Pois é. Um dia tinha que falar dele. Mas há muitas e boas razões para falar de Emerson Fittipaldi. A prieira, pois claro, é porque ele hoje faz anos. Depois, todos devemos algo a Emerson. Sem ele, provavelmente nunca teria acontecido a migração de dezenas de pilotos brasileiros que foram para a Europa nos anos seguintes, seguindo os passos dele. E sem Fittipaldi, provavelmente as carreiras de Nelson Piquet e Ayrton Senna poderiam nem sequer ter existido.
Emerson Fittipaldi nasceu a 12 de Dezembro de 1946 (faz agora 63 anos) em São Paulo. Filho de Wilson "Barão" Fittipaldi, radialista desportivo, e um entusiasta pelo automobilismo. Sua mãe Juzy, correu em carros de Turismo em Interlagos, no inicio dos anos 50, participando até nas primeiras Mil Milhas de Interlagos, em 1956, com um resultado respeitável. Emerson tinha um irmão mais velho, Wilson Fittipaldi, que começou a correr no inicio dos anos 60, e foi graças a ele que Emerson começou a envolver-se no automobilismo, primeiro nos karts (construidos por eles) e depois na Formula Vê (também construidos por eles).
O sucesso alcançado no final dos anos 60 (ganhou o título brasileiro de Formula Vê em 1968) fez com que tentasse a sua sorte na Europa, mais especialmente em Inglaterra. Em 1969 foi para a Formula Ford, onde conseguiu alguns bons resultados, e mais tarde nesse ano, ingressou na equipa de Formula 3 Jim Russel Driving School, onde acabou por ganhar o campeonato.
As vitórias no inicio de 1970 chamaram a atenção de Colin Chapman, o patrão da Lotus, que procurava alguém para ajudar o seu piloto principal, o austriaco Jochen Rindt. Estreou-se na Formula 1 em Brands Hatch, com um Lotus 49, tendo ao seu lado um dos seus ídolos de adolescência: Graham Hill. Sobre esta experiência, mais tarde afirmou: "Se morresse nesse momento, morreria feliz. tinha alcançado o meu sonho, alinhar num Grand Prix de Formula 1".
Contudo, nos meses seguintes, o destino catapultaria-o para o estrelato. Acaba nos pontos pela primeira vez na Austria (4º), em Monza, o seu chefe de fila, Rindt, estava morto, e em Watkins Glen, palco do GP dos Estados Unidos, torna-se no primeiro brasileiro a ganhar oficialmente um Grande Prémio de Formula 1, aos 23 anos. Mais tarde, nessa noite, ele e a sua primeira mulher, Maria Helena, trancaram o seu quarto de hotel com o armário, pois tinham sido reconhecidos pelo porteiro, e o prémio nessa altura para o vencedor era o mais rico da Formula 1: 50 mil dólares (300 mil euros no câmbio actual...)
Essa primeira temporada foi optima para Fittipaldi: uma vitória e 12 pontos, colocando-o no 10º lugar da classificação geral.
Em 1971, continua na Lotus, enquanto que esta passa em periodo de experiências, apesar de se saber que tinham um carro vencedor nas mãos, o Lotus 72. Mas nesse ano, não houve vitórias oficiais, apesar de três pódios. No final da temporada, acaba na sexta posição, com 16 pontos.
Em 1972, Colin Chapman apresenta a nova evolução do modelo 72, a versão D. É definitivamente um carro vencedor, contra o Tyrrell 003 de Jackie Stewart e o Ferrari 312B2 de Jacky Ickx. Vence em Jarama, Nivelles (Belgica), Brands Hatch e Zeltweg (Austria) até alcançar a consagração no Autodromo de Monza, onde aos 25 anos se sagra Campeão do Mundo, com 61 pontos. Para além destas cinco vitórias, obtêm ainda três pole-positions.
