sábado, 10 de maio de 2025

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Há 55 anos, acontecia um duelo que acabou literalmente... na última curva da última volta. Um duelo do qual espectadores e organizadores demoraram em saber quem tinha ganho. 

O GP do Mónaco de 1970 era a terceira corrida do campeonato, e acontecia duas semanas depois do GP de Espanha e da estreia do Lotus 72. Rindt tinha detestado, e Colin Chapman disse que o melhor seria deixar o carro na fábrica, para ser modificado para o melhorar. Com isso, Rindt regressava ao modelo 49 para correr nele. Contra ele tinha Jack Brabham, no seu carro, e principalmente os Marchs: os oficiais, guiados por Chris Amon e Jo Siffert, e os clientes, guiados por Jackie Stewart e Johnny Servoz-Gavin. E um estreante: o sueco Ronnie Peterson.

E claro, os outros: os McLarens de Dennis Hulme e Bruce McLaren, os BRM de Pedro Rodriguex e Jackie Oliver, os Matra de Jean-Pierre Beltoise e Henri Pescarolo e o solitário Ferrari de Jacky Ickx. 

No final da qualificação, Stewart levou a melhor, ao lado de Chris Amon, noutro March. Hulme e Brabham ficaram com as uas posições seguintes, e Rindt foi apenas oitavo. Cinco carros ficaram de fora, entre eles o Lotus oficial de John Miles e o March de Johnny Servoz-Gavin. Iria ser a sua última corrida na Formula 1. Menorizado depois de um acidente no Inverno, que afetou a sua visão, decidiu pendurar o capacete, apenas com 28 anos de idade. 

Foi uma corrida bem interessante. Stewart liderou a corrida até à volta 27, quando começou a ter problemas com o seu carro, deixando de funcionar corretamente. E entregou o comando para Brabham, com o escocês a regressar à pista, para retirar-se pouco depois.

Brabham passou a controlar a corrida, enquanto Amon era segundo, Hulme terceiro e Rindt quarto. O neozelandês retirou-se na volta 62, vitima de uma quebra da suspensão. Por esta altura, Hulme tinha problemas na caixa de velocidades e perdia posições. Por esta altura, a diferença entre ambos era de nove segundos, e o que o piloto da Lotus fez foi aumentar o ritmo e tentar apanhar Brabham.

E no inicio da 80ª e última volta, a diferença entre ambos era de menos de dois segundos. Ambos se aplicaram, mas tudo indicava que o australiano iria levar a melhor e conseguir a sua segunda vitória em três corridas e se destacar no campeonato. Isto... se conseguisse fazer a curva do Gasómetro, uma curva de 180 graus, (a versão atual só apareceu em 1973) na frente do piloto da Lotus.          

E no final... Brabham travou a fundo, mas numa área escorregadia, seguiu em frente e bateu nos fardos de palha, mas ainda capaz de manobrar para seguir em frente. Rindt estava mesmo atrás dele e assistiu a tudo. Fez a curva, acelerou e cortou a meta em primeiro lugar... e ninguém comemorou. Porque não tinham visto a manobra! Nem o comissário, que tinha a bandeira de xadrez na mão, nem Colin Chapman, que tinha visto o seu piloto cruzar a meta. Só depois, quando ele parou o carro, e soube o que tinha acontecido. Brabham ficou com o segundo posto, derrotado, mas dando luta. Com 44 anos de idade.

A fechar o pódio, um Matra, o de Henri Pescarolo. Tinha sido o seu primeiro pódio, e iria ser o único da sua carreira na Formula 1. 

Youtube Motorsport Vídeo: Os novos desafios de Robert Wickens

Vocês se lembram de Robert Wickens, não se lembram? O piloto canadiano, vitima de um acidente sério em Pocono, em 2018, numa prova da IndyCar, que o fez passar por 200 G's de pressão, acabou por sofrer lesões na espinal medula, e passar por uma longa reabilitação, até regressar ao automobilismo, correndo agora na TCR America, num carro adaptado à sua condução, ou seja, correr com controlos nas mãos.

Num documentário da Autosport britânica, e com testemunhos de gente como James Hintchcliffe, Leigh Diffiey ou Will Buxton, fala-se sobre o acidente, a sua longa recuperação, a sua adaptação a uma nova competição, entre outros assuntos. E o que fax ainda andar, depois disto tudo.  

sexta-feira, 9 de maio de 2025

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O final de uma era. No momento em que sai do seu carro e vê que não conseguiu um tempo para ficar dentro dos qualificados para o GP do Mónaco, ele entendeu que o seu tempo atrás do volante tinha chegado ao final. 

Graham Hill, em tempos, tinha sido considerado o "sr. Mónaco", pelas suas cinco vitórias, a mais recente delas conquistada em 1969, aos 39 anos. Mas agora, em 1975, aos 47 anos, ele era uma sombra dos tempos passados. Primeiro, o acidente que tinha sofrido no final de 1969, em Watkins Glen, e consequente recuperação, do qual se esforçou para estar a tempo de correr a primeira corrida do ano seguinte, em Kyalami, e depois, as duas temporadas pela Brabham, do qual acabou por ser superado pelos seus companheiros mais jovens, o argentino Carlos Reutemann e o brasileiro Wilson Fittipaldi. Quando no final de 1972, Bernie Ecclestone - que era mais novo que ele! - o dispensou, ele ainda quis correr mais tempo. 

Construir a sua equipa, consistia em arranjar mecânicos e projetistas, para construir um chassis, arranjar um motor Cosworth, para o preparar da melhor maneira possível, e como estamos a meio da década de 70, um excelente patrocinador, de preferência, uma tabaqueira, para pagar as despesas. E com isso, arranjar os melhores elementos possíveis para a mantar. E pilotos velozes. Aos poucos, estava a conseguir.

O que tinha acontecido em Barcelona com um dos seus carros, quando liderava um Grande Prémio o tinha colocado no centro das atenções, e nas ruas do Principado, ele tomava conta do lugar de Rolf Stommelen, que recuperava das suas fraturas no hospital. Tinha 47 anos, mas achava que ainda tinha algo para dar. Mas no Principado, a própria organização tinha visto o que acontecera em Barcelona e queria mostrar que aprendera a lição. Mais proteções nos guard-rails, e menos carros na pista: nesse ano, apenas 18 bólidos iriam participar, em 26 inscritos. Hill tinha de fazer uma grande qualificação. 

