Há quarenta anos atrás, tal como agora, a Formula 1 ia decidir na última prova do campeonato quem iria levar o ceptro de campeão. E se este ano, a corrida foi em São Paulo, no Brasil, em 1968 era na altitude da Cidade do México, que vivia ainda o rescaldo dos Jogos Olimpicos, que tinham acabado uma semana antes.
Na última prova do campeonato de 1968, três pilotos poderiam alcançar o título mundial: Graham Hill, Jackie Stewart e Dennis Hulme. O líder do campeonato, Hill (39 pontos), no seu Lotus 49, seria campeão caso alcançasse o pódio, e Stewart (36 pontos) não vencesse a corrida. Se o escocês ganhasse a corrida, era o campeão. Ainda tinha um terceiro candidato, o neozelandês Hulme (33 pontos) no seu McLaren. Mas este só poderia revalidar o título se ganhasse, e nenhum dos dois conseguisse pontuar, ou se Hill ficasse abaixo do quarto lugar, por exemplo.
Uma matemática complicada, que só a corrida permitia desvendar. Mas uma coisa era certa: na maioria das chances, bastava a vitória de um deles para se sagrar campeão.
No pelotão, a Lotus inscreveu um terceiro carro, para o local Moisés Solana, para ajudar a equipa a conseguir o campeonato de Construtores. Ele conseguiu ser melhor do que o segundo piloto, Jackie Oliver, e ficou na 11ª posição na grelha, enquanto que Oliver foi 14º. A Honda inscreveu um segundo carro, para o veterano sueco Jo Bonnier, que ficou no final do pelotão, na 18ª posição.
Mas a grande surpresa foi nos treinos, com a pole-position do suiço Jo Siffert, no seu Lotus privado, inscrito por Rob Walker. No segundo posto estava o Ferrari de Chris Amon, e logo a seguir vinha o Lotus de Graham Hill. No quarto lugar estava Denny Hulme, no seu McLaren-Ford. Jackie Stewart era o sétimo da grelha, atrás do terceiro McLaren de Dan Gurney e do Honda de John Surtees. Outro herói local, Pedro Rodriguez, não conseguia mais do que o 12º tempo no seu BRM.
No dia da corrida, um autódromo cheio (mais de cem mil espectadores) aguradavam com ansiedade o desfecho do Mundial de formula 1 de 1968. Na largada, nennhum dos piltoos da frente parte bem, e é Graham Hill que fica com a liderança, arrebatada ainda na primeira volta pelo Honda de John Surtees. Contudo, na volta seguinte, Hill volta à primeira posição, com Stewart no terceiro posto, e Hulme no quinto lugar, atrás de Chris Amon.
Nas voltas seguintes, Surtees atrasa-se, com problemas de motor (acabará por desistir, com sobreaquecimento), e o escocês fica com a segunda posição. Na volta dez, o primeiro dos candidatos ao título desiste; a suspensão do McLaren de Denny Hulme parte-se e tem um acidente, sem consequências.
Entretanto, Siffert, que se tinha atrasado na partida, faz uma corrida de recuperação, e intromete-se na luta pela liderança, e subsequentemente, na luta pelo título. Na volta 22 chega à liderança, e fica por lá, caminhando para uma eventual segunda vitória na temporada. Contudo, um cabo do acelerador parte-se, e o piloto suiço vai às boxes para reparar e voltar à pista, com uma volta de atraso.
Assim sendo, Hill e Stewart voltam para o primeiro e segundo postos, lutando à distância para saber quem levaria a melhor, amboa a uma larga distância de Jack Brabham, que ia na terceira posição. Então, o piloto escocês começa a ter problemas na alimentação da gasolina, que entope, a começa a atrasar-se, sendo ultrapassado na volta 51 por Bruce McLaren e Jack Brabham. Oito voltas depois, Brabham desiste, com um motor partido, e o terceiro classificado era agora o Lotus de Jackie Oliver.
Entretanto, Stewart atrasa-se cada vez mais, e fica até fora dos pontos, na sétima posição. Graham Hill consegue manter o primeiro posto, e é assim que chega ao fim da corrida, dando a Colin Chapman e à Lotus, o merecido título mundial, certamente dedicado a Jim Clark, morto em Abril. McLaren foi o segundo, Oliver estreava-se no pódio, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram o mexicano Pedro Rodriguez, o sueco Jo Bonnier, e o suiço Jo Siffert, que ainda fez a volta mais rápida. E foi assim que terminou o atribulado campeonato de 1968, tão atribulado como o ano que passou...
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