Nestes dias que passaram antes do GP da Australia, no meio da confusão pré-corrida, não me lembrei que na passada sexta-feira fez 25 anos desde que ocorreu a primeira corrida da "era Turbo": o Grande Prémio do Brasil de 1983, prova inicial dessa temporada, e ficou para a história como o inicio da caminhada de Nelson Piquet rumo ao bi-campeonato.
O ano de 1982 tinha sido agitado e trágico. Dois pilotos, Gilles Villeneuve e Riccardo Paletti tinham morrido, 11 pilotos tinham ganho pelo menos um Grande Prémio, e o campeão, Keke Rosberg, só ganhou devido ao grave acidente sofrido pelo seu maior rival, o francês Didier Pironi. Muitos culparam o efeito-solo, devido ao facto de estes, quando perdiam o contacto com o solo, acabariam voando, pondo em perigo os seus pilotos. Sendo assim, a FISA decidiu no final da época que iria abolir o efeito-solo.
Entretanto, Ferrari, Renault e BMW tinham motores Turbo em 1982, mas no inicio da temporada de 1983, Alfa Romeo e o preparador inglês Hart decidiram colocar ao seu serviço motores Turbo. Sabendo que a McLaren estava a construir o seu motor, com a ajuda da Porsche, inevitavelmente, todos os carros do pelotão usariam motores turbocomprimidos. Mas por agora, a Williams, McLaren, Lotus, Tyrrell, Ligier e a Arrows, entre outros, ainda usavam o bom velho motor Cosworth.
Em relação aos pilotos, houve algumas mudanças significativas: René Arnoux tinha ido para a Ferrari, sendo companheiro de outro francês, Patrick Tambay, enquanto que Jacques Laffite saia da Ligier para ser o piloto com o carro numero dois, ao lado de Rosberg. Entretanto, na Renault, foi contratado um não-francês como escudeiro de Alain Prost: o americano Eddie Cheever, ex-Ligier.
A Lotus ainda estava a recuperar da morte da sua "alma mater", Colin Chapman, ocorrida em Dezembro, e ainda usava os motores Cosworth, pois os motores Renault Turbo ainda não estavam disponiveis. Na equipa, Elio de Angelis e Nigel Mansell mantinham-se na equipa.
Este Grande Prémio assinalou a estreia de alguns pilotos: Johnny Ceccoto, ex-campeão do Mundo de... motociclismo, estreava-se na Formula 1 a bordo de um Theodore, enquanto que a Tyrrell arranjava um novo companheiro de equipa para Michele Alboreto: o americano Danny Sullivan.
Os treinos foram interessantes: com os motores Turbo em força, quem fez a pole-position foi um carro com motor aspirado: o Williams-Cosworth de Keke Rosberg, que começava a sua defesa do título. Piquet foi quarto na grelha, superado pelo Renault de Alain Prost e pelo Ferrari de Patrick Tambay. Em 28 participantes, dois ficaram de fora, e um deles foi surpreendente: o italiano Andrea de Cesaris, num Alfa Romeo.
O dia da corrida, 13 de Março de 1983, teve 80 mil espectadores no Autódromo de Jacarépaguá, e calor, muito calor. Na partida, Rosberg foi para a frente, seguido de Prost, Tambay e Piquet. Mas a Brabham iria usar a figura dos reabastecimentos, inaugurados no ano anterior, logo, o piloto brasileiro estava muito leve, e daí ele ter ultrapassado Tambay logo na primeira volta. Dus voltas depois, ultrapassa Prost e na sexta volta, apanha Rosberg e passa para a liderança, para gaúdio da torcida carioca.
Na volta 29 ocorre o "caso do dia": Keke Rosberg reabastece-se (a primeira vez que a Williams iria fazer tal coisa), e quando o carro pega fogo. O finlandês sai do carro, evitando o incêndio, mas este é rapidamente extinto, e volta para continuar. Ora, isso na altura era uma manobra ilegal...
Entretanto, tudo corria bem para Nelson Piquet. Na volta 39, quando reabastece, tinha maias de um minuto sobre o segundo classificado, o norte-irlandês John Watson. Quando voltou a pista, não tinha perdido a liderança e a unica coisa que fez foi gerir a sua vantagem até ao fim, já que outros rivais, como Alain Prost, perdiam claramente rendimento (acabou em sétimo). Entretanto, Rosberg recuperava o tempo perdido, ultrapassando os McLaren e o Ferrari de Tambay, acabando na segunda posição final. Mas depois da corrida, ele era desclassificado, não pelo facto de ter saído do carro, mas sim por ter sido empurrado pelos mecânicos na sua saída das boxes.
Quem ganhou o seu segundo lugar? Ninguém. É verdade! O terceiro classificado da corrida, Niki Lauda, não recebeu o troféu e os pontos od segundo lugar porque os organizadores decidiram que o segundo lugar ficava vago. E assim, Alain Prost, que acabou em sétimo, não subiu um lugar, e esse ponto poderia ter valido alguma coisa no final da temporada...
Já agora, os restantes lugares pontuáveis ficaram para Jacques Laffite (4º), Patrick Tambay (5º) e o Arrows de Marc Surer (6º). Quanto a Piquet, finalmente ganhava a sua corrida, depois de no ano anterior ter sido desclassificado devido às irregularidades encontradas no seu Brabham. Um começo excelente para ele!
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1983_Brazilian_Grand_Prix
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