E de repente… damos conta que já passaram 15 anos sobre á ultima vitória de Ayrton Senna em terras brasileiras. Não foi uma corrida banal, pois teve muitas emoções, quer antes, quer depois da entrada em cenas da chuva, e viu a saída de pista de Alain Prost, que 15 dias antes tinha regressado em grande plano, ao ganhar o GP da Africa do Sul. Mas para além da vitória de Senna e do abandono de Prost, também aqui se viu pela primeira vez desde 1973, na entrada do "Safety Car” em acção.
Mas enfim, vamos aos factos. Em 1993, após a prova sul-africana, Alain Prost voltava do seu ano sabático para ganhar. E assim fez. Senna não tinha muitas hipóteses, com um McLaren Ford V8, a mesma máquina que tinha o Benetton de Michael Schumacher. Esses dois lutavam para ver quem é que se podia aproximar dos Williams. No Brasil, Para além desses factos todos, outra preocupação rodeava todos: será que Ayrton Senna iria correr na sua terra? Sabia-se que ele não tinha um carro competitivo, e que depois de muita hesitação na pré-época, em que considerou fazer a mesma coisa que Alain Prost tinha feito no ano anterior (ano sabático), tinha acordado com Ron Dennis um acordo em que ele pagava 1 milhão de dólares por corrida. Nessa semana, contudo, Senna decidiu correr, mesmo sabendo dos riscos de não conseguir mais do que um segundo lugar. No máximo…
Isso ressentiu-se na bilheteira: pouco público assistiu ao fim de semana do Grande Prémio, mesmo sabendo depois da confirmação de Senna, embora os preços altos também ajudassem à fuga.... os treinos foram aquilo que toda a gente estava à espera: os Williams de Prost e de Damon Hill ficaram com a primeira fila, Senna e Schumacher com a segunda. A diferença entre Prost e Senna chegou a ser de 1,83 segundos! Após esta segunda fila, o americano Michael Andretti e o italiano Riccardo Patrese ficaram com a terceira fila, os Saubers de Karl Wendlinger o de J.J. Letho ficaram com a quarta fila, e só nono lugar é que apareceu o primeiro Ferrari, de Jean Alesi, tendo atrás de si o Ligier de Mark Blundell, que na etapa anterior tinha chegado ao terceiro lugar do pódio…
Entretanto, dos 26 carros que alinharam, um ficou de fora. Era o Jordan de Ivan Capelli, que ainda não tinha superado o trauma do ano anterior, quando guiou pela Ferrari. Essa seria a sua última chance para brilhar na Formula 1, pois após esta corrida, decidiu arrumar o capacete e as luvas para todo o sempre, após oito temporadas com altos e baixos, tendo feito o melhor percurso na March, em 1988.
Na corrida, as emoções começavam logo na primeira curva: Andretti e Berger desentendem-se e provocam um monumental acidente, que não teve consequências físicas, mas que assustou muita gente… no final da primeira volta, Prost e Hill eram os dois primeiros, seguidos por Senna e o alemão Michael Schumacher. Entretanto, a zona onde ficou ambos os carros era sinalizada com bandeiras amarelas por muitas voltas (hoje em dia era motivo para colocar o Safety Car), só que os pilotos nem sempre viam as bandeiras. Eric Comas teve que ir às boxes por causa disso, e na 24ª volta, era dobrado por Senna. Só que os comissários viram aquilo, e penalizaram o brasileiro com um “Stop and Go” de dez segundos, caindo para um apagado quarto lugar, muito longe até de Schumacher. Mas as nuvens negras já se desfilavam no horizonte, e pouco tempo depois, começou a chover na zona da recta da meta. Quando começou a chover cada vez mais, numa típica tempestade tropical, a corrida estava na 27ª volta. Senna é o primeiro a ir para as boxes, no final dessa volta, e logo a seguir entra Hill, para colocar pneus de chuva. Ao mesmo tempo, Prost decide continuar, e esse fora o seu maior erro, pois à sua frente, o Minardi de Christian Fittipaldi tinha feito a mesma táctica e despistara-se no S de Senna.
