A duas provas do fim, e com a disputa pelos pontos ao rubro, resta saber como foi vista na Blogosfera este Grande Prémio do Japão, que quase todos a vimos madrugada adentro. Hamilton, Raikonnen, Massa, as manobras erradas, as penalizações dos comissários de pista, e a segunda vitória consecutiva do Alonso e o regresso da Renault à ribalta, foram vistos na Blogosfera da seguinte forma:
Ron Dennis, Norbert Haug, creio que até Felipe Massa já esperavam uma corrida cerebral de Lewis Hamilton. Sete pontos de vantagem em três corridas, basta uma boa administração: as batalhas deixam de importar, conquistar a guerra é o objetivo. Mas como bem disse Flávio Gomes, Hamilton no início da prova "parecia um etíope famélico diante de um frango assado com farofa".
Tudo poderia ter acabado na primeira curva, se Raikkonen decidisse não ceder espaço para o piloto da McLaren. Ou se Kovalainen não tivesse captado a manobra otimista do seu companheiro. Não se faz este tipo de aposta nestas circunstâncias. E foi punido injustamente por excesso de arrojo. Creio que a FIA ficou traumatizada com os campeonatos de 89, 90, 94 e 97; e quer evitar estas situações punindo exemplarmente.
Massa, por outro lado, está com a corda do campeonato no pescoço desde Cingapura. Para ele é tudo ou nada até o último metro da última corrida, em Interlagos. Quando Felipe perdeu o ponto de freada e espalhou no "S" do miolo japonês, permitindo a ultrapassagem de Hamilton, já era de se esperar uma tentativa desesperada de recuperação do brasileiro. A situação dele no campeonato permite isso, ao contrário do inglês.
A tentativa de recuperação de Felipe foi muito infeliz. Era uma ultrapassagem impossível, a não ser que Hamilton cedesse um espaço de cerca de meio metro. Não aconteceu. Creio que o piloto da McLaren nem tenha visto a Ferrari vindo pela grama e zebra. Dali em diante todos sabem o que houve. Nos meus critérios, a punição à Ferrari número 2 foi justa. De qualquer forma, mesmo que Lewis não fosse punido, a corrida dele já tinha ido por água abaixo, e terminaria sem pontos com ou sem "drive-through".
Até poderia gastar algumas linhas aqui, discorrendo sobre como Hamilton perde o foco sob pressão, tornando-se agressivo em excesso e perdendo a frieza que é necessária a um campeão. Mas a conclusão que cheguei é, Lewis lembra muito o Ayrton, não tem jeito. A vontade de vencer todas as batalhas predomina no instinto esportivo dos dois, e somente a experiência fará o inglês tornar-se mais estratégico e menos imediatista.
E agora? Com a punição a Bourdais pelo toque com Massa, a diferença entre os dois ponteiros é de apenas cinco pontos. As últimas duas corridas, China e Brasil, teoricamente são favoráveis ao projeto do F-2008. Felipe precisa continuar no "tudo ou nada", e dependerá de um terceiro lugar de Hamilton para conquistar o caneco.Graças ao GP do Japão, o primeiro piloto da McLaren perdeu o direito de fazer corridas tranqüilas. Agora, deve correr para vencer, pois está em desvantagem técnica na pista. O final do campeonato promete emoções intensas..."
Juliano "Kowalski" Barata, Blog do Mulsanne
Alguém na FIA deve ter pensado após a segunda volta do Grande Prêmio do Japão. "Se punirmos só o Massa nessa altura do campeonato, vai dar uma confusão danada, pois vão pensar que protegemos o Hamilton. Mas temos que punir Massa! Então temos que inventar alguma coisa e punir o Hamilton também". Esse momento filosófico teórico deve ter tomada conta da Torre de Controle de Fuji neste domingo e isso pode definir o campeonato de 2008. Numa comparação ao Campeonato Brasileiro de 2005, quando o Corinthians foi campeão por manobras extra-campo, Felipe Massa pode ficar marcado por ter vencido o Campeonato desse ano por manobras extra-pista. A sigla FIA é conhecida na Inglaterra como "Ferrari Inconditional Aid" (Ajuda Incondicional a Ferrari) e deverá ser assim que a imprensa britânica baterá na Federação nesta segunda, mas quem vibrará será a imprensa espanhola com a segunda vitória seguida de Fernando Alonso e a demonstração de que a Renault está numa fase aguda e poderá incomodar em 2009, com Alonso cada vez mais forte.
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É uma coisa difícil de se aceitar! "Carreras son carreras". E toda corrida tem seus riscos e uma ultrapassagem é uma manobra de risco. Podem criticar Hamilton pelo excesso de agressividade, o mesmo excesso que o fez perder o título de 2007, mas o inglês tinha que ficar atrás de Kimi na largada? E se ele batesse na traseira do finlandês? Hipótese, hipóteses... Mas o que me deixa mais triste é ver um ótimo campeonato, com várias corridas boas, como a de hoje, sendo estragado por manobras acontecendo não na pista, mas nas frias salas de controle de corrida.
