Hoje, falo-vos de um homem eclético que começou a sua carreira nos automóveis numa fase tardia na sua vida. Mas a sua passagem pelo automobilismo foi tudo menos chata... Hoje, este artigo é dedicado ao "Gorila de Monza": Vittorio Brambilla.
Nasceu em Monza a 11 de Novembro de 1937, e era irmão de Ernesto Brambilla, piloto do motos na década de 50, com uma passagem fugaz pela Formula 1. Em adolescente tornou-se mecânico, o que lhe foi util na sua longa e eclética carreira. Em 1957 começou a correr em motos e ganhou o título nacional de 175 cc no ano seguinte. Contudo, isto não teve seguimento, e nos 10 anos seguintes dedicou-se à mecânica. quando voltou a correr, em 1968, Brambilla tinha 31 anos e foi para os automóveis, em vez das motos.
Quando voltou, foi para a Formula 3 italiana, e após quatro anos de tentativas, tornou-se campeão nacional, ao volante de um Tecno. Nesse ano, já andava a correr na Formula 2, ao volante da mesma equipa, e com o seu patrocínio de sempre: a marca de ferramentas Beta. Só ganhou uma corrida, em 1973, mas fez algumas performances de registo.
Em 1974, chega finalmente à Formula 1, aos 35 anos, altura em que muitos decidem retirar-se da competição... Corre ao volante de um March. Com o seu patrocinio de sempre, faz corridas do meio do pelotão, mas termina em sexto no GP da Austria. No final da temporada, esse ponto deu-lhe o 18º lugar na classificação.
O ano de 1975 torna-se no seu melhor de sempre, mas irónicamente, pontua nas duas corridas que não chegaram ao fim... Em Montjuich, na corrida que termina à volta 29 devido ao grave acidente do austriaco Rolf Stommelen, Bramilla leva o seu March ao quinto lugar, mas só leva 1 ponto. Mas a meio da época, as suas performances surpreendem o mundo: com um March de fábrica, lidera o GP da Belgica durante muito tempo, até que um problema de travões leva ao seu abandono, na volta 54. Na Suécia, conquista a "pole-position" e lidera confortavelmente até abandonar com um problemna de transmissão, à volta 36.
Mas foi no GP da Austria que alcança a sua maior honra: Debaixo de chuva intensa, Brambilla fez uma corrida temerária, e aproveitou os problemas para alcançar a liderança. Quando os comissários queriam interromper a corrida, à volta 29, em vez de mostrarem a bandeira vermelha, mostraram... a de xadrez! Convencido de que tinha ganho, Brambilla festejou efusivamente, tão efusivamente que perdeu o controle do seu carro!... Para além da vitória, Brambilla marcou a volta mais rápida da corrida. Aos 37 anos, estava na galeria dos vencedores. Mas essa vitória só valeu pela metade, e no final da temporada (ainda marcaria um sexto lugar em Silverstone), em vez de ter 12 pontos, tinha na realidade ficava com 6,5 pontos e o 11º lugar final.
Em 1976, continua na March, mas os resultados foram piores, só marcando um ponto. Esse ponto, conquistado em Zandvoort, dá-lhe o 19º lugar na classificação geral.
Em 1977 transfere-se para a Surtees, e ao mesmo tempo, assina para uma equipa de fábrica: a Alfa Romeo, que disputará no Mundial de Sport-Protótipos. Na Formula 1, consegue bons resultados, com um quarto lugar na Belgica, um quinto em Hockenheim e um sexto no Canadá. Esses seis pontos dão-lhe o 16º lugar da classificação geral. Pela Alfa Romeo, ajuda a ganhar o Mundial de Construtores para a marca.
Em 1978, Brambilla corre pela Surtees, mas é já uma equipa em declínio. Apesar de tudo, dá um ponto à equipa em Zeltweg. E a 10 de Setembro daquele ano, na sua corrida natal, fica envolvido na carambola da primeira chicane, que irá matar o sueco Ronnie Peterson. Brambilla foi atingido por uma roda, e teve um traumatismo craniano grave, receando-se até pela sua vida.
Felizmente recuperou das lesões e aos 41 anos, voltou a correr, desta vez, ajudando a Alfa Romeo no seu regresso à Formula 1, disputando as três corridas finais do campeonato, ao volante do carro inscrito pela Autodelta, sem pontuar. Em 1980, é chamado outra vez, desta vez para ter a tarefa ingrata de substituir o malogrado Patrick Depailler nos GP's da Holanda e de Itália. Em Imola, teve um despiste feio entre as curvas Tamburello e Villeneuve, e foi a sua ultima corrida no Grande Circo.
A sua carreira na Formula 1 foi tardia, mas feliz: em 79 corridas, repartidass por sete temporadas, partiu em 74, teve uma vitória, uma pole-position, uma volta mais rápida, um pódio e 15,5 pontos no campeonato.
Uma curiosidade: Brambilla era conhecido pelo apelido de "Punch and Crunch". Primeiro apanhava desprevenidas as pessoas, dando um "calduço" no pescoço, e quando estes viravam, Brambilla estendia a mão para cumprimentar. Quando a pessoa retribuia o gesto, o italiano apertava a mão com tanta força, só para ver a reacção da pessoa... Apesar de tudo, era um homem gentil e brincalhão, muito apreciado no pelotão da altura.
Depois de terminada a sua carreira, manteve-se em Monza até ao dia 26 de Maio de 2001, altura em que foi-se desta para melhor, quando se dedicava a uma actividade perfetamente banal: cortar a relva do seu jardim. Tinha 63 anos...
Brambilla é o tipo de piloto que Emerson Fitipaldi definiu: Um sujeiro com os fundilhos sujos de graxa, simpatia de quem arrisca a vida a cada curva e que quando tira o capacete ninguém conhece.
ResponderEliminarAgora os pilotos são estrelas de rock'n'roll, inacessiveis guardados por enormes seguranças e que o fã vê em toda revista de fofoca.
Saudades disto. Esta tua série o piloto do dia emociona Speeder.
Ron Groo
Já te aviso: amanhã começo a meter especiais sobre o Gilles Villeneuve, até ao dia 8.
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