Parado na gravilha, só pôde assistir ao espectáculo que veio a seguir: Prost, de pneus slicks, entra em “acquaplanning” e perde o controlo, vindo em direcção de Fittipaldi, que colide com estrondo, acabando ali a sua participação. O francês disse que não tinha entrado na volta anterior, devido a um erro de comunicação com as boxes, mas dias depois, o francês lamentou o erro: “Dei um presente para Senna. Cometi um erro bobo. Não entendi quando me disseram para parar”. A chuva tinha feito a sua jogada, e resultou no abandono do seu líder, e mais do que eventual vencedor do Grande Prémio. Os brazucas rejubilavam, e esperavam que o seu ídolo aguentasse a bátega de água e partisse para a vitória.
Mas para que isso acontecesse, outro actor tinha que entrar em cena: o Safety Car. Quando viu Prost a bater, os comissários de pista colocaram um Fiat Tempra 16 Valvulas para guiar o novo líder, Damon Hill, e o resto da fila, atrás do carro da organização, esperando que a pista secasse. Quando isso aconteceu, sete voltas depois, Senna entra imediatamente na box para colocar de novo pneus secos, primeiro que toda a gente. Quando os outros o fizeram, Senna ficou logo atrás de Damon Hill, e à 41ª volta, Senna alcançava a liderança para não mais a largar. O tempo, o Safety Car e as estratégias da box fizeram com que o brasileiro alcançasse uma vitória inesquecível na sua cidade natal, a primeira vitória do ano, a 100ª vitória da McLaren na sua história.
A acompanhá-lo no pódio esteve Damon Hill, o seu primeiro da carreira, e Michael Schumacher, que conservou o seu terceiro lugar, defendendo-se dos ataques de Johnny Herbert, no seu Lotus. Mark Blundell foi quinto, no seu Ligier, e Alessandro Zanardi dava mais um ponto à Lotus, o seu primeiro (e único) ponto da sua carreira.
No pódio, outra cena memorável: com Senna, Hill e Schumacher no pódio, que no seu conjunto valeram 11 títulos mundiais, a organização tinha convidado outra lenda do automobilismo para entregar os prémios. Era Juan Manuel Fangio. Ao saber disso, Senna sai do seu lugar do pódio e vai abraçar a lenda, então com 81 anos. Naquele pódio, 16 títulos mundiais se contemplavam.
Fontes:
Santos, Francisco: Anuário Formula 1 93/94 – Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1993.
Mas enfim, vamos aos factos. Em 1993, após a prova sul-africana, Alain Prost voltava do seu ano sabático para ganhar. E assim fez. Senna não tinha muitas hipóteses, com um McLaren Ford V8, a mesma máquina que tinha o Benetton de Michael Schumacher. Esses dois lutavam para ver quem é que se podia aproximar dos Williams. No Brasil, Para além desses factos todos, outra preocupação rodeava todos: será que Ayrton Senna iria correr na sua terra? Sabia-se que ele não tinha um carro competitivo, e que depois de muita hesitação na pré-época, em que considerou fazer a mesma coisa que Alain Prost tinha feito no ano anterior (ano sabático), tinha acordado com Ron Dennis um acordo em que ele pagava 1 milhão de dólares por corrida. Nessa semana, contudo, Senna decidiu correr, mesmo sabendo dos riscos de não conseguir mais do que um segundo lugar. No máximo…
Isso ressentiu-se na bilheteira: pouco público assistiu ao fim de semana do Grande Prémio, mesmo sabendo depois da confirmação de Senna, embora os preços altos também ajudassem à fuga.... os treinos foram aquilo que toda a gente estava à espera: os Williams de Prost e de Damon Hill ficaram com a primeira fila, Senna e Schumacher com a segunda. A diferença entre Prost e Senna chegou a ser de 1,83 segundos! Após esta segunda fila, o americano Michael Andretti e o italiano Riccardo Patrese ficaram com a terceira fila, os Saubers de Karl Wendlinger o de J.J. Letho ficaram com a quarta fila, e só nono lugar é que apareceu o primeiro Ferrari, de Jean Alesi, tendo atrás de si o Ligier de Mark Blundell, que na etapa anterior tinha chegado ao terceiro lugar do pódio…
Entretanto, dos 26 carros que alinharam, um ficou de fora. Era o Jordan de Ivan Capelli, que ainda não tinha superado o trauma do ano anterior, quando guiou pela Ferrari. Essa seria a sua última chance para brilhar na Formula 1, pois após esta corrida, decidiu arrumar o capacete e as luvas para todo o sempre, após oito temporadas com altos e baixos, tendo feito o melhor percurso na March, em 1988.
