Desde que o Grande Prémio do Canadá se realiza no Circuit Gilles Villeneuve, é usual haver provas em que a chuva é omnipresente no dia da corrida, providenciando por vezes muita emoção e alguns resultados inesperados. A edição de 1989 não foi a excepção, pois nesse dia choveu a potes em Montreal, e isso providenciou a primeira vitória de um piloto: Thierry Boutsen. Também foi a primeira vitória da Williams em 18 meses, e a primeira de um motor Renault desde o seu regresso à Formula 1, dois anos depois de se ter retirado os seus motores Turbo.
Mas vamos por partes: O GP do Canadá ocorre depois de um desgastante GP dos Estados Unidos, que decorreu nas ruas de Phoenix, no Arizona, uma prova ganha por Alain Prost, com Ayrton Senna a ficar de fora da corrida. E para piorar as coisas… foi Prost a fazer a pole-position! Senna foi segundo, o Williams de Ricardo Patrese foi terceiro e o Ferrari de Gerhard Berger era quarto na grelha.
No dia da corrida, a pista estava molhada, mas a tendência era para secar. Contudo, a maioria dos pilotos optou por pneus de chuva. E foi aqui que ocorreu o primeiro incidente: O Ferrari de Nigel Mansell, o Benetton de Alessandro Naninni e o Minardi do espanhol Luís Perez-Sala decidiram trocar para pneus secos após a volta de aquecimento, e um erro de interpretação dos comissários permitiu que Mansell e Nannini saíssem das boxes antes da partida. Resultado: desclassificação imediata aos dois pilotos.
A corrida começou com Prost na frente, mas Senna ultrapassou-o na segunda volta. E nem teria precisado fazer isso, pois uma volta mais tarde, um braço da suspensão da frente quebrou-se, fazendo com o piloto francês abandonasse a corrida. Entretanto, Senna muda de pneus, e Patrese passa para o comando. Mas o tempo estava instável, e cedo voltou a chover, fazendo com que o piloto italiano aguentasse no comando, seguido pelo… Arrows de Derek Warwick!
Na volta 40, Patrese decide mudar de pneus, deixando Warwick, pela primeira vez desde 1985, no comando de uma corrida. Mas foi sol de pouca dura, pois duas voltas mais tarde, o motor do Arrows foi à vida. Assim sendo, Senna voltou ao comando, seguindo por Patrese e o seu companheiro, o belga Thierry Boutsen. As coisas mantiveram-se assim até à volta 63, quando um Patrese em dificuldades teve que dar a passagem a Thierry Boutsen. E na volta 67, o golpe final: Ayrton Senna ficava pelo caminho devido a uma falha eléctrica… golpe fatal do destino. E logo numa corrida à chuva!
Sendo assim, o piloto belga (e amigo pessoal de Senna) cruzava a meta pela primeira vez na sua carreira no lugar mais alto do pódio, a primeira vez desde 1972 que um belga ganhava uma corrida de Formula 1, com o seu companheiro Patrese em segundo e um exultante Andrea de Cesaris, num Dallara, em terceiro. O italiano não estava apenas excitado por subir ao pódio pela primeira vez desde 1983, e dar o primeiro de sempre à simpática escuderia italiana: na corrida anterior, em Phoenix, tinha atirado para fora de pista o seu companheiro Alex Caffi, quando este ia a caminho de um possível pódio! Coisas da vida, hein?
Eu lembro como se fosse hoje desse GP. Eu até que não achava o Andrea de Crasheris ruim não. Aliás, gente como ele, faz falta. E olha que ele chegou lá graças ao monte de dinheiro gerado pelas empresas de tabacaria...
ResponderEliminarbom texto.
ResponderEliminarTambém me lembro da primeira vitória de Boutsen na Formula 1. Era um piloto com talento discreto e simpático.
Cumprimentos
José
Tens um blog muito giro (diria espetacular se tivesse mais tempo mas hei-de voltar com tempo).Parabéns.Cps.Jójó
ResponderEliminarBem legal essa história, não a conhecia. Fiz um post sobre o GP tb, mas ele fala de 1980 e 1991. Duas corridas emocionantes também.
ResponderEliminarTambém gostei muito do Andreia. Vi as corridas dele no Estoril. Quando à retrospectiva do GP do Canadá está, como é bitola, excelente!
ResponderEliminarBelo texto, Speeder.
ResponderEliminarLembrou de um GP que é uma lembrança emocional muito forte pra mim. Ver o Senna parar no final foi muito difícil...
Belíssima corrida!!!
Puxa vida, é um post que me faz lembrar de tantos nomes que marcaram meu início de acompanhamento da F1, na década de 1980, como Andréa de Cesaris, Derek Warwick, Nigel Mansell, Thierry Boutsen, Ricardo Patrese, Alain Prost, Ayrton Senna, Alessandro Naninni... tempos que os carros também eram tão bonitos... tempos que tinham ultrapassagens, quebras, batidas... hoje tá tudo tão infalível...
ResponderEliminarPodia falar do 4º lugar do Piquet, tendo largado lááá atrás, em uma ótima corrida com seu Lotus-Judd.
ResponderEliminarCom Prost fora da prova, essa foi a chance de "ouro" de Senna reassumir a liderança do campeonato não fosse um problema no motor restando 3 voltas para o final.
ResponderEliminarNotas:
- essa foi a 13ª dobradinha dos pilotos da Williams (1-2);
- o último pódio (quinto e último na carreira) de Andrea de Cesaris com o 3º lugar;
- os primeiros 3 pontos (4º lugar) de Nelson Piquet na temporada;
- os últimos 2 pontos (5º lugar) de René Arnoux na classe e
- a Scuderia Italia consegue o primeiro pódio (3º lugar) e a primeira vez que seus dois carros pontuaram incluindo 1 ponto (6º lugar) de Alex Caffi.