sábado, 24 de março de 2012

O "Novo" Pacto da Concórdia

Causou sensação esta manhã em Sepang o anuncio, proveniente da boca de Bernie Ecclestone sobre o facto de que as equipas chegaram a acordo sobre um novo Pacto (ou Acordo) de Concórdia, que entraria em vigor em 2013, após o final do prazo do actual. “Estou muito satisfeito em anunciar que chegámos a um novo acordo comercial com a maioria das escuderias, incluindo Ferrari, McLaren e Red Bull”, escreveu o octogenário no site oficial da Formula 1.

Este era um "anuncio" de uma certa forma esperado, porque desde o fim de semana de Melbourne que se sabia que iria haver um anuncio iminente em relação a esta matéria, e alguns pormenores tinham até sido "vazados" para a imprensa mundial, muito provavelmente tendo como fonte o próprio Ecclestone, que era para ver como é que iriam reagir as pessoas, esperando sair mais uma vez vencedor neste tipo de negociações.

A sensação que se fica, pelo que se ouve e lê, é que Ecclestone gosta de meter a boca no trombone, anunciando coisas como "fait accompli", ou seja, factos consumados, levando sempre a sua adiante. Diz-se isto porque nenhuma das equipas visadas confirmou o acordo, muito pelo contrário. Se com isso a ideia era de conseguir dividir a FOTA, tornando-a inutil, isso já aconteceu muito antes, quando Ferrari e Red Bull sairam da organização no final do ano. E o anuncio da McLaren no campo dos que aceitaram o acordo é importante, pois mostra - pelo menos para quem vê isto de fora - que bastou Ecclestone dar o que eles queriam para conseguir o tal Pacto (ou Acordo). E também se fala que só a Mercedes, Williams, Caterham, Marussia e HRT é que não chegaram a acordo sobre este novo Pacto (ou Acordo).

Contudo, há factos que alguns "insiders" ainda não conseguiram ter resposta. Primeiro que tudo, quais são os detalhes deste Pacto (ou Acordo). Aliás, se formos ver ao longo da história, muito poucos detalhes foram revelados nos acordos (ou pactos) passados. Sabe-se de alguns princípios genéricos e as partes que cada um tem no bolo crescentemente maior das transmissões televisivas e dos "fees" que os circuitos e organizadores pagam para ter  a Formula 1 no seu país, que é, como sabem, crescentemente alto. Sabe-se que Bernie Ecclestone tem 50 por cento do negocio, através da FOM, e parece que desta vez quer dar uma fatia de 15 por cento pertencente a "ex-falida" Lehman Brothers às equipas de Formula 1, nomeadamente a Red Bull e a Ferrari, as duas mais importantes do campeonato, e que essas ações iriam ser lançadas na Bolsa de Singapura. E agora, parece que também a McLaren está no barco.

Daí que o Luis Fernando Ramos diga isto hoje, de Sepang, no seu blogue, sobre o que vão ser os próximos anos da categoria: "um abismo cada vez maior entre os times poderosos e os pequenos; um modelo de realização de corridas que traz algumas com arquibancadas às moscas como essa em Sepang; as habituais polêmicas sobre soluções técnicas que custaram milhões e são complicadas de explicar para o torcedor médio."

Uma coisa é certa: mais uma vez, parece que Bernie Ecclestone levou a sua adiante. "Divide et impera", dividir para reinar. Tiro o chapéu pelo seu método de negociação, pois é unico, e cada vez mais ficamos com duas ideias: a Formula 1 atual foi definitivamente moldado para uma "Formula Ecclestone" e que ele, aos 81 anos, ainda continua a dar cartas. Ele é, sem qualquer tipo de dúvida, o melhor vendedor de automóveis da História da Humanidade.

Formula 1 2012 - Ronda 2, Malásia (Qualificação)

Para quêm vê a tabela de tempos, fica com a sensação de "papel químico": Lewis Hamilton foi o melhor, na frente de Jenson Button, com Michael Schumacher em terceiro. E de facto, é verdade: os três primeiros são uma quase repetição da grelha australiana, excepto que o alemão foi quarto em Melbourne. Mas Romain Grosjean não andou longe: foi sétimo na qualificação, do qual subirá um lugar com a penalização do seu companheiro de equipa, Kimi Raikkonen, que fora quinto... com o mesmo tempo de Mark Webber, o quarto.

O facto de Lewis Hamilton ter voltado a repetir a pole-position, na frente de Button mostra que está aparentemente imperturbável com o sucedido na corrida australiana, onde foi batido por Button e Sebastian Vettel, acabando numa (aparentemente) pálida terceira posição. Contudo, ele poderá querer mostrar também que deseja que o seu fim de semana seja perfeito: pole e vitória, com a volta mais rápida de permeio. Tudo para demonstrar que é candidato a campeão e não deixar que Button o domine. Resta saber se ele - e o resto da concorrência - o irá deixar fazer isso.

O velho alemão, heptacampeão do mundo, está a ter um bom começo de temporada. Depois de ter sido quarto na grelha australiana, agora é terceiro na grelha malaia, a 172 centésimos de segundo da pole-position, batendo pela segunda vez Nico Rosberg, que teve pequenas falhas na sua volta mais rápida e não conseguiu mais do que um oitavo posto - sétimo com a penalização de Kimi Raikkonen. Veremos se a corrida lhe será favorável, o que a acontecer, seria um sinal de que este Mercedes é mais do que um carro de qualificação, como parece estar a demonstrar. 

Interessante foi ver Sebastian Vettel com uma estratágia diferente, correndo com pneus duros, e conseguindo apenas o sexto melhor tempo - quinto, com a penalização de Raikkonen. Ele afirma que fez essa opção porque não se sentia confortável com os pneus mais moles, mas toda a gente saber que isso pode significar uma estratégia diferente na corrida, ficando mais tempo em pista: “Não estava confortável com os pneus macios pelo que optei por pneus duros. Espero que amanhã isso possa ser uma vantagem e espero poder ficar mais tempo em pista e ganhar alguma flexibilidade no primeiro turno da corrida. Vamos ver em que posição estamos e faremos o nosso melhor”, afirmou o campeão do mundo.

Fernando Alonso continua a transformar "leite de pedra" e levou o seu Ferrari até ao nono posto, na frente do Sauber-Ferrari de Sergio Perez, que continuou a mostrar que este chassis foi bem nascido. Os dois conseguiram desalojar da Q3 o Williams de Pastor Maldonado e o Ferrari de Felipe Massa, que apesar de ter melhorado um pouco, não entrou na fase decisiva, e faz acentuar ainda mais as criticas ao piloto e ao fato do carro ser mal nascido. E Massa não foi ultrapassado por Bruno Senna em apenas 11 centésimos...