Com participações desde 1958, era um grande feito, dada a volatilidade de um piloto de corridas na altura. Ele já tinha participado em 176 corridas, um recorde, e queria mais uma, ainda por cima, no seu lugar favorito. Mas à medida que o tempo passava, o número mágico, para ficar na 20ª posição, aquela que dava a qualificação, começava a escapar-se. Tentou no chassis novo, o Hill, e até foi buscar o antigo, o Lola de 1974, desenhado por Andy Smallman, que o atraíra para a sua equipa e desenhar o GH1, o seu primeiro carro.

As tentativas estavam a ser inúteis, até chegar ao desespero. Deu tudo, até ficar além do limite, e no final, 377 centésimos foram suficientes para ficar de fora da grelha de partida, com o 23º melhor tempo. O último dos qualificados foi o Hesketh de um jovem australiano chamado Alan Jones, que dava os seus primeiros passos na Formula 1. 

Desalentado, saiu do carro, tirou o capacete e descansou, para refletir. Pouco depois, disse aos jornalistas que aquela tinha sido a sua última corrida. Iria concentrar na sua Embassy Hill e nas agruras de ser um diretor de equipa. Na corrida seguinte, o seu substituto iria ser um jovem britânico, Tony Brise. O Matusalém do automobilismo tinha pendurado o capacete, mas continuaria noutra função.     

O regresso da Team Lotus?


Team Lotus. A divisão competitiva da Lotus Cars, fundada em 1954, e que de 1958 a 1994, esteve na Formula 1. Sete campeonatos do mundo de Pilotos, outros tantos de Construtores. Lugar onde correram gente como Innes Ireland, Jim Clark, Graham Hill, Jochen Rindt, Emerson Fittipaldi, Mário Andretti, Ronnie Peterson, Elio de Angelis, Nigel Mansell, Ayrton Senna, Nelson Piquet, Derek Warwick, Alex Zanardi, Johnny Herbert e Pedro Lamy, entre outros.

Apesar de ter desaparecido no final da temporada de 1994, existiu uma reativação entre 2010 e 2012, com sede em Enstone e com pilotos como Kimi Raikkonen, Nick Heidfeld e Bruno Senna, entre outros. Hoje em dia, o nome está nas mãos da Lotus Cars, que por sua vez, fax parte do Grupo Geely, que tem a Volvo, por exemplo. Nos últimos tempos, a Lotus está a reforçar os seus modelos e a colocar as suas ações na NASDAQ nova-iorquina, em algo lento, mas sólido. 

De quando em quando, há quem fale sobre a ideia de ver a Lotus de novo numa grande competição, um pouco a passar o espírito de Colin Chapman, seu fundador. A Geely aparenta não estar grandemente interessado nessa ideia, embora as marcas que detêm tem suficientemente autonomia para fazerem o que quiserem em termos competitivos. Contudo, quem conhece a história da equipa de Hethel, sabe que a única competição que vale a pena é a Formula 1, apesar de passagens pela IndyCar, por exemplo, e por Le Mans - embora sobre esta última, Chapman sempre detestou competir por lá, ou os seus pilotos. 

Contudo, por estes dias, o Joe Saward, no seu notebook/newsletter, contou que ter a Lotus na Formula 1 seria viável se o investimento fosse grande e sério. E também contou que a Geely tem uma participação de 17 por cento na Aston Martin, e poderia ser um nome melhor que a que lá está atualmente. E quase por coincidência - juro! - algumas horas depois de ler a newsletter, contaram-me que fizeram uma proposta para a Cadillac para que ficassem com... Lance Stroll como seu piloto. A sério?

E mais ainda: esta quinta-feira, em Mugello, Guanyou Zhou esteve a testar num Ferrari, aparentemente, nas obrigações de piloto de testes e de reserva da Scuderia. Pode ser um pouco de tudo - fala-se dele para ser piloto da Cadillac em 2026 - mas a ideia da Geely se mexer para escolher um "ponta de lança" no seu grupo e usá-la para se apresentar ao mundo, seria bem interessante. Quer seja para comprar um lugar ou montar uma estrutura para se candidatar à 12ª equipa no pelotão. E claro, não se pode descartar a ideia de tentar competir na Endurance e na Formula E, como está a fazer a McLaren.

Claro, é tudo muito especulativo. Mas a Team Lotus é uma equipa que tem prestigio, e melhor, carros para vender. Onde quer que aparecesse, seria uma marca para seguir, e a ideia de "win on sunday, sell on monday" (vença no domingo, venda na segunda), é muito tentador. A Formula E seria ótimo - e mais fácil de lá chegar - porque tem carros elétricos no seu portfólio. O resto seria uma questão de reunir recursos humanos e financeiros. Mas claro, a Formula 1 seria bem mais prestigiante. 

Os tempos que correm são ótimos para o automobilismo de pista. Ter um carro elétrico, um Hypercar, ou um Formula 1, será excelente, agora que as coisas estão mais controladas em termos de orçamentos. Considero que a classe Hypercar está... hipervalorizada, mas é bem tentador. Resta saber que tipo de planos eles tem: consolidar as vendas um pouco por todo o mundo ou atacar, no espírito de "lightness, then add speed"?

Isto é tudo especulativo, mas quando se começa a ouvir coisas aqui e ali...     

O que António Félix da Costa deseja para o futuro?


A Formula E vai de vento em popa nesta temporada, mas já se planeia para 2026. E há um piloto que procura um bom lugar para o próximo ano. Contudo, ele tem um critério do qual não abdica: quer correr na competição elétrica... e na Endurance. António Félix da Costa terminará no final da temporada o seu contrato com a Porsche, e apesar de não descartar uma renovação com a marca alemã, quer correr no WEC, depois de duas temporadas sem correr por lá, por exigências com a marca de Estugarda.

Falando no portal espanhol soymotor.com., o piloto de Cascais revelou que as conversas sobre o seu futuro estão ainda numa fase inicial, mas acredita que em junho, depois do ePrix de Xangai, terá uma ideia mais clara sobre o seu destino na Fórmula E. E ter programas em ambas as competições é importante. 

Sim, pelo menos ter essa confirmação para avançar com tudo, e depois, se conseguir um lugar lá, já é outra questão — eu acho que sim. Mas sim, para onde for, têm de me deixar fazer as duas. Vamos ver o que acontece nas próximas semanas. Depois de Xangai, acho que já teremos uma boa ideia”, afirmou.

