Graham Hill, em tempos, tinha sido considerado o "sr. Mónaco", pelas suas cinco vitórias, a mais recente delas conquistada em 1969, aos 39 anos. Mas agora, em 1975, aos 47 anos, ele era uma sombra dos tempos passados. Primeiro, o acidente que tinha sofrido no final de 1969, em Watkins Glen, e consequente recuperação, do qual se esforçou para estar a tempo de correr a primeira corrida do ano seguinte, em Kyalami, e depois, as duas temporadas pela Brabham, do qual acabou por ser superado pelos seus companheiros mais jovens, o argentino Carlos Reutemann e o brasileiro Wilson Fittipaldi. Quando no final de 1972, Bernie Ecclestone - que era mais novo que ele! - o dispensou, ele ainda quis correr mais tempo.
Construir a sua equipa, consistia em arranjar mecânicos e projetistas, para construir um chassis, arranjar um motor Cosworth, para o preparar da melhor maneira possível, e como estamos a meio da década de 70, um excelente patrocinador, de preferência, uma tabaqueira, para pagar as despesas. E com isso, arranjar os melhores elementos possíveis para a mantar. E pilotos velozes. Aos poucos, estava a conseguir.
O que tinha acontecido em Barcelona com um dos seus carros, quando liderava um Grande Prémio o tinha colocado no centro das atenções, e nas ruas do Principado, ele tomava conta do lugar de Rolf Stommelen, que recuperava das suas fraturas no hospital. Tinha 47 anos, mas achava que ainda tinha algo para dar. Mas no Principado, a própria organização tinha visto o que acontecera em Barcelona e queria mostrar que aprendera a lição. Mais proteções nos guard-rails, e menos carros na pista: nesse ano, apenas 18 bólidos iriam participar, em 26 inscritos. Hill tinha de fazer uma grande qualificação.
Com participações desde 1958, era um grande feito, dada a volatilidade de um piloto de corridas na altura. Ele já tinha participado em 176 corridas, um recorde, e queria mais uma, ainda por cima, no seu lugar favorito. Mas à medida que o tempo passava, o número mágico, para ficar na 20ª posição, aquela que dava a qualificação, começava a escapar-se. Tentou no chassis novo, o Hill, e até foi buscar o antigo, o Lola de 1974, desenhado por Andy Smallman, que o atraíra para a sua equipa e desenhar o GH1, o seu primeiro carro.
As tentativas estavam a ser inúteis, até chegar ao desespero. Deu tudo, até ficar além do limite, e no final, 377 centésimos foram suficientes para ficar de fora da grelha de partida, com o 23º melhor tempo. O último dos qualificados foi o Hesketh de um jovem australiano chamado Alan Jones, que dava os seus primeiros passos na Formula 1.
Desalentado, saiu do carro, tirou o capacete e descansou, para refletir. Pouco depois, disse aos jornalistas que aquela tinha sido a sua última corrida. Iria concentrar na sua Embassy Hill e nas agruras de ser um diretor de equipa. Na corrida seguinte, o seu substituto iria ser um jovem britânico, Tony Brise. O Matusalém do automobilismo tinha pendurado o capacete, mas continuaria noutra função.
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