Quanto a Maldonado, a sua rapidez ainda não foi totalmente domada: na sua primeira tentativa, ele saiu de pista, perdeu tempo para que os mecânicos pudessem verificar o carro, procurando por danos, e no final só teve uma tentativa verdadeiramente limpa. Pode-se imaginar o que teria acontecido se conseguisse mais do que uma tentativa, não é? O que demonstra duas coisas: que a Williams fez um bom carro e Maldonado é um piloto rápido, mas pouco consistente.

A Williams conseguiu um resultado de conjunto melhor do que os Force India e os Toro Rosso. Esta última até viu um dos seus pilotos, Jean-Eric Vergne, a não conseguir passar para a Q2, acompanhando os Caterham, os Marrussia e os HRT, que por fim, conseguiram tempos que lhes permitem alinhar na corrida, embora tenham ficado a 1,5 segundos... do pior dos Marussia. A continuar assim, pode ser que os passe por alturas da Coreia do Sul. Mas o objetivo da época está alcançado, para Pedro de la Rosa e Narain Karthikeyan.

Amanhã, de manhã, haverá Grande Prémio. Será à chuva ou haverá tempo só para o piso seco?

A saga da Copersucar Fittipaldi, feito pelo Rianov

Que toda a gente tem enorme respeito por Emerson Fittipaldi, isso têm. E todos sabem sobre a saga da Copersucar, a unica equipa brasileira na história da Formula 1. Mas pouca gente sabe, hoje em dia, como é que aconteceu e que impacto é que ela teve, e não foi negligente, apesar de nunca ter ganho qualquer corrida e ter contribuido para o final algo penoso da carreira de Emerson.

Mas agora, trinta anos depois do seu fim, podemos ver o seu legado: para além de Emerson e Wilson, pilotaram nomes como Ingo Hoffamnn, Arturo Merzário, Keke Rosberg, Alex Dias Ribeiro e Chico Serra. E passaram por lá nomes como Peter Warr, Harvey Postlethwaithe e um jovem Adrian Newey, para além de Ricardo Divila, que desenhou os primeiros chassis da marca. 

E nesta sexta-feira, o fabuloso Rianov Albinov fez na Jalopink brasileira um enorme tributo fotográfico à equipa que existiu entre 1975 e 1982, que conseguiu três pódios em 120 Grandes Prémios, e 44 pontos no total. E em certos anos, como em 1978 e 1980, ficou na frente de algumas equipas como McLaren, Alfa Romeo e Ferrari.

Podem ver o tributo a partir deste link. E vale a pena a visita.  

sexta-feira, 23 de março de 2012

Formula 1 em Cartoons - Os fantasmas de Felipe Massa

Com o mau desempenho dos Ferrari, os críticos tentam encontrar o elo mais fraco, para poderem agitar os seus fantasmas, para ver também se conseguem influenciar alguma coisa. E claro, Felipe Massa, cujo desempenho na Austrália foi fraco, é o primeiro dos alvos. E alguns jornalistas em Itália agitaram os nomes de Jarno Trulli e Rubens Barrichello, afirmando que esses veteranos fariam melhor do que ele.

E claro, o Bruno Mantovani não deixou escapar essa oportunidade para fazer um pilotoon seu sobre a situação.  

A crise na Ferrari, vista pelo jornal i

Os problemas da Ferrari já são mais do que conhecidos, bem como a sua vontade de reagir por parte da Scuderia de Maranello, sob pena de acabar o ano no quinto lugar dos construtores, atrás de Lotus ou a lutar por milgalhas com Force India, Toro Rosso, Sauber e Williams. Em Itália já se pedem cabeças e julgam que Felipe Massa deveria ser o primeiro a cair, por ser provavelmente o elo mais fraco nessa cadeia, desconhecendo - ou não - que o ponto fraco é mesmo o carro. E pelo que se lê nesta noticia do jornal i, escrita por Rui Catalão, que a Ferrari está disposta a conceder uma nova oportunidade a Massa e provavelmente irá fazer uma versão B do carro de 2012. 

Tem de ser, porque ninguém em Itália e no resto do mundo perdoará uma má época do Cavallino Rampante. E caso aconteça, pedirão a cabeça de toda a gente.

FERRARI. SE NÃO PRESTA, O MELHOR É MUDAR JÁ

Por Rui Catalão, publicado em 23 Mar 2012 - 13:53 | 
Actualizado há 2 horas 6 minutos 

O F2012 desiludiu nos testes e na Austrália. A equipa italiana está a preparar um carro novo para o GP do Bahrein ou de Espanha. Pelo caminho também pode pensar num novo piloto

Em semana de grande prémio, as quintas-feiras na Fórmula 1 são como um casal à beira do início do namoro: a acção está perto de começar, mas ainda não rolou nada. As equipas já têm todo o material no circuito, fazem as alterações que faltam aos carros. Os pilotos também lá estão, dividem o tempo entre os engenheiros e os jornalistas, o trabalho e o descanso.

Na Malásia, a Ferrari aproveitou a quinta-feira para prestar uma homenagem há muito pensada. A escuderia foi até à curva 11 para lembrar o acidente que matou Marco Simoncelli, piloto italiano, na prova de 2011 do MotoGP em Sepang. “Sic, 58. Sempre com noi”, lia-se na placa que Fernando Alonso e Felipe Massa seguravam, no meio da pista.

Foi um momento de luto, que aconteceu no meio de outro: a Ferrari está prestes a dar como morto o F2012. O carro desenhado por Nicholas Tombazis e Pat Fry vai durar apenas mais dois ou três grandes prémios, tempo suficiente para ser preparada uma alternativa. Os resultados nos testes de pré-época e mesmo no GP da Austrália ficaram longe daquilo que a equipa italiana esperava. Pastor Maldonado, por exemplo, mostrou durante a corrida de Melbourne que o Williams tinha ritmo suficiente para pressionar – e até ultrapassar – Alonso.

O quinto lugar do espanhol foi um mal menor. As expectativas estavam niveladas bem mais por baixo, mas também não mudaram só porque Alonso conseguiu terminar logo atrás dos monolugares mais fortes da Fórmula 1: os McLaren (Jenson Button em primeiro e Lewis Hamilton em terceiro) e os Red Bull (Sebastian Vettel no segundo lugar e Mark Webber no quarto). Na verdade, foi há quase um mês, durante o primeiro teste de Barcelona, que se pôs a questão: continuar a trabalhar no F2012 ou pensar num plano B?