Atual segundo classificado do campeonato, Félix da Costa é um piloto a ter em conta no pelotão. Este ano, ele participará nas 24 Horas de Le Mans no LMP2 da AF Corse, a equipa que anda com chassis da Ferrari. Quando à competição elétrica, ela continuará no fim de semana de 17 e 18 de maio, em Tóquio. 

quinta-feira, 8 de maio de 2025

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Sempre que se fala da carreira de Jochen Mass na Formula 1 - aliás, na vida automobilística - há um nome que vem ao de cima: Gilles Villeneuve. E tudo tem a ver com um equivoco numa tarde cinzenta no norte da Bélgica, que por coincidência... publico hoje, dia 8.

Gilles e Jochen nunca correram juntos, no sentido de serem companheiros de equipa. Fora das pistas - moravam ambos no Mónaco - eram amigos, não tanto no sentido íntimo, mas respeitavam-se um ao outro, quer na pista, quer fora dela. Nunca houve qualquer polémica entre os dois, ou "facadinha" semelhante ao que o Didier Pironi acabaria por fazer na Ferrari, e Mass sempre andou na órbita de máquinas alemãs, como tinha acontecido naquela temporada de 1982, quando o alemão voltou à Formula 1. Ao mesmo tempo que isso acontecia, Mass era piloto da Endurance pela Porsche, correndo no modelo 956. 

O regresso à March, naquela temporada, tinha a ver com a sua amizade com Robin Herd, que nesse ano, era o único dos fundadores ainda a trabalhar ali. O carro era lento e lutava para se qualificar, a par de outras equipas como a Theodore, Osella, ATS, Ensign ou Fittipaldi, entre outros. E era isso que andava a fazer naquela tarde de sábado, em paragens belgas: tentar um lugar na grelha. E nessa tarde, estava a ser complicado. 

O acidente aconteceu pelas 13:52. Mass ia para as boxes e quando viu o Ferrari nos seus espelhos, ele virou para a direita, pensando que ele passasse pela esquerda, porque julgava que estava numa volta rápida - na realidade, não ia. Isso foi confirmado anos depois por Mauro Forgheri, na biografia sobre o Gilles Villeneuve. O canadiano ia sempre a fundo, mesmo com os pneus de qualificação calçados. E recorde-se: ele estava em guerra com Didier Pironi, por causa do incidente em Imola, na corrida anterior, e estava obcecado em batê-lo

Contudo, quando fazia essa manobra, o instinto de Gilles foi precisamente para esse lado e ele tocou na roda traseira-direita do March, deixando - curiosamente - intacto. Em contraste, o Ferrari catapultou e capotou, destruindo a parte da frente - o 126C2 ainda não era nem um monocoque total, nem era feito de fibra de carbono - e Gilles foi atirado pela gravidade para as redes de proteção, fraturando fatalmente o pescoço. Socorrido de imediato, os seus ferimentos eram muito graves, e transportado para o Hospital Universitário de Leuwen (Louvain), as maquinas foram desligadas no final dessa noite. 

Mass viveu muito tempo com a consciência pesada. Julgou ter sido responsável pelo acidente, de ter entendido mal, nunca quis ou teve propósito de prejudicar ninguém. Andou com a ideia presente por muito tempo, mas acabou por pensar na ideia de que foi isso mesmo: um acidente infeliz. Anos depois, cruzou-se com Jacques Villeneuve, o filho de Gilles e campeão do mundo de 1997, e tirou a dúvida sobre ele e o que aconteceu em Zolder. E resposta foi esclarecedora: "nós na família sempre encaramos o que aconteceu como um incidente de corrida". E fim de história.        

Youtube Automotive Vídeo: Tanque contra Tesla

Eu vi isto ontem no Threads, por acaso, e calha bem no dia em que passam 80 anos sobre o final da II Guerra Mundial, e os soldados mais novos que viveram esse conflito estão a chegar aos 100 anos de idade, logo, não viverão muito mais tempo. E estão a assistir à ascensão dos neo-fascismos e de populistas como Donald Trump

E acabei por por er este vídeo de um canal britânico chamado "Lead by Donkeys", onde um Sherman decidiu esmagar um Tesla. Não que odeiem carros elétricos, pura e simplesmente o carro representa Elon Musk, que neste momento é o homem por trás do DOGE e tenta desmantelar o estado americano. E claro, a resposta de muita gente é vender as ações da Tesla, vender os carros, ou então... destruir um com um Sherman. Dirigido por um velhote de 98 anos. 

A mensagem é simples: esta gente destruiu os nazis uma vez, e podem fazê-lo de novo, se for preciso.   

quarta-feira, 7 de maio de 2025

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Falei na quarta-feira sobre Carlos Sainz, o bicampeão do mundo de ralis e vencedor do Rali Dakar, por causa do rumor que poderá se candidatar contra Mohammed Ben Sulayem, nas eleições para a presidência da FIA, que acontecerá este ano. Alguns sabem que o antigo piloto, originário dos Emiratos Árabes Unidos, e 15 vezes campeão do Médio Oriente, anda a prometer algumas coisas para ver se fica com mais quatro anos de mandato - o limite é 12 anos, mas nunca se sabe...

Mas ele não era um "riquinho" com dinheiro para comprar os melhores carros do marcado e competir de forma privada, um pouco como na geração seguinte fez o qatari Nasser Al Attiyah. Nascido a 12 de novembro de 1961, no Dubai, fez o seu primeiro rali no Mundial em 1988, na Grécia, a bordo de um Ford Sierra RS Cosworth. No ano a seguir, correu num Toyota Celica GT-Four. Serão essencialmente os carros que usará ao longo do tempo em que participou na competição, sempre em temporadas parciais, sempre como um privado.

O rali da Argentina era sempre uma prova dura, mas os pilotos gostavam. E poucos foram os que sobreviveram a uma prova que, naquele ano, 25 especiais, com 507,13 quilómetros de especiais de classificação. 

Juha Kankkunen acabou por ganhar, no seu Toyota Celica, batendo o Ford de Miki Biasion e o Lancia Delta de Didier Auriol, já numa altura em que estavam em decadência. Normalmente, sendo um rali duro, depois dos carros oficiais, apareceriam os locais ou carros do Grupo N ou carros invulgares como o Fiat Regatta, na Argentina. E por esses dias, o panorama dos ralis na Argentina tinha a particularidade de ter... o filho do presidente a competir (!): Carlos Menem Jr., um piloto que fez alguns resultados de interesse - e participou em algumas edições do rali de Portugal - antes de sofrer um acidente fatal de helicóptero em 1995.  

