Hoje, falo de algo inédito: uma corrida extra-campeonato. Então, porquê? Bom, a corrida do qual irei falar interessa por duas razões: por estar a fazer 30 anos que aconteceu, e por mostrar uma das maiores "zebras" que a Formula 1 jamais viu. Mas era extra-campeonato...
O termo extra-campeonato surgiu após a criação do Campeonato do Mundo de Formula 1, em 1950. Basicamente, eram as corridas que não contavam para o campeonato do mundo, mas que aceitavam inscrições de carros de Formula 1. algumas vezes, outros carros também entravam. Nos anos 50 e 60, carros de Formula 2 entravam na competição, e vários países europeus tinham corridas extra-campeonato (o GP da Alemanha, no Nurburgring, tinha uma grelha separada para os Formula 2, e corriam, mas eles não contavam para o campeonato).
Nos anos 70, as coisas reduziram-se em muito. Agora, as corridas extra-campeonato serviam para homologar pistas que receberiam no ano seguinte o Mundial de Formula 1. A Argentina e o Brasil, para receberem a formula 1 nos seus países, tiveram que fazer corridas extra-campeonato, em 1971 e 72, respectivamente. Chris Amon ganhou na primeira corrida, Carlos Reutmann na segunda. Contudo, havia duas excepções: o BRDC International Trophy, em Silverstone, e a Race of Champions, disputada em Brands Hatch.
Na altura, os circuitos ingleses tinham uma rotatividade em relação ao local onde se disputaria o seu Grande Prémio: Brands Hatch, em anos pares, Silverstone, em anos impares. Como nesse ano, a prova seria no circuito situado no condado de Kent (sul de Inglaterra), a BRDC (British Racers Driving Club) decidiu organizar o seu International Trophy, em Silverstone. Uma corrida de 40 voltas, realizada no dia 19 de Março (o Dia do Pai nas nossas bandas).
Com uma qualificação feita em piso seco, 20 carros participaram, e 16 se qualificaram. Nessa corrida estiveram a Lotus, McLaren, Shadow, a Ensign, a Tyrrell de Patrick Depailler, o Copersucar de Emerson Fittipaldi, o Theodore de Keke Rosberg, o Brabham de Niki Lauda, o Surtees de Rupert Keegan, o Ensign de Jacky Ickx, entre outros. O "poleman" foi Ronnie Peterson, no seu Lotus, seguido por Niki Lauda e Mário Andretti. Emerson Fittipaldi fora oitavo.
Se a qualificação foi em seco, na hora da partida, estava uma grande tempestade sobre o circuito de Silverstone. A tempestade era tanta que os carros tinham grandes dificuldades em segurar o carro na pista. Na volta de aquecimento, Peterson estava nas boxes, enquanto que Niki Lauda se despistou e caiu numa poça de lama. Nas primeiras quatro voltas dessa corrida, os Lotus de Andretti e Peterson, o McLaren de James Hunt e o Tyrrell de Patrick Depailler.
Com estas coisas todas, à entrada da 15ª volta, o lider era... Keke Rosberg, num Theodore. Apenas na sua segunda corrida de Formula 1, o piloto finlandês mostrava-se perante o pelotão da Formula 1. Logo atrás estava o Copersucar de Emerson Fittipaldi, que poucas semanas antes tinha levado o seu carro a um segundo lugar, no GP do Brasil, esse sim a contar para o campeonato. Fittipaldi, que se aproximava de Rosberg, tentou ultrapassá-lo, mas sabia que se saísse da trajectória, corrida o risco de despiste. Sendo assim, decidiu pressioná-lo, forçando-o a cometer um erro.
Até ao fim, Fittiapldi colou-se a Rosberg, fazendo a volta mais rápida da corrida. Contudo, o finlandês estava imperial nesse dia, e conseguiu algo impensável: a sua primeira vitória, e da Theodore. Fittipaldi ficou em segundo, e o terceiro classificado, a mais de três voltas(!) dos dois primeiros, ficou o McLaren privado do americano Brett Lunger. Já agora, somente cinco pilotos classificaram-se. Pouco, não?
Nâo sei se foi isso, ou se foi pelo facto das equipas estarem cada vez mais profissionais, mas esta foi a penútima vez que foi organizado uma prova extra-campeonato. Houve mais três, mas duas delas (GP de Espanha 1980, GP da Africa do Sul 1981), que não foram válidas devido à Guerra FOCA-FISA. Houve uma Race of Champions, em 1983, ganha por... Keke Rosberg, mas num Williams, mas desde então, todas as provas de Formula 1 ofram oficiais.
Mas isso não impediu a realização da BRDC International Trophy. Depois de ter sido organizado para a Formula 2 e Formula 3000, desde 2005 é uma prova de Formula 1 Históricos.
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