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Isto começa algum tempos antes. Em 1906, o Automobile Club de France decide criar o primeiro “Grand Prix” do mundo, na cidade de Le Mans. Essa corrida foi ganha pelo Renault do húngaro naturalizado francês Frenc Szisz (1873-1944), e o sucesso do Grand Prix fez com que existissem mais edições. Porém, em 1908, no circuito de Dieppe, a França entrou em choque quando a Mercedes ganhou a corrida. Ver a “sua” corrida ser ganha contra o inimigo alemão, numa altura em que a recuperação da Alsácia e da Lorena era um desígnio nacional, foi uma humilhação no orgulho nacional. E a partir de então, os construtores franceses queriam evitar que tal coisa voltasse a acontecer.
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Nesse ano, o Automobile Club de France procurava um lugar para realizar o seu Grande Prémio. Das dezenas de cidades candidatas, escolheu a de Lyon, pois estes concederam mais de 10 mil libras de subsídios, uma fortuna na época. A data da corrida: 4 de Julho.
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Nesse dia, mas de 200 mil espectadores assistiram à partida da corrida, às oito da manhã. O primeiro a passar foi Boillot, mas quando se somaram os tempos, verificou-se que o líder era Max Sailer, da Mercedes. A táctica começava a funcionar: Iam lançar um Mercedes para a frente, como isco para que os Peugeot pudessem morder, já que eles iriam jogar com o orgulho nacional. E morderam!
O carro de Sailer durou apenas cinco voltas, até que os rolamentos da cambota griparam. Goux e Boillot ficaram então na frente, mas os outros Mercedes, de Lautenschlager e de Wagner, que estavam melhor conservados, ficavam perto dos Peugeot. Na sexta volta, Boillot estava na frente, mas o segundo, Lautenschlager, estava a menos de um minuto. Jules Goux era terceiro, mas Otto Saltzer e Louis Wagner não estavam atrás.
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Na altura, as pistas eram enormes, não eram as pistinhas que vemos agora, de três ou quatro mil metros. Estamos a falar de pistas com dezenas de quilómetros de extensão, com curvas apertadas e rectas longas e perigosas. Voltando à corrida: Boillot tinha levado o carro ao limite, e para além dele. Toda a França torcia por ele: era ele ou os alemães, e todos queriam que 1908 não se repetisse. Mas isso não aconteceu: a 23 quilómetros da meta, uma das válvulas do motor Peugeot partiu-se e um Boillot inconsolável teve que abandonar. A estratégia da Mercedes resultou plenamente: os carros ficaram com os três primeiros lugares. Jules Goux foi o melhor francês, no quarto lugar.
Os vencedores foram recebidos com um silêncio gelado no pódio da corrida, e voltaram para Estugarda para serem recebidos como heróis. Quatro semanas depois, a guerra começava, e as corridas de automóveis ficaram suspensas até 1919.
Quanto aos participantes desta grandiosa corrida, tiveram sortes diferentes: Georges Boillot tornou-se um ás da aviação e foi abatido em Verdun, dois anos mais tarde. Hoje em dia, não há cidade ou vila francesa que não tenha uma "Rue Georges Boillot". Jules Goux retomou a carreira depois da guerra. Retirou-se em 1926 e morreu em 1965, aos 79 anos, o que é considerado muito bom, dado que muitos dos seus concorrentes morreram cedo na vida, em pista…
Do lado alemão, o vencedor, Christian Lautenschlager, também voltou a correr depois da I Guerra, chegando até a competir em Indianápolis. Trabalhou para a marca até à reforma e morreu em 1954, aos 76 anos. Max Sailer também trabalhou para a Mercedes, tornando-se no chefe do departamento desportivo da marca nos anos 30, altura das “Flechas de Prata”. Morreu em 1964, aos 81 anos.
Para terminar, conto-vos a história de um dos Mercedes que esteve na corrida de Lyon: poucas semanas depois, estava em exposição em Londres. Contudo, a 4 de Agosto, a Inglaterra entra em guerra com a Alemanha e o carro foi apreendido pelas autoridades. Deveria ter ficado em Inglaterra até o final da guerra, e depois seria devolvido à Alemanha. Isso é verdade, mas… a devolução aconteceu em 1950, depois da II Guerra Mundial! Hoje em dia, é um dos orgulhos do museu da Mercedes, em Estugarda, e participa regularmente em eventos históricos.
Speeder, muito obrigado pelo apoio. A visita já está retribuída, mas não pense que eu não vou voltar por aqui, ok? Grande abraço!
ResponderEliminarSpeeder,
ResponderEliminartô passando rápido só pra dizer que o site deve sair semana que vem. Se já tiver decidido o nome da coluna, passa pra mim ou pro Groo que a gente vai ajeitando. Por enquanto, só o nome; o texto a gente vê no fim de semana.
Abs