No início da semana, Stefano Domenicalli chamou as tropas a Maranello para uma reunião de emergência. Antes de voar para Itália, o patrão da Ferrari já tinha reconhecido o estado : “Temos problemas fundamentais. Um é a velocidade e o outro é a tracção. Como é óbvio o carro estará praticamente igual [na Malásia] porque é já no próximo fim-de-semana, mas vamos tentar melhorar alguma coisa com as afinações. E depois para a China, o Bahrein, etc, vamos levar algumas mudanças.

MASSA EM RISCO? O plano B da Ferrari pode não se resumir à construção de um novo carro. Desde o acidente na Hungria, em Julho 2009, que Felipe Massa tem estado muito longe daquilo que já mostrou em pista. Ao longo da época passada já houve quem pedisse a cabeça do brasileiro; agora, Massa corre o risco de perdê-la caso continue a desiludir. Em Melbourne foi forçado a desistir após um acidente com o compatriota Bruno Senna. Isso não esconde, ainda assim, o que se tinha passado na qualificação: Massa foi 16.º, a 2,5 segundos do melhor tempo registado por Lewis Hamilton, o mais rápido da sessão.

A especulação já está em andamento. Uma das hipóteses para substituir o brasileiro é Sergio Pérez, que corre pela Sauber (parceira da Ferrari) e está integrado no programa de jovens pilotos da equipa italiana. “É muito cedo para especular”, diz o piloto de 22 anos. Mas a lista não acaba nele: Jarno Trulli e Adrian Sutil também estão entre os nomes falados.

Massa, por agora, garante que vai trabalhar para fazer melhor. “Estamos a tentar tirar o melhor rendimento possível do carro, ainda que toda a gente saiba que não estamos na posição em que gostaríamos de estar. Espero que o carro possa funcionar melhor neste circuito do que na Austrália.” O brasileiro também precisa de trabalhar melhor. Senão pode não durar muito mais.

Formula 1 2012 - Ronda 2, Malásia (Treinos)

Cinco dias depois de Melbourne, a fantástica logistica que a Formula 1 detêm há vários anos tornou habitual o que há uns anos seria visto como um milagre, que é o de colocar num outro sítio, milhares de quilómetros do primeiro, todo o material relativo à Formula 1: chassis, pneus, peças mecânicas e aerodinâmicas, entreo utras coisas.

Em Sepang, um lufgar nos arredores de Kuala Lumpur, a capital do país, e logo ao lado do aeroporto, máquinas e pilotos andaram a climatizar-se ao ambiente local, ao calor tropical e à imprevisibilidade do boletim meteorológico. Mas não foi com esta mudança de ambiente que os McLaren mirraram, bem pelo contrário: Lewis Hamilton queria reagir à sua prestação na Austrália, onde foi batido por Jenson Button e Sebastian Vettel, e assim sendo, liderou a tabela de tempos em ambas as sessões de treinos livres. Na primeira sessão, bateu Sebastian Vettel por 514 centésimos, e na segunda, foi melhor que Michael Schumacher em meros 361 centésimas de segundo.

Mas se Hamilton mostrou consistência nestas sessões de treino, o resto foi equilibrado. Os Mercedes apareceram, com um terceiro e um quarto posto na primeira sessão de treinos, para além do tal segundo posto do veterano alemão. E a Lotus mostrou-se, claro, com o quinto lugar de Romain Grosjean e o sétimo posto de Kimi Raikkonen na primeira sessão de treinos livres. Na segunda sessão, os resultados foram bem mais modestos, e ainda por cima, Raikkonen viu-se com mais problemas: teve de mudar de caixa de velocidades, e por isso, irá perder cinco posições na qualificação.

Quem também meteu o bedelho nas sessões de treinos livres foram os Toro Rosso, com Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne a andarem consistentemente nos dez primeiros, especialmente na segunda sessão. O australiano foi quinto e o francês foi oitavo, com o Ferrari de Fernando Alonso e o Red Bull de Mark Webber entre eles.

E os Ferrari mostraram algumas melhoras, com Felipe Massa a ficar à frente de Fernando Alonso na primeira sessão, antes do contrário acontecer na segunda, onde o brasileiro fez o 16º tempo. Apesar desta aparente má posição, o brasileiro era um homem confiante: “Amanhã o carro pode dar um grande passo e estar muito mais competitivo do que aquilo que se viu em termos de tempos por volta hoje”, referiu.

Para os lados da Williams, a primeira sessão foi marcada pelo fato do segundo carro ter pertencido ao finlandês Valteri Bottas, que não fez feio, marcando o 11º tempo na sessão, naquela que foi a sua primeira vez aos comandos de um Formula 1 numa sessão oficial. E ficou um lugar mais à frente de Pastor Maldonado. Na segunda sessão, as coisas correram um pouco pior para Bruno Senna, que apenas marcou o 17º tempo.

Atrás, na cauda do pelotão, os Hispania - ou HRT - não sairam de lá, mas diminuram o fosso que tinham em relação à corrida australiana, colocando esperanças em que poderão fazer tempos inferiores ao limite dos 107 por cento. Novas peças e um sistema DRS para o carro foram as grandes novidades, que levaram à melhoria dos tempos. E Pedro de la Rosa exprimia essa esperança, no final da sessão:

Esperávamos ficar dentro do limite dos 107 por cento, com tudo o que temos de novo como o DRS e as novas partes a funcionarem, como a direção assistida. Mas não devemos ficar demasiado confiantes porque nunca se sabe quanto combustível levam os outros carros. Penso que estamos bem, mas não podemos ficar por aqui. Temos de tentar ficar mais rápidos amanhã, porque esta é a primeira vez que conseguimos rodar com o carro de forma fiável desde que este nasceu”, comentou.

Na próxima madrugada temos a qualificação. E veremos se será mais do mesmo ou haverá algo mais. 

Noticias: Carlos Sousa renova com a Great Wall até 2014

Na mesma altura em que os organizadores do Rali Dakar anunciaram o percurso da mesma no ano que vêm, o português Carlos Sousa, que terminou o Dakar deste ano no sexto lugar com os chineses da Great Wall Haval,  regressava da China com boas noticias: o projeto para 2013 iria continuar, com o piloto português ao volante, e provavelmente com um navegador português.

Apesar dos sinais que ia recebendo indicarem que esse seria o caminho, a verdade é que faltava ouvir dos responsáveis da Great Wall quais eram os planos futuros e de que forma o projeto iria evoluir”, começou por dizer Carlos Sousa. “Estive reunido com o presidente da marca e com o responsável pelo departamento de Motorsport. Mais uma vez, fui muito bem recebido e além dos elogios e felicitações pelo resultado conseguido no último Dakar, ficou assente que prolongaríamos a nossa ligação para o próximo Dakar”, revelou o piloto português.

