A biografia de hoje fala de um talentoso piloto dos anos 70, e também mostra uma lição importante: como não se deve voltar ao lugar onde foi feliz. Ou por outras palavras: o que estava a pensar quando aceitou um convite daqueles? Falo hoje de Bruno Giacomelli.
Este italiano nasceu a 10 de Setembro de 1952 em Bongo Poncarale, na zona de Bréscia. Aos 20 anos começa a sua carreira nos automóveis, correndo na Formula Ford, ao volante de um Tecno. No ano seguinte teve que interromper a sua carreira para cumprir o serviço militar, mas volta à carga em 1975 para disputar a Formula Itália, onde consegue bons resultados. No ano seguinte, muda-se para Inglaterra, onde disputará o campeonato de Formula 3, e no final dessa época, é declarado campeão.
Passa para a Formula 2 em 1977, a bordo de um March, onde ganhará três corridas e termina em quinto no campeonato. Entretanto, o seu talento não passa despercebido à McLaren, que arranja um terceiro carro para ele no GP de Itália. Fica em 15º na qualificação, mas desiste à 37ª volta. Foi a sua única participação desse ano.
Em 1978, continua na Formula 2, a bordo de um March, onde ganha oito das doze corridas do campeonato, sendo o vencedor da categoria. Enquanto ganhava corridas na Formula 2, adquiria experiência na Formula 1, num McLaren privado, participando em quatro corridas. O seu melhor foi um sétimo lugar na corrida de Brands Hatch.
Em 1979, aceita o novo desafio da Alfa Romeo, que decide regressar à Formula 1, com o departamento de competição da marca, a Autodelta. Participa em quatro corridas, sem resultados de relevo. Mas em 1980, a participação é a tempo inteiro, e Giacomelli termina em quinto na Argentina, repetindo a façanha na Alemanha, uma corrida marcada pela morte do seu companheiro de equipa Patrick Depailler. No GP dos Estados Unidos Leste, em Watkins Glen, consegue um feito: faz a pole-position e lidera a corrida durante algum tempo, antes de desistir com um problema eléctrico. No final da temporada, soma 4 pontos, que lhe dão o 16º lugar da geral, com uma pole-position.
Em 1981, as coisas correm um pouco mal: só nas duas últimas provas é que leva o carro aos pontos, e vai ser em Las Vegas que consegue o seu único pódio da sua carreira: um terceiro lugar. Os sete pontos alcançados dão-lhe para ficar no 15º lugar do campeonato, com um pódio.
Em 1982, não há avanços. O carro não é muito fiável, não consegue terminar corridas, e o melhor que Giacomelli consegue é um quinto lugar na Alemanha. Esses dois pontos deram-lhe o 22º lugar da geral. No final da época, abandona a Alfa Romeo e vai para a Toleman. Contudo, a temporada de 1983 mostrou que Giacomelli era constantemente batido pelo seu companheiro de equipa, o britânico Derek Warwick. O melhor que conseguiu foi um sexto lugar em Brands Hatch. E no final da temporada, decide ir embora da equipa, sendo substituído por… Ayrton Senna.
Em 1984, atravessa o Atlântico para tentar a sorte na CART. Faz uma tentativa para se qualificar para as 500 Milhas de Indianápolis, mas sem sucesso. Em 1985 participa nas Interseries e nos Turismos. Em 1986, safa-se de boa num grave acidente em Zeltweg, e dois anos depois, decide regressar à Alfa Romeo, para testar o seu motor de CART. Ao mesmo tempo, é piloto ocasional de testes da March, depois rebaptizada de Leyton House.
E foi aí que faz a sua manobra mais disparatada que a Formula 1 já viu em muito tempo: em 1990, decide ir para a Life, uma nova equipa que tinha como “trunfo” um motor W12, de 3,5 litros, desenhado por Carlo Chiti, e baseado num chassis de um projecto que tinha morrido à nascença, da First, desenhado pelo projectista brasileiro Ricardo Divilla (ex-Fittipaldi e Ligier) e Lamberto Leoni. Resultado: um motor pesado e pouco potente (450 cavalos, contra os 700 cavalos dos Hondas).
Giacomelli entrou em San Marino, para substituir Gary Brabham, e coleccionou não pré-qualificações até ao GP de Espanha, altura em que a equipa abandonou de vez a competição. E Giacomelli retirou-se de vez.
A sua carreira na Formula 1: 82 corridas, em oito temporadas, um pódio, uma pole-position, 14 pontos.
Hoje em dia, Giacomelli vive tranquilamente na pequena localidade de Roncadelle, e participa ocasionalmente em corridas da Porsche Supercup.
Como sempre, excelente post.
ResponderEliminarAproveitando a oportunidade, queria te avisar que indiquei teu blog para o Blog Day 2007, que é hoje.
Mais detalhes em http://linguadetrapo.blogspot.com/2007/08/blog-day-2007.html
Abraço!