O blogger AC, do Blogtorsport, escreveu há umas semanas algo interessante sobre a razão porque é que os pilotos gostam muito de pilotar helicópteros, uma tradição que vêm desde meados dos anos 70 (Gilles Villeneuve foi dos primeiros, senão o primeiro, a ter o seu próprio helicóptero), um pouco na sequência do desaparecimento do Colin McRae, num acidente desses, na sua terra natal. E a razão é mais simples do que se julga... eis o que ele diz, na íntegra:
O desaparecimento do Colin McRae a bordo do seu helicóptero seguido do acidente do David Richards (felizmente sem consequências) também a bordo deste tipo de máquinas voadoras, deixou-me a pensar na quantidade de pilotos que detém este tipo de veículos e o porquê de tal ocorrência.
O Senna só se deslocava de helicóptero, o Nanini ficou sem as pontas dos dedos a bordo de um, o Schumi delicia-se a bordo do seu Falcon, o Lauda até criou a sua companhia aérea e por aí fora...
Podemos dizer que têm estes meios de transporte caríssimos simplesmente porque podem tê-los. Ou então porque permitem-lhes deslocarem-se com mais rapidez. Não creio no entanto que essas sejam as principais razões, há por aí um senfim de gente endinheirada que quando se quer deslocar, alivia os bolsos em Ferraris, Lamborghinis e Bugattis.
Para mim os pilotos procuram os meios de transporte aéreos pelo simples facto de que em quatro rodas já não há nada que os seduza.
Um Range Rover comparado com um VW Race Touareg a saltar dunas é uma caixa de sapatos, um Veyron a arrancar ao lado de um F1 parece que engrenou a marcha-atrás, o RS4 ao lado do Xsara WRC é um colchão de molas, os travões em cerâmica da Porsche ao lado dos do Audi RS8 parecem-se com gesso e mesmo o melhor dos melhores pneus de estrada quando colocado ao lado do pior dos slicks, parece que foi construído em contraplacado.Pensar que mesmo carros como o M3 CSL ou o 911 GT3RS, podem dar ao condutor a noção do que é um carro de corrida é como servir patê de sardinha para dar ideia do que é uma caldeirada.
Os carros de corrida são feitos para a eficácia máxima durante o curto período das corridas, sem compromissos, numa lógica em que se sacrifica tudo em função do resultado. A habituação a tal excelência mecânica proporciona episódios como o do Senna a bordo do NSX - com carro para além do que seria fisicamente possível ele mantinha aquele ar enfadado como o de quem procura lugar no parque do hipermercado - ou o do Schumacher a sair de dentro do 575M e suspirar que era um carro engraçado.
É por isso que os pilotos não se interessam pelos veículos de quatro rodas do dia-a-dia, porque simplesmente estes não lhes despertam qualquer emoção.
Eu acho que se disse tudo, e visto nesta perspectiva, concordo plenamente com ele. Pilotos de competição, que vivem de cargas de adrenalina, raramente devem pegar em carros de "Turismo" em estradas "normais" porque para eles, deve ser aborrecido, quase têm vontade de dormir. E também não devem ter muita vontade de aturar filas de trânsito...
Excelente, como sempre... Só queria deixar uma correcção: o Nannini ficou sem o antebraço (ou metade) e não as pontas dos dedos, antes do GP do Japão de 1990, que foi ganho pelo "meu" Piquet.
ResponderEliminarFica bem,
Miguel
Bem, isto pode ser um lado da moeda. Mas o fato é que um jato particular lhe dá a liberdade de rapidamente alacançar um destino e mudar de planos enquanto à rotas. Fora da privacidade que jamais teriam em vôo comercial, onde seriam sempre observados, abordados pedidos de autógrafos etcetc.
ResponderEliminarEnquanto à pilotagem, creio que isto tem muito a ver com o interesse pela técnica e levar adiante esta habilidade de conduzir um equipamento de alta tecnologia.
É o tipo de gente que gosta de um desafio. E do jeito que o Gilles voava o helicoptero dele, presenciei uma vez um resante dele em cima do paddock de Interlagos que deu pra ver a cara dele no cockpit, é mais um brinquedo de adrenalina.
Liberdade, é o nome do jogo...Eu não voo de jeito nenhum...
ResponderEliminarBelissimo texto, outro grande achado Speeder.
Valeu!
Liberdade, é o nome do jogo...Eu não voo de jeito nenhum...
ResponderEliminarBelissimo texto, outro grande achado Speeder.
Valeu!