O prolongamento do contrato do piloto português para a temporada seguinte está de acordo com os objetivos da marca, que quer apostar fortemente para a edição de 2014, com um novo modelo. “É um objetivo a longo prazo e que passa por construir um novo carro de raiz, algo que seria impossível de concretizar já no próximo ano e num tão curto intervalo de tempo”. 

Nesse contexto, “vamos agora apostar em melhorar o carro que levámos ao último Dakar, procurando resolver alguns dos problemas que limitaram a nossa performance, como é o caso, por exemplo, do sobreaquecimento do motor. Pelo menos, teremos agora mais tempo para testar e validar o nosso trabalho, aproveitando também o melhor conhecimento que a equipa tem deste carro”. 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Noticias: Dakar 2013 começa no Peru e acaba no Chile

Menos de dois meses após o final da edição de 2012, a ASO divlugou esta quarta-feira o percurso da edição de 2013, e a novidade é que a partida será no Peru e a sua chegada será no Chile, com passagem pela Argentina. O anuncio confirma o rumor que tinha sido lançado por alturas do Rali Dakar, provocado pelo "lapsus linguae" de um membro do governo chileno, que tinha afirmando à imprensa da chegada do rali em terras chilenas.

Entre os dias 5 e 20 de janeiro do ano que vêm, a prova começará em terras peruanas, antes de uma primeira passagem pelo Chile, mais concretamente no deserto de Atacama, para depois entrar na argentina, mais concretamente até Tucuman, local onde a caravana terá o seu dia de descanço, a 13 de janeiro.

Após isso, a caravana volta ao Chile, onde acabará na capital, Santiago. O percurso será de quase oito mil quilómetros e os organizaores prometem que será tao dificil como nas edições anteriores.

5ª Coluna: Felipe Massa, o bode expiatório dos "tiffosi"

Depois de todos termos visto a primeira corrida do ano, em paragens australianas, das surpreendentes performances de Mercedes, Lotus e Williams, a performance da Ferrari em Melbourne foi no mínimo, decepcionante, com Fernando Alonso a conseguir minimizar os estragos, muito graças a ele mesmo do que o carro propriamente dito. Mas como o piloto espanhol conseguiu "tirar leite de pedra", os italianos decidiram carregar em Felipe Massa, achando que ele é o culpado do assunto, pedindo a sua cabeça e esquecendo o essencial: o carro de 2012 foi mal nascido.

A Ferrari reconheceu isso e é por essa causa que lhe vai dar em Sepang um carro "totalmente novo", para ver se ele consegue melhorar as suas performances,pois em Melbourne teve um final de semana para esquecer, sendo superado por Alonso - o que já se torna normal - e raramente andou pelos pontos, depois de não ter passado para a Q3 na qualificação, o que foi anormal. E claro, no dia seguinte, começou a discussão e os pedidos de que Massa seja despedido, julgando que ele é o eixo de todo o mal que grassa na Ferrari.

Já falei sobre isso na terça-feira neste blog, e continuo a afirmar: não é mais do que um bode expiatório. Esquecem-se do mau carro que a Ferrari conseguiu fazer em 2012, do excelente piloto que é Fernando Alonso e acham que um "auto-da-fé" na segunda corrida do ano será a panaceia de todos os males para os lados de Maranello e que a Ferrari estará de volta ao seu devido lugar. 

Primeiro que tudo: isto não é futebol, onde despedir o treinador significa uma "chicotada psicológica" do qual os jogadores reagem. Na Formula 1, as chicotadas psicológicas tem um efeito contrário: só fazem piorar as coisas. Em muitos aspectos, fazem com que a equipa volta à estaca zero e os resultados, em vez de aparecerem, desaparecem. A Ferrari deve resistir à tentação de mostrar que é um pau mandado da (má) imprensa automobilística italiana, e a atitude mais correta que deve ter é não ligar nenhuma e fazer o seu trabalho.

Entretanto, esta imprensa decidiu fazer os seus inquéritos e perguntou quem seria o piloto ideal para guiar aquele carro - ou cadeira elétrica - no lugar de Massa. Quase metade dos internautas na Autosprint (39 por cento) quer Rubens Barichello de volta à equipa, pela sua experiência. Francamente, é sinal de que as pessoas por lá sentem a falta de Rubinho, mas este, por muito que sinta que nunca foi esquecido na Formula 1, está agora feliz na sua segunda vida, na IndyCar Racing. Que vai começar a sua temporada neste final de semana, nas ruas de St. Petersburg. E se ele se der bem, a Formula 1 cedo se tornará numa boa recordação.

Mas em jeito de conclusão, dar um chassis novo a Massa é sinal de que por lá se esforça para dar uma chance ao piloto brasileiro, e espera-se que ele corresponda a isso. Mas pelo que se conta, este não é um chassis que se dá bem em longas retas. E parece que Sepang poderá ser a "parte II" do Inferno que a Scuderia vai passar este ano. E que muito provavelmente será o último de Massa na Ferrari, dê por onde der. 

Se esse for o final inevitável, ao menos que Felipe Massa faça um esforço para sair de cabeça erguida e não como um absoluto derrotado.

Fibra de Carbono, episódio quatro

Gravamos isto em terça à noite, mas hoje divulgamos o podcast desta semana. Aqui falamos sobre o GP da Austrália, da situação da Ferrari, da contestação a Felipe Massa na imprensa italiana, de como o despedimento dele significa "entregar os pontos" já na primeira prova do ano.

O título escolhido é uma alusão futebolistica ao Massa, dito no meu mau italiano... 

Também falamos neste podcast sobre a GP2 e o carro da Delta Wing, fabricado pela HighCroft e motorizado pela Nissan para as 24 Horas de Le Mans, e promete ser revolucionário.

Formula 1 em Cartoons: Fotoshop australiano (I)

Há fotoshops e fotoshops. Mas nesta fotografia não foi necessário acrescentar mais nada, só as legendas. Esuspeito que em Sepang e nas corridas seguintes vai ser a mesma coisa...

Não gostava que fosse "Andrea Moda, parte II", mas fico com essa impressão.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Caro Ayrton

Caro Ayrton:

Hoje, toda a gente se lembra de ti por ser aquilo que deveria ter sido o teu 52º aniversário natalício. Ainda bem, é um sinal de que nunca te esqueceram, que no Brasil, quer no resto do mundo. Mas há um motivo para isso: é que foi realizado um documentário sobre ti e foi um sucesso excepcional, um dos mais vistos de sempre na sua categoria, embora com o defeito de ter sido apenas ficado nos teus anos na Formula 1 e especialmente no teu duelo com Alain Prost, o que acho um pouco redutor, mas nada que menorize o bom trabalho. Apenas acho que poderia ter sido melhor se fosse mais completo. Mas meter a tua vida e a tua rica carreira num filme de duas horas é um exercício difícil.