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O campeonato permanece apertado e recheado de erros pelos seus protagonistas. Num campeonato em quem errar menos será campeão, Hamilton e Massa já tem vários pontos nas suas respectivas carteiras e isso deu chances a pilotos como Alonso e Kubica brilharem. O final do campeonato será nervoso, como foi a corrida de hoje, mas só espero que o "Race Control" apareça menos vezes daqui para frente.
João Carlos Viana, jcspeedway
Que Hamilton e Massa foram estúpidos, não há dúvida. O primeiro, por querer decidir a corrida nos primeiros metros – sequer nas primeiras voltas. O segundo, por acreditar que sairia impune de uma batida mais do que evitável.
Por mais que as punições não tenham sido proporcionais aos danos, ambos os protagonistas do campeonato se tornaram meros coadjuvantes em cena. Brigando pelas migalhas do fim do pelotão, deixaram o caminho livre para o “The Alonso and Kubica Show”, mais divertido e emocionante, na medida do possível, que a batalha pelo campeonato – e provido, talvez, de melhores pilotos.
Mas a vitória de Alonso, as batidas, a largada controvertida, tudo é explicável na corrida, menos a punição a Bourdais por um toque entre ele e Massa no fim da reta. Em primeiro lugar, porque era uma disputa de posição, porque não houve conseqüência para o andamento da prova, porque não houve mudança brusca de trajetória, nem saídas propositais de pista. Mudança de trajetória e corte proposital do traçado, aliás, que foram óbvios no choque entre Massa e Hamilton. A Fórmula 1 entra, enfim, na era do Grande Irmão.
Daniel Médici, Cadernos do Automobilismo
Pois é, caro leitor, ontem fui dormir com essa pergunta martelando a cabeça. Sim, também acho que o inglês poderia ter tido mais cautela, já que está liderando o campeonato e, na largada, tinha Massa atrás dele ainda. Entre os torcedores, sempre vai existir a discussão, se o cara é agressivo demais, ou faz bobagens demais, mas a FIA punir um piloto pela sua agressividade é no mínimo ridículo.
Aliás, por que diabos Hamilton foi punido hoje? Por ter “obrigado” os demais pilotos a saírem da pista? Uau. Acho que os comissários da FIA se esqueceram que são responsáveis por uma categoria chamada “corrida de carros” e não “balé aquático”. Sim, porque, só isso pode explicar uma punição a um piloto que apenas fez uma tentativa de ultrapassagem na primeira volta, sem se tocar em ninguém. No caso da punição a Felipe Massa, vá lá, o brasileiro tocou em Hamilton, mas também acho que o inglês deixou pouco espaço para o brasileiro contornar a curva e ele acabou passando na grama (ah, a maravilhosa grama), perdeu o controle do carro e acertou a McLaren. No mínimo, os dois foram agressivos e, na minha opinião, não caberia punição, por ser um toque de corrida. E o que dizer da punição a Sebastien Bourdais? Ah, melhor não dizer nada.
O fato é que, se continuarmos desse jeito, caminhamos a passos largos para vermos corridas em fila indiana no ano que vem. Porque qualquer manobra de ultrapassagem será questionada. É realmente uma pena que, além das questões técnicas e mercadológicas (que já discutimos várias vezes), que impedem os pilotos de realizarem manobras ousadas, os comissários resolveram entrar em ação. Vão todos plantar batatas...
Bruno Aleixo, Grid GP
E a FIA viu em Sebastien Bourdais um culpado pelo acidente com Felipe Massa, tirando-lhe 25 segundos do tempo final, dando ao brasileiro mais uma posição ao final da corrida. Assim, Felipe marcou dois pontos, diminuindo a diferença para Lewis Hamilton para cinco pontos.
Mais do que a interferência artificial na pontuação do campeonato, a medida me preocupa pelo excesso de rigor dos comissários. Agora, nenhum piloto pode disputar posição, pois qulquer incidente será punido com a destruição de sua corrida. A FIA deseja uma Fórmula 1 mais competitiva ou desejam transformá-la em voleibol, sem contato físico?
É fato que é necessário coibir excessos, em nome da segurança e da esportividade, mas daí a adotar uma postura de tolerância zero vai uma grande diferença. Dos três incidentes avaliados e cujos pilotos foram punidos na corrida, o único realmente "punível", digamos assim, foi o de Felipe Massa com Lewis Hamilton, uma manobra um tanto otimista do brasileiro que, mesmo com o carro totalmente fora do traçado, empurrou o adversário e o fez rodar. E, ainda assim, um tipo de incidente que não era punido até há alguns anos.
Não quero ver nenhum piloto ferido nem um título decidido em acidentes e movimentos de pouca esportividade. Mas também não gostaria de ver um campeão do tapetão. Será que é pedir muito?
Ivan Capelli, Blog do Capelli
Concordo com o que o Daniel e o Capelli falaram, é lamentável ver a Fórmula 1 nesse estado.
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