quarta-feira, 22 de setembro de 2021

A imagem do dia (II)


A manobra de Villeneuve sobre Schumacher - ah, como ficamos iludidos! - calhou precisamente cinco anos depois de ter acontecido esta imagem das boxes no mesmo Autódromo do Estoril. O azarado foi Nigel Mansell, mas a culpa tem de ser atribuida a ambos os lados, especialmente os mecânicos, que se esqueceram de apertar a porca do Williams, que perseguia a liderança para colocar Ayrton Senna sob pressão no campeonato. E provavelmente, este momento entregou o campeonato ao piloto brasileiro.

Quando a Formula 1 chegou ao Autódromo do Estoril, Mansell tinha batido Senna em Monza e reduzido a distância do campeonato para 18 pontos - 59 contra os 77 do brasileiro - mas como este tinha sido segundo na corrida italiana, parecia ter tudo controlado. Mansell estava sob pressão, muita. o FW14 teve problemas de juventude, e nas primeiras chances de vitória, como no Canadá, tinha desperdiçado. Só conseguiu a sua primeira vitória em Magny-Cours, mas a seguir, triunfou em Silverstone - onde deu a famosa boleia a Senna - e Hockenheim, e aqueceu o Mundial.

E para piorar as coisas, na qualificação, Senna ficou na sua frente. Não fizera a pole - essa ficou nas mãos de Ricciardo Patrese - ambos ficaram na segunda fila. Mansell fez uma das suas largadas - quase derruba Senna - para ver se ficava com o primeiro posto, mas Patrese e Gerhard Berger tentaram bloqueá-lo. Foi segundo, e parecia que o italiano ia embora. Mas na volta 18, o britânico passou o italiano e ele parecia que voltaria a triunfar.

Mas na volta 29, Mansell vai às boxes para uma paragem prolongada. E deu no que deu. O "brutânico" não era virgem nestas situações. Menos de um ano antes, em Suzuka, ainda na Ferrari, liderava a prova quando foi às boxes e queimou a embraiagem, deixando escapar uma vitória certa. Mas ali, as suas chances de vitória e de ter uma chance na luta pelo título, foram definitivamente por água abaixo. Verdade que depois voltou a vencer em Barcelona, mas o mal tinha acontecido e o título mundial encaminhava alegremente para as mãos do brasileiro. 

No final, Patrese triunfou e Senna ainda conseguiu mais seis pontos, ao ser segundo. Até poderia ser campeão em Espanha, se ele não terminasse a corrida. Mas nessa tarde, o que ficou na mente foi aquela má manobra da Williams. A pressa é sempre inimiga da perfeição... 

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