Toda a gente ainda se lembra das últimas voltas do GP do Mónaco de 1992, em Ayrton Senna aproveitou clamorosamente uma oportunidade caida do céu, ao ver o "brutânico" Nigel Mansell ir para as boxes com um furo lento e voltar em segundo, atrás do piloto brasileiro. Ora, isso não foi caso isolado, e já tinha havido algo semelhante, que resultou numa das mais apertadas diferenças de sempre em Formula 1. Quando é que foi isso? Seis anos antes, num circuito acabado de inaugurar...
Jerez de la Frontera era um circuito a cheirar a novo em 1986. Cinco anos depois da Espanha ter perdido a sua etapa no Mundial de Formula 1 e um ano e meio depois de Portugal ter voltado a albergar o Mundial, após 24 anos de ausência, as máquinas voltavam a correr em terras de Cervantes, mas na Andaluzia. Era o dia 13 de Abril, e Jerez era a segunda prova do campeonato, três semanas depois de Jacarépaguá.
Nos treinos, o Lotus-Renault levou a melhor sobre o Williams-Honda do seu compatriota Nelson Piquet, com Nigel Mansell e Alain Prost a partilharem a segunda linha. Na terceira fila ficaram o McLaren-TAG Porsche de Keke Rosberg e o Ligier-Renault de René Arnoux.
Na partida, Senna manteve a liderança, seguido de Piquet, enquanto que Mansell pedria duas posições para Prost e Rosberg. "Il Leone" reagiu à sua maneira e partiu para o ataque, passando dos seus rivais, e na volta 33 (no total de 72), Mansell era segundo, atrás de Senna. Nas sete voltas seguintes, ele fez tudo para alcançar a liderança, o que aconteceu na volta 40. Nessa altura, Senna viu-se livre de um rival incómodo, Nelson Piquet, que abandonava com problemas no motor.
Sabendo disto, Senna decidiu reagir. Nas vinte voltas seguintes, entrou numa batalha pela liderança com o inglês, e lá conseguiu passar, numa manobra arriscada, à volta 60. Para piorar as coisas, o piloto da Williams viu outro dos seus rivais, o então campeão do Mundo Alain Prost, tirar-lhe o segundo lugar. Foi então que decidiu arriscar: foi às boxes e trocou de pneus. Quando voltou, imprimiu o seu andamento demolidor e a três voltas do fim, conseguiu o que queria: passar Prost para o segundo lugar.
Como o francês estava próximo de Senna, o "brutânico" acreditou que poderia ganhar a corrida. Sendo assim, fez o assalto final à liderança. E quase o conseguiu na última curva. "Close... but no cigar!" A diferença ficou-se pelos 14 milésimos de segundo, então a segunda mais curta diferença de sempre em corridas de Formula 1, só superado pelo décimo de segundo entre Peter Ghetin e Ronnie Peterson, no GP de Itália de 1971. Senna conseguia a sua terceira vitória em Grandes Prémios, e iria liderar o Campeonato, com 15 pontos. Alain Prost, no seu McLaren, fechou o pódio.
Lembro-me muito bem dessa corrida.
ResponderEliminarO Senna nas últimas voltas já tinha os pneus nas "lonas" e defendeu-se com garra do Mansell.
Com a troca de pneus feita, caso Mansell tivesse ultrapassado Prost no início da 68ª volta, o inglês do Williams número 5 teria 5 voltas para alcançar Senna e ultrapassá-lo para vencer a prova na Espanha.
ResponderEliminarNotas:
- 100ª pole e 350ª prova da Lotus na Fórmula 1;
- 3ª vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1. Com a vitória, o piloto brasileiro liderava pela primeira vez na carreira o campeonato de pilotos e
- primeiros pontos marcados: 3 pontos (4º lugar) de Keke Rosberg na McLaren e 2 pontos (5º lugar) de Teo Fabi na Benetton.