Continuando a semana das decisões do passado, depois de ontem ter falado sobre o bi-campeonato de Nelson Piquet, que ontem comemorou o seu 24º aniversário, hoje falo de uma decisão que vai fazer no próximo Domingo 23 anos. Trata-se do Grande Prémio de Portugal de 1984, a corrida que marcou o regresso da Formula 1 ao nosso país, e que deu o tri-campeonato a Niki Lauda, pela diferença mais curta de sempre... meio ponto!
O ano de 1984 marcava o dominio da McLaren nas pistas: Alain Prost e Niki Lauda ganharam 12 das 16 provas da temporada, e desde o meio da temporada que se via que o conjunto chasis MP4/2, com motor TAG-Porsche iria ficar com o título de construtores, dando um grande avanço sobre os rivais Lotus e Ferrari.
A última prova do campeonato tinha o seu aliciante: qual dos dois pilotos iria ficar com o ceptro? Antes da prova do Estoril, o austriaco Lauda era o líder, com 66 pontos, seguido pelo francês com 62,5 pontos. Prost só poderia ser campeão se ele ganhar e Lauda não chegar na segunda posição. A aposta do francês era essa, mas nada indicava que tal iria acontecer, pois o austriaco, agora mais velho, era muito mais regular e terminava mais vezes nos pontos do que Prost, que tinha mais vitórias, mas tinha mais desistências.
Assim sendo, as coisas estavam assim naquele fim de semana em que a Formula 1 regressava a Portugal, 24 anos depois da última edição, no Circuito da Boavista, na Cidade do Porto. Nos treinos, o campeão Nelson Piquet faz a sua nona pole-position do ano, ao volante do seu Brabham-BMW, enquanto que tinha a seu lado Alain Prost, que fazia a sua parte para alcançar o título mundial. Na segunda fila estavam o novo menino prodígio da Formula 1: o brasileiro Ayrton Senna, que tinha levado o seu modesto Toleman-Hart à terceira posição, tendo a seu lado o finlandês Keke Rosberg, num Williams-Honda. Niki Lauda era apenas 11º, muito distante do seu objectivo do tri-campeonato.
Domingo, 21 de Outubro de 1984. Um dia normal de Outono, o autódromo cheio de espectadores sedentos de ver os seus ídolos ao vivo, assistia-se a um Grande Prémio que se afigurava emocionante. Na patida, Prost foi para a frente, seguido de Piquet, Senna, Mansell, Alboreto, Rosberg e De Angelis. Lauda patia da 11ª posição, mas à medida que a corrida prosseguia, o piloto austríaco subia posições, até que a pouco mias de meio da corrida estava atrás do Lotus de Nigel Mansell, no terceiro posto.
Nesta altura, Prost era o virtual campeão mundial, por... um ponto e meio. Bastava que as coisas mantivessem assim, e o Lotus de Mansell resistisse aos ataques de Lauda. entretanto, Ayrton Senna, depois de ter caido para a quinta posição, recuperava posições. Beneficiou do despiste de Nelson Piquet, que caiu para as últimas posições, mas recuperou até ao sexto posto e dos problemas de Michele Alboreto, e agora rolava num seguro quarto lugar.
Contudo... a 18 voltas do fim, e depois de um ameaço, os travões do Lotus de Nigel Mansell cedem e o britânico acaba na caixa de brita. Em consequência, Lauda sobe para o segundo posto e torna-se no virtual campeão do mundo... por apenas meio ponto. Neste momento, Prost nada podia fazer senão levar o carro ao fim e ganhar a sua 17ª prova da sua carreira, que seria certamente uma das mais amargas...
No final, uma multidão rejubilante comemorava a dobradinha da McLaren, com Niki Lauda a ser coroado campeão do Mundo, aos 35 anos, e três épocas depois do seu regresso á Formula 1. A acompanhá-los no pódio ia um jovem Ayrton Senna, que ainda não se sabia, mas estava a começar uma relação de amor com a pista do Estoril e o nosso país... nos restantes lugares pontuáveis, ficaram o Ferari de Michele Alboreto, o Lotus-Renault do italiano Elio de Angelis e o Brabham de Nelson Piquet.
Foi, muito provavelmente, a maior irritação que apanhei a ver F1. Ainda hoje me custa aceitar um campeonato perdido por meior ponto! E, para mim a cuspa foi (salvo erro) do J. Ickx, director da prova no monaco, que interrompeu, motivando a atribuição de metade dos pontos. Prost fez apenas 4,5. SAinda que tivesse sido passado pelo senna, marcaria 6 pontos e no final seria campeão.... Enfim!
ResponderEliminarOlá speeder
ResponderEliminarNessa corrida, o Senna não ultrapassou o Piquet e nem o Alboreto. Piquet rodou logo na primeira volta, caindo para as últimas posições. Já Alboreto chegou a rodar, mas conseguiu uma bela recuperação e chegou próximo à Senna. O brasileiro fez uma bela corrida para um novato, mas não tão espetacular quanto Mônaco. Ele foi muito sólido, mas sem pirotecnia.
Abração
Niki Lauda soube ser campeão do mundo em 1984. Do GP da Grã-Bretanha até Portugal ele teve: três vitórias, três segundos lugares e apenas um quarto lugar. Quando venceu no GP da Itália, Monza, foi "beneficiado" com o abandono de Prost (seu companheiro de equipe e disputante do título). Lá no Templo Sagrado, o austríaco praticamente "colocava a primeira mão na alça da taça".
ResponderEliminarEm Portugal disputou as posições com cautela e quando alcançou a 2ª posição que lhe interessava, apenas guiou com tranquilidade e levou até o final para comemorar o seu título.
Para Prost, vice pelo segundo ano consecutivo, o título estava "amadurecendo", e o francês tinha que esperar mais uma temporada.
Notas:
- 110º pódio e 250ª prova da McLaren;
- terceiro e último pódio da Toleman na Fórmula 1;
- o alemão Manfred Winkelhock pilotou o Brabham número 2, porque o italiano Teo Fabi teve que voltar para a Itália em função da morte de seu pai;
- estreia do francês Philippe Streiff na categoria e
- última prova na Fórmula 1: equipe alemã ATS, dos pneus Michelin (retornaria em 2001) e do piloto austríaco Jo Gartner (faleceria em 1986 nas 24 Horas de Le Mans).
Última prova na equipe:
- Jacques Laffite na Williams;
- Jonathan Palmer na RAM;
- Nigel Mansell na Lotus;
- Gerhard Berger na ATS;
- Ayrton Senna e Stefan Johansson na Toleman;
- François Hesnault na Ligier e
- Jo Gartner na Osella.