Em Monza, os organizadores decidem estrear o sistema de partida electrónico, onde os pilotos largarão num sistema de semáforo, accionado pelo director de corrida local, Gianni Restelli. No sistema, espera-se que eles partirão depois de todos os carros estiverem parados na grelha de partida. Contudo, nesse dia, a inexperiência de todos ditaria a tragédia que viria a seguir…
Depois da volta de aquecimento, os pilotos da frente, nomeadamente o Lotus de Mário Andretti e o Ferrari de Gilles Villeneuve, param nos seus lugares, prontos para a partida. Mas inadvertidamente, o director acciona o sinal verde no momento em que apenas os oito primeiros estavam parados na grelha. Com 26 carros qualificados, e os carros mais atrasados mais rápidos do que os da frente, seria de esperar que quando estes chegassem à primeira chicane, estariam uns ao lado dos outros, logo, o desastre era inevitável. Peterson, partira mal e perdia lugares devido ao seu carro pesado, e de repente, leva um toque do McLaren de James Hunt, que por sua vez, tinha sido tocado pelo Arrows de Riccardo Patrese. Guinando para a direita, bate de frente contra os “rails” de protecção, explodindo numa bola de fogo.
“Tentei puxar o Ronnie, mas estava preso entre o volante e o que restava do chassis. Fumo e labaredas envolveram de novo o carro, mas os bombeiros apagaram-nas. Com a ajuda do Clay (Regazzoni), conseguimos arrancar o volante e eu agarrei o Ronnie por debaixo dos braços e tirei-o do carro. Vi logo que as suas pernas estavam em muito mau estado porque nada restava da frente do carro.”, contou James Hunt, no dia a seguir ao acidente.
O acidente destrói completamente a frente do seu carro, esmagando-lhe as pernas.. Preso no carro, consegue ser retirado por Hunt, o suíço Clay Regazzoni e mais alguns. Ele está consciente, e apesar dos seus ferimentos nas pernas serem graves, aparentemente não são fatais. Todos se preocupavam nessa altura por Vittorio Brambilla, que tinha levado com uma roda na cabeça e tinha caído para um estado de coma…
Peterson esperou alguns minutos para que chegasse uma ambulância que o levasse para o centro médico de Monza, onde lhe administraram os primeiros socorros, feitos pelo Prof. Dr. Syd Watkins, o médico oficial da Formula 1. Cerca de uma hora mais tarde, Peterson foi levado de helicóptero para o Ospedale Maggiore di Niguarda, em Milão. Quando os médicos na Urgência lhe fazem o diagnostico inicial, para além das queimaduras no braço e na mão esquerda, descobriram três fracturas na perna esquerda, mas é a perna direita que está em pior condição: seis fracturas ao todo, desde o fémur ao tornozelo.
Agora, os médicos tinham um dilema: operam-no já ou esperam mais um bocado, por um especialista? O dilema era justificável, pois corriam-se riscos: se operassem já, havia complicações resultantes em embolias gordas, ou seja, a entrada de partes da medula na corrente sanguínea. Caso não operassem, ou arriscassem uma transferência para a Suiça, onde estaria a cargo de especialistas ortopédicos, poderiam instalar-se necroses na perna direita, e aí a amputação era inevitável. Não havia tempo a perder, e depois de consultar o próprio Peterson, ele autoriza a operação. Ainda tem forças para dizer ao seu amigo Reine Wissel: “Se conseguiram arranjar o Graham Hill, esta gente consegue arranjar-me as pernas. Voltarei a correr na próxima temporada…” A operação demora cerca de duas horas e meia, mas aparentemente, tudo tinha corrido bem, pois temia-se de início que teriam mesmo de amputar a sua perna direita…
Contudo, poucas horas mais tarde, o seu estado piora subitamente. Descobre-se que um pedaço da sua medula óssea tinha entrado na corrente sanguínea, e provocara uma embolia gorda, que tinha feito colapsar os seus pulmões, rins e causar uma hemorragia cerebral cérebro, Esta acaba por ser uma condição fatal para ele. Às 9:11 da manhã de 11 de Setembro, Bengt Ronnie Peterson estava morto. Tinha 34 anos.
A sua carreira na Formula 1: 123 Grandes Prémios, em nove temporadas (1970-78), dez vitórias, 14 pole-positions, nove melhores voltas, 26 pódios, no total de 206 pontos. Foi vice-campeão do Mundo em 1971 e 1978 (a título póstumo)
Quatro dias mais tarde, a 15 de Setembro, o seu funeral fez parar a cidade de Orebro. Foi seguido por dezenas de milhares de pessoas. Quase todos os pilotos vieram prestar o seu tributo, bem como um abalado Colin Chapman (o caixão tinha chegado à Suécia no avião privado dele) e cinco deles vieram a levar o seu caixão: James Hunt, Niki Lauda, Jody Scheckter, Emerson Fittipaldi e John Watson. Atrás deles está um moribundo Gunnar Nilsson, que tinha estado na Lotus na época anterior, e que na altura lutava contra um cancro mortal nos testículos. Seria a sua última aparição pública, já que morreria de cancro mês e meio depois, no Hospital Charing Cross, em Londres.
