quinta-feira, 30 de agosto de 2007

GP Memória - Itália 1961

Era um Grande Prémio que iria decidir um título mundial entre dois companheiros de equipa. Era a corrida ideal para a Ferrari: ganhar o título na sua própria casa, entre dois pilotos que corriam juntos. No final, ganhou o melhor. Mas o seu rival, e companheiro de equipa, estava morto, bem como outros 14 espectadores… Glória e Tragédia na edição de 1961 do Grande Prémio de Itália.


Antes da Formula 1 chegar a Monza para correr o Grande Prémio italiano, que decorreu no dia 10 de Setembro daquele ano, o americano Phil Hill e o alemão Wolfgang von Trips discutiam entre si quem é que seria o campeão mundial. Von Trips ia na frente, com 33 pontos, seguido por Hill, com 25 pontos. Os Ferrari Tipo 156 "Sharknose" dominavam o pelotão do Mundial, sem rivais a ameaçá-los, com a excepção dos Cooper e da Lotus, mas um estava distante das suas glórias dos anos anteriores, enquanto que o outro ainda estava no seu inicio, apesar de terem ganho a sua primeira corrida no inicio daquele ano, com Stirling Moss


A edição daquele ano do Grande Prémio italiano iria usar as duas pistas em simultâneo: a normal e a oval, numa mistura dos dois que iria reduzir a corrida em 43 voltas à pista. Nos treinos, os Ferrari dominaram, mas quem levou a melhor foi Von Trips, que fazia a sua primeira pole-position da sua carreira, seguido de outra surpresa: o jovem prodígio mexicano Ricardo Rodriguez, que com 19 anos, era segundo da grelha. O terceiro era Richie Ginther e o quarto era Phil Hill. O primeiro não-Ferrari estava em quinto, era o BRM-Climax de Graham Hill. Jim Clark, na Lotus, era sétimo, e Stirling Moss partia da 11ª posição da grelha.


A partida é lançada e Von Trips perde a liderança a favor de Hill, Ginther e Rodriguez. Entretanto, Jim Clark aproveita e sobe algumas posições. Quanto os carros chegam à recta oposta à Parabólica, Clark e Von Trips estão lado a lado, quando as suas rodas se tocam, fazendo com que o Ferrari do piloto alemão se despiste e vá desgovernado contra os espectadores. Em ricochete, o Ferrari bate no Lotus de Clark, ferindo-o, mas nessa altura, Von Trips e mais 12 espectadores estavam mortos. Mais duas pessoas iriam morrer mais tarde.


Por incrível que pareça, apesar da carnificina, a corrida não é interrompida. As autoridades justificaram mais tarde que a ideia era para “deixar as equipas de socorro trabalhar para retirar os feridos”. Se fosse hoje em dia, a corrida nem seria interrompida, era mais cancelada… mas como a corrida continuou, os Ferrari dominavam a seu bel-prazer, embora os dois pilotos americanos da equipa, Ginther e Hill, trocavam a liderança entre si, até que à 14ª volta, Hill apossou-se da liderança para não mais a largar. Na volta 23, Ginther desiste, depois do motor ir-se abaixo. Antes, o italiano Giancarlo Baghetti e o mexicano Ricardo Rodriguez tinham desistido por problemas semelhantes.


Com isto tudo, quem beneficia é outro americano: Dan Gurney. A bordo de um Porsche, chega à segunda posição, do qual não sai mais. O terceiro a cortar a meta acabou por ser o neo-zelandês Bruce McLaren, num Cooper.


Assim sendo, com o seu rival morto, Phil Hill conquista o seu título mundial, e o primeiro de um americano na Formula 1. Contudo, Enzo Ferrari ficou abalado com os acontecimentos e decidiu não enviar nenhum dos seus carros para Watkins Glen, a corrida final do campeonato desse ano, que foi ganha pelo Lotus de Innes Ireland.

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