Confesso que sempre que vejo os videos das tuas corridas, e se tivesse jeito para isso, fazia uma montagem  das tuas voltas canhão e punha como banda sonora o "My Hero", dos Foo Fighters. Como não sabes o que isso significa, direi que é uma musica de 1996, que virou um clássico. 

Uma parte da letra diz isto:

"Too alarming now to talk about 
take your pictures down and shake it out 
truth or consequence, say it aloud 
use that evidence race it around 

There goes my hero 
watch him as he goes 
there goes my hero 
he's ordinary"

É por isso que muitas vezes sinto uma revolta interior, dentro de mim, ao ver as pessoas te elevarem à condição de "Deus". Eu, que a cada dia que passa me convenço que isso não é mais uma invenção nossa para justificar um desconhecido superior a nós - eu sei que tu acreditavas nisso, e respeito os que acreditam - acho que elevar-te à condição de perfeição é uma ridicularia. Porque isso faz eliminar os teus defeitos e eleva as tuas qualidades a um nível quase irracional. Eras um grande piloto de qualificação, sem dúvida. Eras um "racer", mas hoje em dia, acho que o piloto completo é aquele que tem cabeça em corrida para atacar quando é necessário, e não atacar da primeira à última volta. Nesse aspecto, acho que o melhor era o teu rival, Alain Prost.

Sim, cresci a ver-te, e sabia o que tu eras. O meu herói. O herói de uma geração. Mas não eras Deus, eras apenas um mero mortal, um tipo genial que fazia uma volta-canhão nos treinos, aquele tipo que sempre que te via na pista, em qualquer qualificação, sabia que irias acabar com o primeiro lugar. Eras sobre-humano nesse aspecto, e ver-te no topo da tabela de tempos era quase uma inevitabilidade tão grande como julgava que tudo à minha volta era imutável, nos meus tempos de infância. Agora sabemos que não era.

Hoje em dia, muitas vezes penso se as pessoas bloquearam-te na tua mente por causa daquele trauma que foi a corrida de Imola. Dos que de endeusam, quantos se lembram da tua atitude vingativa em Suzuka, em 1990? Do facto de muitos de nós, da nossa geração, terem acordado às quatro da manhã, como eu, para te verem bater em Alain Prost na primeira curva, e saires de lá incólume e sem arrependimentos pela tua atitude? E se estivesses vivo em Adelaide, quatro anos depois, e estivesses no papel de Damon Hill quando Michael Schumacher o colidiu naquela curva? Como reagirias? Seria um caso de "cá se fazem, cá se pagam?", Inconscientemente, tornaste-te num modelo para muita gente, para o bem e para o mal.

Gosto de rever o passado, mas não de viver por lá. A vida continua e nós crescemos e envelhecemos. Hoje em dia, o teu sobrinho está na Formula 1, ainda por cima na Williams. Uma equipa que é a sombra do seu glorioso passado, mas que quer sair dela o mais depressa possivel. O carro promete, e espera-se que o teu Bruno o aproveite. Mas tenho medo de que ele ceda à pressão de um povo que vive mal com a ideia de que quer ver a Formula 1 porque "quer ver um brasileiro vencendo". Sem querer, habituaste mal os brasileiros, julgando que o automobilismo é como o futebol, que é o seu quintal, e se não vencem, entram em depressão. O ufanismo quase irracional que chega ao nivel da expressão "Deus é brasileiro" por vezes irrita-me, porque causa uma pressão quase incomportável nas pessoas. É um destruidor de carreiras e não deveria ser isso.

Perdoa o meu desabafo. Não devia falar contigo dessa maneira, porque não tens culpa da maior parte das coisas que acontecem por cá. Apenas fizeste o teu melhor e foste recompensado por isso. Nesse aspecto, não precisaste de ter uma vida longa, apenas uma vida boa. E nunca serás esquecido por isso. Só que gostava que as pessoas soubessem que tu não foste mais do que um ser humano, que teve um principio e um fim, e foste muito feliz na profissão que escolheste. Só isso.

Feliz Aniversário. Onde quer que estejas, desejo-te uma boa vida.

Noticias: Toleman TG184 guiado por Senna em leilão

No mesmo dia em que, se estivesse vivo, faria 52 anos, a Silverstone Auction irá colocar a leilão um modelo Toleman TG184 que o Ayrton Senna guiou na temporada de 1984, a sua temporada de estreia na Formula 1, e que lhe deu um segundo lugar no GP do Mónaco daquele ano, interrompido na 32ª volta debaixo de muita chuva. Tendo estado numa coleção privada durante 16 anos, foi agora colocado a leilão.

Nick Whaler, diretor da Silverstone Auctions, referiu que estão “entusiasmados por trazer este competidor icónico a leilão já que é indubitavelmente um dos lotes mais importantes que alguma vez colocámos à venda”.

E ainda acrescenta: “'Sennamania' está a chegar níveis inacreditáveis, pois para muita gente, é considerado como o maior piloto de todos os tempos. Sem qualquer dúvida, este carro será a pela central do nosso leilão, pois é uma hipótese quase unica para ter um pedaço da história, quer do automobilismo, quer do próprio Senna", concluiu. 

Não é a primeira vez que a Silverstone Auctions vende "memorabilia" do piloto brasileiro. No primeiro leilão do ano, conseguiram vender um capacete por quase 75 mil libras e um fato de competição por 35 mil, e espera-se que por esse carro, os valores sejam bem maiores do que o normal. O leilão irá acontecer no próximo dia 16 de maio, e espera-se que seja vendido por um preço muito alto.

terça-feira, 20 de março de 2012

O tempo em Kuala Lumpur: hipótese de chuva no final de semana

O tempo na Malásia no final de semana de corrida vai ser complicado. Numa zona tropical como é esta, as hipóteses de chuva na zona de Kuala Lumpur são grandes, e não é excepção. Prevê-se sessenta por cento de trovoada nos três dias do Grande Prémio, logo, à hora da corrida, a ideia de largar atrás do "safety car" pode acontecer. Mas também pode ser toda feita em piso seco.

Veremos o que o final de semana nos irá dar.

Para vender revista

O assunto do dia, em termos de Formula 1, tem a ver com... uma crónica. Confesso não saber muito sobre o prestígio de Alberto Sabbatini, cronista na revista italiana Autosprint, mas parece que já pede a cabeça de Felipe Massa já no primeiro Grande Prémio do ano, devido à sua parca prestação em Melbourne, onde rodou discretamente antes de se envolver num acidente com Bruno Senna.