Mas como o que interessa é ver quem chegou ao fim naquele rali, pode-se afirmar que Ben Sulayem mostrou-se ao acabar no sexto posto, atrás de, por exemplo, o uruguaio Gustavo Trelles - numa altura em que os dez primeiros pontuavam. Trelles foi quarto, Menem Jr. foi o quinto, e em sétimo, o austríaco Rudi Stohl e em oitavo, o português António Coutinho, que competia pelo campeonato do mundo de Grupo N, a bordo de Toyota Celica. Curiosamente, o último lugar pontuável foi ocupado por José Checheto, num... Fiat Regatta. Outros tempos.

No final, o resultado de Ben Sulayem foi o seu melhor de sempre, e conseguiu 12 pontos no WRC ao longo da sua carreira, que acabou - pelo menos, no WRC - em 1995, quando participou em parte do campeonato, num Toyota Celica GT-Four da Marlboro Team Griffone, onde não pontuou nos cinco ralis onde participou. Podia não ter estofo de campeão, mas pisava em ramo verde.   

Youtube Motoring Vídeo: A aliança franco soviética no Dakar

A Lada é uma marca que foi fundada em tempos soviéticos, e que hoje ainda existe graças a modelos que resistiram por décadas no espaço da antiga União Soviética. Com modelos como o 2504, uma variante do Fiat 124 italiana, da Niva e a Samara, a certa altura, decidiram tentar a sua sorte em competições automobilísticas, com a ajuda de preparadores franceses. A Poch, uma delas, decidiu pegar no Niva e o modificou no sentido de o tornar tão competitivo quanto equipas oficiais como a Peugeot ou Citroen, e trouxe pilotos como o belga Jacky Ickx, que já tinha ganho uma edição do rali africano. E chegou a ter... motores Porsche! 

A aventura durou até ao final da URSS, e é sobre este capitulo hoje em dia não muito recordado que fala este vídeo.   

Rumor do Dia: Carlos Sainz poderá avançar para a presidência da FIA?


No ano em que se sabe que acontecerá uma eleição para a presidência da FIA, surgiram rumores de que Carlos Sainz poderá se candidatar para o lugar de Mohammed Ben Sulayem. Atualmente com 63 anos e pai de Carlos Sainz Jr, piloto da Williams, o bicampeão do mundo de ralis, a atualmente piloto de Dakar, desde há pouco tempo que está a ser abordado por algumas figuras influentes para fazer concorrência ao atual presidente, que se candidata a novo mandato. Por agora, são pessoas que pedem que ele considere a hipótese, mas ainda não há nada definido.

Com Ben Sulayem a passar por um mandato controverso desde que ele se elegeu, em 2021, em sucessão ao francês Jean Todt, mas tem tido controvérsias com pilotos da Formula 1 e do WRC por causa do "caso dos palavrões", e com várias saídas de figuras importantes da FIA, como Robert Reid, um dos vice-presidentes (para o desporto), que o acusou de falta de transparência e centralização de poder. Por causa disso, para além destas movimentações para arranjar um candidato contra ele, o facto dos pilotos o menosprezarem no paddock da Formula 1 - é nítida a hostilidade entre ele e Max Verstappen, por exemplo - mostra que há cada vez mais gente que o quer substituído por outro.

Contudo, não será fácil. Esta federação não é onde os seus dirigentes são escolhidos por pessoas, mas sim por federações, e cada um tem um voto. Mas muitos países tem duas federações, (uma de automóveis de Turismo e outra de automobilismo), e cada um deles poderá votar por outro, logo, terá de trabalhar imenso para conseguir o que pretende.    

A próxima eleição para a presidência da FIA será no final deste ano, mas ainda sem data oficial determinada.

Noticias: Doohan sai da Alpine, Colapinto é o substituto


A Alpine anunciou esta manhã que o australiano Jack Doohan será substituído na equipa pelo argentino Franco Colapinto, com efeito imediato. A duração da participação poderá ser de cinco corridas, as mesmas que o australiano teve nesta temporada, e a ideia poderá ser de... rotação de pilotos.

Flavio Briatore explicou a possibilidade de rotação: “Analisámos o início da temporada e decidimos testar o Franco nas próximas cinco corridas. Com o nível atual da competição e o progresso do carro, esta avaliação completa dos nossos pilotos é essencial para maximizar os nossos objetivos para 2026. Jack tem sido profissional e continuará a contar com o nosso apoio.”. Ou seja, em julho, por alturas do GP da Grã-Bretanha, a equipa irá reavaliar os pilotos, para saber se continuam com Colapinto ou regressam a Doohan.

Quero agradecer à equipa por me dar esta oportunidade de competir nas próximas cinco corridas”, afirmou Colapinto. “Tenho trabalhado muito com o programa de testes e simulador em Enstone e farei o meu melhor para me adaptar rapidamente e obter bons resultados ao lado do Pierre. [Gasly]”, concluiu o argentino. 

Já Jack Doohan reagiu com maturidade à decisão: “Orgulho-me de ter alcançado o sonho de ser piloto de Formula 1. Esta pausa é difícil de aceitar, claro, porque quero competir, mas respeito a decisão e continuarei a trabalhar para ajudar a equipa. Temos objetivos a longo prazo e estou focado em alcançá-los.

Esta mudança ocorre após a saída inesperada do Oliver Oakes, chefe de equipa, cujas funções passam agora a ser temporariamente assumidas pelo conselheiro executivo Flavio Briatore. A equipa sublinhou que Doohan continua a ser parte integrante do projeto e assumirá o papel de piloto de reserva durante este período. 

A posição de Doohan era incerta há meses, quando, no final da temporada passada, substituiu Esteban Ocon. Contudo, ao mesmo tempo que isso acontecia, a Williams tinha Franco Colapinto, que substituía o americano Logan Sargent, e durante oito corridas, conseguiu alguns resultados de relevo. Com ele relegado para a posição de reserva, passou a ser cobiçado por algumas equipas, e a Alpine sempre foi uma delas. Quando foi contratado por Briatore, todos sabiam que Doohan tinha as corridas contadas, com alguns até a afirmar que ele iria sair depois de Melbourne, a primeira corrida do ano. Afinal, acabou por acontecer após apenas seis corridas.

Para além disso, não é de excluir que a decisão deverá ter muito a ver com aspetos financeiros, pois os patrocínios de Colapinto, vindos da Argentina, devem ter dado bom empurrão. Agora tem seis corridas para mostrar o que vale, ainda mais depois do que fez na temporada passada. 

terça-feira, 6 de maio de 2025

As alterações da Audi F1


A um ano da chegada da marca alemã na Formula 1, a Audi revelou mais mudanças na estrutura da sua equipa, quando estamos a menos de um ano da sua estreia na categoria máxima do automobilismo. Mattia Binotto a ter mais poder na estrutura, Jonathan Wheatley é o diretor das operações em pista, e Adam Baker deixou a equipa por acordo mútuo, cedendo a sua posição a Christian Foyer, que assumirá o cargo de director de operações e as responsabilidades anteriormente detidas por Baker. O cargo de Diretor Executivo foi eliminado.

