domingo, 6 de abril de 2008

The End: Charlton Heston (1924-2008)

O homem que actuou em "Ben Hur" e "Os Dez Mandamentos", Charlton Heston, morreu esta madrugada aos 83 anos, em Hollywood, vítima da Doença de Alzheimher.


Heston foi um homem multifacetado, quer no teatro, quer no cinema, quer mais tarde na televisão. Fez parte de uma geração inesquecível, que actuou nos anos 50, alguns provenientes do Actors Studio, de Lee Strasberg. Nessa geração abarcavam nomes como Marlon Brando, Paul Newman, Tony Curtis, Jack Lemmon, James Dean, Shirley McLaine, entre outros.

Tornou-se notado em 1954 no filme "Os 10 Mandamentos", ao fazer o papel de Moisés, um filme bíblico feito pelo veterano Cecil B. de Mille. Em 1959, ganhou o seu unico Óscar da sua carreira, ao ser Judah Ben Hur no filme com o mesmo nome, onde tem uma das sequências mais memoráveis da história do Cinema, a corrida de quadrigas. Foi por essas e outras que o filme conquistou 11 Oscares, algo igualado quarenta anos depois, com "Titanic".

Nos anos 60, ficou conhecido pelo seu activismo. Apoiou Martin Luther King no Movimento dos Direitos Civis, estando até em Washington no dia em que King discursou o seu "Eu tenho um Sonho". Entretanto, passou dos épicos (El Cid, 55 Dias em Pequim) para os de ficção científica, como o "Planeta dos Macacos" (1968) e "Terramoto" (1974).


A partir dos anos 70, os bons papeis escasseavam, e virou-se para outras causas, mais polémicas. Se nos anos 60 começou a pedir um maior controlo na posse de armas, e a criticar a Administração Republicana, no tempo de Richard Nixon, quando Ronald Reagan, um antigo actor, chegou à Casa Branca, tornou-se Republicano, e nos anos 90 transformou-se no presidente da "National Rifle Assotiation" (NRA), o maior "lobby" que defende a liberalização das armas nos EUA. hoje em dia, num país de 300 milhões de habitantes, consta-se que há tantas armas como pessoas...

Nos últimos anos, apareceu como secundário em alguns filmes marcantes, como "A Verdade da Mentira" (1994), com o "Governator" Arnold Schwarznegger, e o "remake" do "Planeta dos Macacos" (2001). E também foi o alvo de Michael Moore no aclamado documentário "Bowling for Columbine" (2001), onde criticava duramente o descontrolo de armas nos Estados Unidos.


Em 2003, anunciou que tinha a Doença de Alzheimer, e que se iria retirar da cena pública de vez. E hoje foi-se, ficando o seu legado. Polémico para uns, memorável para outros. Cabe a cada um o seu juízo.

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