Quanto à viúva, Barbro Edwardsson, nunca se recompôs da perda. Apesar de algum tempo depois ter começado uma relação de cinco anos com o irlandês John Watson, a depressão nunca a largou. Quando acabou com a relação, tornou-se cada vez mais reclusa e solitária. Poucos dias antes do Natal de 1987, a 19 de Dezembro, foi encontrada morta na sua casa, devido a uma combinação de álcool e barbitúricos.
No final, o legado continua vivo. Hoje em dia, a cidade de Örebro tem uma estátua de tamanho real do seu famoso filho da terra, bom como um museu em sua honra, o Ronnie Peterson Museum, mantido por muitos dos seus fãs. Desde o seu desaparecimento, muitos confessaram a sua admiração pelo seu estilo de pilotagem e a forma como encarava as corridas. Todos o consideram como um dos “campeões sem coroa”, a par de Stirling Moss ou Gilles Villeneuve. Pouco depois de morrer, o Beatle George Harrison, grande fã de automobilismo, dedicou-lhe a musica “Faster”, que retratava na letra, a vida e o impacto que de um piloto de Formula 1 causava nos espectadores que o viam…
Fontes:
Santos, Francisco: "Grand Prix, A História da Formula 1". Ed. Público, Lisboa, 2003
Net:
http://www.grandprix.com/gpe/drv-petron.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Ronnie_Peterson
http://www.ronniepeterson.se/eng_index.html
http://www.ddavid.com/formula1/pete_bio.htm
http://www.ronniepetersonmuseum.com/index_eng.html
Depois da volta de aquecimento, os pilotos da frente, nomeadamente o Lotus de Mário Andretti e o Ferrari de Gilles Villeneuve, param nos seus lugares, prontos para a partida. Mas inadvertidamente, o director acciona o sinal verde no momento em que apenas os oito primeiros estavam parados na grelha. Com 26 carros qualificados, e os carros mais atrasados mais rápidos do que os da frente, seria de esperar que quando estes chegassem à primeira chicane, estariam uns ao lado dos outros, logo, o desastre era inevitável. Peterson, partira mal e perdia lugares devido ao seu carro pesado, e de repente, leva um toque do McLaren de James Hunt, que por sua vez, tinha sido tocado pelo Arrows de Riccardo Patrese. Guinando para a direita, bate de frente contra os “rails” de protecção, explodindo numa bola de fogo.
“Tentei puxar o Ronnie, mas estava preso entre o volante e o que restava do chassis. Fumo e labaredas envolveram de novo o carro, mas os bombeiros apagaram-nas. Com a ajuda do Clay (Regazzoni), conseguimos arrancar o volante e eu agarrei o Ronnie por debaixo dos braços e tirei-o do carro. Vi logo que as suas pernas estavam em muito mau estado porque nada restava da frente do carro.”, contou James Hunt, no dia a seguir ao acidente.
O acidente destrói completamente a frente do seu carro, esmagando-lhe as pernas.. Preso no carro, consegue ser retirado por Hunt, o suíço Clay Regazzoni e mais alguns. Ele está consciente, e apesar dos seus ferimentos nas pernas serem graves, aparentemente não são fatais. Todos se preocupavam nessa altura por Vittorio Brambilla, que tinha levado com uma roda na cabeça e tinha caído para um estado de coma…
Peterson esperou alguns minutos para que chegasse uma ambulância que o levasse para o centro médico de Monza, onde lhe administraram os primeiros socorros, feitos pelo Prof. Dr. Syd Watkins, o médico oficial da Formula 1. Cerca de uma hora mais tarde, Peterson foi levado de helicóptero para o Ospedale Maggiore di Niguarda, em Milão. Quando os médicos na Urgência lhe fazem o diagnostico inicial, para além das queimaduras no braço e na mão esquerda, descobriram três fracturas na perna esquerda, mas é a perna direita que está em pior condição: seis fracturas ao todo, desde o fémur ao tornozelo.
