Em 1992, na Benetton, Schumacher é o primeiro piloto da equipa, e as suas atenções estãoviradas para ele. O seu companheiro de equipa, o inglês Martin Brundle, não é mais do que o fiel escudeiro do jovem piloto alemão. Esta iria ser a sua primeira temporada completa, e numa temporada onde os Williams dominaram completamente o campeonato, com o insuperável modelo FW14, conduzido por Nigel Mansell e Riccardo Patrese, Schumacher tinha que lutar para ser "o primeiro do resto", contra os McLarens de Ayrton Senna e Gerhard Berger, e o Ferrari de Jean Alesi. O alemão consegue o primeiro dos seus 154 pódios ao chegar na terceira posição, no GP do México, a terceira prova do campeonato. Consegue mais pódios no Brasil, Espanha, Canadá e Alemanha, sendo que em Barcelona e Montreal, o alemão chegou na segunda posição.
E depois veio Spa-Francochamps. Precisamente um ano depois do seu inicio na Jordan, o alemão tinha agora uma máquina mais poderosa, e aproveitou as condições meteológicas e os erros de julgamento dos seus rivais para fazer uma corrida inteligente, trocando de pneus no momento certo, e conseguindo a primeira das suas 91 vitórias na sua carreira, para além de uma volta mais rápida, a primeira das 76 que iria conseguir na sua carreira. Até ao final do ano, iria conseguir mais dois pódios e uma volta mais rápida, terminando o ano na terceira posição, com 53 pontos.
Em 1993, Schumacher tinha outro veterano a seu lado: o italiano Patrese, vindo da Williams. Nesta temporada, onde os Williams mais uma vez dominaram (mas não tanto como em 92), Schumacher e a Benetton lutaram com a McLaren em geral, e Ayrton Senna em particular, pelo segundo lugar do campeonato, e ambas as equipas partilhavam o mesmo motor Ford Cosworth. Briatore e Dennis lutaram com a preparadora para que lhes desse as mais recentes especificações do motor, enquanto que na pista, a veterania e a experiência de Senna levavam muitas das vezes a melhor sobre a alguma "verdura" que Schumacher ainda tinha. Mas nesse ano, Schumacher acabou nove vezes no pódio, conseguiu quatro voltas mais rápidas, e no GP de Portugal, conseguiu a sua segunda vitória da sua carreira, aproveitando não só as desistências dos McLaren e os problemas de Damon Hill na volta de aquecimento, para fazer uma corrida sólida e aguentar Alain Prost, o novo campeão do Mundo, nas voltas finais dessa corrida. No final de 1993, depois de bater sem apelo nem agravo Patrese, conseguira 52 pontos e o quarto lugar.
Em 1994, muitas das ajudas electrónicas nos carros, como a suspensão activa, foram abolidas pela FIA, e os carros foram redesenhados para cumprirem essas normas. A nova montada de Michael Schumacher, o Benetton B194, desenhada por Rory Bryne, tinha agora o poderoso motor Ford Zetec V8 de 3 Litros, que era leve e funcionava bem em circuitos mais sinuosos. Poderia ser que finalmente fosse uma máquina capaz de combater o Williams FW16, uma evolução dos modelos anteriores, desenhados por Adrian Newey, e que agora tinha Ayrton Senna como piloto principal.
O carro funcionava bem às mãos do piloto alemão, e provou isso quando venceu as duas primeiras provas do ano, em Interlagos e no circuito japonês de Ti-Aida (actual Okayama), e viu o seu rival Senna e não marcar pontos. E na terceira prova do ano, no circuito italiano de Imola, onde tudo de mal acontece na Formula 1, assiste à saida em frente do piloto brasileiro na curva Tamburello, e a sofrer o seu acidente mortal. Schumacher venceu a sua terceira vitória consecutiva, comemorou o feito, para indignação de muita gente na altura, e de repente, tornou-se no unico favorito ao título. Quase quinze anos depois, numa entrevista ao jornal alemão "Die Zeit", Schumacher disse que aquele foi o seu momento mais marcante da sua carreira: "Aquilo despertou-me. Disse a mim mesmo que aquilo podia acontecer a qualquer um, em qualquer lado."
No Mónaco, Schumacher consegue a sua quarta vitória, e a quinta parecia vir a caminho, caso não tivesse acontecido uma avaria na caixa de velocidades, teria comemorado a sua quinta vitória consecutiva em Barcelona. Mas ganhou de novo no Canadá, e nada o parava rumo a um título mundial e a um dominio inquestionável, numa temporada traumatizante para os adeptos e especialistas da Formula 1.
Só que o dominio tinha um truque: desde o inicio do ano que a FIA suspeitava que a Benetton, McLaren e Ferrari poderiam estar a contornar a proibição das ajudas electrónicas. Quando começaram a investigar, a McLaren e a Benetton recusaram de inicio entregar os seus códigos-fonte, mas depois acederam às exigências. Descobriram-se que ambas tinham usado para esconder aplicações ilegais. No caso da McLaren, era uma forma semelhante de mudanças automáticas de caixa, no da Benetton era uma espécie de "controlo de tracção", que permitia a Schumacher ter "partidas perfeitas" e uma ajuda para liderar as corridas do priuncipio até ao fim. Contudo, a FIA não provou que essas aplicações tenham sido usadas durante situações de corrida, e multou-as em 100 mil dólares somente pela falta de cooperação inicial.
