terça-feira, 1 de maio de 2007

O futuro do passado, por Ron Groo

Ron Groo (http://www.bliggroo.blig.ig.com.br/) escreveu este exercício de suposição no passado mês de Outubro no site GP Total, sobre o que faria Ayrton Senna caso aquele acidente de Imola 1994 não tivesse dado em nada. Teria retirado em glória? Estaria tranquilamente gozando a reforma ou faria outra coisa qualquer? E teria casado com a Adriane Galisteu ou outra coisa qualquer? Teria tido um ou mais Senna Jr?

Honestamente, não sei, mas aqui ele escreveu sobre a reacção que teve ao ver o GP do Brasil de 2006, a última corrida da carreira de Michael Schumacher. Aqui vai, com os devidos créditos.



"Naquele dia dez de Outubro de 2006, Senna acordou mais cedo do que costumava acordar aos domingos. Afinal era dia de GP Brasil de F1, e mesmo aposentado desde 1995 quando desiludido com a fragilidade dos carros Williams resolveu que era hora de parar. Havia perdido dois campeonatos, 94 e 95 para um alemão até então desconhecido que pilotava um carro com nome de grife de roupas, mas que se revelara um excepcional piloto ganhando o mundial sete vezes, sendo cinco seguidas, ele já se sentia deslocado no circo.



Os rivais já não eram tão desafiantes, já não havia mais Prost, Mansell, e pior Piquet já havia parado. O que impossibilitava Senna de dar o troco daquela ultrapassagem que tomara na Hungria em 86. Em suma já não tinha tanta graça. Mas acompanhava a F1 de casa, em Tatuí onde ficava a sede de suas auto-escolas que se espalhavam em filiais e franquias por quase todo o estado de S. Paulo. Dos antigos amigos mantinha contato com Berger, com Barrichello. Atendia sempre que podia ao Reginaldo Leme e até quando não podia a Flavio Gomes. Respondia aos e-mails de Eduardo Correa e vez por outra mandava suas colaborações ao site GP Total.



Só guiar é que não fazia mais. Escapara ileso do acidente na Tamburello em 94 e continuou o campeonato com garra e coragem. Ouviu de Prost um sincero. “-Se fosse comigo eu parava no dia seguinte e nunca mais entrava num carro na minha vida...”. E de Piquet um irônico. “-P... tinha de ser na mesma curva que eu?”.


Pois bem, naquela manha sentou-se em frente ao enorme aparelho de TV de sua sala de estar cercou-se de muitos quilos de salgadinhos, batatas fritas e outros venenos comestíveis; um punhado de latas de cerveja, afinal ele também era filho de Deus. E não Deus, como queriam crer alguns fãs e gritou para sua esposa que estava por perto.



“–Benhê, não me incomoda agora não que vai começar a transmissão da corrida...!”.



E ela respondeu meio que alienadamente:



“-Mas de novo Ayrton... Você vê corrida todos os fins de semana... É Formula 1; é A1GP; é Formula Indy; é Formula Mundial; é Cart e até o Super-Classicos você assiste... Assim não agüento...”.


“-Mas amor, a velocidade está no sangue...”.


“-Ayrton... os Super - Classicos nem correm muito”.


“-Benzinho... mas tem o n#96 que é um carro lindo e o Gomes é ótimo piloto...”.


“-Desisto, fica ai com este ronco de motor na orelha, vai...”.



E ele assiste tudo... Os treinos livres da manhã, o warm up, os especiais antes da prova, e finalmente a largada.



Viu Felipe Massa disparar na frente tomar a ponta e não mais perder até a bandeirada final, como ele mesmo cansou de fazer quando corria pelo mundo afora. A briga principal era entre o alemão e um espanhol, atual campeão mundial que lutava pelo bi. O alemão vencera em Monza e lá mesmo anunciara sua aposentadoria e agora precisava vencer o GP Brasil e torcer para que o espanhol não pontuasse... O carro do espanhol era um foguete, mas, o alemão era o alemão.



Então... Largou em décimo, em poucas voltas já era o quinto, furou um pneu quando ultrapassou o italiano companheiro de equipe do espanhol. Caiu pra ultimo... Veio se recuperando, passando um por um.


Senna não piscava, passou por Barrichello.



Senna não mais mastigava.



Mais uma ultrapassagem.



Senna dava outro gole na cerveja de olhos arregalados.



No fim da reta de largada na entrada do ‘s’ que leva o nome do brasileiro o alemão encosta no muro, se espreme todo e da um come num finlandês que faz Senna jogar salgadinhos e cerveja para o alto e gritar:



“-É gênio, troca o nome deste ‘s’ pra “S de Schumacher!"



Quando acabou corrida e o hino nacional foi ouvido o alemão não estava no pódio, mas nem precisava estar. Chegou em quarto, ofuscando o titulo do espanhol. No sofá um Senna emocionado ainda ouviu o alemão dizer que estava feliz por ter sido Felipe Massa o primeiro brasileiro a vencer no Brasil depois de Senna.



Então Senna ergueu sua lata de cerveja em tom solene e saudou o alemão:


“-Este é do c...”.

7 comentários:

  1. Amigo Speeder, não precisavas dizer que ia usar,era só usar mesmo, fiquei feliz de ver meu texto ai...E muito mais feliz porque eu mesmo não postei nada sobre Senna em meu blig. Lavou-me a alma.
    Ron Groo
    Ps. não me disse se aquelas obras eram mesmo do Premier de Portugal?

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  2. Claro que não são, era só no gozo.

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  3. Ah bom, mas aquela história do nosso ministro era de verdade. Ah e teve outra legal.
    O Lula tava falando do biodiesel pro governador do Paraná e mostrou a ele umas sementes de mamona, e o cara enfiou a mamona na boca...ai o lula disse pra ele..."O companheiro isto ai é mamona, tem toxina pode te matar..." e O cara respondeu..."Mas é gostoso" o que é uma grande mentira o treco amarga mais que jiló.
    Ron Groo

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  4. Credo... e falo mal dos nossos governantes! Um dia destes tenho que te contar acerca de um tal de Alberto João Jardim...

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  5. O texto tá ótimo, apesar de achar que algumas coisas não teriam acontecido assim.

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  6. Essa eu já tinha visto.
    O Groo é o cara!

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  7. Como é claro, isto é um exercício de ficção. Mas achei que estava tão bem escrito que o coloquei aqui.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...