domingo, 6 de julho de 2008

O piloto do dia - Luigi Musso

Não é frequente eu ir aos anos 50, mas hoje é uma data especial, pois faz agora cinquenta anos que este piloto morreu. Hoje falo de um "gentleman driver", aristocrata apaixonado pelos automóveis, e numa época importante para os pilotos italianos, foi considerado como um dos melhores do seu tempo. Hoje falo de Luigi Musso.

Nasceu a 28 de Julho de 1924 em Roma, como o mais novo de três irmãos de um abastado diplomata. Praticou vários desportos na adolescência, como o hipismo, o tiro aos pratos e a esgrima, todos desportos de elite, mas o automobilismo foi a sua paixão, graças aos feitos dos seus irmãos mais velhos. E foi graças aos carros que não só os igualou, como os superou.

Em 1950, estreia-se no automobilismo, na Volta a Itália, a bordo de um pequeno Gianni de 750cc, onde correu bem até bater... numa estátua de Garibaldi. Dois anos depois, convenceu um dos seus irmãos a emprestar um Stanguellini para correr em provas de Turismo um pouco por toda a Itália. Os bons resultados alcançados fizeram com que a Maserati o contratasse em 1953 para o programa de jovens pilotos, ao lado de Sergio Mantovani e Emilio Gilleti. Musso aproveitou bem a oportunidade, e tornou-se em 1953, campeão italiano de Turismos, na classe de 2 Litros.

Ainda em 1953, estreia-se na Formula 1, mais concretamente no GP de Itália, onde terminou em sétimo lugar, numa condução partilhada com Mantovani. Em 1954, continuou na Maserati, mas concentrou-se mais nas competições de Turismos, como as Mille Miglia ou as 24 Horas de Le Mans. Contudo, teve boas corridas de Formula 1, onde ganhou o GP de Acerbo, uma prova extra-campeonato, e no final do ano, fez as duas últimas provas da temporada, terminando em segundo lugar no GP de Espanha, em Barcelona.

Em 1955, correu uma temporada completa na Maserati, onde foi terceiro no GP da Holanda, mas achando que não tinha muitas chances na equipa, mudou-se no final do ano para a Ferrari, onde se debatiam com dificuldades, correndo até com um antigo carro da Lancia, o D50. Foi nesse carro que Musso alcançou a sua unica vitória na competição, o GP da Argentina. Mas essa vitória foi... partilhada, com o heroi da casa, Juan Manuel Fangio.

Na corrida, Fangio fizera a pole-position, mas desistira na volta 22 devido a um problemas na bomba do combustível, e a Ferrari ordenou a Luigi Musso para que entregasse o carro ao piloto argentino, para que pudesse continuar. Assim foi, e no final da corrida, Fangio partilhou metade dos pontos com Luigi Musso, pois era ele que conduzia o carro no inicio da corrida.

No resto do ano, Musso sofreu com um mau caro e não tornou a pontuar. Mas noutras categorias, teve bons resultados, como o segundo lugar nas 12 Horas de Sebring, mais uma vez com Fangio a seu lado, e as Mile Miglia, onde terminou em terceiro. Mas um acidente grave na prova de Nurburgring, o colocou incapacitado para o resto da temporada.

Em 1957, a Ferrari finalmente tinha um bom carro, o 801, mas tinha dificuldades em conseguir ser um carro vencedor devido aos Maserati 250. Musso voltou em força, conseguindo dois segundos lugares em França e Inglaterra, e uma volta mais rápida na etapa francesa. Os 16 pontos conquistados nesse ano deram-lhe o terceiro lugar na classificação final.

Entretanto, nos Turismos, as coisas correm-lhe melhor. Ganha os 1000 Km de Buenos Aires no inicio desse ano, e depois a Targa Florio. Mas quando o seu amigo Eugenio Castelloti morre, nums testes em monza, torna-se no piloto de topo da Ferrari. Se por um lado poderia ser uma honra, por outro significava que tinha maior responsabilidade, e mais pressão para ganhar. E na Ferrari, dava-se tudo, ou morria-se tentando.

Em 1958, era piloto da equipa de Formula 1, ao lado dos ingleses Mike Hawthorn e Peter Collins. As coisas começaram bem para ele, quando foi segundo na Argentina e no Mónaco. Mas nesses dois casos, Musso tinha sido batido pelo pequeno Cooper de motor traseiro, e isso era uma afronta para Enzo Ferrari, e uma pressão ainda maior para a equipa.

Em Reims, no GP de França, Musso fora segundo na grelha, atrás de Hawthorn, mas o italiano queria ganhar a corrida, por vários motivos, agluns legítimos, outros nem tanto. Falava-se que tinha dívidas de jogo enormes, e que o prémio servia para cobrir essas dívidas. Também a pressão que Enzo Ferrari tinha sobre os seus pilotos para darem o máximo, e o facto de ser superado por pilotos ingleses não deve ter feito muito bem para o ego italiano... O facto é que na décima volta, Musso entra demasiado rápido na Curve Muizon, e capota várias vezes, projectando-o para fora do carro. Granvemente ferido, é transportado para o hospital de Rouen, onde morre no final do dia, aos 33 anos de idade.

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