Pedir a cabeça de A ou B na primeira corrida do ano acho cedo demais. Primeiro, porque é a primeira prova do ano e domingo tem mais corrida, na pista malaia de Sepang. Fico com a sensação de que essa pessoa decidiu desabafar, apelando a que a Ferrari passasse por uma limpeza já no final da temporada que passou, pois acha que é assim que voltam às vitórias, como se as chicotadas psicológicas no futebol também funcionam na Formula 1. Não, normalmente não funcionam, mas parece que se esquecem disso. 

A Formula 1 é um trabalho longo e duro, do qual os resultados são a longo prazo. Já entendi que os italianos e os "tiffosos" estão a perder a paciência, especialmente agora que viram que o novo chassis é um desastre e o perigo de acabaram na quinta posição do campeonato é bem real. Contudo, no meio do desastre, tenho de tirar uma coisa positiva nisto tudo: Fernando Alonso. Por ter feito uma corrida inteligente, subindo de 12º para o quinto posto, por ter aguentado os ataques do Williams de Pastor Maldonado, pode-se dizer que "tirou leite de pedra".

Sabbatini pediu a cabeça de Felipe Massa e o regresso de Jarno Trulli ao ativo, achando que o veterano piloto de 37 anos, corrido no inicio do ano da Caterham para dar lugar ao russo Vitaly Petrov, pode fazer um melhor trabalho do que Felipe Massa, especialmente na parte dos pneus, do qual parece que Massa se debate desde o ano passado. Por muito que goste de Trulli, e por muito que ache que mereça esta hipótese, ficaria com a sensação - caso a sugestão fosse acatada em Maranello, como se alguém lesse as crónicas do Sabbatini por lá - de que seria um "Badoer III", depois do próprio Luca Badoer e de Giancarlo Fisichella, depois de que em 2009 substituiram - ironia suprema - Felipe Massa. Os dois fizeram numero, passando a ideia de que foram para lá como se fossem os "funcionários do ano" e a recompensa fosse umas voltinhas na Formula 1 da companhia.

Mas mesmo que isto tudo seja "uma tempestade num copo de água", o alerta está lançado: a Ferrari tem de melhorar, Felipe Massa tem de melhorar. Scuderia e piloto estão a partir de agora sobre brasas. E tem de mostrar algo dramático já em Sepang porque, caso contrário, terão mais pressão para além do habitual. E se os dois demorarem a reagir, o tic-tac do relógio será cada vez mais audível.

Youtube F1 Comedy: Super Maldonado Kart



Depois da corrida de Domingo, seria inevitável alguém fazer uma coisa destas. E foi o que fez o site britânico wtf1.co.uk com a prestação de Pastor Maldonado em Melbourne. Lembrou o mítico Super Mário Kart e deu nisto que estamos a ver...

Youtube Rally Classic: A apresentação do Rali de Portugal



Como disse anteriormente, o Rali de Portugal começa daqui a dez dias, a 29 de março, com uma classificativa em Lisboa, e depois passando para três especiais noturnas, que são uma estreia e provavelmente irão agitar os fãs da modalidade, pois recordarão os eventos na Lagoa Azul. Mas também uma semana antes, em Fafe, será recordada uma classificativa mítica da história dos ralis, que foi o Fafe-Lameirinha, com o mítico salto.

Antes disso, a organização colocou no Youtube um video com os melhores momentos da edição anterior, onde tem lá um pouco de tudo, incluido a famosa cambalhota de Ken Block no "shakedown", e as participações de Kimi Raikkonen e de Armindo Araujo, que aí estreou a sua montada atual, o Mini Countryman, ainda na configuração S2000 e no qual andou bem até abandonar.

Noticias: pilotos preocupados com classificativas noturnas do rali de Portugal

A dez dias do inicio do rali de Portugal, alguns pilotos já manifestaram a sua preocupação ao fato de a organização ter decidido estrear este ano três classificativas noturnas, logo no seu primeiro dia. Apesar de serem três troços muito abertos, onde o pó se dissipa com muito mais facilidade, o fato de este ano não ter chovido e não se prever chuva para o final do mês no sul do país, faz com que haja o receio de que o piloto que fique na frente consiga uma "vantagem decisiva" para o resto do rali.

A organização afirma que os receios são infundados, mas segundo diz a Autosport portuguesa, os troços em questão - Gomes Aires, Santa Clara e Ourique, todos no Alentejo - tem ventos que correm no sentido contrário do troço (em Gomes Aires), ventos que tanto sopram de um lado como do outro (em Santa Clara) ou que é "varrido" para o lado esquerdo do troço (em Ourique), e isso pode prejudicar os pilotos que vêm por trás. E para além disso, a organização pensa em dar três minutos de diferença entre dois carros, para assegurar a dispersão do pó.

Resta esperar até ao dia 29 para saber se os receitos serão infundados. Ou para ver se chove por lá, que daria para "assentar" o pó. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Formula 1 em Cartoons (III): A batida de Pastor Maldonado (GP Toons)

Não vos disse que o Frank Williams tinha saltado da cadeira depois da batida do Pastor Maldonado na última volta? Eis a prova, providenciada pelo Hector Garcia, do GP Toons.

Pilotoons animado: a briga entre brasileiros



Achei engraçado ver que o Bruno Mantovani voltou aos "pilotoons animados" depois de algum tempo de ausência. E este sobre a briga entre Bruno Senna e Felipe Massa tem o seu quê de interessante, especialmente o placar...

Mais algumas cenas de "Rush"

Não escondo que ando a seguir as filmagens de "Rush" com uma crescente curiosidade. E uma expectativa cada vez maior, logo, o risco de ser uma decepção é previsivelmente grande. Mas parece que Ron Howard é uma pessoa que não deixa nada ao acaso, especialmente quando faz filmes históricos. Gostei do que fez no "Apollo 13", em 1995, no "Uma Mente Brilhante", em 2001, e no "Frost/Nixon", em 2009. E se "Rush"estiver ao nível destes três, então teremos filme para Óscar.

O Ron Howard anda a mostrar por estes dias, via Twitter (@RealRonHoward), um pouco do seu método de trabalho, especialmente nas partes históricas. O laborioso trabalho de pesquisa no guião, de como transformar aquilo que está escrito no papel num "storyboard" e depois na realidade,

E hoje houve duas fotos que colocou que não me deixou indiferente: o capacete de José Carlos Pace no seu Brabham BT46 Alfa Romeo, um dia depois de se ter comemorado o 35º aniversário da sua morte, e o fato de o público que está a ver as corridas da Formula 1 ser constituído por... bonecos. Muito provavelmente serão acrescentadas por computador no estúdio, mas não deixa de ter piada.

