Esta semana comemorou-se o aniversário de um piloto realmente polivalente: primeiro nas motas, depois nos automóveis, primeiro na Formula 1 e depois nos turismos, este homem foi verdadeiramente o piloto dos sete oficios. A par de John Surtees e Mike Hailwood, foi um dos pilotos de motos mais bem sucedidos nos automóveis. Hoje falo do (por agora) unico venezuelano na Formula 1 e o primeiro companheiro de equipa de Ayrton Senna na Formula 1: Johnny Cecotto.
Alberto "Johnny" Cecotto nasceu a 21 de Janeiro de 1956 em Caracas. Filho de imigrantes italianos, começou muito cedo em competições. Aos 16 anos, estreou-se em competição, correndo no campeonato nacional de motociclismo, sendo bi-campeão nacional em 1973 e 1974. No ano seguinte, já com 19 anos, espanta o mundo ao participar na corrida Daytona 200 com uma moto Yamaha TZ 700 arranjada pelo importador local. Partindo da última posição (não chegou a tempo para fazer as qualificações), espanta os entendidos ao fazer uma corrida de trás para a frente, classificando-se na terceira posição final.
Pouco tempo depois, corre no Mundial de Motociclismo nas categorias de 250 e 350 cc. A bordo de uma Yamaha, espanta o "paddock" ao ganhar no seu primeiro Grande Prémio de sempre, em França... e em ambas as categorias! No final do ano, ganha mais quatro corridas e torna-se, aos 19 anos, no mais jovem campeão do mundo de sempre, batendo na categoria de 350 cc o super-consagrado piloto italiano Giacomo Agostini.
No ano seguinte, já apoiado pela equipa oficial, ganha a Daytona 200 e trava uma longa batalha pela renovação do título de 350 cc contra o italiano Walter Villa (1943-2002), que perde a favor de Villa, que corria... numa Harley-Davidson. Em 1977, parte para a categoria de 500 cc, sempre com a Yamaha, mas nunca se adaptou propriamente com a máquina. Para piorar as coisas, sofreu acidentes que o afastavam da luta pelo título durante algum tempo. O mais grave deles ocorreu na rápida (e perigosa) pista de Saltzburgring, na Austria, onde se envolveu num multiplo acidente, que causou a morte do suiço Hans Stadelmann.
Em 1978 e 79 esteve concentrado nas 500 cc, mas apesar de ganhar corridas, nunca teve capacidade para discutir títulos com outros pilotos como o americano Kenny Roberts, o inglês Barry Sheene (1950-2003), o sul-africano Kork Ballington, o alemão Anton Mang, entre outros. No final de 1980, depois de mais uma época frustrante, decide abandonar as motos e vira-se para os automóveis.
Vai correr na Formula 2 europeia, onde começa a correr na... Minardi. Os seus primeiros passos são seguros, mas em 1982 envolve-se numa luta com Corrado Fabi (irmão mais novo de Teo Fabi) pelo título europeu de Formula 2. O italiano leva a melhor, por um ponto. Nessa temporada, o piloto venezuelano ganhou três corridas: Thruxton, em Inglaterra, Mantorp Park, na Suécia e no circuito citadino de Pau, em França.
No ano seguinte estreia-se na Formula 1, a bordo de um Theodore, uma equipa do fundo do pelotão. Tem como companheiro de equipa o colombiano Roberto Guerrero, e as suas performances até não são más: na sua segunda corrida, em Long Beach, acaba em sexto lugar, conseguindo o seu unico ponto do ano. Isso dar-lhe-à no final da temporada o 19º lugar final. As suas performances permitiram-lhe conseguir uma segunda temporada na Formula 1, desta vez a bordo de um Toleman. O seu companheiro de equipa é um jovem prodígio brasileiro de 24 anos, vencedor do Campeonato Britânico de Formula 3 no ano anterior: Ayrton Senna.
Cedo Cecotto foi ultrapassado pela rapidez do brasileiro. Mas tentava o seu melhor para não ficar mal. O seu melhor foi um nono lugar no Canadá. Contudo, nos treinos de sexta-feira do GP de Inglaterra, em Brands Hatch, Cecotto sofre um impacto no muro de protecção a mais de 240 km/hora, que lhe causou graves ferimentos nas pernas. Foi o final da sua carreira na Formula 1.