Como é sabido, a partir de 2026, a Sauber assumirá a identidade da marca de Ingolstadt, passando a ter unidades de potência construidas numa fábrica em Neuberg, onde o construtor germânico tem o seu departamento de motores.

Com os seus pilotos à partida definidos - o alemão Nico Hulkenberg e brasileiro Gabriel Bortoleto - resta saber se eles irão conseguir dar um pulo em termos de performances na próxima temporada, eles que só conseguiram como melhor resultado um sétimo lugar no GP da Austrália, primeira corrida da temporada.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

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Há 40 anos, em Imola... ninguém queria ganhar. Ou dizendo melhor, todos queriam saber quem é que tinha mais gasolina no depósito para poder cruzar a meta debaixo da bandeira de xadrez. O vencedor acabou por ser desclassificado porque tinha menos gasolina que o permitido, e curiosamente, aquele foi o dia de alguns recordes... e do primeiro duelo que iria marca uma geração: Alain Prost contra Ayrton Senna.

Duas semanas depois da corrida épica de Senna no Estoril, a Formula 1 chegava a paragens italianas para a terceira corrida da temporada. Senna aproveitou o embalo e fez a sua segunda pole-position na temporada... e começava uma sequência de poles que acabou em 1992. Quanto à corrida, nas primeiras voltas, não foi importante, exceto quando Prost se aproxima de Senna e começam a entrar em duelo pela liderança, no qual o piloto da Lotus leva a melhor. O que tinham acabado de assistir foi o primeiro grande duelo pela liderança e que iria marcar a carreira de ambos os pilotos. 

Senna tinha tudo sob controle e a menos de cinco voltas, parecia que iria ganhar pela segunda vez seguida, e o seu companheiro de equipa, Elio de Angelis, também ia para um pódio, no terceiro posto, e se essa fosse a ordem final, a Lotus teria 23 pontos e sairia de Imola no comando do campeonato de Construtores, algo que não acontecia desde 1978, quando Colin Chapman ainda estava vivo! 

Mas a três voltas do final... o Lotus começou a engasgar quando ele fazia a Rivazza. Lentamente, Senna tentava levar o carro mais adiante, e pouco depois era passado pelo Ferrari de Stefan Johansson para delírio dos tiffosi! Logo na sua segunda corrida pela Scuderia, parecia que iria dar a primeira vitória do ano para Maranello e foi para a frente da prova. Contudo, o delírio durou uma volta, até que o carro passou pela Acqua Minerale e... começou a andar lentamente! Mais um piloto começava a abrandar o ritmo para ver se chegava ao final da corrida. Com isso, Prost foi para a frente da prova, numa altura em que, mesmo atrás dele, os carros começaram a abrandar... e a parar. Sem combustível para continuar!

A razão era simples: em 1985, os depósitos de gasolina tinham sido diminuídos de 215 para 195 litros, e não existiam reabastecimentos, estavam proibidos. Os pilotos tinham de gerir os consumos, mas muitas das vezes isso não existia, porque os carros... quebravam. A velocidade era mais importante que a poupança de combustível. E naquela corrida, era uma questão de sobrevivência.

Prost ficou com o comando da corrida, mas na volta final, começou a abrandar. Sabia o que estava a acontecer, mas faltavam algumas centenas de metros, e ele julgava que tinha distância suficiente para chegar ao final do primeiro lugar. Mais atrás, Elio de Angelis conseguia levar o carro até ao fim, conseguindo ser mais austero nos seus consumos, e continuava a andar. Atrás, ainda mais desesperado, o Arrows do belga Thierry Boutsen tentava cortar a meta com o piloto a empurrar o chassis até à linha de meta!

Por fim, Prost passou, e o carro parou alguns metros adiante, na saída das boxes. Suficiente para passar antes do piloto da Lotus, com Boutsen a alcançar um inédito pódio e o primeiro da Arrows desde 1981. Contudo, pouco depois, o carro foi pesado e descobriu-se que estava dois quilos abaixo do peso mínimo, sendo desclassificado, entregando a vitória ao piloto italiano. De Angelis conquistara a sua segunda (e última) vitória na Formula 1... sem ter liderado qualquer volta! Boutsen ficou com o segundo posto, e o terceiro lugar acabou nas mãos de Patrick Tambay, que sem ele saber, tinha alcançado o último pódio da sua carreira e da Renault Sport, antes de se retirar da Formula 1 no final da temporada.

E mais incrível que seja, Johansson, apesar de ter parado antes da meta, conseguiu um sexto lugar, na frente de Senna! 

Parecido com o que acontecera em 1982, no Mónaco, aquela era uma corrida onde ninguém saberia quem iria vencer.    

Noticias: Felix da Costa comenta fim de semana de altos e baixos


Não foi um fim-de-semana fácil para António Félix da Costa, nas ruas do Mónaco, que apesar de toda a sua garra e determinação, nunca conseguiu encontrar verdadeiramente a afinação ideal no seu monolugar para as características do traçado monegasco. Com o 15º posto na grelha para a corrida de sábado, esta acabou cedo demais quando tentava recuperar posições, a sua prova acabou em Ste. Devote, quando bateu nos guard-rails, graças a uma colisão com Edoardo Mortara.

Em compensação, no domingo, as coisas foram melhores, com um sexto posto na grelha e um quarto lugar final, com uma volta mais rápida pelo caminho, conseguindo um ponto extra, lutando pelo pódio com o Jaguar de Nick Cassidy. E para melhorar as coisas, saiu de Monte Carlo com o segundo lugar da geral, embora tenha quase metade dos pontos do líder, Oliver Rowland (115 contra 67).  

"Foi um fim-de-semana de altos e baixos, com muitas adversidades e alguma falta de performance, devo dizer.", começou por afirmar. "Ontem a qualificação correu mal e depois partindo de 15º já sabemos que as coisas ficam mais difíceis e os toques acabam por acontecer. Já hoje melhorámos a performance e tudo correu melhor, ainda assim sinto que nos faltou um pouco de andamento, mas este quarto lugar é uma salvação mínima do fim-de-semana.", continuou. 