As filmagens entram agora na sua terceira semana, no aeródromo de Blackbushe.

O inicio da temporada da GP2 e talento dos pilotos no pelotão desta

Com o intervalo de apenas sete dias entre Grandes Prémios, não vai haver muito que falar para além dos rescaldos da corrida de Melbourne e da antecipação da corrida de Sepang, na Malásia. Mas é lá que vai acontecer algo importante: o começo da temporada 2012 da GP2.

Ontem à tarde, li a noticia de que a Rapax, que ainda não tinha confirmado uma dupla para esta temporada, tinha anunciado a contratação do francês Tom Dillmann e o luso-angolano Ricardo Teixeira, que em 2011 tinha sido piloto de testes da Lotus - agora Caterham. Dillmann, atualmente com 22 anos, foi o campeão da Formula 3 alemã em 2010 e um ex-piloto da fileira Red Bull, e conseguiu um pódio e uma pole-position em 2011, na GP3, com passagens pela Carlin e a Addax. Um palmarés bastante melhor do que Ricardo Teixeira, que está ali por causa da sua carteira, apesar de uma temporada agradável na Formula 2, em 2010.

Com apenas um lugar por preencher, na Venezuela GP Lazarus, que substitui este ano a veterana Super Nova, faz-nos pensar um bocado a atual situação da GP2. E aparentemente, isto parece ser um reflexo da crise, pois pilotos talentosos, tirando o brasileiro Felipe Nasr, o indonésio Rio Haryanto ou o mexicano Esteban Gutierrez, não parece haver. Há mais uma grelha cheia de carteiras recheadas, graças aos dinheiros que as equipas exigem para toda uma temporada na categoria imediatamente abaixo da Formula 1. 

Segundo diz a Autosport na sua edição deste mês, numa matéria sobre a descoberta de talentos no automobilismo, uma temporada de GP2 numa equipa média vale agora entre 1.5 a 2 milhões de euros, dependendo da equipa. Um contraste com o um milhão de euros que as equipas da World Series by Renault pedem aos pilotos que vão para lá - e parece ter atraído muita gente como o dinamarquês Kevin Magnussen, o brasileiro Lucas Foresti, os britânicos Sam Bird Lewis Williamson ou o francês Jules Bianchi - e os 600 mil euros que a GP3 pede aos seus pilotos.

É por isso que pilotos como, por exemplo, o português António Felix da Costa, preferem ficar mais um ano na GP3 e tentar o título, do que "vegetar" na GP2 e provavelmente ficar apeado a meio do ano, porque o dinheiro acabou. A crise e a quantidade de carteiras recheadas de pilotos cujo talento é por vezes inversamente proporcional à quantidade de dólares, euros, ienes, rublos ou até kwanzas, fazem com que a qualidade dos pilotos que lá andam este ano seja, provavelmente, a pior de todas. Dou-vos um exemplo: acham que numa era "normal", iriamos ter dois pilotos monegascos no pelotão da GP2? Provavelmente não, apesar de Stefano Colletti (duas vitórias em 2011) e Stephane Richelmi serem bons pilotos.

Mas o que quero dizer é... esta gente toda tem talento para a Formula 1? Tirando talvez Nasr (ajudado por Eike Batista) e Gutierrez (apoiado pela Sauber e a Telmex do Carlos Slim), não. Haryanto ainda é muito novo, e os outros já andam ali há muito tempo, sem consegurem "dar o salto". E o melhor exemplo existente é o do holandês Gierdo van der Garde, que vai fazer a sua quarta temporada na GP2, depois de vários meses a ser falado para um lugar na Williams, Lotus, Caterham e até Marussia. Apesar de três vitórias em 2009, nunca teve a capacidade para disputar títulos, mesmo que seja o campeão de 2008 da World Series by Renault.

Não me admira que pessoas como Ron Dennis disse, em 2009, que não tinha visto ninguém suficientemente bom para a Formula 1, apesar de ter sido naquele ano que Nico Hulkenberg venceu o campeonato, um dos poucos campeões que o venceu no seu primeiro ano. O alemão tem talento, e já foi recompensado na Formula 1 com um lugar na Williams e depois na Force India. Mas penou em 2011 quando foi preterido na Williams por um piloto com dinheiro, Pastor Maldonado. Que por acaso, foi campeão da GP2 em 2010.

Em resumo: a GP2 está a ser cada vez mais uma máquina devoradora de dinheiro, aquilo que fez extinguir, de uma certa forma, a Formula 2, em 1984, e a Formula 3000, vinte anos mais tarde. Apesar de ser uma competição monomarca - todos os chassis são da Dallara, com motor Renault - só o fato de os pilotos terem de viajar para a Ásia, com duas passagens pelo Bahrein, para além da Malásia e Singapura, já encarece a competição, numa altura em que não há muito dinheiro para sustentar carreiras. Em contraste, a WSR e a GP3 são formulas essencialmente europeias. Será que vai ser assim por muito mais tempo?

E já agora, se quisermos ver os valores do futuro, espreitamos que categoria?

Formula 1 em Cartoons (II): GP Austrália (GP Toons)

A visão do nosso amigo Hector Garcia, do Grand Prix Toons, sobre o GP da Austrália, mostra-nos Jenson Button a bordo de um enorme canguru, na sua bolsa marsupial, representando o primeiro prémio, enquanto que um encolerizado Lewis Hamilton e um - menos zangado - Sebastian Vettel atiram cangurus de peluche, lixados da vida pelo facto de Button ter sido mais esperto do que eles...

De facto, Button começou bem o ano. E na semana que vêm, em Sepang? 

domingo, 18 de março de 2012

Formula 1 em Cartoons - O drama de Maldonado (Pilotoons)

O acidente de Pastor Maldonado, na última volta do GP da Austrália, quando pressionava Fernando Alonso para o quinto lugar, pode ter decepcionado muitos e zangado outros tantos, mas merece o nosso respeito. Arriscou e perdeu, mas poderia ter ganho. Não desistiu, embora podia ter sido mais pragmático e ficado com um sexto lugar que por si só, já valia mais do que todos os pontos conquistados pelo velho tio Frank em 2011.

E o Bruno Mantovani, no seu Pilotoons, demonstrou isso mesmo neste excelente desenho. Ao Pastor, melhor sorte para a próxima. E um pouco mais de frieza.

