Há trinta anos, a temporada de 1978 começava a mostrar ser tão competitiva como nos anos anteriores. Mas todos sabiam que a Lotus e a Ferrari, bem como a Brabham e a Tyrrell, eram as equipas que mais hipóteses tinham de ganhar corridas. Mas a surpresa estava sempre à espreita...
A Formula 1 ia para a altutude de Kyalami em estilo de comemoração: era o Grande Prémio numero 300 da sua história. Neste Grande Prémio, eram várias as estreias: a Arrows tinha um novo piloto: o veterano alemão Rolf Stommelen, que trazia consido o patrocinio das cervejas Warsteiner. A Brabham estreava também o seu novo Brabham BT46, com exaustores de calor no lugar de radiadores. Entretanto, Carlos Reutmann e Gilles Villeneuve estrearam também em paragens sul-africanas o Ferrari 312T3, uma evolução da versão 2, que esperavam ser melhor.
Quem também se estreava nestas paragens sul-africanas era a Martini, do francês Tico Martini, fundador da famosa Winfield Racing School, e que desenhava chassis para a Formula 3, com sucesso. O seu piloto era um talentoso francês, de seu nome René Arnoux. Infelizmente, não conseguiu qualificar o carro para a corrida.
Entre tantas estreias, quem levou a melhor foi Niki Lauda, que aproveitou a potência para conseguir o seu lugar na primeira fila. Logo ao seu lado ficou Mario Andretti, no seu Lotus 78. A segunda fila era McLaren, com James Hunt a levar a melhor sobre o francês Patrick Tambay. Na terceira fila, o piloto da casa, Jody Scheckter, tinha a seu lado a primeira surpresa: o francês Jean-Pierre Jabouille, no Renault Turbo. Era a primeira demonstração do que vinha aí... No sétimo lugar estava o Arrows de Riccardo Patrese e o Ferrari de Gilles Villeneuve, que levou a melhor sobre Reutemann, nono. A fechar o "top ten", ficou o Brabham de John Watson.
De resto... Depailler era 11º, seguido por Ronnie Peterson. Emerson Fittipaldi tinha levado o seu Copersucar para a 16ª posição. Para além de Arnoux, quem não se qualificou foi o Ensign de Lamberto Leoni e os Shadow de Hans-Joachim Stuck e de Clay Reggazzoni. E quem se estreavam a valer na formula 1 eram dois jovens pilotos do qual ouviriamos muito na década seguinte: o finlandês Keke Rosberg, num Theodore, e o americano Eddie Cheever, num Hesketh, que com 20 anos, se tornava no piloto mais jovem a correr até então.
Na partida, Andretti consegue levar a melhor sobre Lauda e passa para a liderança. O austríaco ainda perde mais um lugar, com o ataque bem sucedido do Wolf de Jody Scheckter, empenhado em fazer boa figura na sua corrida caseira. Entretanto, nas primeiras voltas, com Andretti a abrir terreno, quem subia posições atrás de posições era Patrese, com o seu recém-formado Arrows. Depois de ultrapassar Jabouille e beneficiar do motor partido de Hunt, estava no quarto lugar, ameaçando Lauda. Na volta 19, ultrapassa-o e está no lugar mais baixo do pódio.
Contudo, a partir da volta 21, Andretti perde força devido ao desgaste precoce dos seus pneus, e é alcançado por Scheckter e Patrese. A multidão entra em delírio, quando vê o piloto da Wolf na liderança, mas poucas voltas depois, era a vez dele ceder a liderança. E aos 23 anos e na sua 11ª corrida da sua carreira, e a segunda da Arrows, Riccardo Patrese era o lider!
As voltas passavam, e parecia que história iria ser feita na Formula 1. Um novo vencedor, de uma nova equipa. Logo atrás, e fazendo uma extraordinária prova de recuperação, estava Patrick Depailler. Em terceiro andava Lauda e logo a seguir, os Lotus de Mario Andretti e Ronnie Peterson. Mas na volta 52, Lauda desiste com um motor partido, e Andretti atrasava-se com os maus pneus e problemas de consumo, beneficiando Peterson. Scheckter, sem pneus, bate na volta 58 e volta a pé para as boxes.
Mas mais surpresas aguradavam. Na volta 63, o azar bate à porta de Patrese, que vê o motor Cosworth estourar, acabando assim um sonho lindo. Depailler agradece e coloca o Tyrrell no primeiro posto. Ele também procurava a vitória, e parecia que hoje iria ser o "seu" dia. Mas a recuperação inicial iria ter o seu preço: perto do fim, estava sem muita gasolina, e o sueco vê a oportunidade para alcançar a vitória.
A última volta entra na história como sendo das mais emocionantes da década: Peterson, encostado a Depailler, tenta ultrapassá-lo, e este defende-se. A três curvas do fim, nos "esses" antes da subida para a meta, o sueco finalmente ultrapassa o francês e vai reclamar a sua nona vitória da sua carreira, a segunda da Lotus desse ano. O terceiro lugar ficou para o Brabham de John Watson, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis estacionaram o Williams de Alan Jones, o Ligier de Jacques Laffite e o Tyrrell de Didier Pironi.
O Grande Prémio numero 300 da história da Formula 1 tinha valido a pena!
Fontes:
Excelente resumo de uma das mais belas corridas da história da Fórmula 1. Lembro muito bem deste pega entre Depailler e Ronnie Peterson. Foi um gran finale à altura do GP 300 da categoria.
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