


Falecido na passada sexta-feira aos 92 anos, Walter Cronkite foi um dos jornalistas mais icónicos do século XX. Ao longo dos próximos dias irei mostrar a sua presença nos momentos que definiram boa parte da segunda metade do século XX na América e no mundo.
Mas antes de ser o "pivot" da CBS Evening News, Cronkite era um simples jornalista da CBS, de onde estava desde 1950. Fez diversos programas para o canal de TV, e uma delas é particularmente interessante, que descobri esta noite no Saloma do Blog: uma reportagem sobre o automobilismo, emitida no inicio de 1962. Lá tem imagens de Lime Rock e do GP do Mónaco de 1961, corrida ganha por Stirling Moss. Ironicamente, quase 50 anos depois, Moss é um dos poucos sobreviventes desse tempo, a par de Jack Brabham.
Mas se julga que fez esta reportagem por obrigação profissional, está errado. Cronkite era um entusiasta de automóveis e nos anos 50 visitava frequentemente o "paddock" das 500 Milhas de Indianápolis. E mais: foi um distinto piloto, especialmente em corridas de Endurance. Correu em Lime Rock e Watkins Glen, e a sua coroa de glória foi quando guiou nas 12 Horas de Sebring em 1959, ao voltante de um Lancia Appia Zagato, onde foi quinto classificado na sua classe.
O seu entusiasmo por desporto era mais do que evidente, não só no automobilismo: foi o "pivot" da CBS quando este transmitou dos Jogos Olimpicos de Inverno de 1960, que decorreram na estância americana de Squaw Valley, na Califórnia. Pouco depois, abandonou a carreira competitiva no automobilismo para ser o "pivot" da CBS Evening News, cargo que ocupou até 1981.
Mais uma razão para eu admirar este homem...
Como já era esperado, Jean Todt anunciou a semana passada a sua candidatura á presidência da FIA. Um anuncio que foi feito 24 horas depois de Max Mosley ter confirmado aos clubes que não iria tentar ser reeleito, depois de 18 anos à frente dos destinos da Federação e de ter, no mesmo documento, aconselhado o voto no seu laiado francês.
Já na semana passada tinhamos dado conta deste acordo, bem como o facto de Todt estar em plena campamnha eleitoral, pois passou alguns dias em Africa, em contacto com um bom numero de clubes locais, na tentativa de angariar apoios. em contrapartida, Ari Vatanen ainda não saiu da Europa, depois de ter iniciado a sua campanha há dez dias, mas tem nos homens dos maior clube do mundo - o American Automobile Association - os seus principais aliados e promotores. Daí que parte do trabalho de sapa já esteja feito do lado do finlandês, enquanto que a estrutura da FIA está a trabalhar activamente para eleger todt no lugar de Mosley.
Uma situação que desagrada ao antigo campeão do mundo de ralies, que ficou espantado com a forma como Mosley deu o seu apoio público a Todt: "Eu represento a mudança de que a FIA necessita. O jean todt, em contrapartida, representa a velha guarda e não é correcto o Max tentar impor um novo lider, nem usar o poder da Federação para apoiar uma campanha. A FIA não é um reino, é uma República em que os líderes são eleitos democraticamente."
Se Vatanen ficou surpreendido com a atitude de Mosley, alguns dos seus principais apoiantes - mais experientes a lidar com o inglês e com Todt - já esperavam que as coisas se passassem desta forma e fizeram questão de avisar o nórdico para se preparar para uma campanha muito pouco digna, onde a compra de votos dos clubes mais pequenos vai ser a arma do seu opositor, como foi de Mosley face á moção de confiança que teve de enfrentar no ano passado.
Mas ainda não é certo que Todt e Vatanen sejam os dois unicos candidatos à presidência da FIA, pois há quem pretenda que Michel Boeri [presidente da Federação do Mónaco] se candidate, e Mohamed Bin Sulayem [vice-presidente da FIA e presidente da Federação dos Emirados Arabes Unidos, para além de ser ex-piloto] também tem aspirações ao cargo, mesmo se com menos 15 anos que Todt, pode também aspirar a ser o seu sucessor, pois é também dos principais apoiantes de Mosley e está a ser sondado para fazer parte da equipa do francês.
Já outros potenciais candidatos - Tomczyk, Chandhok - vieram a público garantir não estarem interessados no cargo de presidente da FIA, mas sem terem ainda escolhido o candidato a apoiar. Mas já se percebeu que a base de apoio de Vatanen é superior à facção que se opôs a Mosley no ano passado, enquanto Todt não vai conseguir fazer o pleno junto de quem esteve do lado do inglês.
No paddock da Formula 1, a candidatura de Vatanen foi muito bem recebida, mas a possibilidade de Todt ser eleito está a deixar todos muito preocupados. O francês não deixou saudades nem amigos no "paddock", nem sequer na Ferrari, onde se teme que pretenda utilizar o seu cargo para causar dano a Montezemolo, pois a separação entre os dois homens que lideraram a Ferrari durante 13 anos foi tudo menos amistosa.
Luis Vasconcelos