Duas semanas depois da corrida épica de Senna no Estoril, a Formula 1 chegava a paragens italianas para a terceira corrida da temporada. Senna aproveitou o embalo e fez a sua segunda pole-position na temporada... e começava uma sequência de poles que acabou em 1992. Quanto à corrida, nas primeiras voltas, não foi importante, exceto quando Prost se aproxima de Senna e começam a entrar em duelo pela liderança, no qual o piloto da Lotus leva a melhor. O que tinham acabado de assistir foi o primeiro grande duelo pela liderança e que iria marcar a carreira de ambos os pilotos.
Senna tinha tudo sob controle e a menos de cinco voltas, parecia que iria ganhar pela segunda vez seguida, e o seu companheiro de equipa, Elio de Angelis, também ia para um pódio, no terceiro posto, e se essa fosse a ordem final, a Lotus teria 23 pontos e sairia de Imola no comando do campeonato de Construtores, algo que não acontecia desde 1978, quando Colin Chapman ainda estava vivo!
Mas a três voltas do final... o Lotus começou a engasgar quando ele fazia a Rivazza. Lentamente, Senna tentava levar o carro mais adiante, e pouco depois era passado pelo Ferrari de Stefan Johansson para delírio dos tiffosi! Logo na sua segunda corrida pela Scuderia, parecia que iria dar a primeira vitória do ano para Maranello e foi para a frente da prova. Contudo, o delírio durou uma volta, até que o carro passou pela Acqua Minerale e... começou a andar lentamente! Mais um piloto começava a abrandar o ritmo para ver se chegava ao final da corrida. Com isso, Prost foi para a frente da prova, numa altura em que, mesmo atrás dele, os carros começaram a abrandar... e a parar. Sem combustível para continuar!
A razão era simples: em 1985, os depósitos de gasolina tinham sido diminuídos de 215 para 195 litros, e não existiam reabastecimentos, estavam proibidos. Os pilotos tinham de gerir os consumos, mas muitas das vezes isso não existia, porque os carros... quebravam. A velocidade era mais importante que a poupança de combustível. E naquela corrida, era uma questão de sobrevivência.
Prost ficou com o comando da corrida, mas na volta final, começou a abrandar. Sabia o que estava a acontecer, mas faltavam algumas centenas de metros, e ele julgava que tinha distância suficiente para chegar ao final do primeiro lugar. Mais atrás, Elio de Angelis conseguia levar o carro até ao fim, conseguindo ser mais austero nos seus consumos, e continuava a andar. Atrás, ainda mais desesperado, o Arrows do belga Thierry Boutsen tentava cortar a meta com o piloto a empurrar o chassis até à linha de meta!
Por fim, Prost passou, e o carro parou alguns metros adiante, na saída das boxes. Suficiente para passar antes do piloto da Lotus, com Boutsen a alcançar um inédito pódio e o primeiro da Arrows desde 1981. Contudo, pouco depois, o carro foi pesado e descobriu-se que estava dois quilos abaixo do peso mínimo, sendo desclassificado, entregando a vitória ao piloto italiano. De Angelis conquistara a sua segunda (e última) vitória na Formula 1... sem ter liderado qualquer volta! Boutsen ficou com o segundo posto, e o terceiro lugar acabou nas mãos de Patrick Tambay, que sem ele saber, tinha alcançado o último pódio da sua carreira e da Renault Sport, antes de se retirar da Formula 1 no final da temporada.
E mais incrível que seja, Johansson, apesar de ter parado antes da meta, conseguiu um sexto lugar, na frente de Senna!
Parecido com o que acontecera em 1982, no Mónaco, aquela era uma corrida onde ninguém saberia quem iria vencer.
Sem comentários:
Enviar um comentário