"Apesar de ter subido a segundo no campeonato, a diferença de pontos para o Rowland é grande, mas há ainda muito campeonato pela frente. Vamos trabalhar para estarmos mais fortes na próxima corrida no Japão, não vou desistir e quero ir à luta por este campeonato!", concluiu.

A próxima prova da Formula E será como em Monte Carlo: uma jornada dupla, agora a ter lugar em Tóquio, no Japão, no fim-de-semana de 17 e 18 de Maio.

Youtube Automotive Video: Um inesperado símbolo ucraniano de resistencia

A última coisa que muitos poderão ouvir falar vinda da Ucrânia é uma industria automóvel, ainda mais: um "carro do povo". Mas isso existe, e chama-se "Zaporozhets". Construído na cidade de Zaporhizia, no centro do país, no tempo da União Soviética, o carro tinha um motor traseiro e um design semelhante ao NSU Prinz, existiu durante mais de 30 anos, e arrastou-se depois do final da URSS, e do renascimento da Ucrânia. 

Exportado para todo o Leste Europeu - a piada na então Jugosláwia era que "o carro é para toda a vida: uma vez na tua posse, nunca mais o livrarás dela!" - tornou-se depois num símbolo de orgulho nacional, especialmente depois da invasão russa de 2022. E ironicamente, foi o primeiro carro de... Vladimir Putin!

Neste vídeo da Deutsche Welle, fala-se do carro, da sua história, das suas esperanças e resistências e o símbolo de um país em luta pela sua independência. 
 

The End: Jochen Mass (1946-2025)


Num domingo de Grande Prémio como este em Miami, o dia acaba com o anuncio da morte do ex-piloto Jochen Mass, aos 78 anos de idade. Com uma carreira bem longa no automobilismo, a primeira parte foi passada na Formula 1, em equipas como Surtees, McLaren, ATS, Arrows e March, e a segunda, na Endurance, sendo piloto oficial da Porsche e Sauber-Mercedes, os seus grandes feitos foram uma vitória no infame GP de Espanha de 1975, em Montjuich, e o triunfo nas 24 Horas de Le Mans de 1989.

Mass morreu em sua casa, em Cannes, no sul de França, e tinha sofrido um AVC em Fevereiro, que o afastou das demonstrações em corridas históricas, onde ultimamente, corria nos carros de Grand Prix da Mercedes dos anos 30 e 50 do século passado.

Nascido a 30 de setembro de 1946 em Dorfen, na Baviera, ele era filho e neto de capitães na Marinha Marcante, que lhe deu uma grande paixão pelo mar, especialmente depois e trabalhar num barco durante a sua adolescência. O automobilismo apareceu por altura dos 20 anos, quando foi assistir a uma subida de montanha onde a sua namorada de então trabalhava na organização. A paixão foi instantânea - pelo automobilismo - e foi trabalhar para um concessionário da Alfa Romeo, em Manmheim, onde o dono inscrevia os seus carros nas provas de automobilismo que aconteciam ali perto. Quando descobriu que tinha talento, tinha 25 anos e começou a participar em corridas de Super Vee e na Formula 3 britânica. 

Contudo, a sua ascensão foi rápida. Dois anos depois, já corria na Formula 1, a bordo de um Surtees oficial. A sua presença acontecia ao mesmo tempo que corria para eles na Formula 2, onde acabou na segunda posição no campeonato.

Na primeira vez que andou no Nurburgring Nordschleife num Formula 1, em agosto de 1973, as suas prestações quase o colocaram nos pontos, pois acabou na sétima posição. Foi o suficiente para correr pela marca ao longo de 1974, mas a meio do ano, cansado das constantes discussões com John Surtees - Mass queixava-se no material, "Big John" queixava-se do piloto, isso, acumulado com os salários em atraso, decidiu sair depois do GP da Alemanha no sentido de ficar com o terceiro carro da McLaren. Correndo nas corridas americanas, acabou em sétimo na última corrida do ano, em Watkins Glen, e ficou como titular para a temporada seguinte, no lugar de Denny Hulme, que tinha pendurado o capacete. 


Ali, ao lado de Emerson Fittipaldi, consegue os seus primeiros pontos na segunda corrida do ano, em Interlagos, ao lado dos brasileiros José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi. Era o primeiro pódio de um piloto alemão desde 1961, com Wolfgang won Trips. Pontuou na corrida seguinte, em Kyalami, quando acabou na sexta posição. 

Quando a competição chegou a Barcelona, para o GP de Espanha, Mass não conseguiu uma qualificação de destaque. Enquanto Emerson Fittipaldi decidia boicotar a corrida, por causa das precárias condições de segurança, Mass não foi muito longe, ao ser 11º na grelha. Mas depois, ao ter conseguido fintar os azares dos outros, a sua corrida foi uma combinação de estar no lugar certo, à hora certa. Primeiro, não pisando na mancha de óleo causado pelo motor rebentado do carro de Jody Scheckter, que, por exemplo, causou o acidente de James Hunt, e depois, ficar no quarto lugar, atrás do Lotus de Ronnie Peterson. Na volta 24, quando ele tentava passar o BRM de Francois Migault, ambos se deram mal e bateram, herdando o terceiro lugar do piloto sueco, enquanto na frente, o Hill de Rolf Stommelen era assediado pelo Brabham de Carlos Pace na luta pela liderança.

Mas no inicio da volta 27, a asa traseira do carro de Stommelen saiu do lugar e ele perdeu o controle, acabando no guard-rail, atingindo um lugar onde estavam fotógrafos - que não tinham autorização para estar ali - matando quatro deles. O próprio Stommelen ficou gravemente ferido, e a corrida acabou na volta 29, quando Mass já liderava a corrida. Foi declarado vencedor, tornando-se no primeiro alemão a ganhar em quase 14 anos, desde Wolfgang von Trips, no GP da Alemanha de 1961.

Contudo, como a corrida acabou com menos de metade do percurso, Mass ficou apenas com metade dos pontos de então: 4,5. Mais dois pódios, dois terceiros lugares em Paul Ricard e em Watins Glen, deram-lhe 20 pontos e o oitavo posto na geral. Prosseguiu no ano seguinte, com pódios em Kyalami e Nurburgring, onde liderou a corrida até à altura do acidente de Niki Lauda (do qual, anos depois, em 2013, guiou o mesmo carro na recriação hollywoodiana em "Rush"). No ano seguinte, conseguia mais dois pódios, an Anderstorp e Mosport, no Canadá, deu-lhe o melhor resultado de sempre na Formula 1, um sexto lugar da geral, com 25 pontos.


