.

Contudo, toda a gente reconhece que, apesar dos disparates que ele mandava, valia a pena ouvir Murray Walker naquelas tarde de domingo, da mesma forma que ouviam os acordes de "The Chain", dos Fleetwood Mac, pois sabiam que era o sinal do inicio da transmissão da BBC, e podiam ver os seus pilotos favoritos, fossem eles britânicos ou não. O Joe Saward resumiu a admiração existente a ele a uma frase: "tesouro nacional". E é verdade.  

segunda-feira, 17 de junho de 2013

James Hunt, vinte anos depois

Neste sábado que passou comemoraram-se os vinte anos da morte inesperada de James Hunt, vítima de um forte ataque cardíaco à idade de 45 anos. Num ano em que veremos nos cinemas um pouco por todo o mundo a dramatização do seu duelo com Niki Lauda, em 1976, no filme "Rush", de Ron Howard, é bom recordar a carreira de alguém que viveu num tempo em que, enquanto que todos os excessos eram possíveis, poderia ser um piloto competitivo e vencer.

Confesso que não sei como definir um sujeito com carisma, mas creio que dizer o que pensa, sem medir as palavras deve ser um deles. Mas creio que ser corajoso também seja uma delas, e Hunt tinha ambas. Hoje em dia, vermos um comportamento de "playboy" numa competição como a Formula 1 é praticamente uma impossibilidade, excepto, talvez... Kimi Raikkonen. Mas em 1973, quando Hunt chega à categoria máxima do automobilismo, faz o possivel para dar nas vistas, graças a um jovem barão chamado Alexander Hesketh.

Aliás, Harvey Postlethwaithe, o projetista da equipa, contava uma história sobre a razão porque ele foi para lá: "Eram os únicos onde deixavam embebedar-me". Devido ao ambiente de festa que havia numa equipa, onde mesmo assim, tinham sucesso. Hunt foi veloz: deu o seu primeiro pódio no GP da Holanda de 1973, em Zandvoort, venceu lá dois anos depois e tornou-se no menino querido da imprensa, tal como Hesketh. Mas no final de 1975, o dinheiro acabou e o inglês parecia estar num beco sem saída. Até que Emerson Fittipaldi decide ajudar o seu irmão no sonho da equipa brasileira de Formula 1, a Copersucar, e o lugar na McLaren passou a ser seu.

Mas parecia que aquela iria ser uma temporada inglória. O seu maior rival era o austriaco Niki Lauda, que tinha sido campeão do mundo no ano anterior, e tinha tido um arranque quase perfeito, vencendo duas das quatro primeira corridas da temporada de 1976, embora em Kyalami, tinha tido Hunt sempre atrás de si, vendendo cara a sua derrota, mostrando o seu espirito combativo. Depois disso, venceu em Jarama, mas a sua vitoria só seria confirmada em julho, pois inicialmente ele fora desclassificado por causa de uma irregularidade em relação ao tamanho da asa traseira. Uma irregularidade que a equipa depois demonstrou que poderia acontecer com a simples dilatação da peça, com o calor.

Até a 1 de agosto desse ano, toda a gente pensava que apesar da luta de Hunt, Lauda ficaria com o cetro. Mas nesse dia, um acidente no circuito alemão de Nurburgring, no temido Nordschleife, de 23 quilómetros, mudou tudo. Niki Lauda fica envolto em chamas, salvo por mais alguns dos seus companheiros de profissão, como Brett Lunger, Arturo Merzário ou Harald Ertl, e fica com os pulmões queimados, a ponto de ser-lhe concedida a extrema-unção, porque os médicos duvidavam da sua sobrevivência.

Após isso, tudo mudou: Hunt acreditou que era alcançável o primeiro lugar, vencendo em lugares como na Holanda. Mas de um modo surpreendente, quase um milagre, Niki Lauda volta a um carro, em Monza, 42 dias depois do seu acidente e perante o delirio dos "tiffosi". O austriaco consegue arrancar exibições boas, e para melhorar as coisas para os lados da Ferrari, esta venceu o apelo que tinha lançado junto do tribunal da FIA, quando esta contestou o resultado do inicio do GP da Grã-Bretanha, onde uma carambola tinha envolvido Hunt e Lauda. O inglês foi desclassificado e o resultado da FIA tinha sido divulgado no fim de semana do GP  do Canadá. 

Alastair Caldwell, o "team manager" da McLaren, conta no seu site pessoal que Hunt, que até então seguia um regime minimamente espartano, tutelado por Caldwell, pura a simplesmente tinha desistido e fora celebrar como nunca tinha celebrado, no hotel onde estavam hospedados em Toronto. Apareceu de manhãzinha, aparentemente cruzou-se com um Lauda que ia para o circuito, com uma mulher em cada braço... e contnuou a festa no seu quarto. Venceu a corrida, e depois repetiu a dose em Watkins Glen.

A historia do GP do Japão é o final indicado, com ou sem elementos de lenda. Com ou sem uma festa semanal de orgia com as hospedeiras da British Airways, com ou sem o Barry Sheene, os factos foram estes: uma tempestade enorme no circuito, Lauda a desistir na segunda volta porque teve medo - ou inteligência - de correr - ou deixar de correr - nestas condições. Ele pensava que Hunt acabaria numa valeta, mas na realidade, acabou no pódio, a comemorar un dos títulos mais improváveis da história da Formula 1.

Hunt deu o seu melhor na McLaren. Mas a equipa vivia uma fase descendente, e Hunt começou a ficar mais distraido, mais desmotivado. Os excessos começaram a levar a melhor sobre ele e no final de 1978, após uma má temporada da marca - superada em toda a linha por uma Lotus fabulosa com o modelo 79 - Hunt foi para a Wolf. Mas mesmo com um bom carro, o seu pensamento estava noutras bandas e após o GP do Mónaco, decidiu que era tempo de pendurar o capacete.

E ao longo dos anos 80 a unica coisa positiva foram os seus comentários na BBC, ao lado de Murray Walker. De resto, tudo acabava: o alcool, as drogas, o divórcio com a sua segunda mulher, o dinheiro - teve de declarar falência em meados da década, pois ficou sem dinheiro - e apenas no inicio dos anos 90 é que encontrou alguma paz de espirito. E ele ganhava uma segunda vida na televisão, sendo ele mesmo: James Hunt, uma pessoa que sabia muito de Formula 1 e nunca deixou de dizer o que pensava. Falava mal dos retardatários - certo dia, no Mónaco, em 1989 achou a resposta de René Arnoux sobre a sua dificuldade em adaptar-se aos carros atmosféricos com o seu Ligier como "uma perfeita treta" ("bullshit", no original), chamou Andrea de Cesaris de "idiota" e Phillipe Alliot de "um tipo que é desnecessário à Formula 1".

Nessa altura, parecia que a vida de Hunt tinha dado um circulo completo. Em paz de espirito, tinha intenções de casar uma terceira vez quando um ataque cardíaco fulminante o matou, aos 45 anos de idade. Quando vinte anos depois, voltaremos a recordar o piloto britânico, pode-se dizer que ninguém o esqueceu. Ainda bem, as novas gerações têm de saber quem foi essa personagem e porque tem um lugar tão especial.