quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Bólides Memoráveis - Lotus 98T (1986)

Após a subita morte de Colin Chapman, em Dezembro de 1982, a Lotus teve um período complicado, onde primeiro se tentou adaptar aos motores Turbo, vindos da Renault, e depois a construir um chassis tão bom como aqueles que a mente de Chapman costumava tirar. A meio de 1983, depois do fracasso do primeiro modelo com motor Turbo, o 93T, contrataram Gerard Ducarouge, que, depois das passagens pela Renault e Alfa Romeo, ajudou na tentativa de recuperação do prestigio perdido, construindo os modelos 94T e 95T. A terceira peça para essa recuperação veio com a chegada, no inicio de 1985, de um jovem prodígio brasileiro, então com 25 anos: Ayrton Senna. Com ele, a Lotus obtinha no Autódromo do Estoril a sua primeira vitória em três temporadas. Nesse ano, com o modelo 97T, a marca conseguira três vitórias no campeonato e o quarto lugar no Mundial de Construtores.


No ano seguinte, 1986, surgiram algumas especificações por parte da então FISA. Uma delas era o de reduzir os depósitos de combustivel para os 195 Litros, no sentido de reduzir o consumo por parte dos motores Turbo. Isso levou a que muitos carros ficassem pelo caminho nas voltas finais, e a serem empurrados pelos pilotos nos metros finais da corrida, por exemplo... Assim, para lidar com os novos regulamentos, Gerard Ducarouge criou o Lotus 98T, um chassis de menor dimensão.


Esse chassis, fabricado em fibra de carbono, alojava o motor Renault Turbo V6 de 1.5 litros, com uma espantosa potência máxima de 1200 a 1300 cavalos, a 13 mil rotações por minuto, com uma pressão de 5.5 bars. Se estas espexcificações foram certas (as reais potências destes motores era um dos segredos mais bem guardados da época), este foi o motor mais potênte de sempre que um Formula 1 jamais teve. Para além disso, tinha uma caixa de velocidades Hewland de cinco velocidades, mas mais terde teve uma de seis velocidades.

Outra das caracreristicas deste chassis era um ajuste de altura em dois estágios, bem como uma injecção de água através dos intercoolers, e um micro computador incorporado para monitorizar e regular, entre outros, o consumo de combustível. Algumas destas inovações causaram algum celeuma no "paddock", o que fez com que Peter Warr, na altura do director executivo da Lotus, afirmar que caso alguém tivesse dúvidas sobre a legalidade do veículo, que apresentasse um protesto formal. Nada disso aconteceu.

Em termos competitivos, Ayrton Senna tinha-se tornado no piloto numero um da equipa, após a saída de Elio de Angelis. Entretanto, a equipa procurava um substituto, e considerou contratar Derek Warwick. Contudo, o piloto brasileiro vetou tal nome, alegando que os esforços para cuidar de dois carros de forma igual iria eliminar as hipóteses de lutar por um título mundial. Sendo assim, a Lotus contratou o aristocrata escocês Johnny Dumfries, para seu companheiro. O escocês contribuiu apenas para conseguir três dos 58 pontos que a marca obteve naquele ano...


Senna começou bem o campeonato, com um segundo lugar no Brasil e uma vitória ao milímtero em Espanha, contra Nigel Mansell. Depois de abandonar em Imola, foi terceiro no Mánaco e segundo na Belgica, atrás de Mansell. Ganhou a sua segunda corrida do ano em Detroit, naquel que viria ser a última da Lotus negra e dourada, com as cores da John Player Special. Conseguiu mais três pódios, uma delas o segundo lugar no GP da Hungria, que perdeu graças a uma ultrapassagem feita pelo Williams-Honda de Nelson Piquet no final da recta da meta, por fora e na parte mais suja da pista! Hoje em dia é considerada como uma das melhores da história da Formula 1.


Senna lutou pelo título até ao GP de Portugal, onde terminou em quarto lugar, mas perdeu um segundo lugar certo na última volta devido à falta de gasolina. Com isso, as suas chances tinham-se esfumado. No final dessa temporada, foi quarto classificado, com 55 pontos, menos 17 que o campeão do Mundo, Alain Prost.

Mas nessa temporada, Senna foi o "Pole Sitter King" do pelotão, conseguindo oito "pole-positions" (Brasil, Espanha, San Marino, Estados Unidos, França, Hungria, Portugal e México), demonstrando a grande potência do motor Renault Turbo.


Para terminar, uma pequena "estória" contada no blog F1 Nostalgia, do Rianov Albinov: Em 2000, um dos chassis foi restaurado pela Lotus Classic Cars, na sua propriedade em Hethel. O carro tinha estado nos Estados Unidos, num coleccionador particular, e voltava para ser apresentado no Goodwood Festival of Speed. No ano seguinte, convidaram Nigel Mansell para dar umas voltas ao circuito de Silverstone com este modelo. No final, foi abordado por outra lenda, o comentador televisivo Murray Walker. Ele afirmou, visivelmente emocionado, que esta tinha sido o melhor Lotus que jamais tinha guiado, e que compreendia o sucesso que Senna tinha tido ao volante dos carros da marca de Colin Chapman.


Ficha Técnica:

Chassis: Lotus 98T
Projectista: Gerard Ducarouge e Martin Ogyilvy
Motor: Renault Turbo V6 de 1.5 Litros
Pilotos: Ayrton Senna e Johnny Dumfries
Corridas: 16
Vitórias: 2 (Senna 2)
Pole-Positions: 8 (Senna 8)
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 58 (Senna 55, Dumfries 3)

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