Em 1978, Mass foi para a ATS, gerido por Gunther Schmid e Fred Opert. Contudo, a razão por ir para a equipa tinha sido a amizade com Robin Herd, um dos fundadores da March. Apesar destas coisas, a temporada foi um desastre, sem pontuar, e para piorar tudo isso, tinha sofrido um acidente, fraturando o joelho, nos treinos para o GP de Itália, ficando de fora para o resto da temporada. No final do ano, transferiu-se para a Arrows, onde conseguiu três pontos, dois os quais no famigerado A2, que tentava ser o carro-asa total, sem sucesso. 

Mass continuou em 1980, conseguindo como melhor resultado um quarto posto no GP do Mónaco. A partir dali foi contratado pela Porsche para guiar no seu programa oficial, no Mundial de Endurance, ao lado de gente como Derek Bell, Jacy Ickx, Stefan Bellof, Hans-Joachim Stuck, entre outros. Conseguiu um segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1982, ao lado do australiano Vern Schuppan, numa altura em que tinha regressado à Formula 1, na equipa oficial da March. 

E foi um regresso atribulado: na qualificação para o GP da Bélgica, a 8 de maio, quando tentava arranjar um lugar na grelha de partida, estava no caminho do Ferrari de Gilles Villeneuve. O canadiano tocou no pneu do March do alemão, foi catapultado e acabou nas redes de proteção, com fraturas fatais no pescoço. Mass saiu incólume, e vistas as imagens, chegou-se à conclusão que estava no lugar errado, à hora errada, logo, foi ilibado do incidente. 


Contudo, dois meses depois, em julho, em Paul Ricard, palco do GP de França, Mass colidiu com o Arrows de Mauro Baldi e ambos foram atirados para a berma, com os seus carros a serem segurados nas redes de proteção. Contudo, Mass acabou perto das bancadas, e isso foi o suficiente para que ele, então com 35 anos, deixar a Formula 1 para trás de forma permanente.

Indo para a Endurance, como piloto oficial da Porsche, correu em diversas provas do Mundial, e algumas provas de relevo, como as 12 Horas de Sebring, onde em 1987, triunfou num 962, ao lado do americano Bobby Rahal. Dois anos antes, tinha ganho o DRM, a antecessora do DTM, a bordo de um Porsche 956 da Joest Racing.


Em 1988 vai para a Sauber-Mercedes, onde corre nas 24 Horas de Le Mans. A sua experência termina antes de começar, mas no ano seguinte... acaba vencedor, ao lado do seu compatriota Manuel Reuter e do sueco Stanley Dickens. No ano a seguir, participa no Mundial de Endurance pela Mercedes, guiando o modelo C11 com mais três pilotos da Junior Team: o austríaco Karl Wendlinger e os alemães Heinz-Harald Frentzen e Michael Schumacher. Ele triunfou e Spa-Francochamps e no México, o primeiro com Wendlinger e o segundo, com Schumacher. 

No ano a seguir, guiou com Jean-Louis Schlesser e Alain Ferté, mas não chegou ao fim. A sua última participação em Le Mans foi em 1995, com quase 50 anos de idade, ao lado do seu compatriota Thomas Belscher e do dinamarquês John Nielsen, num McLaren GT1, onde não acabaram a prova.

Por esta altura, Mass já era comentador da Formula 1 pela RTL alemã. Tinha começado em 1993 e lá ficou para as quatro temporadas seguintes. Depois disso, passou para os carros históricos, guiando máquinas da Mercedes em lugares como Nurburgring, Goodwood ou nas Mille Miglia, a bordo do mesmo carro que ganhou a corrida em 1955, um Mercedes 300 SL, nesse ano guiado por Stirling Moss e Dennis Jenkinson. Piloto versátil, de carreira longa, a sua presença era apreciada por todos.        

domingo, 4 de maio de 2025

Formula 1 2025 - Ronda 6, Miami (Corrida)


Domingo chegou a Miami, na Florida, com o tempo baralhado: alertas de tempestade, até de tornados, e todos de olho para o tempo para saber que tipo de corrida iriam ter. Muitos ainda tinham na cabeça o que tinha acontecido no dia anterior, onde tinha sido um "baralha e volta a dar", mas quem conhece mais ou menos os ambientes tropicais, sabe que a chuva tem hora para cair, e demora muito pouco tempo. E nessa altura do ano, apesar de algumas dessas coisas podem ser vistas ao longo do final de semana, com dramatismo, a maneira como a corrida é programada faz com que de chuva... só apareçam as nuvens como espectadoras. 

Mas claro, independentemente das condições meteorológicas, havia outras ideias em mente. Uma delas é saber, com a McLaren já ter mostrado ser capaz de ser melhor a concorrência, principalmente em condições de corrida, seria suficiente para, por exemplo, superar Max Werstappen, que saía da grelha na primeira posição. Tinham o ritmo, mas o neerlandês da Red Bull era o seu maior obstáculo. 



Na partida, Max conseguiu manter o comando, com Antonelli em segundo, conseguindo ficar na frente de Piastri. Norris ficou pior, caindo para oitavo. Mas pior, pior, ficou Jack Doohan, que acabou parado na berma da pista, causando um Safety Car Virtual no final da primeira volta. No final, descobriu-se que ele tinha tocado em Liam Lawson na primeira curva, com o chassis do australiano cedeu alguns metros adiante. 

Max continuou na frente da corrida, com Piastri a conseguir passar Antonelli para ser segundo, numa altura em que surgiu o primeiro alerta de chuva, que poderia acontecer dali a 15 minutos. Os alertas foram dados e ao olhar para os céus, o cinzento estava a ficar progressivamente carregado. Atrás, Norris começou a recuperar lugares, com ele a passar Russell na volta sete, e veio ao ataque de Antonelli, destinado a não deixar escapar nem Piastri, nem Max. Duas voltas depois, enquanto na frente, Piastri está colado a Max, Norris passou Antonelli e chega a terceiro.

Nas voltas seguintes, Piastri atacou fortemente Max, mas o neerlandês conseguia defender-se bem da liderança. Ambos tinham um ritmo tão grande que por alturas da volta 13, já tinham mais de 2.2 segundos sobe Morris, em terceiro, e 4,5 sobre Antonelli, o quarto. No inicio da volta 14, Piastri atacou novamente, e na travagem, Max travou mais tarde e deixou espaço para o australiano passar e ficar com a liderança. Demorou, mas foi.


