quarta-feira, 26 de novembro de 2008

E vamos estar quietinhos e caladinhos?

Bernie Ecclestone está decidido: quer abolir o sistema de pontos e substitui-lo por um sistema de medalhas, que só premeie os três primeiros classificados, e que qualquer pontuação, a acontecer, só contaria para o campeonato de construtores. O "Big Boss" da Formula 1, de 78 anos, está esperançoso que o Conselho Mundial ratifique a sua proposta na próxima reunião do Conselho Mundial, em Dezembro.

"Vai mesmo acontecer. As equipas estão confortáveis com o assunto, e a razão principal que me leva a querer introduzir esta questão deve-se ao facto de ouvir demasiadas vezes falar de ultrapassagens. A não existência de ultrapassagens deve-se a pouca necessidade que os pilotos têm de ultrapassar e não devido aos circuitos ou às pessoas. Se alguém lidera e eu sou segundo na corrida, não vou arriscar só para conseguir mais dois pontos, mas se precisar de uma medalha a minha atitude em pista será certamente diferente. Preciso de medalha? Vou ultrapassar!", disse Ecclestone, num evento em Londres, em declarações produzidas no jornal inglês Autosport.

Quando questionado relativamente à possibilidade de um piloto vencer por exemplo, seis corridas e desistir em todas as outras vencer o Mundial por troca com um que terminou todas as corridas em segundo, a resposta de Ecclestone foi célere: "Azar! Tente novamente no próximo ano!". Relembre-se que neste esquema, o campeão de 2008 tinha sido Felipe Massa e não Lewis Hamilton.

Quando leio coisas destas, vindas da boca de alguém como Bernie Ecclestone, começo a questionar a sua sanidade mental e a sua autocracia. É evidente que despreza as coisas feitas de forma democrática, e que muitas das vezes se comporta como se fosse um monarca absoluto. Mas há aqui uma ideia subjacente: a valorização da vitória. Ora... há meia dúzia de anos atrás, modificou-se o sistema de pontuação, porque descobriu-se que o campeonato se decidia em Julho, porque a Ferrari, na altura, tinha uma máquina tão poderosa, que deixava os outros em posições muito, mas muito seciundárias. Daí que em 2003, tinham modificado o sistema de pontuação, dando uma diferença de dois pontos do primeiro para o segundo, para ver se havia disputa até ao fim.

Esse desiderato foi alcançado: o campeonato deste ano foi decidido na penúltima curva da última volta, da última prova do campeonato. Melhor seria impossivel. E agora, quer modificar o sistema de pontuação, só porque o tipo que ganhou mais provas não foi campeão? Das duas uma: ou apoia largamente a Ferrari, ou então aquele senhor já começa a faltar algo naquela cabeça...

O sistema de pontuação faz parte do Mundial desde a sua criação. Todas as categorias seguem um sistema desses, valorizando ou não a vitória. Logo, aboli-lo simplesmente para substituir por algo que só acontece de quatro em quatro anos, roça o ridículo. O ridículo que todos cairiam se a ideia de um velho senil de 78 anos for para a frente. Eu digo já: sou absolutamente contra! Querem valorizar a vitória e dar espectáculo até ao fim? Dêm 15 pontos ao vencedor e oito ao segundo classificado, e façam com que só contem 13 resultados em 18, por exemplo. Era esse o sistema que funcionou de 1960 a 1988 na Formula 1, e não me lembro do pessoal se queixar dela, pois não?

Quero acreditar que é um "bluff" de Ecclestone, para modificar o sistema. Já fez isso em 1982 e em 1992, e a coisa morreu naturalmente. Mas hoje em dia, as coisas são diferentes. Ele pode querer levar esta ideia louca por diante, e se ninguém fizer nada para o impedir, a coisa vai acontecer. Se os contrutores não apresentarem uma alternativa, ou se mostrarem contra, receio pelo futuro da Formula 1... mas também acho que é altura de mostrar ao "Tio" bernie que a categoria máxima do automobilismo sobrevive bem sem ele.

3 comentários:

  1. O genial é ler o Bernie insistir que todos gostam da ideia quando semana passada mesmo a FOTA estava sugerindo dar um ponto pela pole.

    E tudo que você considerou nem leva em conta o desastre que seria ter dois sistemas de pontuação rolando ao mesmo tempo por conta dos construtores, quantas temporadas até que tenha gente apontando que digamos Hamilton ganhou o titulo por ter tido mais vitoriasm mas o Alomso somou mais pontos para os construtores?

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  2. A minha proposta que será apresentada ao Bernie e companhia:

    Fim-de-semana de F1:

    Sexta-feira (Atletismo)- Cada equipa escolhe 1 piloto que correrá a pé todo o comprimento da pista, as 5 primeiras equipas a conseguir os minimos sexta-feira têm a hipótse de competir no sábado. Os 3 primeiros classificados recebem a medalha de Atletismo.

    Sábado (Estafeta) - Divide-se a pista em 2 metades iguais. Dois carros de equipas diferentes partem lado-a-lado, a meio do circuito estará o outro carro da equipa que terá de receber o testemunho e completar o circuito. As très primeiras equipas recebem medalhas na classe de estafeta e a pole de sábado é conquistada por quem completar mais rápidamente a sua metade do circuito.
    Domingo (Triatlo) - Os carros partem para 10 voltas ao circuito, na 10 volta têm de abandonar o carro na entrada da meta e coloca-lo na area especifica para cada piloto empurrando-o, a partir dai segue-se 3 voltas a correr ao circuito, no final de 3 voltas a correr o piloto terá de fazer uma demonstração de ginastica em todo o comprimento da recta da meta. O vencedor vence a classe triatlo. (qualquer voo até à gravilha não conta como salto em comprimento)
    Quem vencer mais medalhas é campeão mundial.

    Vota Sakki para a FIA

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  3. Assino embaixo, Speeder! De 2003 para cá, a FIA nada fez pela F1 além de descaracterizá-la por completo.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...