Começando a semana mais decisiva do ano, lembro-vos de outras corridas decisivas que ocorreram num passado mais ou menos recente da Formula 1. A minha primeira lembrança faz hoje 24 anos, e havia três contendores ao título: dois franceses contra um brasileiro. E o brazuca ganhou! Já repararam que hoje vou falar do Grande Prémio da Africa do Sul de 1983, a corrida que deu o bi-campeonato a Nelson Piquet.
Antes do Grande Prémio final, no circuito sul-africano de Kyalami, nos arredores de Joanesburgo, o francês Alain Prost, num Renault, era o líder do campeonato, com 57 pontos, mais dois que o brasileiro Nelson Piquet, num Brabham. O piloto brasileiro tinha ganho as duas corridas anteriores, em Monza e Brands Hatch, enquanto que o francês apenas tinha sido segundo na corrida inglesa: 18 pontos contra seis.
Ainda com possiblidades (matemáticas) para o título estava o francês René Arnoux, com 49 pontos, mas a última vez que pontuou tinha sido em Monza, onde tinha terminado em segundo. Neste aspecto, o brasileiro Piquet estava na mó de cima. Mas... (nesta altura ninguém sabia), o Brabham-BMW estava a ser abastecido com gasolina que estava... um pouco fora do normal.
Na corrida final, disputada na altitude de Kyalami, os Ferrari mostraram-se nos treinos, com o francês Patrick Tambay na "pole-position", enquanto que Nelson Piquet ficou ao seu lado na primeira fila. Na segunda linha ficou o segundo Brabham de Riccardo Patrese e o segundo Ferrari, de René Arnoux. Alain Prost foi o quinto, tendo a seu lado o Williams do finlandês Keke Rosberg, que estreava aqui o motor Honda Turbo.
Na partida para a corrida, Piquet e Patrese tomaram logo a liderança a Tambay, enquanto que Prost ficava na quarta posição, atrás de Arnoux. Na volta nove, as magras hipóteses de Arnoux ganhar o título desapareceram: um motor rebentado encostava-o à box. Alain Prost sobe para a terceira posição, mas precisava de apanhar Patrese e Piquet para ser campeão, pois mesmo que ficasse na segunda posição, e Piquet ganhasse, o brasileiro tinha vantagem por um ponto (63 contra 64).
Prost tentava alcançar os Brabham, que pareciam imparáveis, mas na volta 35, tudo estava acabado para ele e para a Renault: o motor falhou e o piloto francês via fugir a primeira oportunidade da sua carreira em ganhar o título. Quando Piquet soube disso, decidiu que o mais importante era acabar a corrida, e decidiu tirar o pé, sendo ultrapassado pelo seu companheiro Patrese, pelo McLaren de Niki Lauda e pelo Alfa Romeo de Andrea de Cesaris.
O quarto lugar era mais do que suficiente para ser campeão do mundo, mas na volta 67, o motor TAG-Porsche Turbo do piloto austríaco foi à vida, e Piquet herda a terceira posição. No final da corrida, Riccardo Patrese ganha a sua segunda vitória da sua carreira, uma despedida em grande, pois no ano seguinte iria para a Alfa Romeo, substituindo... Andrea de Cesaris, o segundo classificado. O outro italiano alcançava o segundo pódio do ano, depois de ter sido segundo em Hockenheim. Nelson Piquet levava a medalha de bronze, mas este... sabia a ouro! A completar os lugares pontuáveis ficaram o Toleman-Hart do inglês Derek Warwick, o Williams-Honda de Keke Rosberg e o segundo Renault do americano Eddie Cheever.
Esta corrida teve consequências: poucos dias depois, a Renault corre com Alain Prost da equipa, que é logo aproveitado por Ron Dennis, para ser parceiro de Niki Lauda na McLaren, com os novos motores TAG-Porsche Turbo. Ainda não se sabia, mas o fim da Renault como construtor tinha começado...
Putz, das primeiras corridas da primeira temporada que permeia minhas lembranças um pouco distantes já dos tempos de garoto, do alto dos meus parcos 7 anos... quando ganhou aquele que para mim sempre foi o grande piloto de infância, o grande Piquet...
ResponderEliminarGrande Nelson! :)
ResponderEliminarO primeiro dos 3 campeonatos perdidos pelo Prost... Até hoje tenho grande azia por este desfecho. Pior, só em Portugal 84, em que perdeu o campeonato por MEIO ponto!
ResponderEliminarA segunda conquista que Nelson Piquet consegue virar na última corrrida.
ResponderEliminarAlain Prost não contava com essa derrota.
Foi a última corrida de Raul Boesel na Fórmula 1.
Essa prova aconteceu no sábado, 15 de outubro de 1983.
ResponderEliminarFora da prova, Alain Prost ainda de macacão (sem capacete e balaclava) acompanhando* no monitor no pit wall da Renault e ainda acreditando que o título vai ficar nas suas mãos e "secando" para que Nelson Piquet não supere seus 57 pontos, mas toda essa "reza" do francês não adiantou, porque a taça "escorregou" de suas mãos e foi para o piloto brasileiro do Brabham número 5. Piquet tornou-se bicampeão terminando em 3º lugar e marcou 4 pontos indo para 59 pontos superando 2 do piloto da Renault número 15.
Não era agora que a França comemore o tão sonhando título.
Notas:
- 32ª vitória da Brabham;
- 5ª vitória do motor BMW;
- 25º pódio da Alfa Romeo;
- logo na prova de estreia com o motor Honda turbo na Williams, Keke Rosberg marcou 2 pontos com o 5º lugar;
- 8º título da Ferrari no Mundial de Contrutores (último até então e vai esperar mais de uma década e meia para o próximo) e
- última prova: brasileiro Raul Boesel, francês Jean-Pierre Jarier e o americano Danny Sullivan.
*essa imagem de Prost (sem capacete e balaclava) e olhando o monitor da equipe no pit wall está no arquivo de revisão da Fórmula 1 da temporada de 1983.
Se a desclassificação de Keke Rosberg no GP do Brasil tivesse benefícios posterirores (3º até o 7º lugares), Prost marcaria 1 ponto (6º lugar), então ia para a África do Sul (última prova) com 58 pontos, 55 de Piquet e 49 pontos de René Arnoux. Como a chance do piloto da Ferrari número 28 (Arnoux) era pequena, (porque precisava da vitória e torcer para que o seu compatriota da Renault número 15 (Prost) não marque ponto algum e o brasileiro da Brabham número 5 (Piquet) terminar até o 4º lugar), foi o primeiro a abandonar a prova de forma precoce na 9ª volta e a sair da disputa. Restando Prost e Piquet na briga, o francês ia para os boxes na 35ª volta e de lá ele deixava o cockpit e abandonava a prova e a disputa também. Naquele momento, Piquet ficava com a taça, e ele precisava terminar nas três primeiras posições (1º, 2º ou 3º lugares) para ser campeão do mundo em 1983. O brasileiro terminou em 3º lugar (4 pontos) e tornando-se campeão naquela temporada e o seu segundo título na carreira.
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