quarta-feira, 4 de julho de 2007

O homem do dia - Colin Chapman


De quando em quando, encontro belas pérolas escritas por outros bloguistas, que referem a grandes personagens que a Formula 1 teve, ao longo da sua história. O mais interessante na biografia que se segue, é que isto foi escrito por um miúdo brasileiro de 15 anos, de seu nome Diego Freitas. Claro que tem como base a Wikipedia, mas está tão bem feito, que as únicas coisas que modifiquei foram certas palavras, para que soem a português de Portugal. Aqui vai:


Anthony Colin Bruce Chapman (09/05/1928 - 16/12/1982), Fundador da equipa Lotus e conhecido como o “Papa dos construtores da F1”. É um dos mais importantes e históricos personagens da história do automobilismo. Em 1948, após terminar o curso de engenharia civil no University College da sua cidade natal, Londres, juntou-se à RAF para cumprir o serviço militar. O período que passou em contacto com as últimas inovações da engenharia aeronáutica e o tempo em que trabalhou na British Aluminium Company (BAC) contribuiriam de forma determinante para a criação de muitas das suas inovações tecnológicas. O Austin 7 que ele próprio modificou e renomeou de Mk1 inscrito por ele, nesse ano, numa prova automobilística tornou-se assim na sua primeira proeza. Embora ainda trabalhasse para a BAC, em 1952, com uma pequena ajuda financeira de Hazel Williams (sua futura mulher) Colin Chapman fundou a Lotus Engineering Co Ltd. cujo negócio era a compra e venda de carros usados. Em 1954, passou a se dedicar 100% a sua empresa e criou o Team Lotus tendo em vista direccionar a sua criatividade para o automobilismo. Por esta altura trabalhava também como consultor para as equipes de Fórmula 1, BRM e Vanwall. Entre os primeiros colaboradores do Team Lotus estavam por exemplo Graham Hill, Keith Duckworth e Mike Costin, os dois últimos os fundadores da muito bem sucedida Cosworth.


A estreia da Lotus na Fórmula 1 ocorreu em 1958 no primeiro ano do Campeonato de Construtores. O Lotus 12 não foi bem sucedido por ser pouco fiável. O seu sucessor, o Lotus 18, apesar de ter mais fiabilidade, tinha falta de potência mas ainda assim Stirling Moss, com um Lotus 18, deu a primeira vitória a Lotus na Fórmula 1, no GP do Mónaco de 1960. Mas foi em 1962 que surgiu a primeira grande inovação: o Lotus 25. Introduzindo pela primeira vez o chassis monocoque, estrutura tubular, inspirado na fuselagem de um avião. Ao reclinar a posição de condução do piloto, Chapman conseguiu reduzir a secção transversal do carro, e consequentemente, a resistência aerodinâmica. Todos os monolugares actuais usam este conceito.


Entre as corridas na Europa e as 500 milhas de Indianápolis, a Lotus foi colhendo sucessos principalmente através de Jim Clark (o grande amigo de Colin Chapman) que se sagrou campeão em 1963 e em 1965. O reposicionamento do motor, de uma posição dianteira para uma central, foi mais outra notável inovação de Chapman. Em 1965, o Lotus 38 pilotado por Jim Clark, ao vencer as 500 milhas de Indianapolis, tornou-se no primeiro monolugar com um motor central instalado a obter uma vitória numa prova automobilística.


O espírito empreendedor e criativo de Chapman também lhe causou algumas frustrações como o Lotus 63 (1969) que tinha instalado um sistema de 4 rodas motrizes. Porém, a complexidade do sistema de tracção integral e o consequente peso adicional impediram que alguma vez chegasse a correr. O Lotus 72 com a sua forma em cunha foi outra novidade, tornando-se o primeiro Fórmula 1 cujos radiadores foram deslocados para a traseira do carro de forma a reduzir a resistência aerodinâmica. O grande percursor do efeito solo através da colocação de ‘venturis’ no fundo plano dos carros foi o Lotus 79, que conquistou os Campeonatos de Pilotos e Construtores de 1978, juntamente com o piloto norte-americano Mario Andretti.


