A caricatura que coloco aí em cima é uma analogia feliz sobre os acontecimentos de Domingo para os que vão acontecer hoje, em 50 estados de um país chamado Estados Unidos. Se no Domingo, vimos o primeiro título mundial ganho por um mestiço (filho de pai negro e mãe branca), dentro de 24 horas, poderemos ver outro mestiço (filho de pai negro e mãe branca) a se tornar Presidente dos Estados Unidos.
Eu não sei se Barack Obama é o Lewis Hamilton da politica americana, mas uma coisa é certa: a sua mensagem de mudança, num país que viveu oito anos de governação de George W. Bush, que foi em todos os aspectos, má (quem diria que depois de Richard Nixon, haveira de aparecer alguém pior?), caiu muito bem nos milhões de americanos que vivem uma guerra demasiado cara e demasiado traumática, uma crise económica causada pela ganância dos bancos e de um capitalismo no seu pior, que obrigou, quando esta bolha rebentou, a várias intervenções do Estado (nacionalizar bancos e agências imobiliárias), e a injectar tanto dinheiro, como o que foi gasto na inutil Guerra do Iraque.
O mundo inteiro quer mudança, e acha que Barack Obama é o "chosen one" para liderar esaa mudança. O seu discurso faz-me lembrar John F. Kennedy, a mensagem de mudança e o slogan do momento "Yes, We Can!" demonstra o optimismo que irradia nas pessoas, prometendo tempos muito melhores do que estes que vivemos. Promete tirar as tropas do Iraque, construir um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde, equilibrar a economia, fazer uma maior regulação, para evitar os disparates dos bancos, uma politica externa mais cooperativa, etc...
Claro, ele tem pela sua frante um homem combativo: John McCain. Senador pelo Arizona, antigo militar da Força Aérea, prisioneiro da Guerra do Vietname durante cinco anos, aos olhos dos Republicanos, é... esquerdista (na realidade, apoia muitas causas normalmente Democratas, como o aborto e restrições na posse de armas. Mas este país já está farto dos conservadores, dos religiosos, dos "gun lovers" e das baixas no Iraque, e de se sentirem hostis quando põem o pé fora do seu país.
Uma coisa é certa: hoje, mais de 150 milhões de pessoas vão colocar o seu voto, e vão eleger os chamados "Grandes Eleitores", que depois escolherão quem será o presidente dos Estados Unidos. Qualquer um dos candidatos precisa de 270 para garantir a eleição presidencial. Foi graças a isso que em 2000, George W. Bush, que perdera o voto popular, ganhara por 587 votos, o estado da Florida, conseguindo os 27 votos necessários para se tornar no presidente americano. E até hoje, se diz que esses votos foram considerados fraudulentos...
Vai ser uma longa madrugada parta ambos os candidatos. Para Obama, que tem a certeza da vitória, mas que precisa que essa dinâmica seja levada para as urnas, e que se traduza em resultados, e para John McCain, um lutador, reza por um milagre, que a sua maneira de fazer diferente, o "maverick" de Washington, o "rebelde" do Senado e do próprio Partido Republicano, cada vez mais virado à direita, seja compensado pelos eleitores, dando-lhe uma segunda chance. Chance que precisa desesperadamente, pois ele tem 72 anos...
Em suma, eis as cartas em jogo, naquela que não sendo a maior ou a mais populosa democracia do Mundo, mas talvez a mais importante. E o resto do Mundo prende a respiração...
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