quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O piloto do dia - Graham Hill (2ª parte)

(continuação do dia anterior)


Em 1963, Graham Hill consegue a sua primeira vitória nas ruas do Mónaco, depois de uma luta fratricida com Jim Clark. Mas essa vitória, conseguida na prova de abertura do campeonato, não iria ter consequências para o resto do campeonato: o Lotus 25 de Clark era um carro imbatível, e conquistou o campeonato nesse ano. Hill só ganhou mais uma prova, em Watkins Glen, e terminou o ano com 29 pontos e o título de vice-campeão mundial.


Em 1964, o Mundial começava no Mónaco. Jim Clark partia da pole-position, mas um problema de motor perto do final fez com que ganhasse a mítica corrida pela segunda vez. Contudo, apesar de ter lutado pelo título até à última corrida, no México, e de ter ganho na prova anterior, em Watkins Glen, John Surtees e a Ferrari levaram a melhor. Assim sendo, Hill foi vice-campeão com 39 pontos contabilizados (em 41 conquistados)


Em 1965, Jim Clark e a Lotus arrasam o campeonato, e agora, Graham Hill tem a companhia de um jovem novato de seu nome Jackie Stewart. Vence de novo no Mónaco e em Watkins Glen, mas isso é insuficiente para as seis vitórias alcançadas por Clark nesse ano. E pelo terceiro ano consecutivo, Hill é vice-campeão, com 40 pontos contabilizados em 47 conquistados.


O ano de 1966 vai ser mais penoso na Formula 1 para Hill. Primeiro, por causa da alteração na cilindrada dos motores (era o primeiro ano dos motores de 3 Litros), e a BRM não era capaz de ter um bom motor, pois o H16 revelou-se um fracasso. Sem vitórias, o melhor que conseguiu foi um segundo lugar em Zandvoort. No final da temporada, Hill foi quinto com 17 pontos.


Mas também foi nesse ano que Graham Hill conseguiu um dos seus grandes feitos, ao ganhar as 500 Milhas de Indianápolis, perante os americanos… e a Lotus de Jim Clark! Nesse ano, a Lola elabora um chassis, onde alberga o motor Ford, e convida Graham Hill e Jackie Stewart a correrem na prova rainha do automobilismo americano. Nos treinos, Hill conseguiu o 15º tempo, mas na corrida aproveitou bem as várias carambolas e herdou o comando a 10 voltas do fim, quando o seu companheiro Jackie Stewart desistiu com problemas de motor. Hill tornou-se no segundo “rookie” a ganhar as 500 Milhas de Indianápolis, depois de Frank Lockhart o ter conseguido em 1927, Depois dele, só o colombiano Juan Pablo Montoya repetiu o feito, em 2000.


No final do ano, frustrado com o novo motor H16, Hill sai da BRM, e junta-se a Colin Chapman e a Jim Clark na Lotus para a temporada de 1967. Era a dupla de sonho, e Chapman desenhou um carro à essa medida: o Lotus 49. O carro estreou-se em Zandvoort, com motores Cosworth, e foi um sucesso. Mas nesse ano, Hill não iria alcançar qualquer vitória, e o máximo que conseguiu foram dois segundos lugares, no Mónaco e em Watkins Glen. No classificação final, Hill ficou com 15 pontos e o sétimo lugar da geral. Quanto às 500 Milhas de Indianápolis, já com a Lotus, Hill não passou da volta 23, quando um pistão do seu motor quebrou.


Tudo indicava que o ano de 1968 seria o ano da consagração para a Lotus 49, para os motores Cosworth e para Jim Clark. As coisas na Africa do Sul indicavam nesse sentido, mas a 7 de Abril desse ano, Clark e Hill estavam em Hockenheim para uma prova de Formula 2. Na volta 5, um furo lento causou o despiste mortal de Jim Clark, e um destroçado Hill teve que recolher os destroços do carro no final da corrida. Chapman, destroçado, ainda pensou em abandonar a competição, mas foi Graham Hill que juntou os cacos e quis aproveitar o carro que tinha. Ganhou em Jarama e no Mónaco. Foi segundo em Nurbrugring, atrás de um imparável Jackie Stewart, e ganhou a prova final na Cidade do México, tornando-se assim bi-campeão do Mundo, batendo Jackie Stewart e o neozelandês Dennis Hulme. Finalmente, o Lotus 49 era um chassis vencedor, e Graham Hill demonstrou-o.


Entretanto, Graham Hill e a Lotus voltaram a Indianápolis com um novo tipo de carro: o carro turbina. O Lotus 56, desenhado para Indianápolis, era uma resposta ao Parnelli a turbina que tinha aparecido um ano antes, e que quase tinha ganho a corrida. Para além de Hill, Colin Chapman levou Mike Spence para correr na equipa, em substituição de Jim Clark. A 7 de Maio desse ano, após uma sessão de treinos, Spence perdeu o controlo do carro, bateu no muro e um dos pneus atingiu-o fatalmente. Desolado, Chapman voltou para a Europa, e Hill andou a comandar as operações, com os americanos Joe Leonard e Art Pollard (1927-1973). Na corrida, Hill andou nos lugares da frente até à volta 112, altura em que bateu na Curva 2, sem consequências de maior.


No ano seguinte, Colin Chapman contrata o jovem austríaco Jochen Rindt, ex-Brabham. O Lotus 49 tinha a sua evolução B, e os aerofólios eram reis. A liberdade total tinha os seus perigos, e a prová-lo foram os acidentes que tiveram ambos os carros em Barcelona. Hill safou-se, e viu que a causa do problema tinha sido a asa traseira ter cedido devido às enormes pressões ao qual estava sujeito. Quando tentou avisar a boxe do perigo iminente que o seu companheiro de equipa sofria, Rindt despistou-se, partindo o nariz.


Na corrida seguinte, no Mónaco, Graham Hill ganha-o pela quinta vez, numa prova onde poucos terminam, e onde, aos 40 anos, se torna no “Rei do Mónaco”. Esse recorde só seria superado 23 anos depois, pelo brasileiro Ayrton Senna. Contudo, os recursos da Lotus estão envolvidos no Lotus 63, de quatro rodas motrizes, que se revela um fracasso, e Hill não consegue melhor do que um quarto lugar em Nurburgring, acabando a temporada no sétimo lugar, com 19 pontos.


Contudo, o pior estava para vir: na penultima prova do ano, em Watkins Glen, o carro de Hill sofreu um pião a meio da corrida, e deixou o motor ir abaixo. Querendo voltar, saiu do carro e empurrou-o até o motor voltar a pegar. Contudo, esqueceu de apertar os cintos de segurança, e quando o carro sofreu novo despiste, causado por um furo lento, Hill partiu ambas as pernas.


O piloto inglês teve uma longa convalescença, e muito julvavam que ele não voltaria a competir. Contudo, quando o Mundial de 1970 começou, na Africa do Sul, Graham Hill lá estava, com um Lotus 49B inscrito por Rob Walker. Ainda sem estar completamente curado, era colocado e retirado do habitáculo pelos seus mecânicos. Essa manifestação de coragem e força de vontade foi compensada com um sexto lugar final. No final, conseguiu mais seis pontos e o 13º lugar final.


Amanhã, a última parte.

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