terça-feira, 22 de julho de 2008

O piloto do dia - Gerry Birrell

Provavelmente, nunca ouviram falar dele. Mas na altura foi considerado como um dos sucessores de Jackie Stewart na Formula 1, e Ken Tyrrell pensava nele para o lugar do escocês para 1974. Mas não viveu o suficiente para conseguir alcançar o objectivo de se estrear na categoria máxima, pois um acidente em Rouen, quase no mesmo sítio onde cinco anos antes, Jo Schlesser perdeu a vida, cortou a sua. Hoje vou falar de Gerry Birrell.


Nasceu a 30 de Julho de 1944 em Milngravie, um suburbio de Glasgow. Era o mais novo de três irmãos, e a sua carreira começou em 1961 quando, empolgado pelos feitos do seu irmão mais velho Graham, entrou num velho Austin A40 numa prova local. Apesar de bons resultados, a sua carreira competitiva começou bem tarde, aos 24 anos. Contudo, quando se estreou nna Formula Vê, apanhou concorrentes como James Hunt, e safou-se bem, ganhando várias corridas.

Em 1970, Birrell vai competir na Formula 3, conseguindo um quarto lugar na corrida do Mónaco, e ganhando em várias pistas como Thruxton, Brands Hatch, e outros, terminando em quinto lugar no campeonato. No final do ano, começou a participar em provas de Turismos, ao volante de um Ford Cortina GT.

Em 1971, dedica-se aos Turismos, onde ao volante de um Ford Capri RS, ganhou as Seis Horas de Paul Ricard, com o austriaco Rolf Stommelen, e foi quarto nos 1000 km de Nurburgring, em parceria com o belga Yves Fontaine. Entretanto, arranja um lugar na Formula 2 europeia, ao volante de um Lotus 69, onde os resultados não são os melhores, sendo 11º na classificação final.

As coisas melhoram um bocado em 1972, especialmente nos Turismos, e denovo ao volante de um Ford Capri RS. Ganha provas em Monza e Brno, e nas 24 Horas de Le Mans, ao lado de Claude Bourgogne, no mesmo Capri RS 2600, ganha a prova na sua categoria. No final do ano, corre na Springbok Series, na Africa do Sul, ao volante de um Chevron B23, onde é segundo nas 9 Horas de Kyalami, e vence em Killarney e Lourenço Marques (actual Maputo), com o alemão Jochen Mass como parceiro.

Contudo, este desempenho em Turismos serviu para contrastar a má época em monolugares, Correndo num March 722, com motor Hart, a temporada de Birrell foi má, não conseguindo qualquer resultado de relevo.

Em 1973, a sua época torna-se melhor, e uma prova torna-o memorável: As 4 Horas de Monza. De novo ao volante de um Ford Capri, ele faz a Parabólica em duas rodas! De cada vez que ele passava por lá, os espectadores o chamavam de "Agostini": não ganhou a corrida, mas empolgou os adeptos...

Na Formula 2, finalmente tinha um carro à altura: estava na equipa oficial da Chevron, guiando o modelo B25, e os resultados estavam a aparecer. Fora quarto em Brands Hatch (depois de ter sido abalroado por Mike Beuttler), e tinha ficado no terceiro lugar no circuito citadino de Pau, no sul de França.

Tinha esperanças num bom resultado na prova seguinte, em Rouen. As suas performances tinham-no colocado na orbita da Formula 1, mais concretamente na Tyrrell. Certamente o seu conterrâneo Jackie Stewart tinha-o chamado à atenção do "Tio Ken", ou então o próprio Relações Públicas da Ford, Walter Hayes, que tinha ficado impressionado com a sua performance em Monza. Mas não pode dar as voltas que queria a Rouen, pois o seu atrelado fora parado pelas autoridades francesas por dez horas(!) para saber se não levava nenhum contrabando...

Chateado, Birrell foi para a pista no dia seguinte, 23 de Junho de 1973, no sentido de obter um bom resultado. Nessa altura, Rouen era criticada pelas suas más condições de segurança, nomeadamente nas escapatórias, e a má colocação dos "guard-rails".

No final da qualificação, quando o escocês lançava o seu Chevron na Virage Six Fréres, um pneu ficou subitamente sem ar, causando o despiste do seu carro, batendo no guard-rail de uma só faixa, levantando-o e o carro passou por debaixo dela. Birrell teve morte imediata, decapitado pelo guard-rail. Tinha 28 anos.


Após este acidente mortal, os pilotos decidiram não correr a prova, afirmando que não haviam condições de segurança. Os organizadores tentaram chegar a um compromisso, reparando os guard-rails, e colocando uma chicane improvisada na Virage Six Fréres. Isso foi o suficiente para que a corrida pudesse prosseguir, mas durante uma das mangas, o Lotus de Formula 2 de Ronnie Peterson teve um enorme acidente no mesmo local onde foi colocada a chicane, já destruida pela passagem dos carros...

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Gerry_Birrell
http://www.helium.com/items/903689-driver-profiles-gerry-birrell
http://www.motorsportmemorial.org/focus.php?db=ct&n=77

3 comentários:

  1. Não me consta que Emerson Fittipaldi tenha corrido de Fórmula Vê fora do Brasil. Gerry Birrel pode ter se encontrado com Emerson nas pistas da F2.
    Luiz Eduardo.

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  2. Bom, também achei esquisito, mas por via das dúvidas, coloquei lá. E aquilo que dizes está mais certo.


    Aliás, na prova de Rouen, onde ele perdeu a vida, o Emerson e o Wilson fizeram essa prova.


    Para não criar mais confusões, vou corrigir a informação.

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  3. Cévert, Birrel,... Parece que todos os candidatos a substitutos de Stewart para Tyrrell morrem mais ou menos da mesma forma...

    A chicane da Six Frères, de improvisada virou permanente, até a total desativação do circuito.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...