Depois de ter apresentado o carro mais ganhador que a Ligier jamais fabricou, hoje é a vez de um dos carros mais ganhadores que Gordon Murray projectou para a Brabham, e fez nascer um campeão mundial: Nelson Piquet. Numa altura em que o efeito-solo era rei, este carro, a par do Williams FW07, do Ligier JS11 e o Ferrari 312 T4, esteve sempre na primeira linha da grelha, e um favorito à vitória final durante duas épocas e meia: o Brabham BT49.
No final de 1979, a Brabham estava na mó de baixo. Tão na mó de baixo que Niki Lauda, o principal piloto da equipa, decidiu abandonar a equipa e a Formula 1 nos treinos de sexta-feira do GP do Canadá, alegando que tinha perdido a vontade de correr. Para o seu lugar foi o argentino Ricardo Zunino. Entretanto, a Alfa Romeo decide entrar na Formula 1 como equipa (chassis e motor), o que fazia com que Bernie Ecclestone voltasse aos motores Cosworth DFV. Gordon Murray ficou contente, tão contente que afirmou: "Trabalhar no BT49 foi como tirar férias"...
E tinha razão. É um carro simples, mas eficaz. Construido à volta do motor Ford Cosworth, o motor dominante na altura, era construido com um monocoque de aluminio, com as partes laterais baixas, onde se albergavam os radiadores. Era o aproveitamento do efeito-solo ao máximo. E foi esse chassis bem nascido que colocou de novo a Brabham nas vitórias.
O chassis correu nos dois Grandes Prémios finais de 1979, mas só conseguiu uma volta mais rápida em Watkins Glen. Em 1980, depois de vários testes, o carro mostrou o seu potêncial: Piquet faz a sua primeira pole-position em Long Beach e ganha a corrida. Após essa vitória inicial, o piloto brasileiro alcança mais duas vitórias e uma pole-positiom e luta pelo título mundial. Contudo, desiste no Canadá, e dá o primeiro lugar a Alan Jones. No campeonato de construtores, a Brabham é terceira, com 55 pontos.
Em 1981, Piquet e o mexicano Hector Rebaque recebem um novo desenvolvimento do BT49 a versão C. Com o banimento das saias moveis no final do ano anterior, Gordon Murray concebeu uma suspensão hidropneumática, no sentido de contornar essa proibição. O principio era simples: durante a corrida, devido às molas colocadas no carro, este ficava colado à pista, a uma altura inferior a do regulamento (6 centímetros). No final da corrida, primendo um botão, o carro voltava à forma inicial, para que pudesse ser medido pelos comissários técnicos. podia ser ilegal, mas como os comissários não tinham meios para medir os carros em corrida... foi assim que Nelson Piquet ganhou o GP de San Marino, em Imola...
E a piada no meio disto tudo, é que nessa mesma altura, a FISA proíbia o Lotus 88 por causa de um principio semelhante à usada na Brabham...
Graças a esse dispositivo (mais tarde sancionado pela FISA), a Brabham ganha três corridas, e faz com que Nelson Piquet lute pelo título mundial. E a 17 de Outubro de 1981, depois de lutar contra o seu rival Carlos Reutmann e contra as dores, Nelson Piquet torna-se Campeão do Mundo. Quanto à equipa, os 51 pontos de Piquet, mais os 11 pontos de Hector Rebaque, fizeram com ficasse no segundo lugar do Mundial de construtores.
Entretanto, Bernie Ecclestone procurava um fornecedor de motores Turbo para 1982. Encontrou a BMW e assinou logo para essa temporada. Contudo, de inicio, apesar dos brutal potência que os Turbo davam nos treinos (1500 cavalos), a fiabilidade do carro e adaptação do carro (o BT50) foram difíceis e após o GP da Africa do Sul, ele e Riccardo Patrese (que substituiu Rebaque) voltaram aos BT49, agora na versão D, pois agora o chassis era de fibra de carbono.
No Brasil e em Long Beach, Piquet usou o 49D, enquanto que o BT50 era afinado. Ganhou em Jacarépaguá, mas quando os comissários descobriram que o carro era 50 quilos mais leve por causa dos lastros de água usados, alegadamente para arrefecer os travões, foi desclasssificado. Em Zolder, Piquet voltou ao BT 50. Quanto a Riccardo Patrese, usa o BT49 até Montreal, onde consegue mais uma vitória, no Mónaco, e um segundo lugar no Canadá. No final da temporada, os modelos Ford conseguem 19 dos 41 pontos que a equipa alcançou nesse ano, alcançando, caso fosse uma equipa, o nono lugar da classificação nos Construtores.
Em suma, o BT49 foi um carro simples, mas ganhador. Tornou-se no simbolo do reavivar de uma equipa, que de alguém que lutava para acabar para uma equipa vencedora, e catapultou três homens (Gordon Murray, Nelson Piquet e Bernie Ecclestone) para a galeria dos vencedores.
Carro: Brabham BT49
Projectista: Gordon Murray
Motor: Cosworth V8 de 3 Litros
Pilotos: Nelson Piquet, Ricardo Zunino, Hector Rebaque e Riccardo Patrese
Motor: Cosworth V8 de 3 Litros
Pilotos: Nelson Piquet, Ricardo Zunino, Hector Rebaque e Riccardo Patrese
Corridas: 36
Vitórias: 7 (Piquet 6, Patrese 1)
Poles: 6 (Piquet)
Voltas Mais Rápidas: 5 (Piquet 4, Patrese 1)
Pontos: 135 (Piquet 104, Patrese 19, Rebaque 12)
Campeão do Mundo de pilotos em 1981 (Nelson Piquet)
Carro, piloto, equipa... Tudo genial :)
ResponderEliminarParabéns por mais este post!
Fica bem,
Miguel