Na corrida, as emoções começavam logo na primeira curva: Andretti e Berger desentendem-se e provocam um monumental acidente, que não teve consequências físicas, mas que assustou muita gente… no final da primeira volta, Prost e Hill eram os dois primeiros, seguidos por Senna e o alemão Michael Schumacher. Entretanto, a zona onde ficou ambos os carros era sinalizada com bandeiras amarelas por muitas voltas (hoje em dia era motivo para colocar o Safety Car), só que os pilotos nem sempre viam as bandeiras. Eric Comas teve que ir às boxes por causa disso, e na 24ª volta, era dobrado por Senna. Só que os comissários viram aquilo, e penalizaram o brasileiro com um “Stop and Go” de dez segundos, caindo para um apagado quarto lugar, muito longe até de Schumacher. Mas as nuvens negras já se desfilavam no horizonte, e pouco tempo depois, começou a chover na zona da recta da meta. Quando começou a chover cada vez mais, numa típica tempestade tropical, a corrida estava na 27ª volta. Senna é o primeiro a ir para as boxes, no final dessa volta, e logo a seguir entra Hill, para colocar pneus de chuva. Ao mesmo tempo, Prost decide continuar, e esse fora o seu maior erro, pois à sua frente, o Minardi de Christian Fittipaldi tinha feito a mesma táctica e despistara-se no S de Senna.
Parado na gravilha, só pôde assistir ao espectáculo que veio a seguir: Prost, de pneus slicks, entra em “acquaplanning” e perde o controlo, vindo em direcção de Fittipaldi, que colide com estrondo, acabando ali a sua participação. O francês disse que não tinha entrado na volta anterior, devido a um erro de comunicação com as boxes, mas dias depois, o francês lamentou o erro: “Dei um presente para Senna. Cometi um erro bobo. Não entendi quando me disseram para parar”. A chuva tinha feito a sua jogada, e resultou no abandono do seu líder, e mais do que eventual vencedor do Grande Prémio. Os brazucas rejubilavam, e esperavam que o seu ídolo aguentasse a bátega de água e partisse para a vitória.
Mas para que isso acontecesse, outro actor tinha que entrar em cena: o Safety Car. Quando viu Prost a bater, os comissários de pista colocaram um Fiat Tempra 16 Valvulas para guiar o novo líder, Damon Hill, e o resto da fila, atrás do carro da organização, esperando que a pista secasse. Quando isso aconteceu, sete voltas depois, Senna entra imediatamente na box para colocar de novo pneus secos, primeiro que toda a gente. Quando os outros o fizeram, Senna ficou logo atrás de Damon Hill, e à 41ª volta, Senna alcançava a liderança para não mais a largar. O tempo, o Safety Car e as estratégias da box fizeram com que o brasileiro alcançasse uma vitória inesquecível na sua cidade natal, a primeira vitória do ano, a 100ª vitória da McLaren na sua história.
A acompanhá-lo no pódio esteve Damon Hill, o seu primeiro da carreira, e Michael Schumacher, que conservou o seu terceiro lugar, defendendo-se dos ataques de Johnny Herbert, no seu Lotus. Mark Blundell foi quinto, no seu Ligier, e Alessandro Zanardi dava mais um ponto à Lotus, o seu primeiro (e único) ponto da sua carreira.
No pódio, outra cena memorável: com Senna, Hill e Schumacher no pódio, que no seu conjunto valeram 11 títulos mundiais, a organização tinha convidado outra lenda do automobilismo para entregar os prémios. Era Juan Manuel Fangio. Ao saber disso, Senna sai do seu lugar do pódio e vai abraçar a lenda, então com 81 anos. Naquele pódio, 16 títulos mundiais se contemplavam.
Fontes:
Santos, Francisco: Anuário Formula 1 93/94 – Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1993.
Como sempre excelente texto!!
ResponderEliminarparabens
Amanha postarei sobre o GP de Monaco em 1982, dê uma passada por lá para ver se lhe agrada
Saudações Soviéticas
Dá pra ver que o momento de Senna na Mclaren era tenso, porque no cartaz de apresentação da corrida aparece Cristian Fittipaldi. Dicerto porque não havia a certeza de Senna participar de tal prova e de Barrichello ser apenas um estreante na categoria.Sobrou para Cristian,em seu segundo ano na fórmula-1, a responsabilidade representar os pilotos brasileiros na propaganda do GP.
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