Formula 1 2012 - Ronda 1, Austrália (Corrida)

Depois de alguns meses de testes, especulações na "dança das cadeiras" e de carros feios como burro, chegamos neste meio de Março a Melbourne, o lugar onde todos queremos que a Formula 1 comece, porque é bem mais agradável e divertido do que o deserto. E depois de vermos - provavelmente com muita satisfação por parte de muita gente - que os bonitos McLaren tinham conseguido monopolizar a grelha de partida, toda a gente esperava pelo momento da largada para dizer que a longa temporada da Formula 1 de 2012 tinha, por fim, começado.

Com céu azul - a constrastar com o mau tempo dos últimos dois dias - a brindar Melbourne, toda a gente queria ver se os McLaren iriam dominar, se os Red Bull iriam aguentar, se Michael Schumacher iria subir ao pódio, se os Williams e a Lotus iriam fazer bonito, se a Ferrari iria minorar o seu fiasco... mas sobretudo, se a corrida iria valer a pena. E valeu, depois de apagarem as luzes, com Jenson Button a conseguir ser mais veloz que Lewis Hamilton na primeira curva, e a conseguir superar o seu companheiro de equipa onde deve ser. Atrás, Bruno Senna começava mal o seu campeonato, ao ser tocado pelo Toro Rosso de Daniel Ricciardo na primeira curva e a "posar para a fotografia". Mas iria continuar.

Quem já desistia era Nico Hulkenberg, e na volta seguinte, Romain Grosjean, que tendo partido mal, era tocado pelo Williams de Pastor Maldonado, e acabou por deitar fora a hipótese de um pódio. E na frente, Button tentava escapar de Hamilton, enquanto que Vettel chegava-se ao terceiro posto, numa altura em que  Michael Schumacher parecia ir para uma boa corrida, mas esta acabou na volta 12, quando a sua caixa de velocidades abandonou-o. 

Imediatamente a seguir houve as primeiras paragens nas boxes do ano, com Button e Vettel a fazerem-no ao mesmo tempo, tentando ganhar alguma coisa dos adversários. Hamilton parou na volta seguinte, e isso beneficiou Button, que de repente, ganhou uma vantagem de dez segundos para o seu companheiro de equipa. E atrás, havia recuperações: Alonso fazia o que sabia fazer com o seu Ferrari, com pneus mais duros e a não parar nas primeiras voltas, chegava-se ao quarto posto, mas atrás, o Sauber de Sergio Perez partia da 22ª e última posição e fazia a mesma coisa. Resultado: já estava no "top ten".

Na volta, 29 o Safety Car entra na pista por um motivo estranho, mas plausível: o Caterham de Vitaly Petrov para na reta da meta, devido a problemas mecânicos. A coisa durou três voltas, mas a razão veio depois: um camião-grua - provavelmente o mais veloz da Austrália - foi levado para o local para tirar dali o carro do russo, à falta de uma grua naquele local para o içar. Mas isto tinha acontecido na pior altura possivel, porque era na segunda janela de paragem nas boxes. Button tinha ido antes, mas Hamilton fora prejudicado por ela e acabou por ser passado por Vettel. 

Feito o devido reboque, a corrida recomeçou e Button disparou para a frente, com Vettel em segundo a aguentar Hamilton, que queria redimir-se. Webber era agora o quarto e Alonso - que já tinha parado - a aguentar as investidas de Maldonado. E atrás, o Kimi Raikkonen também se chegava aos pontos, lutando com Nico Rosberg e os Saubers de Perez e de Kamui Kobayashi.  

E atrás, as coisas andavam sombrias para Felipe Massa, que se arrastava na corrida, com Bruno Senna a tentar recuperar alguma coisa. Os dois acabaram por se encontrar... e chocar um com o outro. Senna teve um furo - que tarde tão azarada! - e arrastou-se até às boxes. Pouco depois, abandonava a corrida. Já Massa foi direito à garagem, acabando ali um fim de semana cinzento. O incidente foi colocado "sob investigação" pelos comissários de pista, que depois verão se é um puro incidente de corrida ou algo mais.

À medida que se aproximava do fim, parecia que tudo estava decidido na frente, e via-se as lutas no meio do pelotão. Hamilton segurava Webber. Alonso segurava Maldonado e os Sauber queriam pular mais posições, sob prejuízo de Rosberg e com Kimi à espreita. E era assim à entrada na última volta. E na luta pelo quinto lugar, Maldonado pressionava Alonso para tentar dar à Williams o seu melhor lugar desde 2009. Mas o espanhol teve sangue frio... e o venezuelano não. Ao bater no muro a meio da última volta deitou fora oito pontos certos e deu provavelmente um balde de água fria nos seu compatriotas e mostrou ao de cima a sua atitude dos tempos da GP2: muito veloz, mais muito inconsistente.

Nisso, Maldonado ainda tem de aprender que, para ser alguém tem que ter cabeça fria e ser pragmático. Aqui, só sai de Melbourne com uma vitória moral e a prova de que a Williams está viva.

Desconhecendo o drama que acontecia atrás, Button cruzava a meta com avanço sobre Sebastian Vettel, conseguindo a sua primeira vitória do ano, batendo os Red Bull. O alemão bicampeão do mundo era segundo, Lewis Hamilton o terceiro, aguentando Mark Webber. Fernando Alonso, aliviado da pressão de Maldonado, era quinto e um surpreendente Kamui Kobayashi era sexto, conseguindo passar duas posições na última volta, beneficiando do que aconteceu ao venezuelano e passando Rosberg, que se desentendera com Sergio "Checo" Perez. 

O mexicano ficou com o oitavo posto, sendo passado por Kimi Raikkonen que, mostrando que não tinha desaprendido, conseguiu um ótimo sétimo posto neste seu regresso à Formula 1. A fechar o "top ten", ficaram o Toro Rosso de Daniel Ricciardo - os seus primeiros pontos da carreira - e o Force India de Paul di Resta, que conseguiram passar o outro Toro Rosso de Jean-Eric Vergne. Pastor Maldonado ficou com o 13º posto e Bruno Senna ainda se classificou na 16ª posição.  

No final, um exultante Button agradecia à equipa: “O carro é bonito e é bom, obrigado rapazes...” demonstrando haver um bom trabalho nos lados de Woking, ao provar que os bicos de ornintorrinco estão errados. E no pódio, a cara tipicamente fechada de Lewis Hamilton mostrava que podia confiar no carro, mas que em termos de luta interna para o bicampeonato, partia a perder. E Sebastian Vettel, no segundo posto, pelo menos respirava aliviado a saber que as suas hipóteses de título, embora abaladas, se mantinham intactas.

E agora, de Melbourne passa-se para Sepang. Vai demorar uma semana, mas os adeptos da Formula 1 ficarão contentes. Depois da ausência de meses, uma overdose vinha mesmo a calhar.