A sua carreira: 23 corridas, em duas temporadas (1983-84), um ponto.
Depois de recuperar das suas feridas, Cecotto vira-se para as competições de Turismo. Primeiro, no Europeu da categoria, ao volante de um Volvo 240. Ganha a corrida da Guia, que faz parte do GP de Macau, em 1986. No ano seguinte, corre a famosa Bathurst 1000, e dois anos depois, torna-se campeão italiano de Turismos. a bordo de um BMW M3.
No ano seguinte muda-se para a Alemanha, onde durante quatro anos vai ser uma das personagens mais importantes do DTM. Sempre a correr pela BMW, o melhor que conseguiu foi ser vice-campeão em 1990. Quando a BMW se retirou da competição, foi para a Supertouring alemã, onde foi campeão em 1994 e 1998. Após isso, deu uma perninha na BTCC inglesa e em 2001 e 2002 foi bi-campeão so Campeonato alemão V8 Star, a bordo de um Opel Omega. Quando a série acabou, decidiu retirar-se da competição activa.
Hoje em dia, dedica-se a gerir a carreira do seu filho, Johnny Cecotto Jr., de 18 anos, que competiu em 2007 na Formula Master Series, tendo sido rival do piloto macaense Rodolfo Ávila.
Fontes:
Muito obrigado pelo homenagem a tao grande piloto. Na verdade sucederam cosas na F1 que nunca se falaram, so depois de anos, ja que o accidente em Brands Hatch foi um golpe psicologico muito forte para ele e sempre tentava nao falar de sua epoca na categoria, mais ele adora F1.
ResponderEliminarEle nunca foi mais exitoso que Ayrton nao precisamente pelo bom que foi o brasileiro. Ayrton tinha um patrocinio enorme, que dava a Toleman tudo para que ele tuvisse os melhores equipes. Senna sempre tinha o melhor motor, o chasis mais estable e a tecnologia mais nova. Alias Johnny dava o melhor de sim para brilhar e algunas veces foi melhor que Senna com um carro pior, por eixemplo em San Marino onde ele sim entrou na corrida e Senna nao. Em 1990 Senna diria que Cecotto foi seu maior rival em pista, aquele que nunca chegou vencer mesmo tindo mais carro que ele.
Sua carreira e talento chamou muito a atençao de Enzo Ferrari, e foi chamado por ele para dirigir em 1985 (no lugar de René Arnoux), ja tinha a "bendicion" do Comendatore para isso, mais acomteceu o terrivel accidente e acabou tudo. Esse é um dato curioso que pocos conhecem dele.
Outra curiosidade é que ele estava a um paso de vencer o titulo da DTM em 1990 na corrida de Hockenheim, mais chegou um novato, "um tal M.Schumacher" e bateu o carro dele de lado mto forte cuando foi ultrapassado, entao Cecotto foi enviado fora de pista e ai acabou o sonho do titulo.
Um dia vou postar a historia "segreda" dele, cosas que nunca foram reveladas e outras esquecidas.
Muito obrigado Speeder :D
Alem disso tenho fotos nunca reveladas do accidente dele.
ResponderEliminarUma pena que a carreira do Ceccoto na Fórmula 1 tenha sido abreviada por causa do acidente que ele sofreu na metade de 1984. O venezuelano tinha potencial para ir mais longe...
ResponderEliminarSpeeder,
Muito obrigado pela referência no seu post sobre o G.P. de Canadá de 1973. Valeu mesmo! Acho que o seu texto ficou até melhor do que o meu!
Grande abraço!
Gustavo Coelho
Me lembro que torcia mo pro Cecotto no Superturismo Alemão, que era transmitida pela TV a cabo pelo Brasil. Sempre fui fã da marca BMW e vibrei demais quando o Cecotto foi campeão em 1998.
ResponderEliminarSpeeder: como comparar os tempos de volta (treino e corrida) entre Cecotto e Senna?
ResponderEliminarTenho procurado essa informação, mas sem sucesso.
Os tempos de volta são uma comparação melhor do que os pontos ou as vitórias de cada piloto.
Tens acesso ao Forix? É que aparentemente, deve ser a unico sitio onde se podem fazer esse tipo de comparação, tirando os suportes em papel.
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