Com o título mundial atribuído, e com o anúncio da retirada de Alain Prost da competição, o ambiente era bastante mais descontraído do que o habitual, embora no mês que tinha passado entre as corridas do Estoril e de Suzuka, muito tinha acontecido no paddock.
Primeiro que tudo: a McLaren tinha assinado um acordo com a Peugeot, para fornecer motores para 1994. A marca francesa iria estrear-se na Formula 1, depois de uma carreira bem sucedida dos Sport-Prototipos. Contudo, isso tinha vindo muito tarde para manter Ayrton Senna na McLaren, ele que tinha finalmente assinado um acordo de três temporadas com a Williams-Renault, ao lado de Damon Hill. Entretanto, a Lotus decidira manter Pedro Lamy até ao final da temporada, pois Alex Zanardi ainda não estava em forma para voltar ao volante. A Jordan confirmava a estreia de Eddie Irvine no seu carro, enquanto que a Larrousse dispensava Philippe Alliot para colocar no seu lugar o local Toshio Suzuki, sem qualquer tipo de relação com Aguri Suzuki.
Entretanto, na Minardi, Christian Fittipaldi ia-se embora mais cedo, para ser substituído pelo francês pagante Jean-Marc Gounon. A Ligier, cujo novo proprietário, Cyril de Rouvre, passava por problemas legais, colocava no carro de Martin Brundle um belo desenho feito pela pena de Hugo Pratt, o mesmo desenhador de Corto Maltese.
Nos treinos, Alain Prost consegue a “pole-position”, com Ayrton Senna a seu lado. Na segunda fila ficavam o segundo McLaren de Mika Hakkinen e o Benetton-Ford de Michael Schumacher. Na terceira fila ficavam o Ferrari de Gerhard Berger e o Williams de Damon Hill, que por causa de um despiste, não conseguia mais do que este sexto posto. Na quarta fila ficavam o Footwork de Derek Warwick e o Jordan de Eddie Irvine, surpreendendo muita gente no seu GP inicial. Certamente, aproveitando o seu conhecimento de Suzuka… Para fechar o “top ten”, ficaram o segundo Footwork de Aguri Suzuki e o Benetton de Riccardo Patrese. Pedro Lamy alinhava no vigésimo posto da grelha, ao lado do seu companheiro, Johnny Herbert.
Na partida, Senna parte melhor e fica com a liderança, seguido de Prost e Hakkinen. Berger é o quarto e Irvine o quinto, mas logo a seguir, é ultrapassado por Schumacher e Hill, que tinham tido más partidas. Quem ficava ainda na primeira volta era Andrea de Cesaris, com uma avaria eléctrica no seu Tyrrell-Yamaha.
Poucas voltas depois, o motor de Jean Alesi explode, enquanto que o seu companheiro Berger aguenta Schumacher e Hill, que tentam chegar ao quarto posto. No final da décima volta, o alemão da Benetton, que tinha sido ultrapassado por Hill, toca no Williams na zona da chicane e fica com a roda frente-esquerda torta, desistindo na hora. Iria ser o primeiro de muitos toques entre os dois...
Poucas voltas mais tarde, quando os líderes começam a fazer a sua primeira troca de pneus, a chuva faz a sua aparição. De início, não se fazem as trocas para pneus de chuva, mas com o tempo, a intensidade aumenta, e aí elas são inevitáveis. Prost volta temporariamente à liderança, quando Senna para a troca, mas cedo regressa à primeira posição.
Contudo, um pouco mais tarde, a chuva parou e o sol voltou a fazer a sua aparição, fazendo com que os pilotos voltassem a colocar pneus slicks, já que começava a surgir uma linha seca. Senna desembaraçou-se de Prost e Hill, e Hakkinen apossou-se da terceira posição, numa corrida sem erros. Hill era o quarto, enquanto que mais atrás, Rubens Barrichello fazia uma excelente corrida e estava na zona dos pontos, e Derek Warwick, o sexto, estava a ser assediado pelo novato Irvine.
