quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As tensões e especulações do mundo dos ralis


Entre os ralis da Alemanha e da Austrália, e com o Mundial de ralis deste ano ao rubro, entre os pilotos da Citroen, pois tirando o primeiro rali do ano, na Suécia, a marca do "double chevron" tem dominado os acontecimentos. Mas parece que este duelo fratricida está a causar mais rombos dentro da equipa do que outra coisa, e poderá afetar não só o desfecho deste mundial, como também poderá mexer com o mercado de transferências para 2012, numa altura em que, como sabemos, uma marca estará mais forte (Mini) e outra prepara-se para a sua estreia (Volkswagen).

Primeiro que tudo, os eventos no Rali da Alemnanha. É mais do que sabido que foi um duelo fratricida entre Sebastien Löeb e Sebastien Ogier, do qual acabou quando Löeb, o heptacampeão, teve um furo, dando a Ogier o seu quarto triunfo nesta temporada. E no final do segundo dia desse rali, Ogier teve um desabafo para a imprensa, afirmando que "foi feita justiça", uma declaração que caiu muito mal no seio da equipa francesa.

É conhecida a ambição de Ogier, e este apenas está a dizer à sua marca para que mantenha a promessa de tratamento igual e ter armas capazes de bater Löeb, quando fosse necessário. Foi essa promessa que o impediu de ir, em 2009, para a Ford. Agora, aparentemente, a assinatura do novo contrato com a marca no qual conseguiu os seus sete títulos mundiais, e que vai até ao final da temporada de 2013, deverá incluir uma cláusula de que será primeiro piloto, deixando de haver o tratamento igual que detêm agora. Pelo menos é isso que a imprensa francesa anda a falar desde há umas semanas a esta parte. E a relação Löeb/Ogier está cada vez mais a lembrar a relação Senna/Prost...

Hoje, numa entrevista a Martin Holmes, publicada na Autosport portuguesa, Löeb fala um pouco do estatuto da equipa e das tensões entre eles: "O Ogier está num estado de alma diferente e não aceita, queixando-se da nossa relação. Trabalhar com o Ogier no futuro vai ser difícil. Dantes até nos encontrávamos fora das provas, e agora embora isso vá ser difícil, não mudará a minha vida. Agora só nos vamos ver na Austrália, e daqui para a frente vai ser difícil porque ambos queremos vencer, mas também temos que ajudar a equipa. Enquanto estivermos na mesma equipa, vai ser complicado.", referiu, antes de contar mais alguns detalhes de uma relação cada vez mais "intrincada".

"Se eu acho que era melhor o Sebastien Ogier sair da equipa? Não sou eu que tenho de tomar essa decisão! O ano passado quando ele negociava com a Ford, eu disse-lhe que seria melhor se estivéssemos em equipas diferentes.", comentou.

Enquanto que os Sebastiões se degladiam, a Ford, que está na mó de baixo, pode ser o destino de Sebastien Ogier. Mas para que isso aconteça, terá de se livrar de um dos finlandeses. E isso até será mais fácil do que se julga, pois ambos os finlandeses... querem ir embora. Mikko Hirvonen tem contrato até ao final da época e poderá estar a negociar a sua ida para a Volkswagen em 2012 e ajudar no desenvolvimento do modelo Polo R. Mas também Jari-Matti Latvala, que tem contrato até 2012, está a pensar mudar de ares. Não só porque é uma máquina que parece não ser capaz de apanhar os Citroen DS3 WRC, como também a Ford está em processo de reavaliação da competição.

Contudo, parece que essa parte poderá estar resolvida a favor da sua continuidade, dado que as especulações sobre possiveis negociações de Ogier para a marca britânica são fortes e fundadas. Caso se confirme essa continuidade, poderá ser que Latvala cumpra o resto do contrato.

E se na Mini tudo está tranquilo, concentrado apenas no desenvolvimento do seu carro - cujo potencial é grande, pelo menos no asfalto - a Volkswagen poderá ter dois finlandeses a desenvolver o carro. Hirvonen e Latvala são as hipóteses atrás referidas, mas também Juho Hanninen, que está no SWRC, poderá ficar a desenvolver o carro, dado que trabalha para a Skoda, uma das marcas do Grupo Volkswagen.

Fora das equipas oficiais, parece que muitos privados andam super satisfeitos com o modelo DS3 WRC. Quase todos os têm - Petter Solberg, Kimi Raikonnen, Dennis Kuipers, Peter Van Merksteijn... - e mais um poderá ter esse carro em 2012: o qatari Nasser al-Attyah. Com a sua participação no Dakar mais ou menos a prazo, dada a saída da Volkswagen no Todo o Terreno, Al-Attyah quer saltar para a primeira divisão dos ralis, pois corre com um Ford Fiesta no SWRC, ao lado de pilotos como o estónio Ott Tanak ou o português Bernardo Sousa, sem enormes resultados. E como os seus patrocinadores não estão muito virados para o Fiesta, e o Mini Countryman ainda está na sua fase de crescimento, o DS3 é uma opção a curto prazo e mais consistente.

A acontecer, será um ano em cheio para ele. Afinal de contas, não é qualquer um que no ano que vem vai fazer Dakar, WRC e Jogos Olimpicos - é um atirador de qualidade mundial e atual campeão asiático.

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