Se um piloto mostrasse no seu currículo de piloto de Formula 1 passagens pela Tyrrell e pela Lotus, certamente seria motivo de admiração... se isso acontecesse nos anos 70 ou no inicio dos anos 80. Mas o piloto em questão passou por ambas as equipas nos finais dos anos 80 e inicio dos anos 90, numa altura em que ambas as equipas estavam num estado de declínio quase irreversível. E as suas habilidades ao volante não ajudaram. E, mais incrivel ainda, conseguiu pontuar numa ocasião! No dia em que faz 47 anos, vou falar hoje de Julian Bailey.
Nascido a 9 de Outubro de 1961 em Woolwich, nos arredores de Londres, Bailey passou boa parte da adolescência em Espanha. Em 1982, começa a competir em monolugares, mais concretamente na Formula Ford 1600 britânica, onde no final desse ano, vence a Formula Ford Festival, em Brands Hatch, depois de sobreviver a uma colisão com o brasileiro Mauricio Gugelmin...
Nos quatro anos seguintes, anda pela Formula 3 britânica, lutando sempre contra maus carros, pois o dinheiro não abundava muito. Logo, os resultados não foram muito relevantes.
Contudo, em 1987, convence a equipa GA Motorsports a patrocinar a sua ida para a Formula 3000, onde entra a meio do ano. E na sua terceira corrida na categoria, em Brands Hatch, vence-a, tornando-se no primeiro britânico a ganhar na categoria de acesso à Formula 1.
Isso atrai a atenção de Ken Tyrrell, o dono da equipa, que lhe dá uma chance para correr na Formula 1 em 1988, desde que arranjasse o "budget" necessário. E lá arranjou... hipotecando a sua própria casa!
Correndo ao lado do seu compatriota Jonathan Palmer, Bailey lutou contra um chassis que naquele ano não era brilhante. O Tyrrell 017 era um dos piores da marca, e apesar de Palmer marcar cinco pontos, Bailey não marcou nenhum. E para piorar as coisas, o seu andamento de final de pelotão, fez com que apenas se qualificasse em seis das 16 provas do mundial daquele ano, com o seu melhor resultado um nono lugar em Detroit, a quatro voltas do vencedor.
Sendo assim, não foi surpresa que não arranjasse lugar na temporada seguinte. Mas andou a arranjar dinheiro para regressar à competição, e provar que não era tão mau assim, e para isso, foi para a equipa oficial da Nissan no Mundial de Sport-Protótipos, ao lado do prometedor compatriota Mark Blundell. No final de 1990, depois de uma boa temporada nos Sport-Protótipos (embora sem vitórias) tenta de novo voltar à Formula 1, ao juntar dinheiro suficiente para correr numa moribunda Lotus.
A equipa, que nesse ano esteve muito próxima de fechar as portas, contratou Bailey para alinhar ao lado de um jovem promissor, que tinha sido campeão de Formula 3 britânica, chamado Mika Hakkinen. O piloto inglês não conseguiu qualificar-se nas duas primeiras corridas do ano, parecendo repetir a mesma sina do que na Tyrrell, mas na terceira prova do ano, em Imola, conseguiu um lugar nos 26 eleitos, ficando logo atrás do seu companheiro Hakkinen. Na corrida, aproveitou os azares dos outros pilotos, principalmente o do belga Eric Van de Poele, que a duas voltas do fim, quando seguia na quinta posição com o seu Lambo, teve um problema na bomba de combustível. Quem beneficiou disso foi Bailey, que conseguiu o seu unico ponto da sua carreira. Mas depois, voltou o normal: depois de falhar mais uma qualificação, no Mónaco, a Lotus decidiu dispensar o seus serviços e contratar o inglês Johnny Herbert.
A sua carreira na Formula 1: 20 Grandes Prémios, em duas temporadas (1988, 1991), um ponto.
No ano seguinte, rumou para o BTCC (British Touring Car Championship), onde correu, primeiro pela Nissan, e depois pela Toyota. Em 1993, conseguiu a sua melhor classificação do ano, ao ser quinto no campeonato, vencendo uma prova, em Knockhill. Mas a sua participação nesse ano é mais recordada pelo incidente com o seu companheiro de equipa, Will Hoy (1953-2002), na ronda de Silverstone, onde o carro ficou por cima um do outro! Sobre este incidente, Murray Walker afirmou "O carro que está por baixo é um Toyota" (gozando com o solgan que a marca usava na altura, que dizia "o carro que está na frente é um Toyota"...)
Bailey correu no BTCC até 1995, altura em que rumou para o nascente campeonato FIA GT, a bordo de um Lister Storm, com as cores do clube de futebol inglês Newcastle United. Em 2000, venceu o campeonato, em conjunto com o seu companheiro Jamie Campbell-Walter.
Recentemente, o jornal britânico Daily Express afirmou que Bailey era o famoso "The Stig", o misterioso homem que testava carros no programa de televisão "Top Gear", algo que o programa nunca desmentiu nem confirmou. Na realidade, o famoso (e misterioso) piloto de testes não é mais do que uma série de pilotos, que fazem uma perninha no programa, alguns dos quais podem ser ex-pilotos de Formula 1, ou mesmo actuais... mas na realidade, Bailey está metido nos media, pois este ano comenta a Formula 1 na cadeia de TV ESPN Star Sports.
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