Perto das 24 Horas de Le Mans, houve algum pessoal que me lembrou que ontem se comemorou mais um aniversário de uma das últimas fatalidades desta mitica prova automobilistica. E 22 anos após essa fatalidade, decidi contar aqui a história de um jovem piloto austriaco, cujo azar foi tal que da unica vez que ele pontuou na Formula 1, esses pontos não contaram... porque a sua equipa só tinha inscrito um carro naquela época. Hoje falo de Jo Gartner.
Nascido a 24 de Janeiro de 1954 em Viena (teria agora 54 anos), Josef Gartner começou tarde a sua carreira no automobilismo, aos 18 anos, quando conheceu Kurt Bergmann, fabricante de chassis para a Formula Super Vee austriaca. Começando por trabalhar como desenhista, passou depois a piloto de testes. Em 1977, começou a correr na Formula Super Vee europeia, onde no ano seguinte, terminou o campeonato no terceiro lugar da classificação.
Sendo assim, em 1979 tomou o passo mais lógico a seguir, que era o de correr na Formula 3 alemã. Nesse ano, só conseguiu três pontos, mas quando voltou para a formula Super Vee, ganhou numa corrida de suporte ao GP da Alemanha daquele ano.
Em 1980, Gartner vai correr na Formula 2, sem resultados de relevo. As coisas continuaram assim nos três anos seguintes, ainda na Formula 2, com chassis antigos, na sua própria equipa. Em 1983, contudo, a sorte de Gartner iria mudar um pouco. Após não ter conseguido um lugar na Formula 1, através da equipa ATS, guia um chassis Spirit e ganha uma corrida no circuito urbano de Pau, depois de... os dois primeiros, o francês Alain Ferté e o alemão Stefan Bellof, terem sido desclassificados, porque os seus carros estavam abaixo do peso mínimo! No final desse ano, Gartner consegue 12 pontos e o sexto lugar na classificação geral.
Em 1984, conseguindo alguns apoios, junta-se à Osella, como segundo piloto, a par do italiano Piercarlo Ghinzani. Contudo, a equipa tinha inscrito somente um carro para a temporada desse ano, logo o segundo carro não podia servir para marcar pontos. A sua estreia foi no Grande Prémio de San Marino, onde surpreende tudo e todos, não só dentro da equipa (consegue ser melhor que Ghinzani, que não se qualifica) como até faz um bom trabalho até que o motor rebentou, na volta 46.
Contudo, Gartner somente voltou a correr pela equipa a partir da etapa britânica, em Brands Hatch. Tentou até negociar com a Toleman para substituir Johnny Cecotto (e ser companheiro de equipa de um tal... Ayrton Senna), mas não deu. E em Monza, numa corrida onde somente seis pilotos terminaram nos pontos, Gartner foi um dos três austriacos que acabaram a corrida: Niki Lauda (o vencedor), Gartner (quinto) e... Gerhard Berger, a bordo de um ATS. Mas Berger, como Gartner, não podia pontuar, pois a equipa tinha somente inscrito um carro nessa temporada.
Entretanto, Gartner tinha começado a guiar Sport-Protótipos, a bordo de um Porsche 956. Correndo nas 24 Horas de Spa-Francochamps, acabou a prova no quarto lugar da classificação geral. E no final da temporada de 84, Gartner tentou arranjar uma vaga para o ano seguinte, mas após muito procurar, e de ter quase assegurado um lugar na Arrows, que acabou por perder para... Gerhard Berger, ficou de fora do pelotão.
Sendo assim, foi correr nos Sport-Protótipos, a bordo de um Porsche 956 da John Fitzpatrick Racing, onde consegue alguns bons resultados, nomeadamente um quarto lugar nas 24 Horas de Le Mans, ao lado dos ingleses David Hobbs e Guy Edwards. E no ano seguinte, agora com um Porsche 962, surpreendeu meio mundo ao ganhar as 12 Horas de Sebrig, ao lado do alemão Hans-Joachim Stuck e o americano Bob Akin (1936-2002).
Continuando a correr no Mundial de Sport-Protótipos, conseguiu ser terceiro classificado nos 1000 km de Silverstone, desta vez ao lado do britânico Tiff Needell. Após isso, Gartner foi para Le Mans, correr desta vez num Kermer Porsche, ao lado do sul-africano Sarel van der Merwe e do japonês Kunumisu Takahashi. Gartner estava contente: tinha não só conseguido o seu lugar de eleição nos Sport-Protótipos, como também um acordo com a Porsche oficial para a temporada de 1987.
A corrida estava a correr bem para os pilotos até às 2:10 da manhã, sete voltas depois de Gartner ter pegado ao volante. Na famigerada recta do Mulsanne, Gartner engata a quinta marcha, quando a caixa de velocidades fica presa. Com isso, as rodas traseiras ficam paradas, e o carro entrou em despiste contra as barreiras, batendo e ricoheteando contra o outro lado, deixando o carro em chamas. Gartner, então com 32 anos, teve morte imediata.
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