terça-feira, 18 de agosto de 2015

A imagem do dia

No final de 1973, depois de vencer a Can-Am e de ter sido o primeiro campeão da IROC, Mark Donohue decidiu abandonar o automobilismo. Tinha 36 anos e achava que não havia mais nada de excitante para correr, depois de ter andado em quase tudo que tinha quatro rodas e um volante, e tinha sobrevivido aos acidente desse período, e que muitas das vezes eram fatais para muitos dos seus colegas de competição.

Aliás, nessa altura, ele era um homem saturado de automobilismo. Tinha estado a correr na infame edição de 1973 das 500 Milhas de Indianápolis, que foram repletas de polémica, com acidentes em catadupa e, aliados com o mau tempo, duraram três dias. Para piorar as coisas, o seu amigo Swede Savage tinha-se ferido com gravidade, com extensas queimaduras, e agonizou durante cinco semanas no hospital até sucumbir aos ferimentos, a 2 de julho. E tudo isso tinha até afetado o seu comportamento, ao ponto de já não o chamarem de "Capitan Nice" para o chamar de "Dark Monohue", um trocadilho com as suas iniciais.

Mas Roger Penske não o queria largar tão cedo, e tinha um desafio final para ele, e chamava-se Formula 1. A meio de 1974, Penske tinha sido desafiado pelo suiço Heinz Hofer para disputar a categoria máxima do automobilismo, ao que Penske aceitou. E com isso em mente, convenceu Donohue a voltar a pegar no capacete para um derradeiro desafio.

Correr na formula 1 não era algo inédito nem para Donohue, nem para Penske. Três anos antes, em 1971, tinha inscrito um McLaren M19 para as duas últimas corridas dessa temporada, no Canadá e nos Estados Unidos. Na primeira corrida, em Mosport, e debaixo de chuva, o McLaren pintado com as cores da Sunoco voou para um inesperado pódio, no terceiro lugar. Curiosamente, foi o melhor resultado que a McLaren tinha conseguido naquela temporada!

Baseados na localidade inglesa de Poole, Penske construiu aí o PC1, desenhado por George Ferris, e Donohue guiou o carro nas duas últimas provas do ano, no Canadá e nos Estados Unidos, com resultados modestos. Mas o objetivo era a temporada de 1975, que iriam correr a tempo inteiro, com ele ao volante.

Era uma temporada interessante, pois havia outra equipa americana envolvida nisso, a Parnelli. Em conjunto com a Shadow, os Estados Unidos tinham três equipas no pelotão da Formula 1, e ambos queriam ver quem seriam os melhores. Mas as expectativas não correspondiam, especialmente na Penske, onde Donohue não conseguia fazer evoluir o PC1. Os seus primeiros pontos foram na Suécia, onde foi quinto classificado, mas atrás de... Mário Andretti, no seu Parnelli, desenhado pelo antigo projetista da Lotus, Maurice Philippe.

Em França, Roger Penske decidiu reformar o PC1 e adquiriu um chassis March para o resto da temporada, enquanto não evoluiam o próximo chassis, o PC3. Donohue conseguiu mais dois pontos, em Silverstone, numa das corridas mais caoticas da história do automobilismo. Mas antes de correrem na Austria, deram um pulo aos Estados Unidos onde em Talladega, bateram o recorde do carro mais veloz em circuito fechado. Um pequeno raio de luz numa temporada atribulada.

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