Agora, os médicos tinham um dilema: operam-no já ou esperam mais um bocado, por um especialista? O dilema era justificável, pois corriam-se riscos: se operassem já, havia complicações resultantes em embolias gordas, ou seja, a entrada de partes da medula na corrente sanguínea. Caso não operassem, ou arriscassem uma transferência para a Suiça, onde estaria a cargo de especialistas ortopédicos, poderiam instalar-se necroses na perna direita, e aí a amputação era inevitável. Não havia tempo a perder, e depois de consultar o próprio Peterson, ele autoriza a operação. Ainda tem forças para dizer ao seu amigo Reine Wissel: “Se conseguiram arranjar o Graham Hill, esta gente consegue arranjar-me as pernas. Voltarei a correr na próxima temporada…” A operação demora cerca de duas horas e meia, mas aparentemente, tudo tinha corrido bem, pois temia-se de início que teriam mesmo de amputar a sua perna direita…
Contudo, poucas horas mais tarde, o seu estado piora subitamente. Descobre-se que um pedaço da sua medula óssea tinha entrado na corrente sanguínea, e provocara uma embolia gorda, que tinha feito colapsar os seus pulmões, rins e causar uma hemorragia cerebral cérebro, Esta acaba por ser uma condição fatal para ele. Às 9:11 da manhã de 11 de Setembro, Bengt Ronnie Peterson estava morto. Tinha 34 anos.
A sua carreira na Formula 1: 123 Grandes Prémios, em nove temporadas (1970-78), dez vitórias, 14 pole-positions, nove melhores voltas, 26 pódios, no total de 206 pontos. Foi vice-campeão do Mundo em 1971 e 1978 (a título póstumo)
Quatro dias mais tarde, a 15 de Setembro, o seu funeral fez parar a cidade de Orebro. Foi seguido por dezenas de milhares de pessoas. Quase todos os pilotos vieram prestar o seu tributo, bem como um abalado Colin Chapman (o caixão tinha chegado à Suécia no avião privado dele) e cinco deles vieram a levar o seu caixão: James Hunt, Niki Lauda, Jody Scheckter, Emerson Fittipaldi e John Watson. Atrás deles está um moribundo Gunnar Nilsson, que tinha estado na Lotus na época anterior, e que na altura lutava contra um cancro mortal nos testículos. Seria a sua última aparição pública, já que morreria de cancro mês e meio depois, no Hospital Charing Cross, em Londres.
Quanto à viúva, Barbro Edwardsson, nunca se recompôs da perda. Apesar de algum tempo depois ter começado uma relação de cinco anos com o irlandês John Watson, a depressão nunca a largou. Quando acabou com a relação, tornou-se cada vez mais reclusa e solitária. Poucos dias antes do Natal de 1987, a 19 de Dezembro, foi encontrada morta na sua casa, devido a uma combinação de álcool e barbitúricos.
No final, o legado continua vivo. Hoje em dia, a cidade de Örebro tem uma estátua de tamanho real do seu famoso filho da terra, bom como um museu em sua honra, o Ronnie Peterson Museum, mantido por muitos dos seus fãs. Desde o seu desaparecimento, muitos confessaram a sua admiração pelo seu estilo de pilotagem e a forma como encarava as corridas. Todos o consideram como um dos “campeões sem coroa”, a par de Stirling Moss ou Gilles Villeneuve. Pouco depois de morrer, o Beatle George Harrison, grande fã de automobilismo, dedicou-lhe a musica “Faster”, que retratava na letra, a vida e o impacto que de um piloto de Formula 1 causava nos espectadores que o viam…
Fontes:
Santos, Francisco: "Grand Prix, A História da Formula 1". Ed. Público, Lisboa, 2003
Net:
http://www.grandprix.com/gpe/drv-petron.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Ronnie_Peterson
http://www.ronniepeterson.se/eng_index.html
http://www.ddavid.com/formula1/pete_bio.htm
http://www.ronniepetersonmuseum.com/index_eng.html
Uma das grandes perdas do automobilismo, sem dúvidas.
ResponderEliminarTriste o estrago causado na vida da viúva. Percebe-se que ela perdeu a estrututa que a norteava.
Speeder, texto de rara sensibilidade e beleza. Que mais se pode dizer de Peterson?
ResponderEliminarAdorei.
Excelente biografia, das melhores que ja vi.
ResponderEliminarObrigado Speeder.
30 anos hein! Que descanse em paz!
ResponderEliminarLendo sobre o acidente percebi certas coincidências comigo.
Tambem sofri um gravissimo acidente automobilistico,na qual,minha perna esquerda teve mais de 20 pontos de fraturas, por muita sorte não sofri uma embolia, disseram os médicos. E o problema não foi só a perna não, mas, já isso, é uma longa história...
Ps. Interessantissima a entrevista que postei no blog, acho que vais gostar!
Saudações Sovoéticas
Rianov
exceltente Speeder! ótimo texto,acompanhei a biografia do Petersono do início ao fim.Também foi uma das melhores que já li!
ResponderEliminarA todos:
ResponderEliminarAgradeço-vos pelos elogios. É sinal de que valeu a pena fazer uma coisa destas, ainda por cima, um dos pilotos que mais gostei, a par do Villeneuve e do Senna, claro.
Para uma personagem como esta, tinha de fazer algo em grande. Obrigado a todos os que me elogiaram ao longo desta semana. Valeu a pena!