Hoje coloco aqui um dos carros mais bem desenhados por Gordon Murray, um genial projectista sul-africano que trabalhou por muitos anos na Brabham, e que depois foi para a McLaren, desenhando não só carros de Formula 1, mas tambám o McLaren F1, um dos carros de estrada mais marcantes dos anos 90, e mais recentemente o Mercedes McLaren SLR, que apesar de ser recente, já entrou na galeria dos carros míticos...
Mas hoje vamos recuar 24 anos no tempo, para falar do Brabham BT52, de 1983, que deu à equipa de Bernie Ecclestone o seu último título de pilotos e o bi-campeonato ao brasileiro Nelson Piquet. Com a ajudinha do blog Quatro Rodinhas, explicarei a história desse modelo...
Em fins de 1982, Gordon Murray estava a projectar e construir o BT 51 para esse ano, equipado com o efeito-solo e já preparado para albergar a nova versão do motor BMW Turbo. Contudo, no final desse ano, a FISA decidiu banir o efito-solo a partir da temporada seguinte, e às pressas, projectou e montou o Brabham BT52, já com as novas especificações.
O monocoque era feito numa base de aluminio, mas com alguns componentes em fibra de carbono, com o objectivo de o tornar o mais leve possível. O motor, de 1.496cc turbocomprimido da BMW, desenvolvia 700 cavalos em corrida, às 11.000 rotações por minuto, embora em condições de qualificação, a potência chegava até aos 900 cavalos! Com a obrigatoriedade do fundo plano que acabava com o efeito-solo, os pontões laterais ficavam bastante recuados e a forma do aileron dianteiro fazia com que o Brabham BT52 se assemelhasse a uma flecha.
Outra das características do BT52 era o depósito de combustível de reduzidas dimensões porque Murray tinha estudado, como estratégia da corrida, a paragem durante a corrida para reabastecimento. Isto permitia que o carro estivesse mais leve durante a corrida e a utilização de pneus de compostos mais aderentes e macios.
Em termos de condução, os pilotos Nelson Piquet e Riccardo Patrese afirmavam que este era um carro fácil de guiar, e isso era crucial para os resltados que aí viriam. O BT52 estava pronto na ronda inaugural, no Brasil, onde Piquet foi o melhor, perante o delirio das dezenas de milhares de compatriotas seus.
Os seus maiores rivais durante a temporada de 1983 eram o Renault R30C e Renault R40, de Alain Prost e o Ferrari 126 C2B e Ferrari 126 C3, de Patrick Tambay e René Arnoux. Até a meio da temporada, os Renault e Ferrari levaram a melhor sobre o Brabham, mas ainda dava para colocar Piquet no pódio por mais duas vezes, no Mónaco e em França.
Sendo assim, Murray apresentou a versão B em Silverstone. Não haviam melhorias visíveis em termos de chassis. Aliás, a unica diferença visível era a troca das cores, onde antes era branco, agora era azul... Contudo, o carro ficou mais eficaz na segunda metade da época, ganhando em Monza e Brands Hatch, e sendo segundo em Silverstone e terceiro em Zeltweg e Kyalami, batendo Alain Prost no final da época: 59 pontos contra 57 do piloto francês.
Contudo, na altura, estalou uma polémica relacionada com o tipo de combustível usado pelo carro. Os rivais diziam que este não estava de acordo com os regulamentos:
“A BMW trabalhou em conjunto com a Wintershall, filiada à BASF, e produziu um combustível notável que literalmente varreu a concorrência no final de 1983. A FISA declarou que o combustível estava dentro das regulamentações. Anos depois, foi revelado que o combustível utilizado naquele Outono era na realidade bem semelhante a... combustível para foguetes.” In Revista Formula 1 50 Anos Dourados.
Para a história, ficou este carro como aquele que deu o título de pilotos à Brabham. O BT52B serviu como base ao BT53, para a temporada de 1984, agora com um depósito maior, devido à proíbição dos reabastecimentos. Com um motor BMW superior, tudo indicava que as coisas iriam manter-se nessa temporada, mas o McLaren MP4/2 nesse ano não deu hipóteses a ninguém...
Mais um fantástico carro, um dos mais belos Formula 1.
ResponderEliminarAbraço