Com o melhor carro do pelotão, esperava-se que em 1973, as coisas poderiam encaminhar para a revalidação do título. E o inicio da época, com três vitórias (incluindo uma na sua Interlagos natal, perante uma multidão em delírio), indicava isso. Contudo, ele tinha que partilhar a equipa com um rápido piloto vindo da Suécia, de seu nome Ronnie Peterson. Para piorar as coisas, a versão E do Lotus 72 comportou-se pior do que se esperava, e perdeu pontos perante Peterson e o seu rival, Jackie Stewart.
No final, o título foi para o escocês, com Fittipaldi a ganhar o vice-campeonato, com 55 pontos, uma pole-position e cinco voltas mais rápidas. Mas a confiança que ele detinha com Colin Chapman terminou no dia em que ele desrespeitou uma combinação que tinham feito na véspera do GP de Itália, em que ele deixaria passá-lo para a frente, caso ambos os carros estivessem na frente, quando isso aconteceu, com Peterson em primeiro e Fittipaldi em segundo, Chapman não deu a ordem, o que fez com que o brasileiro procurasse mudar de ares no final da época. E no final desse ano, transferiu-se para a McLaren, em substituição do americano Peter Revson.
Aí, tinha uma excelente máquina entre mãos: o McLaren M23, estreado no ano anterior, com bons resultados. Mais regular, competindo contra os Ferrari 312B3 de Niki Lauda e Clay Regazzoni, o brasileiro ganha em Interlagos, Zolder e Mosport, e alcançando o pódio em mais quatro ocasiões, alcança o bi-campeonato em Watkins Glen, depois de terminar em quarto, numa corrida controlada por ele, que viu os seus rivais Regazzoni e Jody Scheckter a desistirem ou a atrasarem-se irremediavelmente pelo caminho. Esse bi-campeonato alcançou-o com 61 pontos, três vitórias e duas pole-positions.
Para 1975, Fittipaldi partia cheio de confiança. A provar isso, a sua vitória na Argentina e o segundo lugar no Brasil (prova ganha por José Carlos Pace), fazia com que ele fosse o líder do campeonato. Contudo, a meio da época, os Ferrari 312T (de Transversale) começaram a dominar os acontecimentos, através do austríaco Niki Lauda, e este partiu imparável, rumo ao seu primeiro título mundial. Fittipaldi somente ganhou mais uma vez, em Silverstone, numa prova interrompida na volta 55 devido à chuva. No final da época, é vice-campeão, com 45 pontos, duas vitórias e uma volta mais rápida.
No final do ano, todos pensavam que ele iria continuar na McLaren para 1976, testando uma nova máquina capaz de o colocar de novo na rota para um eventual tri-campeonato. Mas a sua decisão de se mudar para a Copersucar, equipa fundada pelo seu irmão, surpreendeu muitos, e levou à segunda parte da sua carreira na Formula 1, não tão gloriosa como a primeira... mas isso conto depois.
Grande Emmo, que só vi correr mesmo em terras ianques, já que nessa era F-1 nem nascido era (quando saiu da McLaren para a Copersucar, em 76, estava a nascer)... só sei mesmo por imagens, histórias contadas pelos amigos matuzas e por textos ótimos como o teu...
ResponderEliminarTodos os louros ao Emerson, que pode não ter sido o primeiro brasileiro em terras européias, mas abriu mesmo muitas portas com sua vitoriosa carreira...
Fora que a história dos Fittipaldi no automobilismo daria bons livros... riquíssima...
Antes de mais nada, parabéns pelo Blog, muito bom (visita obrigatória, sempre), e pela homenagem ao Emerson, merecida. Gostaria apenas de fazer uma pequena correção: a vitória do Emerson na Bégica em 1974 foi em Nivelles-Baulers, e não em Zolder. Abraço!
ResponderEliminarVeja que grata coincidência: logo hoje, aniversário do Emerson, publiquei um texto sobre ele sem saber! Foi por causa da lista dos maiores do automobilismo brasileiro, onde coloquei Emerson em terceiro lugar.
ResponderEliminarMuito legal o seu post, Speeder, já espero a segunda parte!
Grande abraço!
Gustavo Coelho