De facto, o piloto irlandês estava a fazer uma excelente corrida, mas as suas atitudes na pista estavam a chatear os outros. Hill e Senna ficaram chateados com a sua prestação, e Warwick foi o que teve pior desfecho, pois a três voltas do fim, quando disputavam a sexta posição na chicane, Irvine colocou-o fora de pista. Por essa altura, o Lotus de Pedro Lamy, que rolava na décima posição, sofre um despiste numa das curvas rápidas depois da meta, acabando ali a sua corrida.
No final, Senna corta a meta como vencedor, conquistando a sua 40ª vitória, e a 103ª vitória para a McLaren. Nessa altura, a equipa de Ron Dennis tinha igualado a Ferrari no número de vitórias na história da Formula 1. Depois vinha Prost, e o novato Hakkinen, estreando-se nos pódios, e conquistando o primeiro para a Finlândia em dois anos… nos restantes lugares pontuáveis ficavam Damon Hill, e os Jordan de rubens Barrichello e Eddie Irvine.
Contudo, a corrida teve uma “terceira parte”. Insatisfeito com as manobras de Irvine, Senna foi tirar satisfações ao irlandês devido às suas manobras perigosas. O irlandês respondeu de forma irónica e arrogante, e Senna respondeu… dando-lhe um murro. No final, o brasileiro disse que ele “não era um piloto, mas sim um idiota”, enquanto que o irlandês disse que “ele ganha tanto dinheiro, devia ultrapassar-me com mais facilidade”. A Fórmula 1 acabava de acolher no seu seio um dos mais coloridos pilotos de sempre…
Fontes:
Santos, Francisco – “Formula 1 93/94, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1993
http://en.wikipedia.org/wiki/1993_Japanese_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr547.html
Primeiro que tudo: a McLaren tinha assinado um acordo com a Peugeot, para fornecer motores para 1994. A marca francesa iria estrear-se na Formula 1, depois de uma carreira bem sucedida dos Sport-Prototipos. Contudo, isso tinha vindo muito tarde para manter Ayrton Senna na McLaren, ele que tinha finalmente assinado um acordo de três temporadas com a Williams-Renault, ao lado de Damon Hill. Entretanto, a Lotus decidira manter Pedro Lamy até ao final da temporada, pois Alex Zanardi ainda não estava em forma para voltar ao volante. A Jordan confirmava a estreia de Eddie Irvine no seu carro, enquanto que a Larrousse dispensava Philippe Alliot para colocar no seu lugar o local Toshio Suzuki, sem qualquer tipo de relação com Aguri Suzuki.
Entretanto, na Minardi, Christian Fittipaldi ia-se embora mais cedo, para ser substituído pelo francês pagante Jean-Marc Gounon. A Ligier, cujo novo proprietário, Cyril de Rouvre, passava por problemas legais, colocava no carro de Martin Brundle um belo desenho feito pela pena de Hugo Pratt, o mesmo desenhador de Corto Maltese.
Nos treinos, Alain Prost consegue a “pole-position”, com Ayrton Senna a seu lado. Na segunda fila ficavam o segundo McLaren de Mika Hakkinen e o Benetton-Ford de Michael Schumacher. Na terceira fila ficavam o Ferrari de Gerhard Berger e o Williams de Damon Hill, que por causa de um despiste, não conseguia mais do que este sexto posto. Na quarta fila ficavam o Footwork de Derek Warwick e o Jordan de Eddie Irvine, surpreendendo muita gente no seu GP inicial. Certamente, aproveitando o seu conhecimento de Suzuka… Para fechar o “top ten”, ficaram o segundo Footwork de Aguri Suzuki e o Benetton de Riccardo Patrese. Pedro Lamy alinhava no vigésimo posto da grelha, ao lado do seu companheiro, Johnny Herbert.
Na partida, Senna parte melhor e fica com a liderança, seguido de Prost e Hakkinen. Berger é o quarto e Irvine o quinto, mas logo a seguir, é ultrapassado por Schumacher e Hill, que tinham tido más partidas. Quem ficava ainda na primeira volta era Andrea de Cesaris, com uma avaria eléctrica no seu Tyrrell-Yamaha.