Apesar da divisão desportiva da Lotus prosperar, no final da década de 70 e início de 80, a saúde financeira da divisão de produção de carros de turismo começava a deteriorar-se. O volume de 200 carros produzidos mensalmente em meados dos anos 60, caiu para metade em 1978 e para um número insignificante de 32 unidades em 1981 quando uma recessão à escala mundial começou a surgir. As vendas no maior mercado mundial de carros desportivos (EUA) no final da década de 70 eram baixas e entre 1980 e 1983 a Lotus não vendeu um único carro no mercado americano. O número de empregados caiu de 900 em 1970 para 300 em 1974, sendo que em 1974 e 1981 a Lotus apresentou resultados negativos. Por tudo isto o seu banco, (American Express) retirou da marca o seu suporte financeiro.


Perante este cenário, o contrato no valor de 18 milhões de Libras que foi apresentado por John Z. DeLorean para uma parceria num projecto de um carro desportivo inovador, afigurou-se como uma tábua de salvação da Lótus e do próprio Colin Chapman. Para além disso, o governo britânico prontificou-se a apadrinhar o projecto, ao financiar com 54 milhões de Libras a construção da fábrica numa Belfast em crise profunda. Contudo, essa quantia nunca chegou ao Ulster, nem a fábrica foi construída e a investigação deste crime (que envolveu directamente Colin Chapman), a subsequente detenção de DeLorean e a multa de 80 milhões de libras imposta pelo governo britânico fez com que Lotus mergulhasse em um marasmo do qual nunca conseguiu recuperar.

Chapman atirou ao ar o seu boné pela última vez no dia 15 de Agosto de 1982, no GP da Áustria, com a vitória de Elio de Angelis, depois que o piloto italiano bateu o finlandês Keke Rosberg num emocionante duelo, que tirou a Lotus de um jejum de vitórias que durava desde o GP da Itália de 1978 (corrida marcada pelo acidente mortal sofrido pelo sueco Ronnie Peterson na largada).

No dia 16 de Dezembro de 1982, aos 54 anos, Colin Chapman sofre um enfarte fulminante, vindo a falecer. Depois de sua súbita morte, circularam boatos de que Chapman na verdade continuava vivo, tendo forjado a sua própria morte para escapar do julgamento. E que estaria inclusive morando no Brasil em um apartamento de frente para a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (o que nunca foi confirmado). Caso tivesse sobrevivido, Chapman iria enfrentar o julgamento do escândalo DeLorean e poderia ter sido condenado (segundo um juiz referiu)
“A 10 anos de prisão por uma ultrajante e massiva fraude”.

Colin Chapman acabou por não assistir à estreia do Lotus 92 equipado com a sua última revolução tecnológica: a suspensão activa computorizada.

O Team Lotus foi 7 vezes Campeão Mundial de Construtores e venceu 6 Campeonatos Mundais de Pilotos, participou em 493 GP’s, ganhando em 76 ocasiões, obtido 107 pole-positions e 71 voltas mais rápidas. A última corrida foi disputada em Adelaide no GP da Austrália de 1994.

3 comentários:

  1. Belo texto! Só acho que a Lotus merecia um final mais honroso depois de tanta história. O modo como a equipe acabou foi triste.

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  2. Sempre foi a minha equipa favorita na F1. A unica mágoa foi o A Prost nunca lá ter conduzido.

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  3. É... saudosa Lotus, cresci vendo aquele carro preto com patrocínio da J.P.Special...

    Aliás, amigo Speeder, hoje estive vendo um vídeo do GP Brasil de 1980, ainda na antiga e mítica Interlagos original, que tem não só Elio de Angelis chegando em segundo, mas uma alegria incontida de Colin Chapman ao final por conta do resultado. Vale a pena ver:

    http://www.youtube.com/watch?v=yh0opEhG1gU

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...