À medida que 1994 avança, as polémicas continuavam. Na volta de aquecimento do GP de Inglaterra, Schumacher ultrapassou Hill, algo que não era permitido no regulamento, e foi penalizado. Schumacher ignorou-a (aparentemente a ordens de Flavio Briatore), e em consequência, foi lhe mostrado a bandeira preta, sinal de desclassificação. O alemão ignorou-a e cortou a meta no final da corrida na segunda posição, e mais tarde foi excluido em duas corridas, que cumpriu em Monza e Estoril. Antes, tinha sido desqualificado no final do GP da Belgica, devido a um desgaste anormal do seu degrau de madeira no fundo plano do seu carro (uma das medidas que tinham sido implementadas depois dos acontecimentos de Imola).
Voltando à carga em Jerez, ganhou a corrida, e após ter sido segundo classificado em Suzuka, Schumacher estava na frente do campeonato à entrada da última etapa, o GP da Australia. O alemão foi segundo nos treinos, atrás do regressado Nigel Mansell, e assumiu o comando na partida, com Damon Hill logo atrás. ATé à 36ª volta, Schumacher resistiu aos ataques do piloto inglês, sabendo que assim, era o novo campeão do mundo. Mas à entrada da curva East Terrace, perdeu o controle do seu carro e deu um toque no muro, voltando à pista no momento em que Hill tentou a ultrapassagem ao alemão. Ambos tocaram-se, com o alemão a bater no muro de pneus, e Hill a continuar, com um braço da suspensão torto, sem hipóteses de continuar. Era o climax de uma temporada anormal, para todos os efeitos, e a maneira como a temporada acabou, numa decisão no mínimo controversa, fez despertar ódios pelo piloto, que o acompanhariam (e ainda acompanham) ao longo da sua carreira, e mostrou a ideia de um piloto que era capaz de fazer tudo para ganhar, até de empurrar os seus adversários borda fora, se isso o beneficiasse... e foi assim que, com 93 pontos, se tornou no primeiro campeão do Mundo alemão. Quanto ao acidente, os comissários o classificaram como "um incidente de corrida".
Em 1995, Schumacher partiu para tentar revalidar o título. Contra Damon Hill e a Williams, de novo, E o B195, a evolução da máquina vencedora do ano anterior, agora com motores Renault V10 de 3 litros, os mesmos que os da sua maior rival. Agora tinha como companheiro o inglês Johnny Herbert, depois de ter tido três pilotos no ano anterior: o finlandês J.J. Letho, o holandês Jos Verstappen, e Herbert. Schumacher começou bem, ganhando no Brasil, mas só voltou a ganhar em Espanha, depois de um terceiro lugar na Argentina e de um despiste em Imola. Venceu no Mónaco e em França, depois de ter tido problemas de caixa de velocidades, que lhe tiraram uma vitória certa no Canadá. A rivalidade com Hill continuou, com consequências em corrida, e nesse ano houve dois bons exemplos, pois ambos colidiram um com o outro em Silverstone e Monza. Curiosamente, quem aproveitou disso tudo foi Johnny Herbert, que venceu nessas corridas.
Mas a ponta final de Schumacher (vitórias em Nurbrurgring, Ti-Aida e Suzuka) fizeram com que conquistasse o bi-campeonato a três provas do final da temporada, acabando o ano com 102 pontos, nove vitórias, quatro pole-positions e oito voltas mais rápidas. A Benetton alcançou o Mundial de Construtores.
Nessa altura, Schumacher já tinha assinado um contrato multimilionário com a Ferrari, por duas temporadas, com a opção de uma terceira época, pelo valor de 55 milhões de dólares, um recorde para a altura. Era uma aposta pessoal de Luca de Montezemolo, o presidente da Ferrari, e de Giovanni Agnelli, o então presidente do Grupo FIAT. Numa altura em que a marca do Cavalino Rampante sofria um hiato de 16 anos sem um título mundial de Pilotos, esta aposta em Schumacher era a última grande chance da marca em voltar aos tempos de glória e de ser a marca mais importante do pelotão da Formula 1. Uma era tinha acabado, iria começar uma nova.
(continua amanhã)
De fato Schummy sempre foi muito agressivo, e muitas vezes em excesso.
ResponderEliminarMas nessa época eu era um dos únicos brasileiros que torcia pra ele, pois sabia que ele era o melhor, apesar de arrogante dentro da pista.
Luta bem/mal é pra conto de fadas, eu gosto e sempre gostei de automobilismo(e odiei contos de fadas)
Muito bom...
ResponderEliminarGostei de fazeres uma biografia do Schumacher com uma foto do Martin Brundle. Em 92, o Schumacher era o Nº 19 e o Brundle o 20.
Bem observado! Obrigado pelo aviso, já substitui a fotografia.
ResponderEliminar- A Benetton de 94 estava fora do regulamento e Senna antes de partir ja tinha alertado sobre isso.
ResponderEliminarTinha sistema de largadas, e um outro que evitava que o motor do carro desligasse se ele não estivesse em movimento.
Por essas e por outras que os números que Michael conquistou não me fascinam tanto.