Mas Max não teve descanso: logo a seguir, apareceu Norris, que começou a atacar forte e feio o neerlandês. O piloto da Red Bull começou a defender-se da forma mais legal possível, Mas na volta 17, o britânico passou o neerlandês, para ficar com o segundo posto... mas Max recuperou o lugar algumas curvas depois. E ao mesmo tempo que esta batalha continua, as nuvens se aproximavam... os pingos começaram a cair na volta 19. Mas por essa atura, houve as primeiras paragens nas boxes, colocando duros em pilotos como Nico Hulkenberg e Lance Stroll.

Norris passou por fim Max na volta 21, para ser segundo, e numa altura em que Piastri já tinha uma vantagem de 9,1 segundos sobre o seu companheiro de equipa. A vantagem diminuiu entre os pilotos da McLaren, mas todos estavam, especialmente, à espera de possíveis chuviscos. Por esta altura, aquilo que a Red Bull queria fazer era tentar parar o mais tarde possível, e na saída, ficar na frente dos Mercedes, que corriam em quarto e quinto. O neerlandês foi às boxes na volta 27, e regressou na sétima posição, dois lugares na frente de Antonelli.

Na volta 28, a segunda desistência da corrida: o motor de Oliver Bearman quebrou e ele abrandou numa berma, suficiente para um Safety Car Virtual. Piastri entrou nas boxes na volta seguinte, durante esse período, seguido por Norris, Russell e Leclerc. Não aconteceram muitas grandes mudanças, mas Antonelli, no regresso à pista, era mais lento que o Williams de Alex Albon para ser quinto, ao mesmo tempo que Carlos Sainz Jr passava Charles Leclerc para ser sétimo. Era uma tarde discreta para os Ferrari, oitavo e nono nesse momento.

Na volta 33, terceira desistência da corrida, com a paragem do Sauber de Gabriel Bortoleto, e com isso, nova entrada do Safety Car Virtual. Tudo regressou ao normal uma volta depois, onde nessa altura, por exemplo, Lewis Hamilton e Charles Lecler passaram Carlos Sainz Jr na luta por essa posição. Mas Hamilton ia quase apanhar o seu companheiro de equipa na tentativa de o passar no final da reta da meta.

Na volta 39, a corrida de Liam Lawson acabou, depois do toque da primeira volta com Doohan. Os estragos não foram suficientes para manter o ritmo em relação ao resto do pelotão. Era a quarta desistência nesta prova.

Depois disso, a ação tinha abrandado bastante, com os pilotos da McLaren a começarem a andar perto um do outro, com 6,3 segundos entre eles por alturas da volta 43. Max começou a atacar Russell para o terceiro posto, porque era essa a única chance para algo significativo, porque Russell estava a mais de 26,4 segundos dos McLaren. Atrás, os Ferrari começaram a trocar de posições entre eles para tentar apanhar Andrea Kimi Antonelli para ser sexto. uma coisa era certa: nenhum deles estava a apanhá-lo, e para... não melhorar as coisas, Sainz Jr, agora em nono, não se afastava de ambos.


Contudo, na frente, apesar de Norris se aproximar do piloto australiano, Piastri parecia ter tudo controlado e ia a caminho daquilo que poderia ser a sua terceira vitória na temporada. Quando aconteceu, mostrava ao mundo que apesar da concorrência, em termos de dupla de pilotos e ritmos de corrida, os carros de Woking são os melhores.

Agora a Formula 1 parte para a Europa, onde andarão por lá até setembro, com uma pequena ida ao Canadá no mês que vêm.         

Formula E: Buemi foi o melhor na segunda corrida monegasca


Sebastien Buemi foi o melhor na segunda corrida nas ruas de Monte Carlo, que aconteceu na tarde deste domingo. O veterano piloto suíço da Envision conseguiu bater o Nissan de Oliver Rowland e o Jaguar de Nick Cassidy, numa corrida bem urdida numa pista cujas condições estavam a mudar ao longo do tempo. Quando a António Félix da Costa, conseguiu o quarto posto e a volta mais rápida, voltando ao segundo posto da classificação geral, já que Pascal Wehrlein terminou na sétima posição. 

Depois de uma corrida no sábado onde Rowland pareceu dominar a alargar a sua liderança no campeonato, a pole no domingo parecia confimar tudo isso. Ainda por cima, numa pista onde tinha acabado de chover, mas ainda estava húmida. Atrás deles, na segunda fila, estavam os DS Penske, de Jean-Eric Vergne e Stoffel Vandoorne, e entre eles, o Mahindra de Nyck de Vries. E atrás deles, o Enwision de Buemi e o Porsche de António Félix da Costa, no sexto posto, quatro lugares na frente de Pascal Wehrlein. 

Na partida, Rowland largou bem e ficou com o comando, com De Vries logo a seguir, enquanto o resto do pelotão patinava na superfície escorregadia. Pouco depois, o britânico perdeu a posição, para Sebastien Buemi, que com a sua Envision, adaptou-se bem aos Attack Mode que os adversários estavam a ter, mas depois Rowland recuperou o comando nas woltas seguintes, dewio Às constantes trocas na pista. mais tarde, noutro Attack Mode, Rowland chegou a cair para o quarto posto com os Attack Mode, mas recuperou e manteve-se na luta pela liderança.

Nesta altura, Nick Cassidy, que tinha partido da 14ª posição da grelha, foi subindo a pouco e pouco, mas com grande regularidade, nunca cedendo posições depois de as conseguir. Quando chegou a uma posição de pódio, especialmente na parte final da corrida, começou a ser pressionado pelo Porsche de Félix da Costa, que pelo meio, fazia a volta mais rápida.
 
No final, Buemi acabou por ser o vencedor, e ali acabou um jejum que tinha já mais de seis anos, quando ganhou a corrida de Nova Iorque... de 2019. Um dos "originais", ou seja, começou a correr desde 2014 - a par de Lucas di Grassi, Sam Bird, Jean-Eric Vergne e António Félix da Costa, embora esses dois últimos não tenham participado na primeira corrida de sempre, em Pequim - Buemi era um piloto feliz por ter alcançado a vitória. Rowland e Cassidy ficaram com os restantes lugares no pódio.
 
Com isto, no campeonato, Rowland alargou a sua liderança para os 115 pontos, com Felix da Costa a subir para o segundo lugar da geral, com 67, mais um ponto que Pascal Wehrlein, terceiro, com 66 pontos. Taylor Barnard é o quarto, com 54 pontos.

A Formula E prossegue nas ruas de Tóquio, daqui a duas semanas, no fim de semana de 17 e 18 de maio.