Poucas voltas depois, o motor de Jean Alesi explode, enquanto que o seu companheiro Berger aguenta Schumacher e Hill, que tentam chegar ao quarto posto. No final da décima volta, o alemão da Benetton, que tinha sido ultrapassado por Hill, toca no Williams na zona da chicane e fica com a roda frente-esquerda torta, desistindo na hora. Iria ser o primeiro de muitos toques entre os dois...
Poucas voltas mais tarde, quando os líderes começam a fazer a sua primeira troca de pneus, a chuva faz a sua aparição. De início, não se fazem as trocas para pneus de chuva, mas com o tempo, a intensidade aumenta, e aí elas são inevitáveis. Prost volta temporariamente à liderança, quando Senna para a troca, mas cedo regressa à primeira posição.
Contudo, um pouco mais tarde, a chuva parou e o sol voltou a fazer a sua aparição, fazendo com que os pilotos voltassem a colocar pneus slicks, já que começava a surgir uma linha seca. Senna desembaraçou-se de Prost e Hill, e Hakkinen apossou-se da terceira posição, numa corrida sem erros. Hill era o quarto, enquanto que mais atrás, Rubens Barrichello fazia uma excelente corrida e estava na zona dos pontos, e Derek Warwick, o sexto, estava a ser assediado pelo novato Irvine.
De facto, o piloto irlandês estava a fazer uma excelente corrida, mas as suas atitudes na pista estavam a chatear os outros. Hill e Senna ficaram chateados com a sua prestação, e Warwick foi o que teve pior desfecho, pois a três voltas do fim, quando disputavam a sexta posição na chicane, Irvine colocou-o fora de pista. Por essa altura, o Lotus de Pedro Lamy, que rolava na décima posição, sofre um despiste numa das curvas rápidas depois da meta, acabando ali a sua corrida.
No final, Senna corta a meta como vencedor, conquistando a sua 40ª vitória, e a 103ª vitória para a McLaren. Nessa altura, a equipa de Ron Dennis tinha igualado a Ferrari no número de vitórias na história da Formula 1. Depois vinha Prost, e o novato Hakkinen, estreando-se nos pódios, e conquistando o primeiro para a Finlândia em dois anos… nos restantes lugares pontuáveis ficavam Damon Hill, e os Jordan de rubens Barrichello e Eddie Irvine.
Contudo, a corrida teve uma “terceira parte”. Insatisfeito com as manobras de Irvine, Senna foi tirar satisfações ao irlandês devido às suas manobras perigosas. O irlandês respondeu de forma irónica e arrogante, e Senna respondeu… dando-lhe um murro. No final, o brasileiro disse que ele “não era um piloto, mas sim um idiota”, enquanto que o irlandês disse que “ele ganha tanto dinheiro, devia ultrapassar-me com mais facilidade”. A Fórmula 1 acabava de acolher no seu seio um dos mais coloridos pilotos de sempre…
Fontes:
Santos, Francisco – “Formula 1 93/94, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1993
http://en.wikipedia.org/wiki/1993_Japanese_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr547.html
Notas:
ResponderEliminar- 33ª e última pole position e a 41ª e última volta mais rápida na prova de Alain Prost na Fórmula 1;
- 165ª vitória do motor Ford Cosworth na categoria;
- 75ª volta mais rápida da Williams;
- 103ª vitória da McLaren;
- com a vitória de Senna e o 3º lugar de Hakkinen, a McLaren reassume a 2ª posição no Mundial de Constutores com 74 pontos X 72 pontos da Benetton (Schumacher e Patrese não pontuaram, já que ambos abandonaram a prova) e
- a Jordan marca os primeiros 3 pontos na temporada de 1993: 5º lugar (2 pontos) de Rubens Barrichello (pela primeira vez na carreira) e 6º lugar (1 ponto) de Eddie Irvine (também pela primeira vez na carreira e na corrida de estreia). A última vez que um piloto pontuou na prova de estreia foi com Jean Alesi, no GP da França, Paul Ricard, 1989. No asfalto francês, ele terminou em 4º lugar (3 pontos) com Tyrrell.