sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Bolides Memoráveis - Lotus 56 (1968-71)

Algum dia tinha que falar do "carro-turbina", mais uma das criações geniais que Colin Chapman, provavelmente o homem com a imaginação mais fértil que a Formula 1 jamais conheceu. O Lotus 56 foi usado para correr em Indianápolis, mas também fez uma perninha na Formula 1. Na famosa corrida de Monza, em 1971, o oitavo classificado foi Emerson Fittipaldi, num Lotus 56B com motor Pratt & Whitney...


Mas já ando a adiantar á história. Tudo começa em 1967, quando Andy Granatelli decide apresentar um carro à turbina às 500 Milhas de Indianápolis, aproveitando um vazio nos regulamentos. Construido num motor de helicóptero Pratt & Whtiney, debitava 550 cavalos e com tracção às quatro rodas. Nas qualificações, guiado por Parnelli Jones, alcançou o sexto tempo, mas na corrida, ele quase ganhou, liderando até a três voltas do fim, quando um rolamento gripou e ele encostou à box.

Colin Chapman, então a participar com os Lotus, observou o carro e ficou com ideias para o ano seguinte. Após ter desenhado o Lotus 49, tornando-se num carro vencedor nos circuitos europeus e mundiais de Formula 1, queria vencer de novo em Indianápolis. Conjuntamente com Maurice Philippe, projectaram o Lotus 56, uma verdadeira seta sobre rodas, com o objectivo de ganhar as 500 Milhas de Indianápolis.

Com uma frente em forma de cunha, sem a tradicional entrada de ar que os carros tinham então, era equipado com um motor Pratt & Whitney, com um limite para a entrada de ar de 103,3 metros quadrados, debitando 430 cavalos e tracção às quatro rodas. A ideia deste tipo de tracção era de aproveitar melhor a potência e as reacções que este motor causava, pois sempre que os pilotos carregavam no acelerador, o motor reagia mais tarde do que num tradicional motor de pistão.



Jim Clark e Graham Hill foram escalados para testar e guiar o Lotus 56, e gostaram da maneira como este reagia. Contudo, o acidente mortal de Clark em Hockenheim, a 7 de Abril, impediu de o testar nas qualificações para as 500 Milhas de Indianápolis daquele ano. Pondo de lado o desgosto, Chapman contratou outro britânico: Mike Spence.



Spence conseguiu levar o carro à segunda posição nos treinos oficiais, mas a 7 de Maio, último dia das qualificações de Indianápolis, Spence perde o controlo do seu carro, batendo no muro de protecção. Um dos pneus bateu no capacete de Spence, partindo-lhe fatalmente o pescoço. Esse golpe duro foi demais para Chapman, que voltou para a Europa, deixando os destinos da equipa para Andy Granatelli.


Na corrida, Graham Hill, Joe Leonard e Art Pollard guiaram os Lotus 56 no dia da corrida, a 30 de Maio. Hill desistiu à 112ª volta, vítima de um despiste. Entretanto, Joe Leonard, que tinha feito a "pole-position", disputava a liderança com Bobby Unser e Lloyd Ruby, com uma tática conservadora de inicio, para poder conservar gasolina e potência na parte final da corrida. Contudo, na volta 185 após uma situação de bandeiras amarelas, os motores "apagaram-se" após o arranque, e ambos os pilotos, Leonard e Pollard, ficaram pelo caminho. Acabou a melhor oportunidade de um motor a turbina ganhar em Indianápolis.

Após 1968, a USAC reagiu em relação aos motores à turbina e reduziu tanto o diâmetro da entrada de ar, que se tornaram incompatíveis em relação aos motores de pistão da Offenhauser, agora turbocomprimidos e que já alcançavam mais de 600 cavalos.

Contudo, Chapman guardou o Lotus 56 e aproveitou as suas aplicações para outros modelos. Primeiro, o Lotus 63, com tracção às quatro rodas, e que foi um fracasso completo. Em 1971, com o Lotus 72 no inicio do seu desenvolvimento, usou o Lotus 56B modificado para experimentar nas pistas europeias.

Emerson Fittipaldi e o australiano Dave Walker foram os pilotos que correram com ele, mas os resultados não foram brilhantes. Primeiro testou-os em provas extra-campeonato em Inglaterra, como a Race of Champions, em Brands Hatch e a International Trophy, em Silverstone. Na primeira das provas, os Lotus dominaram enquanto a pista estava molhada, mas quando o piso secou, estes cairam para o meio do pelotão. Em Silverstone, o carro, guiado por Fittipaldi, não durou mais do que três voltas.

Contudo, o mais caricato aconteceu no GP da Holanda: num Zandvoort alagado, Dave Walker vê-se no inicio da corrida na liderança. contudo, na quinta volta, despista-se, deixando Chapman desesperado. Em Itália, pista onde as longas rectas deveriam ser os ideais para um carro à turbina, Fittipaldi teve dificuldades em travar: "Era um carro tão rápido que, para pará-lo, era um Deus nos acuda". Tanto que era usada uma pastilha de travão especial para travar as rodas da Lotus 56.

No final da época, Chapman toma uma decisãi radical: abandonou a tracção às quatro rodas e o motor à turbina para se concentrar exclusivamente no Lotus 72, agora na versão C, que se tornou num veículo ganhador às mãos de Fittipaldi.

4 comentários:

  1. Além da influência da tracção total presente no 63, o conceito do 56 também deixou a sua marca no 72, com o formato em cunha, que potenciava muit mais a carga aerodinâmica do bólide, passando os radiadores para os flancos, soluções que perduram até hoje.

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  2. Bom dia! Ora aqui está um carro que me desperta interesse.

    Se me é permitido gostaria de completar um pouco mais sua informação sobre este Lotus.
    O Lotus 56 correu em apenas 3 GP's na Formula 1, todos em 1971: Holanda, Grã-Bretanha e Itália.

    Na Holanda, o 4º GP do ano, foi o piloto Dave walker que o utilizou. Foi a estreia do Lotus 56 na F1. Mas ao que parece esta estreia foi forçada. Não estaria prevista. O que aconteceu foi que Walker destruiu o seu Lotus convencional nos treinos e foi obrigado a recorrer ao Lotus 56 para correr em Zandvoort. Assim se estreava o Lotus 56 na F1... e também Dave Walker! Foi uma dupla estreia que terminou na 6ª volta com o abandono de Walker devido a um acidente (Walker seguia em 10º).

    Na Grã-Bretanha, o 6º GP do ano, coube a Reine Wisell utilizar o Lotus 56. O resultado não foi melhor que o anterior já que Wisell abandonou à 57ª volta quando seguia na 13ª posição.

    Na Itália, 9ª prova do campeonato, foi a vez de Emerson Fittipaldi de utilizar o Lotus turbinado.
    Uma curiosidade: fazia agora um ano que Rindt tinha perdido a vida no GP de Italia num Lotus. Ainda decorria o processo entre as autoridades italianas e a equipa de Chapman devido à morte do austrico. Como tal a equipa de Colin Chapman não correu oficialmente como Lotus isto porque Colin inscreveu a equipa com o nome de World Wide Racing.
    Na corrida Fittipaldi andou sempre pelos últimos lugares e conseguiu terminar a prova na 8ª posição entre os 10 pilotos que terminaram.
    E foi a última vez que se viu o Lotus 56 na F1.

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  3. Este era um Lotus Turbina? Li uma vez que o Emerson achou o carro uma bomba...era este?

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...